Apenas os dedos das mãos já não são mais o bastante para você contar quantas vezes foi descartada pelos outros. Pegue alguns de seus amigos imaginários emprestado, já que estes foram os únicos que sobraram contigo. 

Mas você não pode reclamar, não ainda. Fez igualzinho, sem saber que eles estavam passando pelo mesmo que você se machuca tanto agora em noites mal dormidas solitárias e lágrimas de encharcarem o travesseiro. Até porque, quem quer ficar perto de alguém assim? 

Tão previsível, egoísta e invejosa. Surpreendentemente, mesmo a pessoa que você julgou gostar, odiava vê-la realizada, corroendo-se em veneno por dentro em pensamentos negativos e pragas silenciosas. Ninguém merece um encosto na vida deles, por isso te largaram. Não foi à toa, como você pensa de forma ingênua, fingindo não ser idêntico em atitudes. 

Seu erro foi se doar a um, jogando no lixo os outros dez. Era o certo em sua mente, você sempre gostou de exclusividade e devoção. Ciumenta de forma incompreensível, insensível em não retribuir na mesma moeda. Foi bem feito seu final. 

De sua mão voaram os onze para bem longe, para nunca mais voltar. Esperta, não? Tão unilateral que chega a fazer birra quem nem criança pequena quando não ganha o que quer. Mas esquece que mesmo em sua mente de Peter Pan, é preciso o mínimo de bom senso para não ser taxado como insana. 

Você não é nenhuma novidade ou possuí alguma diferença, por que deveriam se interessar em você? De quaisquer o mundo está se perdendo e esses serão excluídos da existência, assim como você já se sente. Não foi pelo mero acaso que botaram alguém melhor em seu lugar, mais criativo, capaz, falante. Menos interesseiro, infeliz e agourento. É incrível em como você se recusa a entender algo tão simples e estampado como isso. 

Só é impossível enxergar se quiser. Vamos parar de querer viver no mundo das maravilhas, Alice, a vida não se passa dentro de sua cabeça em infinitas fantasias. Pessoas são reais, você também e em breve senão parar em uma clínica, estará provavelmente debaixo da terra. O que apetecer-lhe primeiro e melhor. 

Ou mais rápido, já que sua mente anda tão perturbada que é curioso como ainda não cometeu algo pior. Sua válvula de escape está terminando, o que vai fazer quando a hora chegar? 

Pense rápido, o tempo está correndo e você como sempre está estagnada no mesmo lugar, incerta de que atitude tomar por pura covardia. Felizmente tudo o que você precisava ouvir foi dito em claro e bom som, satisfazendo suas paranoias de anos. Está contente? Você realmente nunca foi boa o suficiente para nada nem ninguém! 

Ah, que vida feliz. 

Aproveitando que não tem mais ninguém olhando já que todos perderam o interesse, que tal montar aquela barreira de novo? Ninguém entra e nada sai, assim como você gosta com seu medo fútil. Você fica sã e bem e eles simplesmente não te ferem mais. Ótima ideia, não acha? 

Você precisa lidar logo com isso, ou toda essa recuperação que teve e sua ousadia de irritar o outro lado em risos e velas quebradas vai custar muito caro. 

Se manca de uma vez. Desapegue. Nenhum deles nunca valeu uma lágrima ou tristeza sua, não fique feito uma idiota em uma poça de sangue coagulado. 

Você persegue tanto o passado em dependência que parecer viver lá. As pessoas não são obrigadas a serem seus pilares emocionais ou de necessidades chulas. Entre nesse buraquinho e abuse que foi deixado de canto. 

Largue todos esses sentimentos enquanto ainda é capaz. Mesmo sendo insuficiente para os outros, é o suficiente para si mesma parar de dar tanta importância ao pouco. 

Pare com essa síndrome de cachorro vira-lata porque nenhuma alma viva liga para todo esse seu draminha. Apenas corresponda ao que foi intitulada, mas sem sofrer, sem demonstrar. 

Largue-os como fizeram com você. 

Você nunca foi boa e nunca vai ser o suficiente pra ninguém. E nem ninguém vai ser capaz de fazer nada por você, jamais. 

A partir do momento que ela largou o seu porque o outro foi mais legal você deveria ter entendido o recado. Quem avisa amigo é. 

Ah, é, espere. Você não tem mais nenhum. 

Desculpe.