Acordo Perfeito escrita por BCarolAS, cecimaria


Capítulo 8
Capítulo 7




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Elisabeta e Victória viraram a cabeça em direção a Darcy ao mesmo tempo, as duas com expressões de surpresa. Elisabeta soltou a menina, e as duas, ao mesmo tempo, começaram a  rir.

— Desculpe, o senhor pode repetir? Acho que você disse algo, mas eu entendi uma coisa completamente diferente.

Sério, Darcy repetiu.

— Case-se comigo.

— O senhor está falando sério. - Não foi uma pergunta. Ela se tocou  que Darcy não estava brincando.

— Claro. Veja só, é a solução perfeita. A senhorita não sabe, mas eu também estou enfrentando um problema cujo matrimônio é a única solução. E se nos casarmos, este problema estará resolvido e a senhorita terá cidadania inglesa e poderá ficar. É perfeito! Não sei como não pensei nisso antes.

— Victória, querida, você pode deixar eu e seu pai a sós? Nós precisamos ter uma conversinha de adulto.

Por mais que quisesse protestar, ela não fez. Queria ser uma boa menina. Queria que Elisa aceitasse se casar com seu pai. E assim, ela subiu as escadas, olhando para trás a cada dois degraus. Quando Victória desapareceu de vista, Elisabeta foi levantou-se e foi até Darcy.

— Abra a boca.

— O que?

— Abra a boca. - Mesmo sem entender nada, ele o fez. Elisabeta inalou bem perto da boca dele.

— Bêbado o senhor não está. Bateu a cabeça? Sente-se aqui, me deixe ver. - Ela tentou alcançar a nuca dele.

— Senhorita Benedito!

— Não venha com Senhorita Benedito para cima de mim! O senhor enlouqueceu? Me propor casamento assim, sem mais nem menos, e ainda na frente da Victória?

— Confesso que foi meio impensado, e talvez eu não devesse ter feito na frente da Vicky, mas pense bem, Elisabeta, é o acordo perfeito!

— Acordo Perfeito? O senhor está fora de si!

— Por quê? A senhorita mesmo disse que não tinha aspirações românticas para o casamento. Nem eu. E quando a Victória estiver maiorzinha, a senhorita estará livre para viver sua vida. Além do que, o sobrenome Williamson pode lhe abrir muitas portas.

— E o quais as vantagens disso para o senhor? Qual é este problema que também precisa do casamento como solução?

— Veja bem, Elisabeta. - Ele se sentou. - Meu pai era um homem muito rígido, bastante controlador. Foi ele quem estabeleceu o meu casamento com Brianna, assim como meu divórcio. Ele tinha uma necessidade doentia de estar no controle e eu… de agradar. Não foi o que aconteceu no seu último ano de vida. Eu comecei a discordar dele e tomar as minhas próprias decisões. Então como última tentativa de manter as coisas de seu jeito, ele pôs no seu testamento que se eu não me casasse em até um ano após seu falecimento, meu título e minha propriedade iriam para o meu parente masculino de sangue mais próximo. E acredite em mim, você odiaria o primo Collins.

— Quanto tempo tem que seu pai morreu?

— Nove meses. - Elisabeta chiou.

— Por que você só está se preocupando com isto agora? Achei que os ingleses não deixavam as coisas para a última hora.

—Porque eu só soube disso essa semana. O advogado da família omitiu essa parte na leitura do testamento. Imagino eu que a mando de minha tia. Ela nunca se conformou com o divórcio.

— Darcy, isso é completamente insano. - Algo lhe atingiu bem no estômago, mas ele sorriu ao vê-la usando o primeiro nome dele. - Você tem a Susana. Por que não se casa com ela?

— Com a Susana? - Ele gargalhou. - Não, nunca daria certo. Além do mais, eu terminei com ela há alguns dias.

— E você acha que nós daríamos certos? Nós? - Ela riu e esfregou as mãos no rosto.

— Você não precisa me dar uma resposta agora. Tire o sábado de folga. Volte só na segunda. Pense sobre isso. Por favor, Elisa, considere. Por você. Pela Victória. Você faz tão bem a ela!

Elisabeta suspirou. Usar Victória era golpe baixo. Ela o encarou e ele parecia angustiado. Havia uma rusga entre suas sobrancelhas e ela levantou a mão para tocá-la, mas parou no meio do caminho.

— Tudo bem. Eu aceito. - Darcy levantou a sobrancelha de vez. - Pensar. Eu estava me referindo a tirar o dia de amanhã e PENSAR sobre!

— Tudo bem, eu posso esperar. Mas está tarde. E eu ouvi que está tendo uma onda de violência nos últimos tempos. Deixa o Rogers te levar para casa. - Ele pediu.

— Não vejo necessidade disso.

— Por favor. - E lá estava. A mesma tristeza suave que ela via nos olhos de Victoria. Que ela já havia visto nos dele. Era quase… um desamparo. Ela suspirou. Se aceitasse se casar com ele, ela teria um problema. Não saberia dizer não a ele enquanto ele a olhasse assim.

— Está bem. - Ele sorriu aliviado e a acompanhou até a noite.

— Boa Noite, Elisabeta.

— Boa noite, senhor… - Ele a olhou feio. - Darcy.

Elisabeta ficou calada o caminho todo para casa. Aquilo era insanidade. Loucura das maiores. Casamento por conveniência! Era o tipo de coisa que ela repudiava. E ao mesmo tempo… Ele tinha um ponto. Ela não queria se casar, que diferença faria? Se ela aceitasse, não precisaria mais gastar com aluguel, estaria perto de Victoria, e como ele mesmo disse, depois que ela estivesse maior, poderia seguir sua vida tranquilamente. E ele tinha contatos. Ela conheceria essas pessoas. Poderia conseguir um emprego em sua área. Mas… Como explicaria isso a sua família? Eles jamais acreditariam. Seu pai ficaria tão decepcionado! Sua mãe… Bom, ela não sabe qual seria a reação de Dona Ofélia. Sabia que Mariana iria querer bater nela, e Cecília iria romantizar a situação. Jane tiraria o melhor dela. E Lídia… Bem, Lídia ficaria empolgada. Ela fica empolgada com quase tudo.

Chegou em casa e não encontrou Ludmilla. Queria a opinião dela. Encarou o teto até pegar no sono.

 

No dia seguinte, Victoria levantou animada. Tinha gastado muito tempo a noite imaginando como seria se a Elisabeta casasse com seu pai e chegou a conclusão óbvia. Seria perfeito. Elisa seria sua mãe! E ela enfim teria uma mãe de verdade, igual a dos livros, para amá-la, protegê-la… tudo bem, ela seria madrasta dela. Mas não uma madrasta igual a da Cinderela ou da Branca de Neve. Ela seria uma mãe-drasta!. Victoria riu, enquanto descia as escadas com seu diário. Tinha feito alguns desenhos de um vestido de noiva e queria mostrar a Elisa. Mas quando chegou na mesa do café, seu pai estava sozinho.

— A Elisa ainda não chegou?

— Ela não vem hoje.

— O que? Por quê?

— Eu dei a ela o dia de folga para que pudesse pensar.

— Pensar em se casar com o senhor?

— Sim. - Ele suspirou. Os olhos de Victoria estavam brilhantes por trás das lentes dos óculos.- Filha, veja só. Eu agi sob impulso ontem, ao pedir que a senhorita Benedito se casasse comigo.

— Eu sei papai. O senhor só não queria que a Elisa fosse embora. Eu também não quero. - Ela segurou a mão do Darcy.

— Mas você não pode criar expectativas quanto a isso.

— Expec…? - Victoria achou engraçado. Não conhecia aquela palavra.

— Expectativas. É quando você quer muito que uma coisa aconteça e começa a fazer planos, mesmo sem saber se vai mesmo acontecer.

—Ah. Mas não se preocupe, papai. Não estou criando isso não. - Darcy sorriu, e continuou a tomar seu café, quando Victória soltou. - Você acha que a Elisa vai deixar eu chamá-la de mamãe?

Darcy cuspiu todo o café que estava tomando, causando uma crise de riso em Victoria e uma distração a pergunta. Ele estava começando a achar que talvez tivesse sido uma ideia ruim. Se Elisabeta não aceitasse, a sua filha ficaria devastada.

— Filha, você precisa me prometer que não vai ficar triste se a Elisabeta não aceitar.

— Mas ela vai, papai. Eu sei que vai! Por que ela não aceitaria? O senhor é bonito, é legal.

— Eu realmente fico feliz que você ache isso de mim, filha. Mas não é assim que funciona o casamento.

— E como é então? A mamãe disse que se casou com você porque a vovó mandou.

— Bom, normalmente, um rapaz e uma moça se conhecem, ficam amigos, se apaixonam e então se casam.

— Como em Cinderela?

— Sim. - Não, pensou Darcy. Mas como mais ele poderia explicar? - Eu e Elisabeta não seguimos esse padrão. Nem somos amigos direito. Então pode ser que ela não aceite.

— Mas se ela não aceitar ela vai ter que voltar para o Brasil, não é?

— Sim.

— Então ela vai aceitar. - Victoria disse convicta, e calmamente voltou para o seu café-da-manhã.

Para Darcy, o fim de semana se arrastou. Já para Elisa, ele passou num piscar de olhos. Era o que ela pensava quando encarava a porta da casa dos Williamsons. Sua futura casa. Tinha passado todo o sábado discutindo com Ludmilla sobre a proposta de Darcy. No início ela gargalhou, depois achou absurda, e no fim aconselhou a Elisabeta aceitar. Se ela não havia pretenções matrimoniais afinal, qual seria o problema? E depois, sempre havia o divórcio. Era muito mais comum na Inglaterra que no Brasil, e então ela poderia sair do contrato sem problemas. Ludmilla aconselhou Elisa também a firmar um contrato com as regras da relação, estabelecendo o que era e não permitido dentro da relação deles, para se resguardar no futuro. E foi pensando nisso que Elisabeta entrou na casa dos Williamsons naquela manhã de segunda-feira. Quando passou pelo portão deu de cara com a pequena Victória, sentada no hall, segurando um caderno.

— Elisa! Você veio! - Ela correu e abraçou as pernas de Elisabeta. - Eu fiquei com tanto medo que você tivesse voltado para o Brasil! Mas que bom que você está aqui, eu preciso te mostrar uma coisa.

— Bom dia para a senhorita também. Pulou da cama, foi? Já tomou café?

— Não. Estava esperando você, e o papai descer também. - Puxando a mão de Elisa, ela guiou a mais velha para a sala.

— Elisa, qual sua flor preferida? - Ela perguntou.

— Acho que são as orquídeas.

— Orquídeas? Não conheço.

— Elas são mais comuns no Brasil.

— Então qual a sua segunda flor favorita?

— Deixa eu pensar… Begônias.

— E sua cor favorita é vermelho não é?

— Sim. Por que de tudo isso hein? - Ela começou a fazer cócegas na menina. - Posso saber?

— Porque eu estou organizando o seu casamento com papai, é claro! Vai ser tão lindo, Elisa! Eu posso levar as flores, não posso? Mal posso esperar! Você vai vir morar aqui né? Mas no verão nós podemos pedir o papai para ir para Pemberley! Você irá adorar. Vocês vão ter filhos? Eu sempre quis um irmãozinho. Ou uma irmãzinha.

Elisabeta escutou tudo aquilo um pouco assustada. Victória estava criando expectativas demais para aquele casamento, e não seria nada daquilo que ela imaginava. Talvez estivesse errada em relação a sua decisão. Talvez se casar com Darcy nessas condições não seja a melhor para a menina.

— Elisabeta, você chegou.- Darcy apareceu na sala, trajando terno completo, como era típico de Darcy Williamson. Hoje ele usava uma gravata vermelha. Sua barba estava por fazer, mas já parecia um pouco grande. Ela só tinha ficado dois dias sem vê-lo, como poderia estar tão grande?

— Olá Senhor Williamson. Nós podemos conversar? - Ela se levantou.

— Claro.- Ele fez demonstrou intenção de sentar-se no sofá, mas ela apontou com o olhar para Victória e ele então sugeriu. - Vamos ao meu escritório?

Os dois caminharam em silêncio e Elisabeta fechou a porta. Darcy apoiou-se na mesa, sem sentar de fato.

— E então? Pensou na minha proposta?

— Sim. Pensei bastante, e eu cheguei aqui disposta a aceitar. - Darcy abriu um sorriso, mas quando viu o olhar em seu rosto, recuou um pouco.

— Existe um mas...

— Mas então Victória estava me esperando na porta. Com um caderninho, fazendo planos para o casamento. Ela estava escolhendo flores e cores. Depois veio me falando sobre férias e irmãos. - Ela suspirou. - Sei que precisa se casar, e acho que o senhor deve. Mas não comigo. Victória anseia por uma mãe e eu não sou essa pessoa. Eu não posso ser a mãe dela.

Darcy e Elisabeta não sabiam, mas Victória estava escutando a conversa através da porta, esperando ouvir alguma coisa sobre o casamento. E ao escutar isso, ela se sentiu traída. Elisa não queria ser sua mãe. Elisa, sua melhor amiga, a pessoa que ela mais admirava em todo o mundo, não queria ser sua mãe.Victoria sentiu mais uma vez que não era amada, e lágrimas caíram de seus olhos instantaneamente.

— E por que você acha isso? - Darcy questionou Elisabeta - Não precisaria fazer mais do que já faz agora, as coisas não vão mudar entre vocês duas, e eu continuaria pagando seu salário.

— Não é esta a questão. Ou talvez seja exatamente esta. Victoria irá acreditar que eu serei sua madrasta, e esperará de mim o carinho e cuidado de uma mãe, que ela tanto sente falta. E se esta situação toda é confusa pra mim, sem saber ao certo se meu emprego é de preceptora, esposa ou mãe, imagine para uma criança carente do amor materno. O senhor me perdoe, mas depois de tudo que escutei sobre sua ex-esposa, a melhor coisa que posso dizer sobre ela é que ela é uma desmiolada.

— Você está sendo muito gentil com Brianna. - Ela sorriu com aquele comentário.

— E como o senhor acha que Victoria reagirá daqui a dois anos quando eu pedir o divórcio e me mudar? E se ela se apegar demais a mim, só para depois eu deixá-la também? Fazer com que ela se sinta abandonada mais uma vez! Eu não posso fazer isso, e sinceramente, nem sei se consigo. Eu não quero desapontá-la. Veja bem, eu quero ficar, o senhor não sabe o quanto. Mas o bem-estar de Victoria está acima disso pra mim.

— Eu compreendo o seu ponto, acho muito nobre da sua parte. Agradeço por se preocupar tanto com minha filha. Confesso que não havia dado a esta situação muito pensamento a longo prazo. O que sugere então?

— Que o senhor arrume uma boa namorada e case-se rápido. Alguém doce e gentil, que queira muito ser mãe e trate sua filha bem.

Darcy suspirou cansado. Não estava disposto a procurar essa pessoa. Nem tinha tempo para tal. E era óbvio que nenhuma mulher no mundo seria capaz de amar Victoria e ser amada por ela da mesma forma que Elisabeta.

— E quanto a senhorita?

— Voltarei ao Brasil. Arrumarei um emprego. E escreverei a Victória. Se permitir, é claro.

— Então é isto. - Ele não conseguiu disfarçar a decepção. Alertara tanto Victoria, mas ele próprio já havia criado expectativas. - Foi um praz…- Darcy estava estendendo a mão para se despedir da senhorita Benedito quando Matilda apareceu na porta.

— Lorde Williamson! Senhorita Benedito.Com licença. Estava voltando do mercado e passei por uma menina que parecia muito Victória, e agora quando cheguei, a procurei para dizer isto e não a encontrei. Perguntei para os outros empregados e ninguém a viu também. Esperava que ela estivesse com vocês, mas agora vejo que não. Temo que a menina tenha saído de casa sozinha novamente.

Darcy e Elisabeta se encararam, o desespero nítido em suas faces. Checaram a casa duas vezes, cada um, em todos os cômodos, e eles eram muitos. O caderninho com as anotações estava jogado no chão, em um canto perto da porta do escritório.

— Elisabeta… - Darcy falou ao pegá-lo. - Você acha que ela pode ter escutado nossa conversa? Ela não se desgrudou disto o fim de semana inteiro.

— Ah meu Deus, Darcy…

Ouvi-la chamar pelo seu primeiro nome era sempre como levar um soco para Darcy, rápido e certeiro. Mas dessa vez ele precisou se recuperar rápido.

Os dois saíram de casa correndo. Primeiro eles percorreram o perímetro da casa, os jardins e o quintal. Depois eles percorreram a rua, e então o bairro. Perguntaram a todos que trabalhavam nas redondezas. Darcy sugeriu que eles fossem até o local onde Elisabeta encontrou Victoria pela primeira vez. Pegaram o metrô e foram até Westminster direto para o mesmo banco onde Elisa a havia encontrado. Victoria não estava lá.

— Acho que precisamos ir a polícia. - Darcy disse por fim. Elisabeta estava preocupada, mas o olhar de desamparo no rosto dele fez com que ela segurasse sua mão. E a mesma estranha sensação que a acometeu na primeira vezes que eles se tocaram ocorreu de novo. Com o acréscimo de um formigamento, quando ele apertou a mão dela de volta. E então a ocorreu que havia mais um lugar para olharem.

— O parque! Eu e Victória vamos lá sempre. É um caminho que ela pode conhecer. Vamos voltar.

Os dois então rumaram ao parque, angustiados e torcendo para que não ocorresse o pior. Desceram duas estações antes de casa, nas proximidades do parque. Já era quase hora do almoço e as ruas estavam começando a ficar mais movimentadas. Algumas pessoas já tiravam seus almoços de bolsas e mochilas e se espalhavam por bancos no parque. Elisabeta avistou uma menina mais ou menos do mesmo tamanho de Victoria e correu até ela, tocando seu ombro, mas quando a menina virou-se assustada Elisa pediu desculpas e voltou a procurar por Victoria. Darcy estava indo ao encontro de Elisabeta quando reconheceu a filha sentada no balanço.

— Elisa, olha ali! É ela! - o lorde puxou Elisabeta pela mão e os dois correram em direção a Vicky.

— Victória!!- os dois chamaram seu nome em uníssono e viram a menina enxugar as lágrimas.

— Eu achei que tínhamos combinado que você não fugiria mais de casa. - Darcy a puxou para um abraço. Elisabeta juntou-se a eles em um abraço desesperado e desengonçado.

— Mas eu estava tão triste, papai! Eu ouvi o que a Elisa disse. - ela olhou para a preceptora, triste e envergonhada - Ela disse que não queria ser minha mãe, que o senhor tinha que casar com outra pessoa, aí eu achei que o senhor ia se casar com aquela Susana e me mandar para o colégio interno. - Ela encarou novamente Elisabeta, os óculos molhados pelas lágrimas. - Por que você não quer ser minha mãe, Elisa? Você não gosta mais de mim? O que eu fiz de errado? Por que as pessoas gostam de mim e depois desgostam o tempo todo? Eu juro que vou me comportar!

— Meu amor, olha para mim. - Elisa se aproximou de Victoria e Darcy deu espaço para as duas - Você não fez nada de errado! Eu não deixei de gostar de você, isso nunca vai acontecer! Aquilo que eu disse é porque eu estou com medo.

— Com medo de que? - Perguntou Victória. - Não precisa ter medo do meu pai, ele é legal e não vai te machucar.

— Não é isso. É que eu nunca pensei que seria mãe. Eu tenho medo de não ser uma boa madrasta para você. Porque você merece a melhor madrasta do mundo.

— Eu não quero a melhor madrasta do mundo, eu quero você.

— Filha, achei que nós tínhamos conversado sobre isso. - Darcy se abaixou e segurou as mãozinhas de Victoria - Sobre a possibilidade da senhorita Benedito não aceitar.

— Mas eu achei que se vocês se casassem, poderiam virar amigos e depois se apaixonarem, igual nos contos de fada.

— Victoria, a vida não é como nos livros. Nem sempre tudo acontece da forma que queremos. - Darcy disse. - E você precisa para de fugir toda vez que fica chateada com algo. Nós, os Williamsons, não fugimos dos problemas, nós os resolvemos. Venha, se despeça da senhorita Benedito e vamos para casa.- Ela pulou do balanço e abraçou Elisabeta.

— Eu vou sentir sua falta, Elisa.- Mas rapidamente a soltou e deu a mão a Darcy.

Ele olhou para Elisabeta, e sorriu. E então os dois deram as costas para a Benedito, e começaram a caminhar, de mãos dadas. Primeiro ela achou graça da disparidade de altura, depois ficou emocionada com a cena, pois algo assim era raro semanas atrás. Depois sentiu um aperto no peito, como se um pedaço dela a estivesse partindo.Talvez ela estivesse se metendo na maior enrascada da sua vida, mas ela não estava pronta para se despedir daquela pequena família.

— Esperem! - ela gritou. - Esperem! - Os dois pararam e olharam para trás. Ela correu até eles.

— Eu aceito.

— Perdão? - Perguntou Darcy. Mas Victória já exibia um sorriso gigantesco.

— Eu aceito me casar com você, Darcy.

Elisabeta segurou a mão livre de Victoria, e assim, os três caminharam de mãos dadas de volta para casa. Para a casa que agora seria dela também. Deus, de todas as aventuras que Elisabeta Benedito havia se envolvido e de todas que com certeza ainda iria se envolver, nenhuma jamais se compararia com aquela que acabava de começar.


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Notas finais do capítulo

Taamm tantantan tantantan tantantan TAM TAM TANTANTANTAAAMMM
(cantem a marcha nupicial) hahahahah