fluttering, fluttering, on and on escrita por houdini


Capítulo 1
e são os rabiscos, inócuos, que procuram afeto.


Notas iniciais do capítulo

Oi, como vai? Depois de pensar que havia perdido essa fic, felizmente consegui recuperar o arquivo dela e agora estamos aqui! Mas, enfim, eu decidi começar esse desafio porque eu sempre quis tentar, lksajdlkas, é isso.

Escolhi UT para o primeiro tema por motivos óbvios de que estou apaixonada pelo jogo, pelos personagens, pela história; por tudo, tudo mesmo. ♥ No mais, se achar isso daqui estranho, lembrem-se do Pequeno Príncipe. /corre

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/770580/chapter/1

e s p a l h a n d o, e s p a l h a n d o

É impossível acreditar na veracidade dos garranchos que saem da boca de Frisk — palavras distorcidas, contudo, significativas — quando, há pouco tempo, Flowey quase tentou lhe tirar a vida.

Afinal, tamanha é a utopia de pensar que um inimigo poderia sentir pena de si; a vida não funciona assim. Em seu vasto pequeno mundo, ela é toda sobre matar ou morrer; e nenhuma exceção deveria fugir à regra.

Entretanto, ali está Frisk, em pé — de joelhos — oferecendo uma mão à sua frente. Um pedido para que desistisse; para que pudesse poupá-lo; para que dessem um fim a tudo aquilo de uma vez por todas.

Um pedido de trégua e paz, em suma.

Preso naquele instante, Flowey pensa na possibilidade de estar imerso num sonho onde finais felizes são mesmo reais — ou de estar em uma linha de tempo transcendental — mas nunca o saberá dizer. A única certeza para ele é a de que, pouco a pouco, Frisk começa a alcançá-lo com as pontas dos dedos calejados.

Nem mesmo os insultos que profere parecem ser capazes de deter aquela voz que derruba seu anseio; seu desgosto; sua dor. Isso deixa Flowey louco, mas acima de tudo, sem vontade de contra-argumentar Frisk.

“Ei, por que você não desiste...?” Com a voz falha, já cansada de tanto falar, ele arrisca a pergunta.

Os segundos se consomem em silêncio quando Frisk pisca os olhos, curioso e confuso. Naquela distância tão curta — tão ilusória — entre a mão dele e seu corpo caído, poderia, uma a uma, ter suas pétalas arrancadas.

Aquele, sinceramente, seria o final mais justo para uma criatura tão pequena que desejou ser maior do que tudo; e, também, o final que Flowey gostaria de ter.

Afinal, viver para se arrepender dos objetivos não conquistados enquanto preso naquela forma não seria algo satisfatório — nunca foi, não é e nunca será. Por isso, fechando os olhos com força, ele deseja morrer. Se você consegue ter piedade mesmo para alguém como eu, então me mate de uma vez.

Me mate de uma vez. Me mate de uma vez. Me mate de uma vez.

O medo, a tensão e a adrenalina de se ver frente à morte inundam a existência de Flowey no momento em que uma de suas pétalas finalmente é segurada. Só mais um pouco e, por fim, dará adeus ao receptáculo patético que é ser uma flor.

Entretanto, ao contrário do que ele imagina acontecer, tudo o que Frisk faz é afagar o que deveria ser o topo da sua cabeça com um ar sereno de compreensão.

“Porque não. Por que não podemos ser amigos ao invés disso?”

 E, de novo, com uma pergunta tão simplória, Frisk consegue fazer todas as coisas ao seu redor girarem como se não pertencessem só ao seu mundo — mas ao dele também. Uma humildade, decerto, que Flowey não se julga merecedor.

Dessa forma, com os lábios um pouco trêmulos, ele comenta com escárnio na voz, “Acredita mesmo que isso acontecerá? Depois de tudo, você continua sendo um idiota.”

O sorriso mínimo que Frisk lhe direciona ao ouvir a resposta, no entanto, é gentil demais; uma gentileza quase insuportável de se observar e crer, mas, definitivamente, aquecedora de maneiras infindáveis.

Verdade seja dita, Frisk nunca entenderá o que é sentir um vazio no lugar onde deveria haver um coração; o que é perceber que nenhuma coisa comum do dia a dia faz sentido; o que é achar que dá um fim tudo é a melhor escolha a ser feita.

Mas, mesmo assim, Flowey não consegue deixar de se admirar por ele tentar entender como as coisas funcionam dentro da sua cabeça.

Se procurasse o bastante, acharia todas aquelas respostas, é claro; alguma coisa, qualquer coisa, seja lá o que for, acharia.

(O que Flowey não percebe é que aquela tal admiração — afeto, em fato — é, também, um tipo de sentir; algo mais poderoso do que a junção das almas humanas que tanto chegou a almejar; algo que se espalha e espalha continuadamente).

De alguma forma que não saberia explicar, a integridade de Frisk é suficiente para lhe fazer querer aceitar a mão que lhe foi oferecida anteriormente.

E ela, por si só, poderia, quem sabe mais uma vez, acarinhar as suas pétalas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "fluttering, fluttering, on and on" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.