About You escrita por xnoodle


Capítulo 1
Greens like emeralds


Notas iniciais do capítulo

Não tenho muito o que dizer, esta é apenas uma fanfic para movimentar a categoria.
Fazia muito tempo que eu havia parado de escrever, e assim como antes, não boto fé na minha escrita. Porém o que vale é a intenção, não é mesmo?



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About You: Your personality

Eiji, um mero estudante universitário — É simples a forma que eu consigo me descrever — que é totalmente disciplinado em relação aos estudos, naquele dia foi forçado por um de seus amigos da universidade a cabular as últimas aulas.

Não é que eu seja facilmente influenciado pelos outros, eu simplesmente não consigo arrumar paciência para argumentar com gente teimosa. Graças ao meu querido amigo Yut, invés de estar na universidade com o rosto grudado nos livros, eu estava em frente a um colégio de ensino médio.

— Um colégio só para garotos? — Disse sem total ânimo naquele momento, enquanto observava Yut ajeitar seu longo cabelo escuro.

Yut é um rapaz lindo, que consegue chamar atenção por onde passa. Um pouco alto, magro, traços delicados e um longo cabelo preto, tudo isso o tornam uma pessoa apaixonante. Ele é tão radiante que as vezes penso que ele vai me cegar a qualquer momento.

— É o que está escrito na entrada, Eiji. Então por que ainda me pergunta? — A educação sempre em primeiro lugar.

— Esse não foi o intuito da pergunta. Eu quero saber por que estamos aqui, ou melhor, por que eu fui arrastado até aqui.

— Você fala como se eu tivesse te forçado. — Yut me lança um olhar cínico e solta uma leve risada em seguida. — Só seja um bom amigo e me ajude, ok?

— Com o que eu deveria te ajudar? Você ainda está me devendo por aquela última vez que em que eu te ajudei, lembra?

— Shh! Já conversamos sobre isso, e afinal, hoje é diferente. — Como aquilo poderia ser diferente? É sempre a mesma coisa. — Eu vim ver um amigo.

— Desde quando o senhor tem amigos que ainda estão no ensino médio?

— Com quem você aprendeu a falar assim, hein? Eu não ando te ensinando esse tipo de coisa. — Isso, esse tom nada modesto é sua maior especialidade.

— Certo, desisto. — Um breve suspiro deixa meus lábios enquanto meus olhos continuam sobre o mais velho que ficava cada vez mais inquieto. — Pra que precisa da minha ajuda?

— Como eu havia dito, eu vim ver um amigo. — Certo, mas e daí? — E esse meu amigo tem um amigo que não dá um tempo. Então eu trouxe você pra deixar o caminho livre pra mim. — Em outras palavras, o trabalho sujo é meu. — Oh, lá vem eles. Sing!

O mais velho gritou enquanto sacudia os braços de um lado para outro, desenhando um sorriso de orelha a orelha, conseguindo chamar mais atenção que o necessário. Um garoto baixo e com o cabelo curto aparece, e mesmo de longe e possível ver os olhos de Yut brilharem; Esse deve ser o tal Sing. Logo atrás um garoto mais alto e de cabelo ligeiramente cumprido e claro aparece. Sua expressão é fechada, e assim que seu olhar se cruza com o de Yut, o clima visivelmente fica um tanto desconfortável.

— Eu disse que não precisava vir, Yut. — Disse o mais baixo quebrando um pouco do clima.

— Mas eu disse que queria vir, Sing. Eu queria te ver. — A voz do mais velho saiu num tom terno, me causando náuseas. — E dessa vez eu trouxe até um amigo, olha.

Os olhos do menor se voltavam para mim um tanto confusos, porém logo um sorriso foi colocado em seu rosto. Aparentemente Yut não era o único a sentir saudades. Cumprimentei ambos os garotos, dando o melhor de mim para parecer amigável, aproveitando a proximidade para observar um pouco mais aqueles dois; Principalmente o garoto que eu iria ter que encarar apenas para que meu bom amigo se sentisse um pouco mais feliz.

Tudo ficaria bem? Talvez fosse melhor o Yut-Lung não se envolver com esse tal de Sing.

Eu não tinha noção de quanto tempo havia se passado. Parece que eu andei o tempo todo no automático, seguindo aqueles três até a cafeteria mais próxima. Como já era de se esperar, Yut se sentou ao lado de seu querido baixinho, enquanto eu estava sentado de frente para aquele rapaz loiro e emburrado. Ele deixava bem nítido seu descontentamento em estar ali, enquanto balançava o canudo pra lá e pra cá, com o rosto apoiado em sua mão.

— Vocês fazem o mesmo curso? — Sing quebra o silêncio, enquanto de alguma forma tenta alimentar Yut com um pedaço de bolo.

— Ah, não. Yut deve ter dito que faz moda mas, eu faço fotografia. — Respondi de forma simples, enquanto observava aqueles dois agindo de forma estranha. Talvez aquilo era para ser fofo.

— São cursos pra quem não é muito inteligente. — O loiro quebra o silêncio com seu tom arrogante.

— Talvez seja verdade. — Suspirei baixo, logo tomando um gole de minha bebida. — Mas Yut-Lung é a pessoa mais inteligente que eu conheço.

— Aslan, não fale assim com os velhos. — Sing repreende o maior e volta os olhos até mim. — Assim como o Yut, Ash também é bem inteligente. — É um tanto difícil acreditar, julgando a personalidade do ser.

— Deixa ele Sing. — Yut interfere tentando retribuir a arrogância do mais novo. — São cursos para pessoas criativas, o que não parece ser algo que o Aslan consiga ser. — Um suposto sorriso vitorioso se estampa em seu rosto. — E por favor, não fique me comparando com ele.

Sing solta um riso fraco, talvez na tentativa de confortar ambos naquele confronto infantil. Ele me encara brevemente, parecendo querer me pedir algo mas, não diz nada. — Tudo bem, não estou comparando vocês dois. — Sing volta a falar e encara Yut sorrindo ternamente. — Apenas disse a verdade, Ash sempre fica entre os dez primeiros no rank escolar.

Lung bufou insatisfeito se levantando e levando Sing consigo. Sem dizer uma palavra os dois deixam a cafeteria, me deixando ali com o tal rapaz arrogante. Duvido muito que meu caro amigo arrastou o mais novo para começar uma briga, na verdade aquilo foi uma deixa para que ambos conseguissem ficar sozinhos.

A expressão do rapaz a é a mesma desde que deixamos o colégio. Como ele consegue ficar de mau humor o tempo todo? O que acaba se tornando uma pena, porque de certo modo, Ash conseguia ser mais atraente que Yut. pelo menos aos meus olhos. A pena é que geralmente pessoas mau humoradas não me atraem.

— Você gosta do Yut? — O silêncio mais uma vez foi quebrado me tirando de alguns devaneios.

— O que? — Disse ainda meio disperso.

— Perguntei se você gosta do Yut-Lung. Tem algum problema de audição? — Ele consegue ser cada vez mais arrogante.

— Não, eu não gosto dele. — Tentei ser o mais direto o possível. Afinal, aquilo não era mentira. — E você? Ou vai me dizer que você já nasceu com essa cara amarrada?

Um riso frouxo deixou os lábios do mais novo que sequer voltava seus olhos em minha direção. Sua bebida estava quase no fim, e eu sentia que assim que a mesma terminasse o rapaz simplesmente iria embora. Naquele momento comecei a pensar que não deveria deixar isso acontecer, e no mesmo momento que isso me veio à cabeça, eu sentia algo estranho em meu peito. Um desconforto talvez.

— Eu não gosto, nem de um e nem do outro. — Mais uma vez o timbre alheio me tira de meus devaneios inúteis. — Eu só não consigo melhorar meu humor facilmente.

Ah, dava para entender. Ele é apenas um adolescente emburrado assim como os outros, lembro de ter sido assim também. — Ash, não é mesmo? Não fomos apresentados direito. Prazer, Eiji. Universitário não muito inteligente, porém criativo. — Minha simpatia não é uma mentira. Eu fico desconfortável em ambientes onde o clima é pesado, então sempre tento o possível para tornar o clima mais agradável.

— Prazer em te conhecer Eiji. Espero que suas fotos sejam bonitas, qualquer dia me mostre.

Pela primeira vez eu vi seu sorriso, seu sorriso sincero. Aquilo deixou meu coração ainda mais inquieto, por um momento eu achei que estava tendo uma daquelas crises de ansiedade, mas não. Eu queria fotografar aquele sorriso, várias e várias vezes, somente aquele sorriso.

About You: Your Smile

— Eiji, quantas serão necessárias? Pode parecer estranho, mas eu estou começando a ficar cansado.

Depois daquele dia Yut começou a me arrastar com mais frequência até o colégio de Sing. Ele ficava alguns minutos bancando o bom amigo, e logo depois acabava levando Sing para algum lugar. Não demorou para que ambos assumissem que estavam saindo, o que chocou zero pessoas. Eles sempre foram muito óbvios. O relacionamento de ambos parrassem ser muito bom. Sing consegue lidar bem com as infantilidades de Yut, o que me faz ficar mais relaxado, já que meu amigo está em boas mãos.

— Você está reclamando desde a hora que chegou aqui. Não seja assim, você disse que ia me ajudar.

Por conta dos pombinhos, acabei passando mais tempo com o jovem Ash, que por sinal realmente é muito inteligente e frequentemente me ajuda em algumas revisões. Pouco a pouco ele foi se soltando ao meu lado, sorrindo com mais frequência, as vezes até falando de sua vida pessoal. Teve um dia que ele disse que tinha pavor de abóboras. Isso é realmente possível? É difícil de dizer.

— Você ficou me bajulando, dizendo que meus olhos eram lindos e que mereciam estar em uma foto. E também você disse que iam ser apenas algumas fotos, mas parece que eu estou a horas sentado aqui.

— Você é tão reclama demais, Ash Lynx. Assim vai ser difícil arrumar uma namorada. — Murmurei enquanto caminhava em sua direção. — E eu não estava bajulando você, tudo o que eu disse é verdade.

Me ajoelhei em sua frente e posicionei minha câmera, olhando cuidadosamente, procurando o melhor ângulo do mais novo. Essa era a única oportunidade que eu tinha de deixar meus olhos percorrem o maior sem sentir culpa alguma.

— Eiji, por que você não tem uma namorada? — Hum, pergunta repentina. — Tipo, você é bonito, focado nos estudos e tem uma personalidade agradável... Então por que ainda esta sozinho?

—  Você falando assim é tão estranho que chega a me dar calafrios. — Murmurei baixo voltando os olhos ao maior. — Não sei, eu acho que nunca estive interessado em garotas, pelo menos não como os outros garotos. — O mais novo ficou quieto repentinamente enquanto olhava fixamente para o chão. Em meses que nos conhecemos essa foi a primeira vez que vi aquele tipo de expressão no rosto alheio. Qual era o problema? — Bom, você pode conseguir uma namorada linda depois que essas fotos estiverem prontas.

— Entendo, se você diz. — Seu tom era mais baixo que o de costume, e sua expressão ainda era um tanto dispersa, o que me fez pensar se eu tinha lhe dado a resposta que ele queria ouvir... Fez meu coração apertar. Que sufocante. — Ei, eu posso dormir na sua casa hoje?

— Minha casa? Por quê?

— É só porque eu não quero voltar pra casa hoje, e como o Sing muito provavelmente vai estar com a praga do Yut-Lung, eu não posso ficar na casa dele. — Finalmente seus olhos voltaram para mim e um sorriso mínimo foi se desenhando aos poucos. — Então, eu posso?

Durante grande parte da minha vida eu passei despercebido em meio as pessoas. Eu nunca fui alguém que se destacava, eu nunca fui alguém rodeado por pessoas; Por isso meu amor por observar as pessoas e coisas ao meu redor cresceu. Era muito mais divertido para mim ficar observando as ações alheias, do que ter que interagir com outros, sendo assim se esconder por trás das câmeras se tornava cada dia mais divertido pra mim.

Estar com pessoas como Ash, Yut e até Sing é uma grande novidade para mim, porém eu consigo abertamente me sentir confortável ao lado deles. Só que, de uns tempos para cá a presença de Ash consegue me deixar nervoso e ansioso. Casa expressão, cada palavra, não seria exagero se eu dissesse que está tudo em minha memória, cada uma delas. Eu não entendo esse sentimento. Eu tenho medo de magoá-lo com as coisas que digo e faço, medo que ele vá se afastar de mim a qualquer momento, medo de perde-lo.

— Tudo bem, você pode dormir na minha casa.

Quando chegamos em meu apartamento, meu coração batia incrivelmente rápido, que me atrapalhava a fazer coisas simples como: abrir a porta, tirar meus tênis e até mesmo beber um copo de água. Ash estava aparentemente tranquilo, observando as coisas ao redor, investigando o local; Se sentiu tão a vontade em meu quarto que se jogou na cama sem ao menos pensar, me arrancando um sorriso singelo. Tirei um breve tempo para começar a editar as fotos que havia tirado naquele dia, e conforme ia passando as mesmas, mais eu admirava o jovem Aslan.

Como uma pessoa conseguia ser daquele jeito? Seus olhos tinham um brilho tão intenso que me prendiam por minutos, uma verde tão profundo que entrava em total contraste com os seus fios naturalmente claros; Seus cílios, sobrancelha, tudo ali tinha uma harmonia incrível, tão incrível que parecia não ser real.

— Tão lindo... — Um sussurro involuntário saiu de meus lábios, conseguindo me assustar.

— Você terminou? — A voz de Ash ecoa atrás de mim. — Eu quero enviar elas pra mim amigo.

— Sing?

— Não, um amigo especial. — Um riso terno deixou os lábios alheios; Ali está, algo que nunca vi, algo pra se guardar. — Não que Sing não seja especial, é só que eu o vejo todos os dias, então não teria razão as mandar pra ele.

Não questionei sobre o tal amigo, não era da minha conta, porém mesmo assim fiquei incomodado, mesmo sem nenhum direito. Mostrei todas as fotos para Ash, e assim como ele pediu, as enviei para seu amigo especial. Enquanto o mais novo tomava banho, eu preparava algo para comer, o que mais me irritava naquele momento era que eu não conseguia deixar aquele sentimento incomodo de lado. Por que eu estava tão incomodado com aquilo? Qual é a droga do meu problema?

Parece que quanto mais eu tento entender, mais confuso eu fico. Esse nervosismo, essa angustia, essa ansiedade... Esse egoísmo. Droga, eu não conseguiria imaginar que estariam sentindo esse tipo de coisa por aquele garoto emburrado que encontrei a meses atrás. Eu provavelmente gosto dele. Provavelmente.

O tempo que passei pensando sobre meus sentimentos foi o suficiente para que o final da noite chegasse, e como eu nunca tinha recebido uma visita daquelas, Ash teve que dormir na cama junto comigo. Eu já não sentia aquele nervosismo do começo, isso porque eu estava decepcionado com as minhas atitudes, tão decepcionado que não conseguia sequer me animar com o corpo alheio tão próximo a mim.

— Ash... Esse seu amigo, eu conheço ele?

— Huh? Você ainda não conhece ele. — Ainda, quer dizer que eu vou chegar a conhecer? — Conheço ele a muito tempo, ele me ensinou várias coisas e é bem divertido; Com certeza você irá gostar dele. — O mais novo agora me encarava.

Eu sou um completo idiota. Como eu posso ficar com ciúmes de uma pessoa que é tão importante para ele assim? Era visível em seus olhos, o afeto que ele tinha por aquele tal amigo, e o carinho em suas palavras me fazia querer conhece-lo.

— Ele parece ser uma boa pessoa, ainda mais por aguentar alguém como você. — Voltei meus olhos ao rapaz e retribui aquele sorriso que ele esbanjava em seu rosto. — Qualquer dia me apresente a ele. — O mais novo concorda, e o assunto acaba; O silêncio volta a preencher o quarto.

Aproveito a escuridão do ambiente para tentar observar o mais novo. Ele brinca com seus dedos enquanto fita o teto; Talvez esteja incomodado com algo. Meus olhos continuam observando sua silhueta, quando de repente eu sinto um ar quente bater em meu rosto; Aquilo era a respiração de Ash, o quão próximo ele estava?

— Ei, Eiji. Você gosta de alguém? — Ele pergunta hesitante. — Sabe, quando a gente se conheceu eu fiz a mesma pergunta e.... Não sei explicar, as vezes parece que você... Nada, deixa.

— Eu gosto de alguém. Eu gosto de alguém que está fora de meu alcance.

About You: Your voice

Três meses se passaram desde que Ash dormiu em minha casa. Depois daquela conversa nada foi dito, ele apenas concordou com aquela minha resposta, e depois brincou como era estar apaixonado e contou algumas histórias sobre suas paixões antigas. Continuamos da mesma forma de antes, nos encontrando com a mesma frequência; A única coisa diferente ali era que eu realmente tinha notado meus sentimentos pelo garoto, e a cada vez que eu o via meus sentimentos aumentavam.

Fomos convidados para o festival escolar de Ash e Sing, e como se era de esperar Yut e eu estávamos lá com toda certeza. Sing também disse que o amigo especial de Aslan estaria ali, o que me deixou ansioso pela ocasião; Finalmente eu iria conhece-lo. Não me sinto mais enciumado com o tal rapaz, até porque eu entendi que era totalmente desnecessário. A partir do momento que eu percebi que estava agindo como um idiota, eu comecei a repensar bem as minhas ações. Para mim, eu tinha todo o direito de gostar do jovem Lynx mas, não tinha o direito de agir como o problemático ciumento.

Depois de alguns minutos andando por todo o festival, Sing e Ash aparecem para nos encontrar, juntamente com mais um rapaz. Um longo moicano tingido de roxo, piercing na sobrancelha e pele ligeiramente bronzeada; Se minha mãe o visse diria sem ao menos pensar que ele parecia um delinquente. Porém, como não sou minha mãe, não pensei dessa forma; O sorriso do rapaz era contagiante, até mesmo de longe.

— Desculpem a demora, foi difícil achar esses dois. — Sing corria em nossa direção, deixando os outros dois para trás.

— Quem é ele? — Diretamente Yut perguntava a Sing demonstrando descaradamente seu ciúmes. — Explicações, amor. Eu quero explicações.

— Ele é o amigo do Ash; Shoter. Ele estudava aqui ano passado, e ajudou bastante a gente quando ainda estava aqui. — Sing era calmo, diferente de Lung. Que casal.

— Viu? Não precisa se preocupar senhor ciumento. — Disse quebrando um pouco do clima, aproveitando para tirar uma foto da expressão que Yut carregava em seu rosto. — Você devia confiar um pouco mais no namorado que você tem. — Ambos ficaram com o rosto corado, e Yut não hesitou em me dar um tapa no ombro.

— Você! Sempre tão sem noção, Eiji!

Os insultos de Yut não foram o suficiente para me distrair daquela situação, mesmo assim era bem divertido vê-lo ficar com vergonha. Eu estava feliz por ele finalmente arrumar alguém tão bom como Sing; Dava pra ver o quanto os dois se gostavam. Porém, estava mais feliz em poder tirar sarro dos dois algumas vezes.

— Parece que vocês estão se divertindo bastante. — Lá vem, aquele bendito timbre que fazia meu coração enlouquecer. — Tem alguém que eu quero apresentar a você, Eiji.

— Hã? Por que só apresentar pro Eiji, eu também estou aqui.

— Uau, Yut-Lung eu não vi você ai. — Sarcasmo. — Eu realmente queria te ver hoje! — Mais sarcasmo. — Eu estava com tanta saudade de olhar esse seu rostinho. — Um baita sarcasmo.

— Que nojo, cala a boca.— E assim Ash consegue manter Yut calado.

Mas por que apresentar ele pra mim?

— É um prazer te conhecer, Eiji. Me chamo Shoter, eu era sênior do Ash aqui no colégio.

O timbre de Shoter era amigável, e sua entonação era tão divertida, que mesmo que ele não tivesse dizendo algo engraçado, me fazia sentir vontade de rir.

— O prazer é todo meu, Shoter. Fico feliz em finalmente te conhecer.

— É o que eu diga! Eu realmente estava ansioso para o momento que o Ash me deixaria conhecer seu amado... Amigo. — Ele olha um tanto preocupado para o loiro e bagunça os próprios fios.

A pausa de Shoter foi estranha, e mesmo assim ninguém ali parecia se importar; Ninguém além de mim. Preferi não perguntar, sentia que não teria uma resposta que me deixasse satisfeito, então simplesmente fingi que não percebi nada.

— Bom, acho melhor irmos. Ainda tem bastante coisa para ver no festival. — Ash nos apressa, e como já era de se esperar, ele está constantemente com Shoter.

Pude ver um lado do mais novo que não via com muita frequência, um lado que brinca, ri alto, um lado que em poucos minutos eu passei a admirar. Depois de conhecer um pouco mais sobre Shoter eu entendi porque ele era um amigo especial. Ele conseguiu em pouco tempo me deixar confortável ao seu lado, parecia que nos conhecíamos a anos. Fora que ele tentava fazer piada com tudo; Algumas ótimas, outras nem tanto. Shoter realmente é um cara incrível.

Depois de tanto caminhar aleatoriamente com aqueles quatro, eu me peguei sentado num gramado um pouco distante do festival; Ainda dava para ouvir a música alegre do mesmo. Olhando as fotos que tirei naquele dia, eu conseguia perceber o quanto eu havia mudado. As mudanças vieram de forma tão natural que eu não conseguia dizer quando exatamente eu havia começado a mudar, mas, sabia muito bem que o fator primário dessas mudanças.

— Cansado de andar, Eiji? — Shoter me surpreende. — Fazia tempo que eu não vinha a um festival assim. — E logo se senta ao meu lado.

— Cansado, porém me divertindo muito. — Suspirei me ajeitando ali. — Por que você não costuma vir?

— Eu me mudei pra um bairro um pouco distante, então ficar difícil vir ver os meninos. — Ele diz simplista e depois se deita no gramado, olhando fixamente o céu. — Eiji, quando duas pessoas se gostam, o que elas devem fazer?  — Não tinha nenhum sentido uma pergunta daquelas, só que olhando para o maior, era visível ver que aquilo realmente lhe incomodava. Malditos problemas amorosos.

— Hum, eu acho que elas devem ficar juntas.

— Mesmo que seja difícil? — O mais novo fecha seus olhos e coloca uma expressão tensa em seu rosto.

— Se for difícil, acredito que eles devem pelo menos ser sinceros sobre seus sentimentos. — Murmurei baixo, aproveitando para me deitar ao lado do rapaz.

— Não é? Eu também acho isso. Porém, ainda assim pode ser difícil... Sabe? Gostar de uma pessoa. Gostar, e não saber se ela também gosta de você.

— Acho que entendo o que você quer dizer. É o medo de ser rejeitado, não é? — Ouvi um murmuro do rapaz, então presumi que ele estivesse concordando.

Depois de minha resposta Shoter ficou em silêncio, e a mistura de meu cansaço com a brisa calma daquele lugar me deixaram sonolento, me fazendo adormecer sem ao menos perceber. Em meus sonhos alguém brincava com meu cabelo, de maneira tão suave que eu podia facilmente desejar aquele tipo de carinho para sempre. Eu podia ouvir uma voz ao longe, murmurando algumas coisas; Seu tom era de ternura.

— Se eu dissesse que eu gosto de você... Você aceitaria esses sentimentos?

A imagem de Ash então o se formou em minha frente. Sua expressão era singela e calma, era como se ele estivesse implorando para que eu disse sim; Eu queria dizer que sim.

— Desde a primeira vez que botei meus olhos em você, eu senti algo diferente, algo que eu nunca havia sentido por um garoto antes. Eu não consigo entender como eu passei a gostar de tudo em relação a você. Eiji, você aceitaria esses sentimentos?

Era como se ele realmente estivesse ali, e conforme suas palavras ecoavam a minha vontade de toca-lo se tornava incontrolável. Essas palavras, eu queria tanto ouvi-las de verdade... Eu queria tanto.

— Eu gosto de você Aslan. Eu realmente gosto de você.

A silhueta de Ash desaparecia aos poucos de minha frente e pouco a pouco meus olhos se abriam, se irritando com a claridade daquele local. O quão casado eu estava pra conseguir dormir em um lugar como aquele?

— Dormiu bem? — Me levantei repentinamente por conta do susto, e quando olho para lado o rapaz de meus sonhos estava ali. Eu não conseguia responder, eu não conseguia formular uma frase descente. — Ei Eiji, posso te perguntar algo? — Seu tom perverso me causava arrepios.

Escondendo brevemente meu rosto eu balanço a cabeça em afirmação. Depois do sonho que tive era difícil encarar aqueles olhos esverdeados sem que eu me sinta nervoso.

— P-Pode perguntar. — Gaguejei. — O que foi?

— Você gosta de alguém? — Mais uma vez essa pergunta.

Suspirei arrastado, logo bagunçando meus fios. Eu não consigo responder a isso, não naquele momento. — Eu já disse, eu gosto de alguém.

— Quem?

— Alguém.

— Eiji, você sabia que o você fala dormindo? — Mentira.

— Huh? Eu não falo dormindo. — Finalmente fitei seu rosto, agora com uma expressão confusa.

— Mas você estava falando enquanto enquanto dormia agora pouco. — Mentira.

Merda! Aquilo definitivamente não estava acontecendo. Como eu passo 21 anos da minha vida conversando durante meus sonos e ninguém me avisa?! — Eu não falo dormindo.

O rapaz loiro começou a se aproximar calmamente, e assim a distância entre nós ia diminuindo aos poucos, e a medida que isso acontecia, eu conseguia ouvir meus próprios batimentos ficarem cada vez mais altos. Ash então para de se mover e me encara fixamente, ele solta um suspiro fraco e ajeita seus fios, deixando um estalar baixo ecoar. Ele então abre os braços em minha direção, e parado ali, sem entender o motivo daquilo, eu continuo o olhando. O rapaz suspira mais uma vez, e em sussurro eu consigo ouvi-lo dizer “vem aqui”. Hesitante eu me aproximo um pouco mais do mais novo, engolindo a seco, tentando fazer descer aquele nervosismo; Antes mesmo que eu pudesse abrir minha boca para dizer algo, Ash corta aquela tensão, me envolvendo com calma em seus braços e me trazendo pra ainda mais perto de si.

— Eu gosto de você, Okumura Eiji. Eu realmente gosto muito de você. — Ele me aperta um pouco mais, e apoia seu rosto em meu ombro. — Então, assim como antes, você por favor pode me dizer aquelas palavras?

Aquele murmuro baixo e aflito pairava em meus ouvidos fazendo meu corpo pesar pouco a pouco. Sem nenhuma hesitação desta vez, assim como o mais novo, meus braços o envolviam. Seu cheiro, seu calor, tudo naquele momento levava meu nervosismo embora. Era como se eu tivesse encontrado meu lugar nos braços daquele rapaz, era como se eu pudesse finalmente descansar daquela agonia de carregar aqueles sentimentos por tanto tempo. Me sentia aliviado.

— Eu também gosto de você, Ash. Eu gosto tanto de você... Tanto, tanto. — Ele ri, e afaga meus fios.

About You: Only you

Eu sinto como se o meu peito fosse explodir. E as vezes eu acredito que morreria feliz com isso. A algum tempo eu havia esquecido dessa sensação, de ter as mãos suadas e o estômago embrulhado, de sentir a respiração pesada e as pernas inquietas. É tão intenso como da primeira vez... Até mesmo minha insegurança. Ele faz com que eu relembre todos esses sentimentos constantemente. Olhar para ele é como olhar um quadro bem detalhado. Um quadro que visivelmente foi pintado com muito carinho e capricho. Cada traço, cada pincelada, tudo muito bem pensado para que o resultado final fosse impecável.

Eu entendo, isso é meloso demais até para mim mas, é assim que me sinto todos os dias que acordo e vejo seu rosto ao meu lado. Respirando calmamente com os seus fios claros e bagunçados sobre seu rosto, ressonando calmamente, vez ou outra murmurando baixinho coisas sem nexo. É incrivelmente muito fofo! Em alguns momentos eu me pego questionando o porquê de tudo ser assim, o porquê de estarmos assim, e se eu posso chamar tudo isso de destino. A vida é engraçada, e mesmo que eu pense que ainda é muito cedo para pensar sobre ela, sempre que ele me vem à mente e impossível não pensar sobre o futuro. O futuro que eu almejo ao seu lado.

— O que você está fazendo? — Ele vem até mim com seus fios completamente bagunçados, enquanto ajeita suas roupas em meio ao caminho.

— Vendo algumas fotos, quer ver?

Ele então se senta ao meu lado sobre o estofado, logo puxando meu braço em sua direção; Eu sabia muito bem o que ele queria com isso. Me levanto com calma e vou em sua direção, me sentando entre suas pernas, logo sentindo os braços alheios me envolverem com calma. Ash então boceja, apoiando o queixo em meu ombro, e enquanto vou passando as fotos, ele me questiona sobre algumas coisas simples sobre edição. Não me recordo de quantas vezes já lhe expliquei sobre a importância da iluminação, ou sobre saturação, contraste, nitidez, foco; Mas nada sobre o assunto entra sua cabeça. De qualquer maneira apenas o fato dele se interessar já me alegra.

— Oh, essa foto. Lembro muito bem desse dia. — A foto em questão não era uma boa lembrança para mim, isso porque em um dia aleatório em que saímos para beber, acabamos ficando tão embreados que brigamos por coisas idiotas a noite toda. — Esse dia realmente foi desagradável.

— Realmente. Você fica ai, com essa pose toda e não aguenta beber nada. — Sinto a respiração quente de Ash se chocar contra meu pescoço, e mesmo que eu não estivesse vendo seu rosto, eu podia ter certeza que ele estava emburrado. — Não sabemos beber.

— Você dorme. Você tem noção como foi difícil te carregar do bar até em casa? — Murmurou baixo enquanto me apertava contra seu corpo. — Ainda bem que o Shoter nos deu uma carona até aqui.

— Então você não me carregou o caminho todo, não reclame. — Um riso fraco ecoou, e eu apenas continuei passando as fotos. — Na maioria das vezes eu nem lembro o motivo de nossas brigas.

— Eu também não. — Ele começa a brincar com os meus fios, e eu acabo recostando meu corpo sobre o dele. — Acredito que seja por causa da nossa personalidade. Eu não sei se você notou mas, agora você consegue falar abertamente comigo sobre várias coisas; Você me chama até de estúpido.

— Às vezes você é realmente estupido. — Suspirei — Mas eu gosto da sua estupidez.

— Gosta tanto que briga comigo por causa dela. — Esse garoto realmente tem resposta pra tudo. — Isso não faz você gostar menos de mim, né?

— As brigas? — Viro meu rosto em sua direção, e o vejo assentir. Me ajeito entre suas pernas, e o olho fixamente nos olhos. — Isso nunca vai me fazer gostar menos de você. Somos pessoas diferentes, e algumas discussões sempre vão acontecer, mas, isso não quer dizer que isso vai acabar com os meus sentimentos por você. Quando eu disse “sim”, eu te aceitei da forma que você é, com todos os defeitos; Eu estou preparado para conhecer cada um deles. Enquanto você me respeitar e me amar, eu sempre vou amar você.

Ele fecha seus olhos e suspira. Suas mãos calmamente caminham pela minha cintura até meus ombros e finalmente chegam ao meu rosto. Seus polegares acariciam minhas bochechas levemente e Ash aproxima seu rosto, apoiando sua testa em minha semelhante. Mais uma vez ele suspira, porém desta vez ele desenha um largo sorriso no rosto e por fim ele me beija. Não importa quantas vezes ele faça isso, não importa quantas vezes ele me beije; Eu sempre sinto que vou derreter em seus braços.

Quando nos lábios se separam, ele beija minha testa e em seguida me olha diretamente nos olhos. — Quando eu vou saber lidar com você e com as coisas que você diz? Obrigado por me amar, Eiji.

— Obrigado por existir em minha vida, Aslan Jade Callenreese.


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Notas finais do capítulo

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