Let Your Eyes Wander escrita por Amelina Lestrange


Capítulo 1
Capítulo Único - Let Your Eyes Wander


Notas iniciais do capítulo

Hello, hello, baby! ♥
Estão prontos para mais uma AntWitch fofinha crianças? Eu não ouvi direito! Espero que sim :v
Que saudade de escrever oneshots! A última foi It All Fell Down (ScarletStrange) e me perguntava quando escreveria a próxima porque esse é um dos meus formatos favoritos ♥
Bom, finalmente achei um motivo: eu sei que eu só ia postar à noite, mas não resisti e resolvi postar hoje bem cedinho porque sim... QUALQUER CHANCE DE ENALTECER ESSE SHIPP TEM QUE SER APROVEITADA AO MÁXIMO! :3
Espero que consigam se apaixonar por essa história curtinha do mesmo jeito que eu me apaixonei escrevendo-a, é de coração mesmo ♥
Apreciem a leitura!



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Love can be sharp, make no mistake, flatter a good heart and then watch it break

It’ll cut you to the bone just to see you bleed out… but that isn’t me, no, I’m somebody else

A primeira vez que viu Scott Lang havia sido quando ele tentou invadir o Complexo dos Novos Vingadores, no norte do estado de Nova York. Tinha acompanhado pelas câmeras de segurança do prédio a luta entre o Falcão e carinha que se intitulou o Homem-Formiga. Havia visto o rosto dele de relance e achava incrível como o traje que ele usava o fazia encolher e depois voltar para o tamanho normal, realmente engenhoso embora nunca tivesse ouvido falar sobre alguma tecnologia que fosse capaz de fazer isso. Até poucos meses atrás, tampouco havia ouvido falar que fosse possível Aprimoramento Humano via tecnologia alienígena.  

A segunda vez que viu Scott Lang ele estava no seu primeiro dia como um Vingador, o Homem-Formiga finalmente fazia parte do supergrupo depois que James Rhodes deu um tempo nessa vida de herói. Ele foi forçado por Sam a treinar junto com ela e Nat e temia que a ruiva tentasse transformá-lo em um espião assim como estava fazendo com ela. Se alongaram e conseguia sentir nele toda a curiosidade que ele sentia a respeito da sua pessoa. Ele era um homem que parecia estar ao mesmo tempo à vontade e desconfortável nessa situação toda, como se ele de fato quisesse muito estar ali e admirasse todas as pessoas com as quais trabalhava agora, mas que ainda não sabia o seu lugar no meio deles. Era como a Sam, de As Vantagens de Ser Invisível, dizia e tinha vontade de dizer a ele: venha, vamos ser desajustados juntos. Contudo, era difícil conseguir conversar dessa forma com Scott.

Scott Lang não era o tipo com quem já tinha topado antes no Complexo, fosse em dias normais, fosse em festas propostas por Tony Stark (que comparecia a algum contragosto na maioria das vezes): tinha um pouco os ombros caídos, olheiras enormes, linhas de expressão começando a dar o ar da graça perto dos olhos e na testa e lhe parecia um tanto franzino mesmo com os braços moderadamente definidos, então lhe fazia lembrar mais um garoto do que um homem que já havia sido casado e que era pai. Simplesmente ainda não conseguia crer que ele era o Homem-Formiga.

Ele era pai, adorava quando a pequena de Scott ia visita-lo no Complexo dos Novos Vingadores. Cassie Lang dava algum tipo de alegria à monótona rotina dos novos heróis mais poderosos da Terra. Gostava quando ela ia e perguntava se poderia fazer tranças nos seus cabelos, Natasha sempre implicava com Scott por causa disso dizendo que nem todos ali eram bonecas de salão de beleza, mas reconhecia como ela se derretia quando Cassie tocava os cabelos dela com cuidado para trançar as madeixas ruivas de todos os jeitos possíveis. Isso e as tardes intermináveis que Sam passava com ela tomando o lanche da tarde em um aparelho de chá de plástico comprado às pressas.

Algumas coisas amargavam na sua vida, talvez assumir isso fosse uma única parte doce nesse meio tempo: Scott Lang era seu amigo. De um jeito estranho de ser amigo de alguém, mas era seu amigo.

Era estranho considerar alguém que mal conhecia como um amigo, mas ele era isso: ele não fazia perguntas que não deveria, ele não mexia com quem não deveria. Ele não fazia muitas coisas que outros haviam tentado sem sucesso e agradecia por isso. Scott nunca havia tecido um comentário sobre a morte de Pietro ou sobre o modo como fez questão que Visão não se aproximasse da sua vida pessoal nos modos que todos desconfiavam. Ele queria se sentir incluído na sua vida e sabia que para isso não tinha que ficar se envolvendo em todas as partes que compunham ela. Pelo menos não agora.

Deitou a sua cabeça no travesseiro e olhou no relógio na cabeceira da sua cama. Era madrugada. Alta madrugada. Não sabia dizer quando aconteceu, só sabia que alguma coisa havia acontecido. Não havia premeditado, não havia escolhido, entretanto, nada bom acontecia de madrugada.

Estava sentindo um pouco de calor e não sabia que Ithaca era conhecida por ter noites quentes no fim da primavera. Não sabia se estava sentindo calor de verdade ou se era só uma inquietação pelo momento que todos estavam passando. Há semanas não se sentia inquieta ao dormir, então era de se estranhar que o que tinha acontecido tivesse tirado o seu sono. Os fantasmas daquele dia ainda a assombravam, e tentava a todo custo dizer a si mesma que havia salvado mais pessoas do que matado, mas esse sacrifício que carregava nas costas era pesado demais para suportar. Quando comparava aos seus dilemas pessoais, eles pareciam nada em comparação ao que deixou acontecer na Nigéria.

Se levantou da sua cama e abriu a janela do quarto. Já estava com tudo aberto e nada da sua inquietação passar. Scott provavelmente também estivesse inquieto já que era tão calorento quanto ela. Prendeu os cabelos em um rabo de cavalo frouxo e abriu a porta o mais silenciosa que conseguia ser para não acordar Cassie, que dormia na sua cama junto de si nessa visita ao Complexo. Provavelmente ela saberia depois que não estava mais lá. Calçou os chinelos de dedo do lado de fora e fechou a porta com cautela.

Passou pelo corredor e também sentiu que estava abafado demais, principalmente para essa época do ano. Avistou uma janela e fez como em tantas noites desde que chegou e que havia sido m hábito trazido do seu tempo em Sokovia, abriu e se debruçou no parapeito para pegar um pouco de vento frio. Se estava frio lá fora e quente dentro de casa, isso era problema no termostato, se lembrou que Scott e Sam haviam se queixado no departamento de reparos. Queria ficar um tempo sozinha e refletindo sobre todo o acontecido. Talvez só precisasse ver o céu estrelado e admirar a calma que ele lhe trazia, tinha apreço por esses pequenos momentos embora não contasse a muitas pessoas.

Olhou para cima, observou as estrelas e fechou os olhos.

Era incrível como se sentia calma fazendo isso, se sentia protegida mesmo que não houvesse uma proteção física à sua frente. Adorava se deitar no gramado do lado de fora do Complexo e olhar para o céu ou quando não fazia isso, gostava de fechar os olhos e imaginá-lo como imaginava em Sokovia quando criança e se deitava no chão do quarto que dividia com Pietro no apartamento destruído por um míssil das Indústrias Stark.

Era irônico como havia acabado com eles no final, ao lado daqueles que eram filiados ao homem que destruiu a sua infância. Clint, Steve e Sam eram seus amigos com certeza, mas Natasha e outros ainda a encaravam com desconfiança. Era uma garota sokoviana, acusada de terrorismo por operar ao lado de Ultron mesmo que por um período curtíssimo de tempo e era capaz de saber o que os outros estavam pensando antes mesmo de pensarem. Depois a própria Nat a enxergou como amiga e pediu que Visão respeitasse o seu espaço. Tudo isso ainda era demais para assimilar. Talvez estivesse realmente assumindo um humor depreciativo sobre si mesma para poder seguir em frente, talvez Pietro fizesse isso do mesmo jeito.

Riu ao se lembrar do seu irmão que era doze minutos mais velho que ela e agora ela mesma era mais velha que ele. Se abraçou um pouco e continuou sentindo o vento gelado como um amigo antigo dos tempos em que isso ainda era rotina para si.

“O que você ‘tá fazendo acordada?”, ouviu a voz ofegante de Scott perguntar no fundo. “Eu já mexi no termostato, estava quente demais aqui”, ele bocejou. “O que você está olhando?”

“O movimento na cidade”, mentiu. A sua contemplação às estrelas era algo íntimo e só seu, não queria estragar o momento. Sentiu a mão quente de Scott no seu ombro e isso... estava lhe dando tanto para pensar, principalmente em coisas impróprias para o que eram e a situação que se encontravam.

Primeiro haviam sido os toques, tímidos e incertos, mas depois que conseguiram estabelecer certa amizade eles pareciam mais precisos e cheios de alguma intenção. Havia chegado à conclusão de que isso era o que estava tentando esconder de si mesma há algumas boas semanas, que entendia – ou pelo menos queria entender – que estavam sofrendo de algum tipo de atração mútua. Queria acreditar que não era por causa do confinamento que compartilhavam ali, queria acreditar que ele se sentia do mesmo jeito.

Há algumas noites, pela primeira vez, ele havia escolhido um filme e se achegou nele durante o cinema em casa que haviam feito depois de uma das visitas de Cassie e ele retribuiu, sentiu a retribuição quando ele a abraçou e beijou a sua testa. Se preocupava se não estava confundido as coisas já que meio que só tinham a visão um do outro.

“Não tem muita movimentação hoje”, ele disse enquanto apoiava o queixo no seu ombro. Ouviu a respiração dele, pesada. “Por que você não vai para a cama? Eu fecho tudo aqui”.

“Eu não estou com sono no momento”, disse sincera.

“Ainda pensando no que aconteceu em Lagos?”, ele insistiu.

“Eu vou ficar bem, não se preocupe com isso”, respondeu a ele fazendo o impossível para dar um sorriso mínimo, ele perceberia se não o fizesse.

“Você é ótima, Wanda, de verdade. Eu queria saber o que eu poderia fazer para você começar a enxergar isso em si mesma”, Scott lamentou um pouco, quebrando o contato que estavam tendo. Sentiu a mão dele tocar a sua levemente, roçando os dedos nos seus. “O que você quiser, é só me dizer”.

Havia algo que queria, mas que era extremamente irresponsável sequer cogitar essa hipótese. Nada de bom acontecia de madrugada, inclusive esses pensamentos. Não era como se pensasse em outro tipo de contato mais carnal, mas aceitaria de bom grado um beijo dele. Nem que fosse só um... para saciar a sua curiosidade de ser beijada por ele. Nunca havia visto a namorada dele de perto, mas sabia que ele tinha uma; pelas fotos que viu, ela havia sido uma executiva de alto escalão na empresa do próprio pai, a Pym Technologies. Não deveria ansiar por alguma coisa com ele, mas o fazia mesmo assim e isso era o seu segredo mais bem guardado até hoje. Talvez fosse melhor que nunca a tivesse visto, assim isso não partiria o seu coração vê-lo com ela.

Se virou para ele e o viu com a expressão cansada e até um pouco desanimada, ousava dizer. Parecia que algo muito severo tinha acontecido a ele nos últimos dias já que não era a primeira vez que o via desse jeito. Ao modo dele, Scott também sofria com algo.

“Aconteceu alguma coisa com você”, afirmou. Só havia sido preciso um pouco de observação para constatar isso.

“Está tão na minha cara assim?”, ele riu fraco.

“Sim, você está péssimo”, riu junto dele. Tocou o rosto de Scott à penumbra das luzes espaçadas na sala. “O que aconteceu?”

Ele tocou a sua mão e fechou os olhos, como se se preparasse para algo grande. Então quebrou o contato que tinham estabelecido e beijou a sua palma. “A Hope terminou comigo”, ele disse um pouco tenso. “Eu meio que já esperava, era só... uma questão de tempo. Ela e o Hank nunca aceitaram muito bem que eu tivesse me tomado a decisão de me juntar aos Vingadores quando surgiu a oportunidade. Isso e outras coisas também”.

“Eu não sei o que dizer sobre isso, Scott. Sinto muito”, disse verdadeira. O que achava que sentia por ele não deveria interferir sobre como ele estava se sentindo mal. Tocando a mão dele conseguia sentir emanações confusas e não poderia ir além disso, não deveria.

“Como eu disse, foi isso e outras coisas”, ele continuou brincando com os seus dedos. “A gente meio que se distanciou e isso nunca é bom. As coisas mudaram, nós percebemos e ela terminou comigo”.

“Algum motivo mais específico que esse? Eu não perguntaria se você não estivesse com cara de quem está questionando a própria existência”.

“Você promete que não vai me julgar?”, ele suplicou. Assentiu com a cabeça. “Eu fiz amizade com uma garota. Ela é ótima, uma das pessoas mais incríveis que eu já conheci. Ela é maravilhosa com a minha filha, se preocupa comigo... ela faz eu me sentir como eu não me sentia há muito tempo mesmo”.

Engoliu a seco, não poderia ser. De fato, o amor era afiado cortejando um bom coração e vendo-o se partir. “Pode ser que com que com ela você se sinta mais feliz. Se você está feliz, eu também estou feliz”.

“Eu não queria que tivesse sido assim, mas aconteceu. Eu acho que ela também gosta de mim”, ele disse razoável.

Scott deu um passo para frente à medida que deu um passo para trás. “Me abraça, por favor”.

A sua inquietação se tornou maior agora que havia ouvido essas palavras. Era amiga dele, o abraçaria, era evidente. Contudo, se sentia emocionada; não uma emoção boa e boba, daquelas que faziam o coração palpitar e os olhos se encherem, como algo que deixou alguém orgulhoso, era mais uma sensação de emoção e isso poderia ser sobre qualquer coisa que a deixasse emocionalmente balançada. Levantou um pouco os braços e passou os dois pelo pescoço de Scott sentindo o perfume dele, não queria parecer que estava sendo uma persona non grata, mas não estava conseguindo articular mais do que isso no momento, tudo parecia demais no momento.

Realmente, os seus problemas pessoais deveriam parecer menores na fase que estava enfrentando, mas não conseguia deixar que eles a afetassem nesse momento. Se risse de nervosa, era porque as coisas estavam bastante estranhas.

Sentiu os braços de Scott ao redor da sua cintura e um beijo estalado na sua têmpora esquerda. Algo como um suspiro saiu pelos lábios dele e ouviu em alto e bom som como se aquilo fosse algum tipo de alívio.

“Eu teria contado antes, mas eu fiquei com medo de todo mundo entender que Hope e eu terminamos por sua causa”, ele falou no seu ouvido. “Não foi por sua causa, por favor, não entenda de outro jeito”, ele pediu.

“Por que eu entenderia de outro jeito?”, não compreendeu.

“Porque para alguém que é bem sensível, você não entendeu uma palavra do que eu disse até agora”, Scott a soltou e também se desvencilhou do corpo dele.

Era como uma música que tinha ouvido um dia desses, que era para deixar que os olhos dele vagassem porque, mais cedo ou mais tarde, eles olhariam para ela. Não imaginou que isso de fato fosse acontecer. Se sentia uma garotinha apaixonada embora não passasse muito longe disso mesmo. Riu um pouco ao sentir a ficha caindo na sua cabeça. Riu um pouco envergonhada, Scott gostava dela assim como ela gostava dele! Entrelaçou os seus dedos nos dele ainda rindo pouco e ouvindo o riso dele também. Quando se encostou no peito dele, sentiu o coração dele lentamente se desacelerando com a sua reação.

À luz da lua, na grande janela da sala de convivência do Complexo, sentiu os lábios quentes dele nos seus. Eram do sabor que imaginava que seriam.

 (Let Your Eyes Wander – Chris Cornell)

O amor pode ser afiado, não cometa erros, corteje um bom coração e depois veja-o quebrar

Ele vai te cortar até o osso só para vê-lo sangrar... mas esse não sou eu, não, eu sou outra pessoa


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Notas finais do capítulo

Me deixem saber se gostaram ♥



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