Heroes escrita por Madness


Capítulo 5
Frost


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Eu estou puto.
Mas também aflito.
Já fazem quase dois dias que vi o Soluço pela última vez, e até agora não recebi nenhuma notícia dele.
Amanhã vou seguir viagem de volta a base, e espero que ele esteja lá.
Tento ligar em seu telefone mais uma vez, faço questão de desferir alguns xingamentos enquanto dígito seu número no celular.
Soluço é como um irmão para mim. Pensar que alguma coisa pode ter acontecido com ele me deixa nervoso, estamos juntos nessa causa a anos, lembro-me de ensinar a ele o que podia para ajudá-lo com seus poderes, quando ele ainda era um menino baixinho e magrelo, totalmente introvertido.

Antes que pudesse iniciar a chamada ouço uma voz chamando meu nome.

— Jack?!

Viro-me para trás lentamente, já conhecia bem aquela voz.
Uma mistura de alívio e raiva me consome, era Soluço me encarando, com uma cara de confusão, provavelmente não esperava me encontrar num motel chechelento, onde com certeza os lençóis não são trocados e deve ter ocorrido algum assassinato, no meio de uma estrada que quase não se via uma alma viva.
É como a clássica cena de Madagascar quando Marty e Alex se reencontram.
No caso eu sou o Alex.
Caminho em passos rápidos até ele.
— Sua maldita espinha de peixe, não sei se te dou um soco ou se te dou um abraço. - Digo enquanto vou em sua direção- Então farei os dois.
Lancei meu punho na direção de seu estômago, com uma força controlada, ele soltou um pequeno urro com a pancada mas logo começou a rir. Logo após lhe dei um abraço enquanto ele dava tapas em minhas costas.

— Muito bom te ver também Jack!

— Por que você não ligou? E nem atendeu minhas ligações? Você nunca consegue cumpri um combinado não é?! - disse massageando minhas têmporas.

— Então... é que eu tive um pequeno imprevisto, agora que as coisas se tranquilizaram ia te ligar.
Não precisa se estressar tanto Frost, você me subestima muito.

— E você subestima a minha paciência...

Apenas nós dois e nossos respectivos carros ocupam o estacionamento, o vento vento frio faz os galhos das árvores em volta balançarem. São os primeiros sinais do Outono que se aproxima. Apoiei minhas costas na lateral do carro empoeirado de Soluço e ele fez o mesmo ao meu lado.
— Deu certo? - perguntei
— Sim, o lugar está destruído, creio que todos já devem estar muito longe agora.
Fico mais tranquilo e sinto meus músculos relaxarem, e soltei um suspiro aliviado. No final, tudo deu certo.
— Então qual foi o imprevisto?
Ele passou a mão na cabeça, provavelmente pensando em como começar a história, fico pensando em mil possibilidades, da mais a menos problemática.

— Resumindo bem, eu encontrei uma garota no meio da fuga,na floresta, os guardas estavam chegando e eu fui embora, mas me arrependi e acabei voltando para ajuda-la.
— E...?
— E eu a derrubei de uma altura de uns vários metros.
B- Parabéns, salvamento sempre foi seu forte.
— Calado. Mas enfim, deu tudo certo, ela se chama Astrid, e está lá no quarto com um ferimento a bala infeccionado.
— Entendo. Ocorreu algo parecido comigo durante o caminho de volta também.

Conto-lhe toda história, da garota que congelou sua casa e tem uma irmã com um poder totalmente oposto ao seu.
Elsa acabou por aceitar vir comigo, e Anna após certa relutância também.
Durante o caminho, após várias horas de conversas expositivas e sofrimentos em comum, acabamos os três por nos darmos bem.
As duas estão passando por um momento muito delicado, uma perda muito dolorosa. Não conheci meus pais, ou qualquer familiar sanguíneo, mas tenho sim uma família que está me esperando na base. Faria tudo por eles, assim como eles por mim, e acho que isso é família, não apenas laços de sangue.
— Cara... Não sei você, mas ultimamente algo está me incomodando.- disse ele.
— Seja mais claro.
— É uma sensação estranha. Como se algo estivesse prestes a acontecer.

Volto meus olhos para a lua cheia bem acima de nós, entendo o que ele quer dizer, tudo está relativamente tranquilo nós últimos meses, os problemas que temos que lidar ainda são os mesmos, mas a sensação que tenho é que essa pode ser a calmaria antes das tempestade.

— Acho que entendo...
— Espero ser apenas coisa da minha cabeça, já temos problemas demais.
No momento eu só quero me deitar e dormir um pouco, estou quebrado.
— Entre na fila...

Soluço se despediu e foi em direção ao quarto que reservou, onde também deve estar a tal garota que ele quase matou, amanhã faremos as devidas apresentações com as novas integrantes, hoje foi um dia extremamente cansativo.
A vento frio bate contra meu corpo, o que me faz estremecer, mas a sensação é boa, sou familiarizado com o frio afinal, me sinto de certa forma aconchegado.
Pego o caminho de volta ao meu quarto, Elsa ficou no quarto ao lado junto de sua irmã. Já na porta do recinto, começo a tatear meus bolsos em busca da chave, mas sou interrompido quando a última lâmpada do corredor se apaga, estranho, penso. A mesma coisa acontece com a lâmpada seguinte, e a próxima, mantenho-me atento, a lâmpada antecedente a que estou bem embaixo não se apaga, mas sua luz se mantém oscilante.
Jack Frost
Ao longe escuto uma voz mínima chamar meu nome, olho para o estacionamento, não há ninguém, penso na possibilidade de ser apenas Soluço tentando me assustar, mas o vi entrando em seu quarto e não seria esse o melhor momento para pegadinhas.
Mas quando olho para frente novamente, vejo uma silhueta negra, parada.
Jack Frost
A voz está se aproximando, e o estranho ser a minha frente começa a se movimentar em minha direção, não consigo ver com clareza seu rosto, parece ser um homem, mas realmente não ficarei para descobrir, começo a dar passos para trás, bem devagar para não atiçar o que quer que seja essa coisa. Ele para,e eu também, fico tentado em me comunicar com ele, mas as palavras ficam presas em minha garganta.
Jack Frost
Ouço o chamado novamente, mas agora ao pé de meu ouvido, pude sentir até mesmo o hálito gélido batendo contra meu pescoço me arrepiando por inteiro. Por reflexo viro-me rapidamente na direção em que fui chamado, mas não novamente não há ninguém. As luzes se apagam por total, fico na completa escuridão por alguns segundos, e quando elas voltam a se acender, não havia mais nada, nem sombra, nem chamados do além, apenas eu.


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Notas finais do capítulo

Se chegou até aqui, não deixe de comentar, deixem suas opiniões, me farão muito feliz.
Até a próxima.



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