O homem de estatura baixa corria pelo campus como um louco, atrasado, como sempre. Por que aquele maldito colégio tinha que voltar às aulas justamente naquele dia? Se perguntava Billie Joe Armstrong, o baixinho citado acima. Acordara sozinho na cama, e só lembrara-se do motivo depois de um acesso de raiva, Tré era tão professor quanto ele, porém ao contrario do moreno Tré lembrava-se o dia em que as aulas retornariam.

A primeira aula do dia era no 3º ano. Graças a Deus, Billie odiaria se logo naquele maldito dia a primeira aula fosse no primário, turma a qual ele nomeara de 'A terra do capeta' , graças ao seu ódio , ou seria medo, por Justin Bieber, o dono daquela terra, o verdadeiro capeta em forma de gente, ao menos era o que Billie dizia. Tré costumava dizer que Billie era neurótico. Onde já se viu ter medo de um simples garoto?! E cada explicação que Billie dava para essa questão fazia o loiro cair na gargalhada.

No meio da corrida até a sala do 3º ano sentiu seu corpo se chocar com alguém, que aparentemente era tão baixo quanto ele, se não menor. Correção, tão baixa. Pôs as mãos no chão amenizando o contato de seu corpo com o mesmo. Virou-se e notou quem tinha o feito cair, realmente era menor que ele, não tanto, mas ainda assim menor, era uma garota de aparência gentil e delicada tão branca quanto porcelana e as mechas ruivas faziam um contraste incrivelmente lindo com sua pele clara. Gostara da garota, talvez seu lado heterossexual estivesse o lembrando que ainda estava presente ali, ou não, não devia pensar besteiras quanto a uma aluna ainda mais uma tão pequenina e delicada quanto aquela, devia ser ótima aluna e uma garota incrivelmente doce, se não lhe causasse problemas ele já teria motivos para amá-la, ou talvez já estivesse tendo. Existe amor a primeira vista sem precisar de sexo depois? Balançou a cabeça e tratou de levantar-se.

- Ei, você se machucou garota?

- Não, estou bem. Desculpe-me por te fazer cair. Sou Hayley do 3º ano

- Ótimo, está na minha turma favorita. Vem, podemos ir juntos pra classe – o moreno se adiantou e se redirecionou ao caminho anterior, estava indo para sala do seu tão “adorado” 3º ano.

- Ei, qual seu nome? – ela perguntou tentando acompanhá-lo

- Ah, isso. Você já vai saber – ele lhe sorriu e enfim adentrou a sala.

Os rostinhos conhecidos estavam como sempre, bagunçando, tagarelando, andando pra lá e pra cá no meio da sala. A presença do moreno praticamente nem fora notada, ele balançou a cabeça com um sorriso torto como se tivesse acabado de entrar pela primeira vez naquele local. Como havia dito, sua presença praticamente não fora notada, mas ainda assim alguns haviam o visto, e quase todos ignorado, exceto por um. Um garoto extremamente alto se aproximou saltitante de Billie Joe que não resistiu em rir um pouco.

- Ola Joe, acho que cresceu esse semestre – riu-se

- Não, é o sapato – e lhe apontou o sapato que tinha um solado bem grosso, diga-se de passagem

- Tem razão, você não cresce mais não é Joe? É por isso que acho que só devia dar aula pro primário, é tão pequenino quanto eles

- Isso Adam, aproveita enquanto sua altura é uma vantagem e vai rindo. Quando chegar a hora você vai se arrepender de ser alto.

Adam riu-se e logo após se direcionou ao seu lugar, Billie jogou seu material sobre uma carteira qualquer que havia puxado para frente e pôs-se a olhar a turma. Pouco a pouco o silencio foi tomando a classe.

- Por que toda vez que eu paro aqui na frente vocês calam a boca? Eu hein, gente maluca. Aproveitando o silencio vamos as apresentações, um por um dizendo nome, idade e blábláblá.

Billie apontou para um garoto sentado mais a frente, na primeira carteira na verdade, e pediu-lhe que começasse.

- Gerard Way , 17 anos – Billie assentiu com a cabeça, já sabia muito bem quem era Gerard Way mas isso não vinha ao caso

- Frank Iero , 16 anos.

- 16 anos? Passou na porta do primário se assustou e resolveu fingir que tinha idade pra estar no 3º ano? – Billie arqueou a sobrancelha e toda a turma caiu na gargalhada, viu o pequeno garoto se emburrar

- E você? Matou o verdadeiro professor e resolveu tomar o lugar dele, grandão?

- Não, mas na época que tinha o seu tamanho, espera ai, ninguém nunca teve o seu tamanho – ironizou e novamente toda a turma caiu em risos

- Ótimo, o professor de química é um piadista. Ta se perdendo meu bem, devia estar no circo.

- Espera um pouco, isso não é o circo? Essa não, fui enganado – riu-se e deu a discussão por encerrada, pediu que o próximo se apresentasse

- Amy Lee , 17 anos – o professor sorriu

- Avril Lavigne , 16 anos – a loira olhou o professor de cima a baixo com uma cara de poucos amigos, já sabia que não era amada por Billie Joe e deveria agir de mesma forma que ele agia com ela

- Mika , 16 anos.

- Michael você não ia sair desse maldito colégio?

- Ia sim professor, mas meus pais disseram que já mudei demais de colégio

- Você sabe que vou apoiar até o fim que te agridam por qualquer motivo que seja, não sabe?

- Sei sim professor

- E você sabe que não é porque você tem dislexia não sabe ?

- Sei sim professor

- Para de me chamar de professor ou eu cato um cara bem fortão, repetente de preferência, pra te bater porque você tem dislexia e ainda assim não repetiu o ano

- Ok Billie Joe, vou ficar quieto, prometo

- Joe, não trate o garoto assim – Adam defendeu

- Cala a boca, você não tem nada haver com isso só porque ele é sua coleguinha Adam

- Billie Joe, posso sair de sala, não to afim de ser agredido verbalmente. Agressão física dói menos

- Eu não magoei você magoei, Michael?

- Não

- Você não vai se queixar com a Gaga vai?

- Não

- Tem certeza? – Billie estava praticamente pedindo que Mika o fizesse

- Sei que quer muito ser demitido Billie Joe, mas eu nao vou fazer isso por você – o garoto se retirou

- Ele continua sendo durão, admiro isso nele. Então, próxima fileira.

- Adam Lambert , 17 anos

- Adam o que você ta fazendo sentado na primeira carteira dessa fileira? Você é muito grande garoto, vai lá pra trás.

- Não

- Ta né. Próximo.

- David Desrosiers , 17 anos.

- Pierre Bouvier , 17 anos

- Pete Wentz , 17 anos.

- Patrick Stump , 16 anos.

- Prosseguindo, próxima fileira.

- Brendon Urie, 16 anos

- Ryan Ross , 16 anos

- Hayley Williams , 17 anos

- O resto eu conheço, que falta de alunos novos esse ano. Os únicos novatos são a Hayley, o pigmeu, o gordinho, e o bocudo.

- Eu seria o gordinho, presumo? – Patrick revirou os olhos achando o professor no mínimo cômico

- Acertou, Patrick, certo?

- Correto.

- Bocudo? Essa é nova – Brendon riu-se

- Ao menos você achou engraçado Brenny, posso chamá-lo assim não é? Brendon é um nome um pouco cansativo.

- Ok, Brenny está bom pra mim.

- O pigmeu não vai se manifestar?

- O aluno pigmeu e o professor anão de jardim, que bela dupla formamos não?!

- Realmente – Billie riu-se - Bem, pra quem ainda não sabe, meu nome é Billie Joe e eu sou o professor de química. Eu não gosto de ser professor, eu odeio esse colégio e quando vocês quiserem tentar fazer a nossa querida diretora Lady Gaga me demitir não pensem duas vezes.

Hayley estava muito quieta, se perdera em seus pensamentos. Não havia passado pela sua cabeça por nem sequer um segundo que Billie Joe fosse professor, realmente sua baixa estatura enganava facilmente. Ele tinha um ar jovem, por isso Hayley havia pensado encontrar um colega de classe, um bem bonitinho, alias.

Infelizmente a realidade era cruel, Billie era seu professor e um romance entre eles quase impossível. Seus pensamentos foram interrompidos quando o moreno a chamou:

- Hayley? Tem certeza que o tombo não afetou nada em você? Não sei talvez a sua audição – Hayley riu. Billie realmente daria um ótimo humorista.

- Me desculpe Billie, acho que ainda estou com sono. Acordar cedo não é o meu forte.

- Ok, se quiser dormir, cochilar pode, só não ronque nem babe, por favor. A turma toda caiu na gargalhada. Menos Avril, a loira não achava graça nas piadas do pequeno professor.

- Não obrigada estou bem assim. – disse Hayley sorrindo.

Os dois ficaram se olhando por alguns minutos, a turma toda percebeu que Billie olhava Hayley de um jeito diferente e vice e versa, porém ninguém se atreveria a dizer nada.

O silêncio reinava na turma, mas foi quebrado com a chegada de Tré que, como sempre, tropeçou no pequeno degrau da entrada da sala e se esborrachou no chão, fazendo a turma inteira rir, e Billie quase alcançar a lua com o pulo que deu de tanto susto.

- Esse maldito degrau! Sempre me esqueço dessa coisa.

- Quase me matou seu desgraçado! Achei que um meteoro tinha caído aqui ou sei lá – disse Billie fingindo irritação. O moreno não entendia o porquê, mas Tré não conseguia irritá-lo.

- Me desculpe Alteza, Juro que vou falar para o degrau sumir dali para que eu nunca mais tropece ok? Mas agora não dá porque apenas vim avisar a turma que hoje não precisam colocar o uniforme de Educação física, pois a aula de hoje será apenas apresentações e blábláblá.

O loiro dava o recado para turma, mas não tirava os olhos de Billie. Há tempos ele guardava um segredo, um segredo que a cada dia o deixava mais angustiado. Tré era apaixonado por Billie, desde a primeira vez que o vira. E apesar de saber que o moreno era Bissexual, Tré nunca tivera coragem de falar a verdade. O motivo? Nem ele próprio sabia, afinal os dois já haviam tido seus momentos mais íntimos. Mas o loiro sabia que não era correspondido por Billie, pois o mesmo fazia com Tré o que fazia com muitos outros. Billie não amava Tré, por enquanto.

- ok. Vocês ouviram bem: não é pra vestir o uniforme de educação física. – disse Billie gritando o “não” da frase – era só isso Tré? Ou você quer entrar se sentar, tomar um café com uns biscoitinhos talvez...

- Nã... Espera você disse biscoitinhos?

- Sai daqui Tré! – disse Billie aos risos.

- Tá bom estou indo, não precisa destratar também.

Sem saber o porquê, Billie Joe se pegou pensando na noite que passou com Tré, conseguia lembrar dos mínimos detalhes, ou de quase todos. O que para o pequeno Armstrong era estranho, nunca pensava nas noites que passava com quem quer que fosse e não sabia por que causa, motivo ou razão com Tré era diferente. Deixou os pensamentos de lado e voltou a olhar para turma, ainda tinha bastante tempo a passar dentro daquela sala.

As horas se passaram e o sinal bateu os alunos do 3º ano foram saindo de sala para irem pra quadra onde Tré os aguardava. Hayley foi a única que permaneceu onde estava. Billie estranhou a cena e perguntou:

- Não vai pra quadra?

Mal sabia o pequeno professor que Hayley estava voando com seus pensamentos sobre ele, e por esse motivo nem havia prestado atenção no sinal.

- Hayley? – Billie chamou mais uma vez visto que da primeira vez não obteve resposta alguma da garota.

- OI – respondeu a menina assustada

- Calma! – Billie riu – é só que acho que você vai se atrasar para a educação física.

- Nossa, o sinal bateu? Caramba nem percebi. Tchau Billie !

Hayley saiu correndo da sala deixando Billie estático e se perguntando se havia feito algo errado.

- Meu Deus ele é meu professor, eu não posso pensar nele desse jeito, o que está havendo comigo? – Hayley estava desesperada. No caminho da quadra a delicada menina quase chorou, mas se recompôs quando viu a imagem de Tré vindo em sua direção.

- Você deve ser a Hayley certo? – perguntou Tré

- eer, sim. Me desculpe pelo atraso é que eu...

- Tudo bem, não precisa se desculpar – O loiro cortou as palavras da menina. Ele não estava muito bem naquele dia. Assim como Hayley só pensava em Billie.

- Vá para a quadra ok? Avise a todos que podem ficar a vontade só vou buscar a lista de chamada que eu esqueci – Tré disse a Hayley e saiu andando em direção a sala dos professores.

- ok, eu aviso – Hayley disse baixinho.

Quando Tré chegou à sala dos professores, apenas Billie estava lá, sentado na cadeira com os pés em cima da mesa. Assim que viu Tré deu um sorriso.

- Precisamos repetir a dose dessa noite.

O loiro apenas sorriu. Estava cansado de ser apenas mais um na história, queria ser o único, aquele que Billie amaria de verdade, não apenas aquele para “repetir a dose” como o moreno havia dito. Tré apenas pegou a lista e saiu sem dizer nenhuma palavra. Mas na verdade nem conseguiria dizer nada porque não tinha o que falar. Uma lágrima escorreu no rosto do professor de educação física que andava em direção a quadra, mas a sua vontade mesmo era de sair correndo para que ninguém o visse pelo resto do dia.

De longe Adam percebera o estado do professor. Já fazia idéia do que havia acontecido, correu até Tré pra impedi-lo de entrar na quadra daquele jeito

- Tré, chorando por ele de novo?

- Cala a boca Adam, você não sabe de nada, nem saiu das fraudas ainda – o professor retrucou choroso

- Não Tré, você não vai querer entra lá assim, eu sei que eles são um bando de retardados mas qualquer um percebe que você não está bem.

- Adam, por que ele é assim?

- Ele é um idiota Tré.

- Por que eu amo aquele idiota?

- Porque o amor é uma grande idiotice – Adam abraçou Tré o amparando até que o professor se acalmasse e tivesse condições de ir pra quadra.