A aula estava boa, mas eu não prestei atenção. A curiosidade de saber o que estava escrito na carta, junto com a consciência de que eu estava tocando uma esmeralda que pertencia a ele só me deixavam ainda mais assustada.

Eu não conseguia entender, afinal de contas, todo mundo em Hogwarts jurava que ele e Pansy eram namorados, então por que ele estava fazendo isso comigo? Eu mesma podia ver como eles só viviam juntos, como ela acariciava os cabelos dele, e fazia tudo que eu queria fazer, mas não podia nem pensar querer fazer.

Ele era de um egoísmo que nunca vi antes. Nada que não possa ser passível de arrependimento, mas eu duvido que o orgulho dele o permita pedir perdão por algo.

Quando a aula acabou, fiquei do lado de fora da sala esperando Draco. Não queria carregar algo que viesse dele por mais tempo, era como se eu fosse uma rã, e estivesse carregando um ovo de serpente. Aquilo poderia acabar com minhas forças a qualquer momento.

Ele saiu tão apressado da sala, que por pouco não consegui tocar seu braço. Seu olhar foi um misto de surpresa e confusão, e ele foi bem ignorante comigo perguntando o que eu queria.

Coloquei a pedra na mão dele o mais rápido que consegui, tentando entrar em contato o mínimo de tempo possível com a sua pele, e sair logo dali, mas ele segurou meu braço rudemente e me puxou para baixo da escada mais próxima, como se não quisesse que ninguém o visse falando comigo.

Eu me sentia uma aberração nestes momentos. Eu sabia que algumas pessoas tinham vergonha de serem vistas comigo, apesar de nunca conseguir compreender o porquê.

Pedi a ele que me soltasse, falei que estava me machucando, mas não achei que ele fosse fazer exatamente o que eu havia pedido. Ele me soltou.

— Shiiiii!!! Luna, esta esmeralda é para você, não me devolva, é um presente. – Ele falou colocando o dedo sobre meus lábios. Sentir a pele dele sobre a minha boca era demais, se eu não saísse dali o mais rápido possível, eu provavelmente desmaiaria com todas aquelas sensações. Só então percebi que ele havia colocado a esmeralda na minha mão direita.

— Você me confunde, sabia? - Eu falei desviando o olhar daqueles olhos azuis dele diretamente para o meu braço, então em lembrei que ele tocou ali também, e olhei para o chão.

— Perdoe-me. – Ele falou.

Nunca imaginei Draco Malfoy, com todo seu orgulho, pedindo perdão por alguma coisa. Nunca o imaginei reconhecendo um erro.

Eu tinha que sair dali. E era naquele momento.

— Não quero nada que venha de você. – Falei colocando rapidamente a pedra no bolso dele, então saí dali o mais rápido que pude.

Esbarrei com Harry Potter no caminho para a próxima aula, me desequilibrei e já ia dar de cara com o chão, mas ele sorriu, e me segurou antes que eu caísse.

— Hey, Luna, que pressa é essa? – Harry Perguntou.

— Nã... não é nada. Desculpe Harry, parece que tropecei em você.

— Tudo bem, não foi nada. – Harry falou, mas eu apenas acenei e continuei andando.

Pelo menos minha próxima aula não era com ele.

Entrei na sala de Defesa contra as artes das trevas com um grande sorriso no rosto, apesar de não entender muito as intenções da nova professora, que não ensinava nada de útil.

— Bom dia! – Dolores Umbridge falou para a turma. – Hoje vocês podem ler todo o capítulo sete do livro, que fala sobre como evitar uma briga, depois farei algumas perguntas.

Alguns arfaram, outros reviraram os olhos, mas no fim das contas, ficamos todos de cabeça baixa, lendo o livro, ou apenas fingindo, como eu.

Do meu lado tinha uma menina da Lufa-Lufa que eu não sabia o nome, Diana já estava sentada do outro lado da sala, e sinalizou que não conseguiu guardar um lugar para mim, logo entendi o porquê, já que Vincent Scott estava ao lado dela, e ela tinha, digamos, um sentimento especial por ele.

Aproveitei o momento para retirar um certo envelope negro do bolso do meu uniforme, e apoiá-lo sobre o livro. Aquele era o momento ideal para ler a carta, já que, de certa forma, todos estavam lendo alguma coisa.