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Aqueles dias passaram rápido. Kristin e eu só nos víamos no colégio e Bill e kate nem se olhavam. Estava tudo chato sem os G's. Logo seria sábado, e eles viriam aqui em casa. Ficamos de ir ao cinema, e lógico, chamei Kristin pra ir junto.

— Kris, ando logo! - sussurrei da janela.

— Tô indo! - Kristin pulou sua janela até a minha varanda e riu silenciosamente.
 

A mãe de Kristin gostava de mim, mas o padrasto dela não, então a proibiu de sair com a gente hoje a noite. Bom, ela vai do mesmo jeito. Ela entrou em meu quarto e sentou-se na cama, observando o quarto. Fui até o armário e tirei minha camisa.

— Belo quarto. - ela falou. Sorri sem olhá-la e peguei duas camisetas, uma preta e outra vermelha.

— Qual das duas? - mostrei.

— A preta. - ela falou sem pensar muito. Vesti a camiseta e sentei-me na cama junto dela.

— Bom, você está ótima... - ela estava com uma calça skinny vermelha, seus cintos de rebite, All Star preto, regata preta com um gato desenhado na frente, pulseiras de rebite, uma corrente com um pingente de patinha, cabelo arrepiado e maquiagem escura nos olhos.

— Obrigada. - ela sorriu e levantou-se. - Bill está pronto?

— Está. Vamos descer... - abri a porta e deixei que passasse primeiro. Seu perfume tomou minhas narinas.

— Olá casal. - Bill saldou. Haha, que engraçadinho.

— Olá Bill... - Kristin falou sorrindo. - Vamos logo, esse filme vai ser legal!

— Georg e Gustav estão lá na frente. - falei lendo a mensagem em meu celular.

— Então vamos logo! - Bill abriu a porta e sorriu.

Entramos no carro preto de Georg, o único com habilitação do grupo.

— E ae, G's? - abracei um a um e sentei-me na janela.

— Oi Tom! Tudo ótimo! Você tá pegando a Kris? - Georg soltou essa do nada. De repende percebi que ela estava sentada entre Bill e eu. Eu segurava sua mão involuntáriamente, mas larguei na hora e dei um tapa na cabeça dele.

— Tapado! - ri e olhei para Kristin. Ela ria junto envergonhada.

— Oi pessoas! - Bill fechou a porta e acenou para Gustav e Georg.

— Opa, Bill! - Gustav sorriu. - Como vai a Kate? - merda. Ele não falou isso.

— Tomara que morta. - Bill falou ríspido. Fiz um sinal para eles, que compreenderam na hora.

O carro seguiu para o shopping silencioso. O clima ficou chato, mas Kristin reverteu a situação.

— Então garotos, que filme vamos ver? - sorriu e me olhou como se perguntasse se tinha feito certo. Acenei com a cabeça e ajeitei-me discretamente, tomando sua mão de novo.

— Pensei em ver uma comédia. - Georg falou enquanto estacionava o carro. Kristin fez uma careta, mas não comentou nada.

— Não tem ação? - perguntei. Ela sorriu em aprovação.

— Bom, comédia é melhor. Nada de sangue e tensão... - Bill reclamou.

Gustav concordou. Kristin balançou a cabeça desanimada.

Saimos do carro e fomos todos juntos para o shopping. Tudo acesso, iluminado, cheio de gente. Kristin entrou conversando com Georg e Gustav. Falavam da viagem e de como tinha sido a história de Kate e Bill, enquanto meu irmão e eu andávamos mais afastados. Ele ainda estava chateado pelo clima chato no carro. Georg então mudou de assunto e pude ouvir em partes.

— E então? Como está a convivência no colégio? - Georg perguntou sorrindo.

— Jenypher me odeia, fato. - deu de ombros.

— Por causa do Tom? Mas vocês são só amigos, não é? - ele perguntou, mas indagando algo. Senti meu estômago embrulhar.

— Na verdade... - ela começou a falar até que Bill apareçeu na minha frente de braços cruzados.

— Tom? Você tá me ouvindo? - ele faloi irritado. Que droga! Não consegui ouvir o que ela respondeu! Valeu maninho!

— Não, foi mal Bill. - respondi sem emoção.

— Aff... Eu disse que quero comprar um presente pra Kris, já que não demos nada. - eu dei, mas preferi ficar calado. - E também por causa do que eu fiz... Tô me sentindo culpado. - ele falou tristonho.

— O que vamos comprar? - falei parando no lugar, aumentando ainda mais a distância de nós com o grupo.

— Não tenho idéia. Achei que você pudesse me dizer... - Bill me encarou afrouxando os braços.

— Faz assim, você me dá o dinheiro e vai comprar os ingressos. Como temos tempo ainda, vão comer um lanche, sei lá, depois eu volto. Diga que eu fui fazer algo, invente! - falei baixinho e ele concordou.

Enquanto todos se dirigiam para a bilheteria, fui andado pelas lojas a procura do presente ideal. Tive a grande idéia. Comprei uma camiseta preta, justa, com uma estampa de bobo da corte demoníaco na frente e atrás escrito "Das Lachem des Todes", ou a risada da morte, em prata. Pra combinar com a camiseta, comprei uma jaqueta de couro preta, toda cheia de zípers e frescurites que fazem o estilo dela e de meu irmão. Esse foi o presente de Bill. Como meu presente, fui até uma loja de música e comprei um CD de HipHop alemão. Já tá na hora dela saber o que é música de verdade. Saí da loja e lembrei de outra coisa que ela poderia gostar. Fui até a papelaria e comprei um Kit de desenho profissional. Eu não entendo bem dessas coisas, então pedi ajuda a vendedora. Acho que ele é um dos melhores, pelo menos é o que parece pelo preço em que paguei. Coloquei tudo em pacotes separados e coloquei nossos nomes. Olhei a hora no celular e vi uma mensagem de Bill dizendo que eles estávam no Mc Donald's.

Fui andando até a mesa em que eles comiam e riam alto. Kristin estava rindo da cara de Gustav, porque Georg tacou ketchup no óculos dele. Bill riu baixinho e me viu chegar.

— Olha lá o Tom vindo... - ele sorriu e puxou uma cadeira. Sentei-me ao seu lado depositando os presentes em cima da mesa. Kristin me encarou perplexa e eu dei uma piscadela.

— São seus presentes de aniversário. - sorri largamente e entreguei a Bill seus pacotes. Bill acenou com a cabeça e a entregou o presente.

— Nossa, meninos! Valeu! - ela sorriu e começou a rasgar o papel de presente.

— Espero que você tenha comprado algo decente. - Bill falou ente os dentes. Fiz sinal de positivo.

— Nossa! Caraca Bill! Que perfeita! Lindas mesmo! - Kristin esticou as peças de roupa mostrando pra todos da mesa. Que bom que ela gostou.— Valeu mesmo!

— De nada, Kris! - Bill sorriu aliviado e sussurou pra mim. - Espero que você não tenha comprado lingerie.

— Nein, mas posso ir lá comprar. - brinquei. Ele me deu um cutucão, então eu ri e entreguei os meus presentes.

— Música boa pra inspirar seu talento. - sorri. Kristin rasgou o papel e sorriu.

— HipHop alemão... Será que é bom mesmo? - ela ergueu uma sombrancelha sorrindo de canto.

— Pode acreditar, é ótimo. - balancei a cabeça. Ela rasgou o outro pacote.

— MEIN GOTT! TOM, SEU LOUCO! AHHHHHHHHHH, QUE PERFEITOOOO!!! AMEI! - ela agarrou o estojo e fechou os olhos, dando pulinhos de alegria. Parecia Bill com um pacote de balas.

— Viu, eu sei dar presentes! - estufei o peito de olhos fechados. De repente tomei um susto. Senti seus lábios tocarem meu rosto. Comecei a corar, pela primeira vez.

— Tom...? - Georg pos a mão em meu ombro.

— É o amor... Vamos gente, o filme vai começar. - Gustav cortou a situação. Ainda bem.

Entramos na sala do cinema, Georg e Gustav com pipoca e refrigerante, Bill com suas balinhas nojentas, Kristin com uma barra pequena de chocolate e eu com Red Bull e Halls de cereja. A sala estava cheia de gente, então sobraram poucos lugares. Lá no fundo haviam algumas cadeiras dispersas, dando para sentar Georg, Gustav e Bill na mesma fileira. Só restavam duas cadeiras na fila de trás, mas não estavam juntas. Tinha um cara sentado entre elas.

— Com licença. - Kristin falou docemente. - Será que você pode sentar na cadeira ao lado? Estamso em dois, então...

— Não, obrigada. Eu tô bem aqui, mas não me importo que você sente ao meu lado, gatinha. - o cara olhou para as coxas de Kritin. Tive vontande de partir pra cima dele, mas respirei.

— Cara, pode por favor trocar de lugar? - falei impaciente. Apertei minha mão com força, até que Kristin me abraçou por trás.

— Amor, e agora? - ela falou ao meu ouvido, suficiente alto para que o cara ouvisse. Me arrepiei todo, mas continuei encarando o garoto.

— Tá, eu saio. - ele falou bufando. Bill que assistia tudo da frente, riu e cutucou Georg. Todos riram. Sentei irritado ao lado do garoto, e Kristin ao meu lado.

— Sua louca. - eu ri. Ela sorriu orgulhosa e sussurou ao meu ouvido.

— Vai dizer que você não gostou? - ela falou sedutoramente. Eu a encarei sério e mexi involuntáriamente meu piercing no lábio.

— Kris, não provoca... - ri baixinho e abri a lata de Red Bull. Bebi um longo gole.

Começaram os trailers nada interessantes e eu e Kris continuávamos a imitar um casal de namorados melosos, rindo alto pra irritar o cara ao lado.

— Ain, meu bebêzinho! Cuti cuti! - Kristin apertou minhas bochechas.

— Own, meu docinho de coco! - apertei suas bochechas. Georg e Gustav cairam na gaargalhada, e Bill engasgou-se com uma bala de tanto rir. O cara bufou e levantou-se da cadeira, saindo da sala do cinema. Rimos ainda mais.

Começou o filme e todos ficaram em silêncio. Pouco a pouco risadas iam surgindo. Tomei mais um gole de Red Bull e enfiei um Halls na boca, enquanto Kristin mordeu seu chocolate. Observando-a comer delicadamente com aquela boca macia, senti uma louca vontade de provar o sabor de chocolate com Halls de cereja. Provar esse sabor louco direto da boca dela.

— O que foi? - ela perguntou sussurrando e me fitando. Tom, não faça isso! Sorri de lado e aproximei meu rosto calmamente.

— Tá gostoso esse chocolate? - perguntei inocentemente. Kristin sorriu e acenou com a cabeça. - Quer ver como ele fica melhor? - falei aproximando minha boca da dela, sentindo o cheiro de seu perfume invadir minas narinas e causar um curto cirquíto em meu cérebro. Agora já era.

Num impulso incontrolável, encostei meus lábios aos dela. Lábios macios, pele fria, arrepios pela nuca. Abri levemente minha boca como se pedisse licença para beijá-la, até que Kristin roçou sua língua levemente em meu piercing, rindo baixinho ainda com seus lábios selados aos meus. Passei a língua delicadamente em seus lábios, invadindo sua boca. Gosto do chocolate, misturado com Halls de cereja. Nunca tinha pensado o quanto esse mistura poderia ser boa. Kristin encostou sua língua na minha e a movimentou lentamente. Não estávamos nos beijando, e sim provando inocentemente o sabor um do outro. Eu suguei seu lábio inferior e girei a cabeça pra provar melhor o sabor. Kristin mordeu meu lábio e encerrou o beijo com um selinho. Abri os olhos sem acreditar no que tinhamos acabado de fazer. Ela sorriu olhando para tela e tocou levemente seus lábios com os dedos. Eu fiquei ofegante e com o coração disparado. Kristin é o pior ser do mundo. Me fez ficar dependente dela em apenas um simples beijo. Encarei seus olhos de novo. Nada havia mudado, ela apenas sorriu e tornou a olhar a tela. Bebi mais um gole de Red Bull e segurei sua mão discretamente, fazendo círculos com o polegar.

— Chocolate com Halls... É, realmente fica ótimo! - sorri de lado, fazendo Kristin rir.

O filme passou voando, mas Kristin e eu nem nos provamos mais. Aquilo foi inesperado e não planejado, então não me arrisqui a repetir o ato. Bom que eu queria, mas todos estavam alí ao lado e foi um milagre que não tenham notado o beijo. Saímos do cinema normalmente, como se nada tivesse acontecido. Bill estava cansado, então pediu para que fossemos o mais cedo para casa. Não fiquei chateado, já que Kristin estaria dormindo no quarto ao lado. Fomos de carro para casa e nos despedimos de Georg e Gustav, levando Kristin até a porta. Dei um abraço e sussurrei ao seu ouvido.

— Quero falar com você agora. Te encontro lá em cima. - ela riu levemente e acenou com a cabeça. Bill deu-lhe um abraço e fomos para casa.
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Entrei no meu quarto e pulei a varanda até seu quarto. Todos dormiam nas duas casas, então tomamos o maior cuidado com barulhos.

— Oi Kris... Vim me desculpar por hoje a noite. Não deveria ter feito isso, apesar de não me arrepender de nada... - sorri de lado e inclinei a cabeça.

— Tom, não precisa se desculpar, não estou zangada. - ela sorriu e mordeu levemente seu lábio inferior.

— Sendo assim... - puxei-a pela cintura colando nossos corpos. Fitei seus olhos esverdeados e sorri. Antes que eu pensasse em fazer qualquer coisa, Kristin me beijou. Senti que eu tinha permissão para brincar também, então lambi levemente seus lábios, mordi sua boca e afastei nossos rostos. Vou deixá-la na vontade.— Vou dormir. Boa noite, Kris. - sorri e virei-me se olhar pra trás, indo direto pra cama. Aquela noite sonhei com chocolate e Halls, não sei por quê.