Living With The Death - O Começo escrita por Hellica Miranda


Capítulo 6
O que acontece antes




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— Ally, está tudo bem agora. Você pode sair.
Eu assenti e obedeci.
Do lado de fora já estava claro.
— Ah, meu Deus. – eu disse, quando vi diversos corpos caídos no chão.
Não era ninguém da prisão.
Eram walkers bem mais antigos.
Michonne os carregava até o carro.
Eu corri até Rick.
— O que aconteceu aqui?
— O peso foi de mais para as cercas. Eles entraram, mas Carl e eu demos conta de tudo ontem à noite. Como você está?
— Eu não estava doente. Só estava me lembrando das coisas. Algumas coisas... Eu me lembrei de algumas coisas. Estava doendo muito. Eu podia ter ficado doente como eles. Eu não estava. E não fiquei. Ainda.
— Tudo vai ficar bem, Ally.
— Você sabe que as coisas tendem a piorar. Hoje em dia... Não é possível que tudo fique bem, porque estamos vivendo em meio ao caos.
— Pode haver uma solução.
— Quem vai encontra-la? Poucas pessoas estão vivas. Estou tentando não ser tão pessimista, não me sentir tão derrotada, mas todos estão morrendo. Essa coisa está em nós. Eu vi pessoas morrendo e voltando como aquelas coisas.
Pessoas boas, viraram ameaças, não está sobre o nosso controle.
— Vamos nos manter vivos, Ally. Você sabe que sim.
— Eu espero.
Rick assentiu.
— Obrigada, Rick. Por ter me salvado, eu não agradeci antes.. Seria uma dessas coisas agora. Ou só uma mistura fedorenta no chão.
— Não fale assim.
Carl veio correndo até nós.
— Ei! Pai! Você não me acordou.
— Pensei que fosse melhor deixa-lo descansar um pouco. Depois de tudo.
— Eu deveria ajudar. – ele disse. – Oi, Ally.
— Oi.
— Você está melhor? Já está bem?
— Ela não estava doente, Carl. Estava só recuperando algumas lembranças. Por isso ficou mal. Temos que ter atenção com ela, certo?
— Sim. Eu vou cuidar dela.
— Todos nós vamos.



***





Os dias na prisão aconteceram quase normais.
Nosso único problema foi com Carol.
Ela havia desaparecido.
Carl me contou que Rick a deixara sozinha, segura, porém sozinha. Porque ela cometera um grande erro.
Não me contou qual.
Karen e David haviam sido queimados.
Talvez queimados vivos, ou não.
Havia uma trilha de sangue até onde estava o que sobrara deles.
Tyreese estava furioso.


Carl, Rick e eu estávamos sentados com Judith do lado de fora.
Ela raramente ficava ali, Rick queria que ela não fosse exposta.
Era o mais seguro a se fazer, mas não se pode deixar uma criancinha o tempo todo presa.
Isso não a deixaria mais segura, e sim infeliz.
Ela brincava com um conjunto de copos de plástico vermelhos, batendo uns nos outros e no chão.
— Ally? – Mika chamou, parada ao meu lado. – Você pode me ajudar?
— O que foi?
— Lizzie. Ela não está legal.
— Lizzie ainda está doente? – Rick perguntou.
— Não. Ela está triste. 
— Vá, Ally. Converse com ela. – Rick disse.
Eu assenti e segui Mika. 


Lizzie estava sentada no chão, com as costas apoiadas na parede.
— Oi. – eu disse, me sentando ao seu lado.
— Carol está morta.
— Ela é forte, Lizzie. Você sabe que ela é das mais fortes.
— Mas ela não vai mais voltar. Estamos sozinhas de novo. Nossa mãe, nosso pai, e agora Carol. Todos se foram. Nós vamos ficar sozinhas outra vez.
— Precisamos ser fortes. Sabe disso, não sabe? Precisamos ser fortes o tempo todo. Precisamos nos defender. E defender a essas pessoas com quem nos importamos.
— Ninguém vai nos defender agora. – ela concluiu. – Mika e eu. Estamos sozinhas.
— Não. Ninguém aqui está sozinha, Lizzie. Todos nós temos a todos nós. Uns aos outros. É assim que estamos fazendo, não é?
— Ela não vai voltar. 
— Vamos ficar bem. – eu desviei. – Olha, por que vocês duas não descansam um pouco? Podem me chamar daqui a pouco, depois que estiverem mais descansadas. Sei que estão morrendo de sono.
— Estamos com medo. – Mika disse.
— Talvez esse lugar deixe de ser seguro. – Lizzie completou.
— Você tem razão. Mas ainda é. E enquanto for, podemos ficar aqui. Certo?
Ela assentiu.



***





O jantar já havia sido servido.

Éramos muito poucos.
Não havia a mesma quantidade de pessoas ali. Não havia a mesma quantidade de conversa.
Carl sentou ao meu lado.
— O que está pensando? – ele perguntou.
— Coisas. – respondi, sussurrando.
— Minha mãe costumava oferecer coisas em troca dos meus pensamentos. – ele disse. – Que tal um livro novo em troca dos seus?
— É uma boa troca.
Ele sorriu.
— Então... me diga. Sobre o que está pensando?
— Quando esse lugar deixar de ser seguro... Para onde iremos? 
— Nós temos um plano. Vamos entrar naquele ônibus e dar o fora.
— E se nem todos conseguirem?
— Iremos com os que conseguirem.
— E se nós não conseguirmos?
— Eles irão com os que conseguirem.
— Vocês costumavam ter planos sobre isso?
— Nós temos apenas um. É uma lei. Ou atira ou corre.
— Todo mundo está assustado. Depois dessas coisas nos últimos dias.
— Todo mundo tem muito medo, Ally. Isso nos prejudica. – ele disse. – Você tem medo?
— Estou sozinha agora. Meu único medo é que todos aqui virem aquelas coisas.
— Isso não vai acontecer. Vamos nos proteger, e proteger todos aqui.
— Oi, garotos. – Daryl sentou-se ao nosso lado. – Estão falando sobre algo que possam dividir comigo, ou é extremamente pessoal e particular?
— Estamos falando sobre o que vai acontecer quando tudo cair por aqui.
— Vamos lutar. – Daryl disse. – É o que sempre fazemos. Tenho certeza que é o que estava fazendo antes.
Eu assenti.
Não me lembrava.
De repente, senti uma dor forte na cabeça.
E sabia que uma nova lembrança viria até mim.
Eu vacilei no banco, e Daryl e Carl me seguraram por trás.
— Ally, você está bem?
Eu não pude responder. 


" Uma mulher um pouco mais alta que eu estava parada a minha frente.
Ela tinha cabelos castanho claro presos em um coque acima de sua cabeça.
— Escute, Ally. Você vai precisar usar isso. Eu sei que não quer. Eu também não quero que use. Mas vai ser necessário em algum momento. Você está vendo como as coisas estão acontecendo. Você está vendo. Sabe o que vai acontecer. Pessoas vão morrer em todos os lugares. Aqui não é tão seguro. Você sabe. 
— Eu não quero sair daqui! Não posso te deixar sozinha!
— Eu vou ficar bem. Podemos ter uma chance.
— Se você ficar, eu vou ficar também, mãe.
— Não. Você vai com o Charlie, Ally. Vai com ele para os Estados Unidos de navio em três dias. Até lá as coisas podem ficar piores, você sabe bem disso. Só quero que esteja segura. 
— Isso vai acontecer por lá também, não vai?
— Provavelmente no mundo todo. Está tudo sob controle agora, meu amor. Não temos muito tempo. Você precisa aprender a atirar.
— Mamãe...
— Chega, Ally. É para o seu próprio bem. Os navios do governo partirão em três dias. Você tem que ir. 
— Ammy! – uma voz masculina chamou atrás dela.
— Sim, Charlie?
— Ally já está pronta?
— Sim. Não está, Ally?
Eu dei de ombros e me virei, saindo pela porta da sala em direção ao jardim.



Não era uma lembrança muito significativa.
Que navios? Que governo? Onde eu estava antes de ir para os Estados Unidos? 
Eu realmente não era de lá.
— Ally, está tudo bem? – Carl perguntou.
— Minha mãe.
— Você se lembrou dela?
— Ela se chama Ammy. E realmente não sou daqui. Seja lá onde for... O governo estava mandando navios para cá. Acho que eu peguei um. – outra pressão na cabeça. – Ai.


"— Mamãe, eu não quero ir! – eu a abracei.
— Ally, querida, não torne as coisas difíceis para nós duas. Está ficando pior. Você sabe que Charlie e eu não temos condições de irmos todos juntos. Eu sei me cuidar, eu vou ficar bem. Cuide-se, e ajude Charlie com Jack e Claire. Mantenham-nos seguros. Você é boa com a arma, mas atire somente quando necessário. Poupe munição. Você tem algumas na mochila, carregue os seus bolsos também.
— Não vão me prender por estar portando uma arma e balas?
— Não. É seguro que todos estejam. – Charlie respondeu.
Uma garotinha de uns quatro anos correu em nossa direção.
— Papai! Jack não quer me deixar levar a minha boneca!
— Você pode leva-la nos braços, Claire?
Ela assentiu.
— Tudo bem, Jack. Deixe-a levar.
Um garotinho muito parecido com a menina resmungou algo e entregou a boneca de pano a ela.
Ele era um pouco mais velho, talvez tivesse seis ou sete anos.
— Vamos, vocês tem que ir. Deem-me um abraço. – a minha mãe se abaixou e as duas crianças correram até ela.
Eram meus irmãos?



— Ally, é melhor ir descansar. – Carl disse. 
— Tinham duas crianças... Jack, e Claire. 
— Eram seus irmãos?
— Não sei. 
— Tudo bem, Ally, você está precisando descansar. 
— Eu não quero descansar.
— Você precisa, tá legal? Amanhã você pode ir conosco... Pai, Ally pode ir conosco na missão?
Rick nos olhou.
— Você ainda tem algumas balas, Ally?
Eu neguei com a cabeça. 
— Não se preocupe, cuidaremos disso amanhã antes de partir.


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