O Incidente Delthara escrita por Valdir Júnior
O oficial tático da nave romulana olhou nervoso para o seu painel e em seguida para a comandante.
— Uma nave estelar acabou de sair de dobra a estibordo. — disse ele – Comandante, é a Enterprise!
“Bem na hora Scotty”, pensou Kirk esboçando um pequeno sorriso.
O grande cruzador de exploração cinza e branco da Frota Estelar vez uma curva suave e se posicionou entre as duas naves, a esquerda do cruzador romulano, com todas as luzes de alerta piscando.
— Você fez um movimento errado Kirk.— falou S´Tarlia com raiva - Como dissemos, nosso principal objetivo eram os projetos do motor, mas agora teremos de nos contentar com o vulcano.
Neste momento o intercom da cadeira da comandante apitou e ela o acionou, abrindo o canal.
— Fale – ordenou ela.
— Comandante, aqui é Tercellus na área de carga dois. O vulcano escapou e está armado! Nós o encurralamos aqui, mas não estamos conseguindo nos aproximar.
— A Enterprise está travando armas em nós!— continuou o oficial tático romulano .
— Levantar escudos!— ordenou a comandante romulana.
* * *
Spock estava cercado. Conseguira sair rapidamente da área de detenção da nave romulana assim que o campo de força da cela fora desativado e, depois de recuperar a arma e o comunicador escondidos no painel, chegara sem problemas à área de carga. Mas parece que ele acionou algum alarme silencioso quando abriu a porta. Em menos de um minuto percebeu a aproximação de quatro soldados romulanos, dirigindo-se para onde ele estava. Mal teve tempo de se esconder atrás de um container, antes que vários disparos de disrruptor explodissem perto dele. Conseguiu mantê-los afastados, devolvendo o fogo, mas não sabia por quanto tempo iria conseguir isso.
— Vulcano, você não tem saída. – gritou um dos soldados – É melhor se render.
Spock sabia que naquele momento rendição era ilógica e perigosa. Só havia outra opção.
Depois de atirar mais uma vez, fazendo com que os guardas romulanos se protegessem, ele abriu o comunicador que estava na sua mão e o acionou. Mas antes que pudesse falar alguma coisa, um disparo de disrruptor atingiu o container muito perto do seu rosto, fazendo com que ele se desequilibrasse e soltasse o aparelho, que caiu de sua mão e rolou alguns metros, para longe de seu alcance. “Só espero que o canal ainda esteja aberto, pois o meu tempo está acabando”, pensou Spock, ao continuar devolvendo o fogo dos romulanos.
* * *
O tenente-comandante Montgomery Scott estava tenso, sentado na cadeira de comando da Enterprise. Viera o mais rápido possível depois de receber a mensagem do capitão e ser liberado pelo Almirante Nogura. Agora, ali estava ele, cara a cara com uma nave romulana, em pleno espaço da Federação!
Nunca iria se sentir a vontade naquela cadeira. Seu mundo era a engenharia da nave, onde podia fazer a diferença e manter sua fama de “fazedor de milagres”. Mas agora precisavam dele no comando e isso bastava. A Federação corria grande perigo e as vidas de seus amigos também. Então, por Deus, que estes orelhas pontudas tivessem cuidado, por que eles estavam enfrentando um escocês com o dedo no gatilho!
Ele olhou para o recém promovido tenente Chekov, concentrado no posto tático e sorriu. O jovem navegador russo jamais admitiria decepcionar o capitão James Kirk ou qualquer dos seus colegas.
— Sr. Scott, eles acabam de levantar seus escudos – disse Illieu, a antosiana que estava pilotando.
— Fique atento naquela nave, garoto. – disse Scott para Chekov – Se eles sequer tentarem se camuflar abra fogo.
— Mas, Scott, - respondeu ele – o Sr. Spock está a bordo.
— Ordens do capitão – disse o engenheiro. “Ele deve saber o que está fazendo”, pensou.
De repente, a oficial de comunicações Uhura tocou seu fone de ouvido, ao ouvir o sinal de um comunicador da Frota ser acionado.
— Sr. Scott, - disse a tenente – estou recebendo um chamado da nave romulana usando o canal da Frota, mas ninguém disse nada. Estou ouvindo apenas o barulho de disparos de armas.
Depois de pensar alguns segundos, ele se aproximou da estação de Uhura.
— Você consegue triangular a posição de onde esta vindo o sinal? – perguntou Scott.
Uhura acionou alguns comandos e respondeu.
— Está vindo de um local a esquerda da proa da nave.
— Passe os dados para a estação de Chekov – disse ele.
Ele olhou para o jovem tenente russo e ordenou
— Chekov, dispare uma salva de phaser nesta posição, com potência apenas suficiente para enfraquecer seus escudos.
E voltando-se para a piloto, completou:
— Illieu, acompanhe qualquer movimento que aquela nave fizer.
Vendo que Chekov ainda esta hesitante em disparar, o comandante repetiu, incisivo:
— Fogo garoto! É uma ordem! – disse Scott.
Chekov então disparou os phasers.
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