Stardust escrita por Tulipa


Capítulo 10
Nove - Poeira de Estrela


Notas iniciais do capítulo

A história tem esse nome por causa desse capítulo ♡

Eu tenho a frase final do capítulo na minha cabeça desde quando comecei a história.



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O questionamento de Pepper deixou Tony um tanto atordoado. Ele a colocou no chão e foi ao bar buscar uma dose de uísque.  Viver dois tempos era confuso demais, mas ainda assim o que ele viu da primeira vez que voltou pra Terra havia sido real, não havia? Ou talvez as mudanças realizadas nas viagens no tempo mudaram o futuro que seria construído e o bebê não fizesse parte deste presente? Esse havia sido um dos alertas que Shuri lhe deu antes dele apagar. Pepper estava ali, e foi por ela tudo o que fez, mas naquele momento Tony queria mais. Queria seu filho.  Chorar foi involuntário.

 

—Tony, você tá me deixando preocupada.— Pepper disse ao se aproximar —O que foi?

 

—Nós vencemos,  mas tem gosto de fracasso.— ele disse perdido —O que eu fiz de errado?

 

—Eu não estou te entendo.— Pepper disse ao se aproximar, tomou o rosto dele entre suas mãos  e o beijou —Mas está tudo certo, aquelas criaturas que invadiram a Terra foram embora, vocês as derrotaram e você voltou. Voltou pra mim.

 

—Amor, eu…

 

—Nós estávamos conversando sobre filhos antes do Bruce aparecer, mas não há bebê algum, Tony.— Pepper garantiu.

 

—Você não fez o teste, tem certeza disso?



—Absoluta, eu não fiz, ainda está lá na gaveta do móvel no banheiro.— Pepper garantiu  —O que te fez pensar que…



—Eu vi o teste, eu estive em casa, você não estava, mas eu vi, e foi por vocês que eu fiz tudo o que eu fiz.— Tony disse exasperado.  



—Alguém entrou na sua cabeça de novo?— a ruiva perguntou em lembrança ao episódio em que a Feiticeira Escarlate havia entrado na mente de Tony, o que culminou na criação de Ultron.  

 

Claro que alguém havia entrado na cabeça dele, mas não como daquela vez, foi mais do que só entrarem em sua mente. Ninguém poderia dizer que o que vira não foi real, por isso,  tudo estava uma bagunça. Mas ela não entenderia.



—Você não entenderia…

 

—Você podia tentar me explicar.— Pepper pediu. E então Tony explicou. Ele contou tudo. Cada detalhe, o quanto doeu e tudo o que fez para que aquilo tudo fosse revertido.

 

—Thanos estalou os dedos e metade das criaturas vivas da Terra viraram pó?— ela questionou incrédula. Mesmo que tivesse ideia de tudo o que a aconteceu em anos, saber que pessoas “morreram” e voltaram inacreditável até pra Pepper.

 

—Peter sumiu nos meus braços.— Tony  reforçou.

 

—E você voltou pra casa e eu também havia virado poeira, esperando um bebê?— Tony aquiesceu —Poeira de estrela como em Stardust?

 

—Sem referências a cultura pop, por favor, você parece os Peter’s.— Tony reclamou.

 

—Me desculpe. É que eu achei poético.— ela justificou —E surreal.

 

—Só que foi bem real, amor. Foi dolorosamente real.

 

—Como quando você sonhou que eu estava grávida?— Pepper questionou, dando ênfase ao fato dele ter sonhado.

 

—Amor, você me pediu pra explicar, mas não está acreditando em mim. O estalar de dedos do Thanos aniquilou metade dos seres vivos do planeta, e você estava entre eles.— Tony disse com exasperação.

 

—Amor, me perdoa se pareço cética, mas… — ela hesitou —Eu jamais pensaria em fazer um teste de gravidez sabendo da possibilidade de o mundo  acabar, ainda mais sem você estar aqui.

 

Era um posicionamento sensato da parte dela, mas não quer dizer que ela não tenha feito. Tony mais do que ninguém sabia que, em momentos extremos, as escolhas feitas não são sempre as mais sensatas.  E tudo o que ele viveu era bastante concreto, independente do tempo.



—Eu preciso descansar.— Tony disse vencido.

 

—Um banho?— ela perguntou  —Comigo?— ele concordou.



(...)

 

Mesmo depois do banho, da conversa que tiveram Tony ainda não conseguia aceitar. Em silêncio ele remoeu todos os acontecimentos.   Chegou a olhar a gaveta do móvel do banheiro. O teste de gravidez ainda estava lá, intacto. Pensou no poderia ter feito de errado durante a missão pra apagar seu herdeiro,  jamais saberia. Mas se Pepper estava ali, eles ainda poderiam ter um bebê, certo?



Pepper já estava na cama quando ele voltou ao quarto, ela estava sentada encostada à cabeceira. Vestia uma  camiseta velha dele, ela sempre dizia que uma camiseta sem gola era melhor do que qualquer camisola de seda. E ele adorava quando ela fazia aquilo, cortar e customizar uma camiseta dele pra que apenas ela pudesse usar.  A camiseta escura caindo sobre o ombro lhe dava um ar jovial e exibia algumas sardas. Aquela sempre seria a melhor visão depois de dias de caos, mas ele não podia deixar aquele assunto acabar.



—Eu preciso saber de uma coisa…



—O que?— ela fez sinal com o indicador  o chamando pra cama.

 

—Você mentiu pra mim?— Tony quis saber ao sentar de frente pra ela —Aquele dia no parque…

 

—Você quer dizer, hoje de manhã no parque?— Pepper questionou, sabendo ao que Tony se referia.  Enquanto ele se corrigiu, nunca iria acostumar que, pra ela, o tempo era diferente —Sim, eu omiti, confesso que ainda estou atrasada.



—Então você pode estar, certo?



—Isso não quer dizer nada,  não sou um relógio suíço, Tony, já aconteceu antes,  afinal tenho mais de 30 anos e a minha rotina é um caos.— Pepper justificou.

 

—Mas você pode estar?— ele insistiu.  

 

—Posso.— Pepper afirmou —Biologicamente eu posso.



—Então!— Tony disse ansioso.

 

—Emocionalmente eu quero, eu amo você,  ter um filho seu seria a coisa mais incrível que poderia me acontecer…

 

—Sim, baby, seria incrível!— ele concordou.

 

—Mas, já que você tocou nesse assunto, a minha razão, sempre, sempre me diz pra não dar esse passo. Sendo assim, eu não quero estar.— Pepper revelou.



—Porque?— Tony questionou —Eu sinto que esse é o nosso momento.

 

—Eu sei que eu seria espetacular tendo uma produção independente, mas eu não quero ter um filho sozinha. Eu não quero.

 

—Você não está sozinha.

 

—Eu nunca sei se você vai voltar, Tony. Hoje de manhã eu não sabia se você voltaria.— ela chorava —Eu não quero ter alguém que me lembre o tempo todo de que você não está aqui, de que você nunca mais vai voltar, ao menos que você me garanta que vai estar aqui.

 

—Você está me pedindo pra eu deixar de ser um Vingador?

—Eu jamais pediria isso…

—Mas nós já nos separamos por isso.— ele a julgou.

 

—Eu nunca te pedi isso, Tony,  nos separamos porque você mentiu.— ela acusou —Um show pirotécnico com dezenas de armaduras explodindo no céu, pra depois você esquecer de nós e ficar  enfiado na sua oficina criando tudo de novo. Uma fixação em proteção, em me proteger, mas sem ficar junto de mim. Por isso eu fui embora.— ela intenciona levantar da cama, mas Tony a impede.



—Eu sei, me desculpe.— Tony sussurra ao segurar a mão dela.

 

—Você já me pediu em casamento e eu aceitei,  mesmo que te perder me destrua. Agora você está me pedindo pra que eu gere alguém que não vai depender apenas de mim, mas de você também.

 

—Estou.— Tony respondeu —Porque eu sei que dou conta, demorou, mas agora eu sei.  Não vou deixar vocês, eu sempre vou voltar. Uma vez me disseram que eu era um homem que tinha tudo e não tinha nada…

 

—Eu sei disso.

 

—Eu posso ter tudo, eu quero tudo.— Tony disse enfático. Pepper não disse nada apenas tomou rosto dele entre suas mãos e o beijou,  calma e demoradamente.

 

Todos os desentendimentos que eles tiveram em  anos de relação foram por ciúme, ou por causa da vida dupla de Tony. Os mais sérios sempre foram pelos atos heroicos e as ideias quase suicidas que ele tinha. A decepção  com Steve e a ruptura dos Vingadores os reaproximou. E mesmo que ela estivesse apreensiva com a criação do novo dispositivo no peito de Tony, tudo estava tranquilo até aquela manhã.



—Se eu estiver grávida, vou ter esse bebê.— ela decidiu.

 

—Nós vamos.— ele frisou.

 

—Nós vamos ter esse bebê.— ela afirmou —Mas caso eu não esteja,  jamais haverá um bebê, eu vou evitar de todas as formas, e nós nunca mais tocaremos nesse assunto, ok?

 

—Ok.— Tony concordou —Mas eu tenho certeza que nós já temos um bebê, você pode fazer o teste agora pra confirmar.

 

—Essas coisas devem ser feitas com o xixi da manhã, Tony. Está nas instruções na caixa.



—Como você sabe?



—Não vai ser a primeira vez que eu faço um teste de gravidez, amor, porque não é o primeiro atraso.

 

—Mas, baby,  sempre nos prevenimos. Porque você nunca me disse?

 

—Enquanto desse negativo não havia nada a dizer, e sobre prevenção, eu me previno.— ela o corrigiu  —Mas a única coisa 100% eficaz inventada pra evitar gravidez é não fazer sexo. Podíamos tentar.— ela disse, mas era claro que estava brincando.

 

—Nem pensar.— ele disse ao se aproximar —Por falar nisso…

 

—O quê?— ela perguntou ao morder o lábio inferior —Não...— ela fez charme —Como você vira a chave assim?  Está rolando um assunto sério aqui.

 

—Podíamos garantir um bebê agora.— Tony tentou beijá-la, mas Pepper se esquivou.

 

—Ele já precisa estar aqui.— ela colocou as mãos sobre seu ventre —Ou nada feito.  

 

—Está feito.— ele disse e beijou o pescoço dela, e depois correu beijos por seu corpo até chegar a sua barriga —Ele está aqui.

 

—E você tem toda essa certeza porque é um viajante do tempo?— ela caçoou enquanto afagava os cabelos dele.

 

—Amor,  você tá estragando o clima.

 

—Então me beija pra eu entrar no clima.— ela disse —Um pouco mais pra baixo.— ela riu com malícia quando seus olhos cruzaram com os dele.

 

(...)

 

Foi uma noite nada tranquila, Tony teve um sono agitado como há tempos Pepper não via. Por vezes ela acordou e ele ainda não havia sequer fechado os olhos. Com certeza passou a maior parte da noite olhando-a dormir.

Quando enfim pegou no sono, ele adormeceu agarrado a ela, literalmente,  como se tivesse medo que ela sumisse. Ao acordar ela mexeu-se bem devagar, enquanto se desvencilhou dos braços e pernas dele, escorregou pra fora da cama e, na ponta dos pés, foi ao banheiro.  Ao pegar o teste de gravidez em suas mãos ela já não sabia mais o que queria, mesmo assim ela fez o exame, não podia adiar. Seria a primeira coisa que ele perguntaria pra ela ao acordar.

 

Enquanto esperava o resultado, Pepper sentou-se na beirada da banheira. Foram os três minutos mais longos de sua vida.  Toda sua história com Tony, até aquele momento, passou em sua mente. Amigos. Confidentes. “Se eu fosse mesmo um super-herói eu teria uma namorada que seria a única pessoa a saber a minha identidade e o medo de me perder a deixaria ainda mais louca por mim”  Namorados. Noivos. Em breve casados. Com filho? Se anos atrás alguém lhe dissesse  isso ela duvidaria. Tony Stark queria mesmo ser pai. E Pepper não duvidava que ele seria o pai mais babão e super protetor de todo o mundo.  Ela mais do que ninguém sabia o tanto de amor que ele era capaz de dar. Menino ou menina? Será que ele tinha preferência? Pra ela não faria diferença. O dispositivo apitou e ao encarar o bastão o visor digital exibia a confirmação. Então Pepper chorou. De felicidade. De insegurança.  Do medo do desconhecido. Mãe. Ela seria mãe.



—Amor?— Tony a chamou ao despertar, parecia aflito  —Pep?

 

—Calma.— ela pediu —Aqui, no banheiro.— ela respondeu saindo de seu transe.

 

—Bom dia.— Tony disse ao beijá-la castamente quando foi de encontro  a ela. Pepper retribuiu o bom dia —Você já tem um resultado?

 

—Tenho.— ela piscou e mais lágrimas rolaram de seus olhos.



—E então?— Tony mostrou-se ansioso.



Pepper exibiu o teste de gravidez e afirmou —A sua poeira de estrela, na verdade é  uma estrela cadente!




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Notas finais do capítulo

Eu amo esse capítulo e tô bem triste com proximidade do fim. Aliás, o fim já tá na minha cabeça tbm.



Starkisses,
Tulipa ❤



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