Für Immer Jetzt escrita por Berka


Capítulo 7
Pronta para o céu




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Durante anos foi assim. Eu vivia uma sobrevida, talvez menos triste por ter sua voz ao meu lado, mas ainda incompleta. Trabalhava, visitava meus pais e até passeava na ausência de Bill, mas ao chegar a meu apartamento, agora reformado, cheio de flores e quadros alegres que ele sugeriu, Bill estava lá, sentado em meu sofá, esperando por nossa noite aconchegante. Assistíamos a filmes, jogávamos jogos de mímicas, pois não exigiam o contato, dançávamos e até cantávamos juntos durante horas e horas. Ele me escutava e me ajudava com os problemas do dia-a-dia. Era sempre bom tê-lo ao meu lado, mesmo que não pudesse tocá-lo.

 

Muito tempo depois, enquanto Bill conservava sua bela aparência jovial, eu estava envelhecendo. Rugas tomaram meu corpo e minhas frágeis mãos já não eram tão ágeis como antes. Bill esteve me apoiando na morte de meus pais. Foi doloroso, mas não me prendi a eles. Nunca mais os vi. Tinha fé de que eles descansavam alegre no céu.

 

Meu envelhecimento foi demorado e duradouro. Eu estava muito velha e quase não conseguia mais enxergar. Já estava no hospital da cidade, em um quarto branco, sem nenhuma alegria, no meu leito de morte. Não estava sendo nada fácil. Eu sentia dores horríveis por meus órgãos não funcionarem mais como eu tinha dezessete anos. Bill sempre esteve ao meu lado, até mesmo neste momento.

 

- Bill. - falei muito fraca, quase não emitindo nenhum som. - Segure minha mão, por favor. - pedi.

- Sabe que não posso. - ele falou se sentindo culpado.

- Sei, mas ao menos tente. Quero estar junto de ti quando morrer. Estou com medo. - implorei.

- Ora, ora... - Bill riu divertido e tentou encostar em minha mão enrugada. - Não tinha tanto medo há alguns anos atrás. - ele sorria para tentar me acalmar.

 

Pude sentir uma leve sensação de frescor ao toque que sua imagem. Eu estava sentindo que meu corpo já estava perdendo os sentidos', então fechei meus olhos aguardando pelo momento. Estava chegando a hora.

 

- Bill, eu te amo. - suspirei sentindo uma pontada seguida de uma tontura. Minha alma rodava, era como se estivesse sendo puxada.

- Eu também te amo, meu amor. - ouvi sua voz. Respirei fundo e senti seu cheiro nitidamente. Sua mão segurava a minha com muito carinho. Abri meus olhos me sentindo melhor do que nunca. Eu estava tão jovem, parecia ter de novo meus dezessete anos tão queridos. Bill estava logo ao meu lado. Levantei-me da cama e senti que deixava meu corpo inerte nela. Um som irritante de um bip contínuo invadiu o quarto de hospital enquanto a sala enchia de médicos tentando me reanimar, meu eu apenas não voltava. Simplesmente nunca voltaria.

 

Bill sorriu para mim e senti a maior alegria de minha vida, ou melhor, morte. Eu me joguei em seus braços sentindo que eles me envolviam como há tempos desejei. Bill cheirou meus cabelos e sorriu de olhos fechados. Afastei-me o bastante para que pudesse beijar os lábios do garoto de olhos obscuros, mas que era a luz da minha vida. Aquele garoto que me fez amar pela primeira vez e sentir que a vida não era nada sem ele. Sim, eu consegui. Esperei por muitos anos que pareciam milênios, mas nada me impediu de sorrir novamente. Eu era feliz.

 

- Está comigo agora, depois de muito tempo. Eu te esperei com todas as minhas forças. Quantas vezes quis te tocar durante teu sono e não podia fazê-lo? - Bill segurava minha cintura e me fitava.

- Mas agora você pode, e então? O que está esperando? - ri divertidamente e Bill sorriu como se fosse a razão de sua espera. Ele me beijou de um jeito muito diferente. Não era como ele me beijou pela primeira vez, um beijo inocente e carinhoso. Não era como nosso último beijo, de despedida e dor. Era um beijo que dizia "te amo agora e para sempre".

 

Juntos nós saímos do hospital A noite nunca tinha sido tão bela enquanto era viva. Toda a cidade estava iluminada e enfeitada para o natal. Este feriado tinha sido o melhor e o pior de todos em minha vida, mas agora era como uma linda recordação de uma história de espera. A árvore gigante do meio da praça estava toda enfeitada e coberta de singelos flocos de neve. Bill e eu caminhávamos pela rua principal, quase que flutuando, enquanto ouvíamos sinos e sorrisos estampados nos rostos. Não me lembrava de quão bonita era essa cidade, aquela que vivi as melhores coisas com Bill.

 

- E então, está pronta para o "céu"? - ele parou e me abraçou, encostando nossos narizes. Passei meus braços por seu pescoço e sorri largamente.

- Já estou nele. - beijei os doces lábios de Bill. Era ali e com ele que eu queria ficar.  


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Notas finais do capítulo

Acabou, gente!
Gostaram? Espero que sim!
Obrigada...

;*



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