Fui para casa sozinho, já que Kristin pediu carona para Georg e Bill foi com Kate. O fato é que eu estava me sentindo péssimo e tudo o que queria era poder dizer para aquela garota que eu a amo. Ela não me escutaria, mas mesmo assim eu teria tentado. Segui até em casa e passei cada dia sem saber como me aproximar dela. Realmente não seria fácil. Até sua janela estava sempre trancada. Bloqueado no MSN, certeza. E agora ela andava mais do que nunca com Georg, mas ainda não tinham ficado. Não que eu saiba. Sempre resistindo ao impulso de perguntar qualquer coisa a ele, passei a ficar mais isolado. Reconquistar o amor de Kristin vai ser difícil, mas não vou desistir.

Semanas depois de nosso desentendimento Kristin parecia estar cada vez mais magoada comigo. Já estava quase tudo pronto para a viagem do colégio, aquela que eu realmente esperava passar com Kristin, e nem sinal de um entendimento entre nós. A viagem vai ser amanhã.
Acordei meio mal-humorado, resmungando enquanto ajeitava as últimas coisas para a viagem. Bill já tinha deixado tudo pronto, então foi me ajudar.

- Tom, eu espero que dê tudo certo entre você e a Kris. - ele sentou-se ao meu lado.

- Eu também, Bill. - respirei fundo. - Nunca me senti tão mal como hoje. Vou ver Georg o tempo todo com ela e eu nem vou poder falar nada. - bufei e joguei uma camiseta dentro da mala.

- Cara, eu não acho que eles estejam juntos. - eu sorri levemente com a ideia. - Acho que Georg está fazendo de tudo pra conquistá-la, mas ela ainda gosta de você. - ele deu de ombros e fechou a minha mala enquanto eu recuperava os sentidos.

- Eu ainda não acredito que ele esteja agindo assim. Ele sabe que eu sou apaixonado por ela! - berrei e encarei o desenho no mural. Bill sorriu sem graça e deu um tapinha em meu ombro.

- Tudo vai se acertar, você vai ver. Se ela ainda te ama, não vai deixar que nada aconteça. - eu sorri para meu irmão que saiu logo em seguida do meu quarto assobiando.

Chegamos no colégio cedo, pelo menos parecia. Kristin não veio conosco. Ela não vinha mais desde aquele dia. O colégio estava silencioso e as poucas pessoas que estavam lá, certamente iriam para a viagem.

- Bill! - Kate surgiu correndo e deu um pulo no pescoço do meu maninho. Ele sorriu largamente e a ergueu num abraço, imendando em um selinho.

- Kate, vamos viajar! - eles sorriram e deram pulinhos juntos. Bill a puxou e a beijou no pescoço. - Temos que aproveitar, não é? - ouvi suas risadinhas e senti uma ponta de inveja. Não pela Kate e muito menos pelo meu irmão. Só não aguentava mais sonhar e ver essa cena se repetir comigo e com Kristin.

Virei-me e fui em direção ao pátio. Talvez, por um minuto de sorte eu encontrasse Kristin sozinha, desejando me ver. Parte disso aconteceu. Ela estava lá... E Georg também. Fui para trás de uma pilastra e fiquei ouvindo a conversa.

- Kris, então aproveite bem a viagem! - ele sorriu e ajeitou uma mecha de cabelo para trás da orelha dela.

- Hum, obrigada, Gê... Vou aproveitar sim. - ela acenou com a cabeça e encarou os tênis batidos.

- Então... Será que mereço um beijo de despedida? - ele sorriu e aproximou-se dela. Georg, eu juro que te mato! Seu imbecil!

- Merece. - Kristin sorriu e beijou a bochecha dele.

- Ahhh, eu quero um melhor! - Georg agarrou Kristin e colou seus lábios. Senti minha garganta travar. Não vou chorar.

- Georg! - Kristin o encarou e começou a chorar. - Você sabe que eu não quero isso! Eu ainda gosto do Tom, você sempre soube! Não quero que alguém o substitua! - ela chorava e saiu andando, enquando ele saiu correndo atrás dela. Ela gosta de mim? Mein Gott! Kristin, eu te amo!

Saí rapidamente de onde me escondia e corri até a sala. Estava ofegante, mas fingi nada ter acontecido. Hora de entrar no ônibus.

Fomos todos juntos até o ônibus, todos os pares preparados. Eu não tinha com quem ir, nem Kristin. Ela sentou-se no último lugar do ônibus e virou-se para a janela. Acompanhei Bill e Kate até seus lugares e cheguei ao lado daquela garota. Aquela que eu sempre procurei e quando achei não dei valor.

- Posso me sentar aqui? - pedi educadamente. Ela virou-se e me encarou.

- Não. - falou e virou-se para a janela novamente.

- Na verdade não há opção. Tenho que sentar aqui. - falei agora irritado. O que ela quer que eu faça?

- Tanto faz. - ela me encarou demoradamente e apertou-se mais para o canto.

- Kris, me desculpe. - ela piscou e desfez a cara de raiva. - E não quero continuar assim. Eu tenho que te falar...

- Tom! - ela tentou me interromper e eu a encarei bravo.

- Nein, agora você vai me ouvir! - Kristin me olhou assustada e parou de falar. - Eu não entendo porque está assim comigo! Estava tudo ótimo entre nós até você me aparecer com uma pergunta estúpida. Depois você sumiu com Georg por muito tempo e não queria que eu pensasse nada? E depois, o combinado não foi que qualquer um poderia ficar com quem quisesse? Por que não posso ficar com Jeny? - dei uma pausa. Respirei e retomei. - Eu não queria ficar com Jeny, eu juro. Não sei porque fiz aquilo. Babaquice, pode até ser... Cara, eu fiquei com medo! Você e Georg pareciam sempre tão próximos! - comecei a falar mais baixo, pois nós estávamos atraindo vários olhares.

- Tom... - ela falou com os olhos cheios de lágrimas. - Eu que tive medo. Medo porque você sempre foi tão seguro e sempre teve todas as garotas a sua disposição! O que você acha que eu pensei? A última coisa que você iria querer era uma pivete como eu colada no seu pé! Só queria continuar com você sem que você se sentisse pressionado! - ela deixou uma lágrima escapar. - Georg é só um amigo. Estava me ajudando a tocar guitarra! Eu queria aprender a tocar By Your Side, só isso! - agora nois dois nos encarávamos sem graça.

- Eu te amo, Kristin. - falei fracamente. - Não me importaria em ter uma pivete como você colada no meu pé. - sorri e segurei sua mão.

- Eu também te amo, Tom. - ela sorriu e enxugou os olhos com a mão livre. - Então, o que está esperando? - ela me encarou sorrindo de lado.
Sorri largamente. Sentiria aqueles lábios novamente. Aproximei-me com cautela e senti sua respiração anciosa, tanto quanto a minha. Eu esperei por isso por muito tempo, não iria me demorar. Toquei nossos lábios e pressionei seu corpo contra o meu. Encontrei meu Thema Nr. 1 bem ao meu lado.

- Jovenzinho! - a professora que coordenaria o passeio me cutucou. - Aqui não é lugar para namorar! - ela falava tão nervosa que poderia ver uma veia pulsar em sua testa.

- Tentarei me controlar, prometo! - cruzei os dedos atrás de mim e Kristin abafou uma risadinha. A senhora saiu bufando e eu retomei o que fazia.
Beijei Kristin com pressa, segurando-a entre meus braços. Medo de perdê-la. Senti suas mãos em minha nuca e sua língua em minha boca, com aquele sabor tão convidativo que ela tinha. Kristin separou nossos lábios e me abraçou, deitando a cabeça em meu peito.

- Você está perdoado, mas se aprontar mais uma, juro, arranco suas bolas com as minhas mãos! - ela gargalhou e eu beijei o topo de sua cabeça.

- Depois dessa, como poderia aprontar? - ri e deitei para trás, esperando o sono chegar.