Acordo Perfeito escrita por BCarolAS, cecimaria


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Eu e a Ceci estamos gestando essa ideia a algum tempo e finalmente resolvemos compartilhar com vocês. É algo novo para gente também, então esperamos que vocês tenham paciência e deem feedbacks s egostaram ou não, se a gnt deve parar ou continuar... Enfim, é isso. Esperamos que gostem dessa nova versão de Darcy e Elisa.

Com Amor,

Bia e Ceci.



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1928

Londres

Darcy brincava com a filha, na ala de crianças em sua casa em Londres. Victória estava estressada. Ela não gostava da vida na cidade, preferia Pemberley, e nisso ele só poderia acreditar que ela puxou a ele. Sua esposa se aprontava para um baile na casa do Duque de Hampshire, um homem que ele detestava com toda suas forças. Num geral, ele desgostava de todo e qualquer evento social, mas esses, da alta temporada, eram os piores para ele. Era verão, e ele queria estar na sua casa, no campo, cavalgando com a sua filha.

— Papai precisa ir se arrumar agora, Vicky. - Ele levantou e deu um beijo na testa da filha.

— Vocês vão sair de novo?

— Sim. Vamos em uma festa.

— O senhor não pode ficar comigo e deixar a mamãe ir?

— Não filha, eu preciso ir. Mas eu queria ficar.

A menina então se jogou nos braços de Darcy que riu, levantou a filha e a girou pelo quarto. Quando Darcy foi até o seu quarto, através do vestíbulo que fica entre o quarto dele e da esposa, ele conseguiu ouvir o jazz que rola pelo gramofone. Ele atravessa o quarto e vê Brianna vestindo um exuberante vestido verde escuro, com um decote grande nas costas. Ela está colocando esmeraldas para combinar e ele admirou a esposa. Ela é uma mulher bonita. Em seis anos de casado, Darcy e Brianna chegaram em um acordo quase silencioso. Ambos foram obrigados a se casar pelos pais. Ambos eram muito jovens para discordar dos pais. E eles se conheciam de longa data, afinal eram primos. Darcy achava Brianna uma companhia agradável, no auge dos seus 20 anos, quando se casaram. Acreditava que poderia vir a amá-la, o que não aconteceu. Amava a filha, respeitava a esposa. Era fiel a ela, o que no último ano significava se tornar celibatário. Eles estavam tendo brigas e mais brigas, e a pressão do pai para que eles tivessem um herdeiro homem não ajudava. Brianna se afastou dele e se ressentia da filha, e o clima entre os Williamsons já não era dos melhores. Mas Darcy estava se esforçando para melhorar isso. Sabia, por exemplo, que Brianna gostava da temporada em Londres, então tinha concordado esse ano em vir para a capital, e agora estava passando alguns dias na empresa do pai, observando os negócios, pois o seu papel até agora tinha sido administrar as propriedades rurais da família.

— Brianna, você está muito bela. - Ele disse para esposa, que pareceu apenas notá-lo naquele momento.

— Muito obrigada, Darcy. Muito gentil de sua parte. Já está pronto? - Ela olhou ao marido que estava apenas de colete e camisa.

— Não. - Ele passou a mão pelo cabelo. - Estava brincando com a Victória. Você não acha incrível como ela tem crescido? E tão eloquente! Já lê em voz alta sem gaguejar, e ela só tem cinco anos.

— Mas não tem a menor delicadeza a mesa, e come demais. Já falei inúmeras vezes que se ela continuar comendo daquele jeito ela vai ficar gorda. Já está bochechuda.

— Ela é uma criança, Brianna. Não deve se preocupar com sua aparência.

— Ela é uma mulher, Darcy. Ela deve sempre se preocupar com a aparência. - Ela se levantou e foi até o marido. - Acho melhor você ir se trocar, ou nos atrasaremos.

— Tudo bem.

Darcy se aprontou. Odiava usar smoking e gravatas borboletas, mas era o que a  ocasião pedia e dentro de uma hora eles chegaram a casa do Duque de Hampshire.

Ele e o duque frequentaram Eton na mesma época, apesar do primeiro ser três anos mais velho que Darcy. Eles sempre se detestaram. Na época, ainda não havia herdado o título e era apenas George Beauchamp e os dois já haviam trocado socos algumas vezes, pois o homem era relativamente baixo, mal chegava a 1,70 de altura e Darcy sempre foi alto para sua idade, logo, quando crianças, era uma briga justa. Darcy se destacou em tudo que George costuma ser o prodígio e essa richa se prorrogou em Oxford. Eles eram obrigados a conviver, num entanto, pois possuíam um amigo em comum: Charles Russell, o futuro Visconde de Huntingdon. Entretanto, 1920 foi um ano bastante agitado para os três. O pai de George morreu, deixando o título e o ducado ao jovem. Assim como Darcy, Charles tinha um casamento arranjado desde o seu nascimento. Mas ao contrário de Darcy, ele não planejava cumprir. Ele havia se apaixonado por uma moça na Universidade e para conseguirem ficar juntos, eles acabaram fugindo. Quando o escândalo se espalhou, o Lorde Williamson, Conde de Pemberley, resolveu adiantar o casamento que estava programado para quando Darcy completasse 25 anos, para aquele mês, para evitar “tentações e rebeldia”. E assim, os três companheiros se viram separados por suas responsabilidades. Darcy voltou, é claro a ver George, ou melhor, o Duque de Hampshire, em eventos sociais, esteve em seu casamento com a filha do Marquês de Sunderland, família muito próxima da família real. A própria garota, Anne Spencer, atual Duquesa de Hampshire, era amiga íntima da princesa, que estaria na festa. Sendo assim, Darcy usava seu traje de gala completo.

Ao chegarem a festa foram bem-recebidos. Tinham consciência que eram importantes. A família Williamson era uma das mais antigas a permanecer com o título. Darcy, ainda chamado de Lorde Williamson, era considerado educado e recluso. Quieto e gentil. Já Brianna era um pouco mais falante e se encaixava nas rodas sociais melhor que ele. Eram bem-vistos e queridos. Ou assim ele acreditava.

Eles desfilaram pelos grupos, cumprimentaram as pessoas, até chegar aos anfitriões. George, com a cabeleira clara e olhos igualmente claros, estava ao lado da esposa, que trajava um belíssimo vestido azul marinho, que fazia seus cabelos cor de fogo se destacarem. Darcy pensou que eles um fiel retrato na nobreza inglesa.

— Duque, duquesa. - Darcy os cumprimentou. - É uma belíssima festa.

— Lorde Williamson, lady Williamson. - a duquesa cumprimentou os dois. - É um prazer recebê-los.

— Darcy. - o duque  estendeu a mão a mão para Darcy. - Como vai?

— Muito bem, Hampshire. E você? Como vai o pequeno George?

— Vai ficar mais alto que o pai. - Ele deu uma gargalhada. - E a Victoria? Espero que tenha puxado a beleza da mãe.- Ele beijou a mão de Brianna

— Puxou sim. - Darcy respondeu com um sorriso. - Nós iremos desocupar vocês.

Eles se despediram dos anfitriões e começaram a circular pelo salão. Foi quando Darcy avistou um velho amigo de Oxford, que não via a algum tempo.

— Camilo Bittencourt!

— Darcy Williamson! - Ele foi até o amigo e o abraçou. - Quanto tempo!

— E o que você faz aqui, de volta a Londres? Cansou do Rio?

— Eu moro agora em São Paulo, estou trabalhando para a minha mãe em definitivo. Brianna, quanto tempo. - Ele foi cumprimentar a moça que já parecia entediada.

— Camilo. Como vai?

— Muito bem, obrigada! E a pequena Vicky?

— Em casa. - Brianna respondeu enfadada. - Eu avistei uma amiga, irei encontrá-la. Nos vemos novamente no final da festa? - Ela se dirigiu a Darcy.

— Não pode ser antes? Guarde uma dança para mim. - Ele deu um sorriso a esposa.

— Claro. - Ela retribuiu o sorriso e se afastou dos dois.

— Então?- Camilo questionou o amigo, pegando duas bebidas de um garçom que se aproximava e entregou uma a Darcy. - Como vai a vida?

Eles ficaram conversando por um tempo. Charles Russell e sua esposa, Amelia Russell se juntaram a eles. Por incrível que parecesse, Darcy estava se divertindo quando a gritaria começou. O barulho vinha da sala subsequente e de repente as pessoas começaram a ir para mesma. Curioso, Camilo puxou Darcy e Charles para o local. Descendo as escadas estava a Duquesa de Hampshire gritando, sendo seguida pela princesa Mary que parecia escandalizada. Então, a duquesa gritou algo para trás, em direção a ala superior, e atirou um conjunto de roupas escada abaixo. Neste momento, trajando apenas um calção e uma camisa fina. o Duque apareceu na sacada da escada, levando todos os presentes a cochicharem.

 

— Senhoras e senhores, temos aqui a atração principal do baile. - A duquesa gritou. - O Duque de Hampshire, despido! Onde está a sua amante, darling? Brianna, querida, apareça! - Ela gritou, tentando subir a escada de volta, sendo segurada  pela princesa, que falou em seu ouvido.

— Anne, querida… - O duque parecia não se importar com os seus trajes, mas foi impedido de falar com a esposa pela princesa Mary.

— O senhor se recomponha, Duque Hampshire, e finalize este espetáculo deplorável. Sua esposa irá me acompanhar e passará a noite no castelo comigo. Amanhã vocês conversam.

E dito isso, ela pegou a mão da duquesa e a puxou escada abaixo. O olhar de Anne era perdido até que avistou Darcy.

— Lorde Williamson! O senhor não merecia isso. Merecia uma esposa que não fosse uma messalina…

— Lorde Williamson, sinto muito que o senhor tenha que passar por esta humilhação, mas aconselho a pegar a roupa da sua esposa e levar para ela. - A princesa Mary disse a Darcy com pena, e pôs a mão em seu ombro.

Todos os outros presentes encaravam de Darcy para Hampshire, cochichavam, alguns apontavam, outros riam. Camilo ajudou Darcy a catar as roupas de Brianna enquanto Charles levava o Duque para os seus aposentos para se vestir. Darcy ignorou os olhares e subiu com Camilo até o quarto onde Brianna estava. Ela parecia assustada, estava coberta com o lençol e sua maquiagem estava borrada.

— Darcy, meu amigo, tenha calma.- Camilo falou tentando segurar o braço de Darcy, que tremia um pouco.

— Não se preocupe, não irei machucá-la, jamais seria capaz de tal ato. Mas preciso falar com minha esposa em particular.- Camilo concordou e deixou a soleira da porta, enquanto Darcy entrou no quarto e bateu a porta. Isso pareceu tirar Brianna do torpor

— Darcy! - Ela olhou para o marido. - Eu… eu…

— Pode explicar?- Darcy jogou o vestido na cama ao lado dela. - George Beauchamp? De todos os homens do mundo, George Beauchamp? Você fez  isso de propósito? Para me atingir?

— Claro que não Darcy! Nós nos apaixonamos! E eu estava tão infeliz… Nós não nos amamos, Darcy!

— Mas isso não é motivo para você me trair, Brianna. Nós assumimos um compromisso. Prometemos ser fiel, temos uma família! Nada disso importa?

— Eu sou jovem, Darcy! Fui obrigada a me casar com dezoito anos. Eu quero ser amada, ser desejada por um homem. Você não sente paixão por nada. Você é incapaz de me fazer feliz. Duvido que seja capaz de fazer qualquer mulher feliz, Darcy, porque você é você. Um Williamson. Puro. Nobre. Você é agradável, mas sem graça.  Fechado, taciturno. Eremita. Você é como uma pintura do Louvre. Lindo de se admirar…. E só. Que mulher pode se sentir atraída por você? Em que mulher você despertaria desejo, Darcy?

Aquelas palavras magoaram ele profundamente. Afinal, Darcy não era muito mais velho que Brianna quando fora obrigado a se casar. E ele fez o melhor que pode. Cumpriu com suas obrigações, era respeitoso, acreditava ser um bom marido. Mas aparentemente ele não era. Era incapaz de despertar a paixão de uma mulher. De sua mulher. E era verdade que ele não a amava, mas possuía um carinho enorme. A respeitava.

— Vista-se. Nós estamos indo embora.

Eles foram embora em silêncio, e Darcy mal pode dormir naquela noite. Entretanto, se as notícias correm rápido, as fofocas, nas rodas da alta sociedade, voam. E aquela demorou apenas uma manhã para chegar aos ouvidos do velho Lorde Williamson. Que mesmo debilitado apareceu na casa do filho e exigiu uma explicação de Darcy e Briana. O Conde gritou com os dois, chamou o filho de fraco, a sobrinha de rameira. Disse que a honra dos Williamson estava manchada, e algo precisava ser feito. E como o Duque possuía uma posição na sociedade mais alta do que ele, a coisa a ser feita era o divórcio. Afinal, a igreja anglicana permitia e diante do escândalo e do tanto de testemunhas presentes, o adultério seria facilmente comprovado, logo, a justiça também permitiria. Nem mesmo Lady Margareth, irmã do Conde, foi capaz de desfazer a ideia, e Darcy, assim como quando foi para se casar, não teve voz sobre o assunto. Sua única preocupação era a filha. E quando seu pai falou que a menina não ficaria com ele, foi a primeira vez que ele o enfrentou. Que levantou a voz para o velho, que discordou do mesmo. Mas no fim, foi convencido que uma menina, ainda mais em sua idade, precisava da mãe. E Darcy poderia ver a filha sempre que quisesse, já que o Conde não deixou a mesma desamparada, deu a Brianna um apartamento na cidade, onde poderia morar com Victoria. O mais difícil foi explicar isto a menina.

 

— Mas papai, porque nós não vamos mais morar com o senhor?

— Porque eu e sua mãe estamos nos separando, filha.

— Mas por quê?

— É complicado, Vicky. Coisa de adulto.

— Então a gente não vai mais morar junto?

— Não. Você e a sua mãe vão morar em um apartamento muito legal perto daqui, mas poderá visitar o papai sempre que quiser. E eu vou visitá-la também.

— E por que eu vou ficar com a mamãe não com o senhor?

— Porque você precisa mais de uma mãe que de um pai.

— Não preciso não. Eu quero ficar com o senhor, papai!

— Vai ser melhor assim, Victória.

— Eu não acho. - A menina começou a enxugar as lágrimas que escorriam. - O senhor quer é se livrar de mim.

— Mas que absurdo, Victória! Jamais repita isso. Jamais.- Ele puxou a filha para um abraço. - Olhe para mim. Independente do que acontecer entre eu e sua mãe, eu amo você. Entendeu? Eu amo você. Nunca esqueça disso.

Ver Victória deixando sua casa naquele dia foi o momento mais difícil da vida de Darcy Williamson. Entretanto, ver Brianna saindo lhe deu uma paz que ele nem sabia que iria sentir. E assim, o futuro Conde de Pemberley ficou preso entre dois sentimentos opostos: agonia, por estar se afastando de sua filha e alívio por estar se afastando da sua esposa. Ou melhor, ex-esposa.


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