Você Já Viu Asas? escrita por Sweet Madness


Capítulo 2
Testemunhados por Estrelas




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Ambrosie terminou o chá gelado que passou a tarde toda fazendo, sob os olhos atentos de Zelda e Hilda.

Quando eram quatro da tarde em ponto, ele ouviu as risadas de Sabrina e Raphaelle na curva da estrada.

Hoje a mais velha trajava um vestido azul bem clarinho, quase branco, com um decote coração, ao melhor estilo dos anos cinquenta. As duas usavam parcas jeans e coturnos de verniz pretos, o tempo estava meio frio.

Uma cesta de vime coberta por uma manta azul-marinho estava em um dos braços da morena. Os cabelos castanho-escuros estavam trançados e os lábios estavam pintados de lilás.

—Ambrosie!-Como sempre acontecia, a morena acenava pra ele antes mesmo do portão, e ele ia recebê-la no primeiro degrau das escadas.-Oi!

Ele ganhou outro abraço, daqueles confortáveis que tanto gostava. Ela estava molhada do chuvisco daquele dia. Estava gelada.

—Vem, você precisa colocar alguma roupa quente. E seca.

Os três entraram em casa e Ambrosie foi buscar uma camisa de flanela mais quente e longa. Hilda obrigou a moça a tomar um banho bem quente, e fez um chá com ervas curativas para ela e Sabrina. Não queria nenhuma das duas doente.

O necromante a achou particularmente bonita com sua camisa, especialmente porque os três botões abertos lhe davam um vislumbre bonito do vale dos seios. Além das tatuagens nas pernas.

Eles decidiram fazer um piquenique no hall de entrada da mansão. As comidas que estavam na cesta de vime ainda estavam mornas e cheiravam na casa toda. Hilda claramente se uniu a eles, empolgada. E Zelda sentou em uma poltrona próxima, para vigiar a mortal.

Eles comeram até demais e no fim estavam os quatro deitados no tapete felpudo do hall, rindo e conversando. Mesmo a austera Zelda Spellman estava achando a cena divertida.

O telefone tocou em algum momento da tarde, e não demorou para Harvey aparecer ali também, o que não demorou muito para ocupar Sabrina.

 

•~~•


Eles ajudaram Hilda a preparar o jantar. Um ensopado de legumes e frango. Até a bruxa os expulsar da cozinha, quando tudo já estava devidamente no fogo. Ela queria que seu sobrinho pudesse desfrutar ao máximo da companhia da moça.

Ambrosie e Raphaelle foram deitar na grama, protegidos da água por uma lona antiga e a manta azul que ela havia trazido mais cedo. As estrelas brilhavam de forma intensa, era uma noite sem lua.

—Dizem que, aqui da terra, só podemos ver os fantasmas das estrelas...

Ambrosie sorriu para o comentário. Eles estavam em silêncio a alguns minutos, apenas olhando o céu estrelado. Raphaelle sempre tinha uma curiosidade para contar a ele. As vezes a criatividade humana o impressionava.

—Você acredita nisso, Raphaelle?

—Não. Estrelas não tem espírito. Como poderiam se tornar fantasmas?

—E se usarem o termo "fantasma" no sentido figurado?

—Então o sol também seria um "fantasma". Ele está em combustão todo o tempo. E mesmo.assim muitos o veneram... Um dia ele vai parar de queimar e será uma estrela morta, como tantas outras perdidas no universo. E para onde a fé dessas pessoas irá?

—Não sei, Raphaelle... Por que estamos mesmo discutindo isso?

Ela sorriu, virando de lado, para ele.

—Não estamos.-Os dedos longos vieram para o rosto do necromante, acariciando com cuidado.-Estava muito quieto e eu queria fazer você interagir comigo.

—Interagir? Bom, senhorita... Com licença, eu vou lhe mostrar como eu gosto de interagir.

 

•~~•


Ver Hilda dar pulinhos e bater palminhas era irritante. Já haviam se passado décadas, e ainda assim era sumamente irritante.

—Oh, Zelda... Olhe os dois... Há décadas eu não via Ambrosie tão entusiasmado.

—É claro, ele deve estar com os hormônios a mil. Se a mortalzinha açucarada servir para algumas fodas você vai vê-lo contente por um longo tempo, Hildegard.

—Como você é tosca, irmã. Oh, estou com pena chamá-los para jantar. São tão fofos...

—O que foi, tia Hilda? Por que está tão animada?

—Ah, Sabrina! Ande, venha ver. Ambrosie parece ter uma nova namorada.

—Jura?-A bruxinha correu até a janela, e fez um hi-five com a tia.-Isso! Meu plano funcionou. Agora Ambrosie vai ser feliz.

Harvey riu da empolgação das duas.

—Bom, eu tenho de ir. E vou ser o estraga prazeres de hoje para poder jantar.-Hilda deu um olhar maternal ao jovem.-Mas eu quero outro bolo delicioso desses na semana que vem, tia Hilda.

—Claro, querido! Cuidado no caminho e avise quando chegar em casa.

O mortal saiu gargalhando da mansão e atrapalhou aos outros dois. Os mandou ir jantar e seguiu assobiando para casa.

O casal entrou, corados e com grandes sorriso. A castanha olhou para o relógio e arregalou os olhos.

—Que coisa, eu perdi a hora...

—Então fica pra jantar.-Ambrosie deixou as mãos nos ombros dela, ganhando um sorriso tímido.-E logo vai começar a chover forte outra vez... Você pode dormir aqui. Não quero que pegue chuva e fique doente... E amanhã é domingo... Você pode ficar até mais tarde na cama, de qualquer forma.

—Mas... É indelicado, Ambrosie.-Zelda se interessou na fala da mortal.-Imagine, seria uma falta de respeito total com as suas tias. Para pousar aqui eu deveria tê-la pedido permissão, trazido roupas... O que elas vão pensar de mim?

—Olhe sua preocupação com o nosso incômodo, minha cara.-Zelda nunca havia se dirigido diretamente a moça, e Ambrosie viu o sorriso doce que nasceu nos lábios desenhados.-Isso a torna uma visita bem quista. A maioria dos jovens da sua idade não se preocuparia com isso.

—Por tanto sinta-se convidada. Sabrina pode lhe emprestar um pijama... Embora eu ache que ficaria justo em você... Oh, Ambrosie pode conseguir algo mais adequado após o jantar. Agora venham.

—Tudo bem, muito obrigada... E a louça do jantar é por minha conta!

 

•~~•


Ambrosie se largou em sua cama, ouvindo a moça se banhar no andar inferior. Ela cantarolava baixinho durante o banho, e ele usou um feitiço de melhoramento de audição para ouvir.

Ela iria dormir no quarto com ele, Sabrina havia dado uma desculpa qualquer sobre excesso de bagunça no próprio quarto, e a alergia da mocinha a pelo de gato. Ele ia ficar devendo uma para a prima, mas não se importava com isso.

A ouviu desejar boa noite para suas tias, que deveriam estar com a porta do quarto aberta, já que Hilda havia acabado de voltar do quarto de Sabrina, e então vir para o quarto.

Ele havia conseguido um camisetão de moletom pra ela. As coxas iam ficar quase totalmente expostas, mas a calça do conjunto ficaria muito grande. Sabia que ela usava protetor de calcinha, então não havia problemas em utilizar a peça depois do banho, para dormir.

Arrumou as cobertas mais uma vez, dando uma olhada pela organizada tosca que dera no ambiente. Mas ele não esperava uma visitante. Ao menos estava habitável e ele usara um feitiço de limpeza para se livrar de pó e possíveis insetos.

—Toc, toc?

—Pode entrar.-Os dois riram, e Ambrosie achou adorável o quão corada ela estava.-Agora pode vir pra minha cama também. Eu não mordo. Só se você pedir.

Ela riu e veio se aconchegar nele, que decidiu que ia roubar alguns beijos. É claro que não ia prestar, e as coisas iam evoluir rapidamente entre os dois.

Ela estava com a camiseta de moletom fora do corpo e a bermuda de pijama dele já estava do outro lado do quarto. A manta feupuda estava no meio das costas, mantendo-os aquecidos, junto com o calor dos corpos.

—Ambrosie... Suas tias...

—Ninguém, além das estrelas, vai testemunhar nosso pequeno pecado, Raphaelle. Eu prometo.


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