Für Immer Jetzt escrita por Berka


Capítulo 5
Não vou evitar




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Eu sentia como se tudo o que eu tinha vivido não passasse de apenas uma brisa suave e leve, com aquele aroma que despertava em mim a enorme vontade de sorrir, ainda que chorasse lágrimas que cortavam meus olhos. Bill se foi. Aquele garotinho que roubava biscoitos de natal junto comigo dos olhos atentos de minha mãe, aquele garoto que me fazia rir enquanto estava magoada por ter de vê-lo partir, me garantindo que voltaria para o próximo natal, aquele ser maravilhoso o qual me apaixonei perdidamente e me fez ver que sem ele eu não era feliz, era incompleta. A partir do momento que senti seus lábios colados nos meus descobri que era com ele que estava a minha felicidade.

 

Aquela vontade de chorar e arranhar minha pele até que sentisse dor simplesmente ia embora quando encontrava seus olhos atrás do olho mágico daquela enorme porta de madeira trabalhada com desenhos geométricos. Todo ano era assim. Eu vivia, ou sobrevivia, a cada dia automaticamente. Comia sem sentir o gosto, andava como se meus pés me arrastassem e dormia sem ter sonhos, nem bons, nem ruins. Ainda que fossem pesadelos, ainda poderia ter a esperança de ver seu rosto. Mas bastava chegar o natal e eu ouvir a campainha tocar, para que minha vida adquirisse cores e eu pudesse sentir aquele cheiro de felicidade que exalava de Bill. Estava impregnado com o perfume mais sedutor para mim. Estava em seus poros, em seus cabelos, em seu hálito. Eu abria a porta mais rápido que minhas mãos pudessem responder e me deparava com aquela figura sorridente, de olhos maquiados, de cabelo bagunçado e mais cheiroso do que nunca. Eu pulava em seus braços na esperança de nunca mais ter que vê-lo afastando-se de mim, mas era inevitável. Poucos dias depois ele partia, deixando-me naquela vida sem graça, sem Bill. Enxuguei as lágrimas devido às lembranças e me afastei do caixão. Eu iria viver para morrer.

 

Foi assim nos primeiros dias. Eu estava abatida, triste e sem esperanças. Meus pais tentavam de tudo para me animar, mas nada arrancava um sorriso de mim. Bill queria que eu fosse feliz, me casasse, tivesse filhos, vivesse. Poderia viver sem me casar ou ter filhos. Não conseguiria beijar outros lábios que não fossem os dele, não depois de ouvir dele mesmo que me esperaria. Foi quando tive a melhor ideia que poderia ter. Não me mataria, mas também não faria nada para evitar isso. Bill me veria logo, se dependesse de mim.

 

Peguei minha bolsa e saí pelas ruas da cidade de madrugada, não me importando com a pouca luminosidade e a periculosidade da cidade a aquele horário. Na verdade, eu rezava para que fosse assaltada e acabasse morta. Para minha sorte, ou azar, nenhuma alma viva me incomodou. Apenas as lembranças dolorosas dos fatos recentes. Entrei em um bar a beira da calçada. Um cara meio estranho me encarou com um sorriso nojento no rosto, e logo uma garçonete que mais parecia ser uma prostituta, isso se não fosse, perguntou o que eu queria. Pedi uma dose de Vodka. Eu nunca bebia, e no momento aquilo pareceu bem apropriado para um porre. A moça virou-se para buscar meu pedido, enquanto eu olhava em volta

 

Aquele buraco asqueroso tinha iluminação estranha e uma péssima freqüência. O homem parou em minha frente e sentou-se ao meu lado sem pedir.

 

- Olá, doçura. Está sozinha? - colocou a mão em minha perna. Senti vontade de vomitar. O que Bill pensaria se pudesse me ver?

- Sim... - e gostaria de assim continuar, agora saia daqui seu vagabundo imundo! Foi o que quis dizer, mas preferi ficar calada.

- Aceita um cigarro? - estendeu um para mim com sua mão suja.

- Claro. - Talvez isso me levasse a Bill mais rápido. Peguei-o e ele acendia com o isqueiro enquanto eu tragava. - Cof, cof, cof! - Tossi como uma asmática. Meus olhos arderam e senti que ia ter um ataque. Era horrível.

 

Enquanto o cara ria esculachado de minha cara e eu me recuperava, tive a nítida impressão de ver Bill em minha frente, distante, com um olhar desapontado. Levantei sem me explicar para o homem ao meu lado e fui até o banheiro sujo do local. Mal iluminado, com as paredes com azulejos que pareciam ter sido brancos algum dia, e um espelho médio. Molhei meu rosto e minha nuca, e quando encarei meu reflexo, Bill estava logo atrás de mim.


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