Apresentação:

James Tiberius KIRK é o Oficial Comandante da U.S.S. Enterprise. Ele é o mais jovem capitão da Frota Estelar e tem uma destacada folha de serviços. Natural do planeta Terra, seu sucesso não foi conquista fácil. Assumiu o comando da Enterprise aos 29 anos e alguns de seus feitos já estão gravados nos registros de honra da Frota Estelar. De natureza independente, é um militar por formação e um explorador e diplomata por vocação. Seu carisma e liderança naturais despertam a confiança e lealdade de sua tripulação.

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“Diário do Capitão, data Estelar: 8480.96"

"Estamos a caminho da Estação de Manutenção da Frota Estelar em Epsilon Indi VIII, no sistema Andoriano. Depois de mais de quatro anos em serviço, a Enterprise precisa e merece uma boa atualização. Meu engenheiro-chefe Montgomery Scott está nas nuvens, como se estivesse preparando uma filha para o casamento. Ele vem perturbando os engenheiros da estação a semanas, discutindo quais as melhorias que irá fazer. Fico satisfeito, porque nossa missão só tem a ganhar com isso.”

“Como estaremos passando próximo a Vulcano, o Conselho da Federação solicitou que nós levássemos um de seus membros mais proeminentes de volta para casa, para que ela possa aproveitar a merecida aposentadoria, depois de quase cento e cinqüenta anos de excelentes serviços prestados tanto ao Conselho quanto à Frota Estelar. Confesso que estou um pouco nervoso. Não é sempre que tenho uma lenda viva a bordo da minha nave.”

James Kirk estava parado há quase um minuto em frente à porta da cabine. Sabia que era seu dever como capitão dar boas-vindas a sua convidada, mas não podia deixar de se sentir ainda um pouco intimidado. Afinal, conhecia a história dela desde que entrara na Academia da Frota e sabia da sua importância na fundação da Federação Unida dos Planetas e da sua atuação quando se estabeleceram as diretrizes básicas da organização. Por fim, respirando fundo, Kirk tocou a campainha.

— Entre – disse uma voz firme, porém suave.

Quando a porta se abriu, Kirk a viu parada de pé em frente à janela da cabine, olhando as estrelas que passavam rápido, numa postura relaxada, com as mãos cruzadas às suas costas. Estava de perfil e o capitão notou que a despeito da idade e das inevitáveis rugas, ela ainda era uma mulher bonita, apesar do capitão esperar que fosse um pouco mais alta. Seus cabelos grisalhos, que ainda traziam alguns traços castanhos, chegavam aos ombros e estavam presos por uma meia-trança no alto da cabeça, deixando suas orelhas vulcanas à mostra. Vestia uma bata simples e longa de tecido leve e um colete curto azul escuro.

— Senhora – disse Kirk, entrando devagar.

Ela se virou e o olhou de frente. Seus olhos negros o fitaram quase divertidos.

— A formalidade não é necessária capitão. Pode me chamar simplesmente de T´Pol.

— Como quiser – disse Kirk, assentindo – bem-vinda à Enterprise.

— Por favor, sente-se – disse ela indicando o sofá próximo a uma pequena mesa – me acompanhe em um chá.

Depois que ambos se sentaram T´Pol serviu uma xícara de chá e entregou ao capitão e em seguida se serviu.

— Fazia muitos anos que eu não viajava em uma nave Estelar – disse a vulcana – e comparada com a minha, a sua Enterprise parece um transatlântico.

Kirk sorriu da comparação. Como todos os cadetes, havia visitado a velha NX-01 no museu da Frota Estelar e ficara deslumbrado com a história da nave a da sua valente tripulação. Lera todas as narrativas sobre eles que chegavam às suas mãos e admirava muito o que o capitão Jonathan Archer e sua primeira-oficial haviam realizado. E agora T´Pol lá, estava na sua frente, tomando chá com ele.  

 - Estamos honrados com sua presença – disse o capitão - espero que esteja gostando da viajem.

— Estou gostando bastante – respondeu ela – mas confesso que estou um pouco ansiosa por voltar a vulcano depois de tanto tempo.

— “Ansiosa”? – estranhou Kirk.

T´Pol o olhou calmamente.

— Capitão, você sabe que a crença de que os vulcanos não têm emoções não representa totalmente a verdade – disse ela – e ademais eu vivo entre os humanos a mais de cem anos. Provavelmente fui contaminada.

Kirk quase se engasgou com o chá. Jamais esperaria que uma vulcana fizesse um gracejo como aquele.

— Você está bem, capitão? – perguntou T´Pol.

Jim Kirk se recompôs e respondeu:

— Desculpe T´Pol, mas é que eu convivo com um vulcano há muito tempo e raramente o vi mostrar sequer uma parcela do seu senso de humor.

— De fato, eu andei conversando com Spock – respondeu ela – e me surpreendi com a sua postura extremamente formal. Por ele ser também filho de uma humana, e sendo ela Amanda Grayson, eu o achei... vulcano demais.

Kirk deu uma risada e comentou.

— É uma pena que não vá ficar mais tempo conosco – disse o capitão, divertido – você com certeza seria uma boa influência para meu imediato.

T´Pol não disse nada, porém Jim Kirk teve a impressão de ver a sombra de um sorriso nos seus lábios.      

*  *  *

 Eles haviam acabado de deixar a órbita de vulcano, quando Uhura recebeu uma transmissão e informou a Kirk:

— Capitão, estou captando um sinal de socorro que parece estar vindo de uma das luas de Rigel VII.

— Este não é o mundo dos Kalarianos? – perguntou o capitão a Spock, que estava no posto de ciências.

— Afirmativo capitão - respondeu o vulcano – e estamos a doze ponto quatro horas de lá em velocidade de dobra seis.

Depois de pensar por alguns momentos, kirk disse aos oficiais da ponte:

— Vamos tentar chegar mais rápido. Uhura, contate o comando da Frota e informe sobre o pedido de socorro.  Sulu, programe curso para lá, velocidade de dobra fator sete. Sr. Checov, deixe escudos e armas a postos – depois de verificar que todos haviam cumprido as ordens, ordenou – acionar.    

 E a nave entrou em dobra, deixando um rastro de luz.