Kageyama sentiu os músculos reclamarem, ao mesmo tempo em que a vontade de esticar as pernas prevalecia de maneira quase esmagadora. Embora quisesse urgentemente dar uma pausa em seus estudos incessantes, sabia que não o poderia fazer tão cedo, não até que o namorado dominasse o conteúdo à sua frente.

— Hinata! — bateu firmemente na mesa, acordando-o de sua soneca recente. Mal conseguia enxergar seu rosto diante da pilha de livros, mas podia ouvir claramente seus roncos baixos.

— Oê, Kageyama, podemos continuar amanhã? — Tobio assumia para si mesmo que o simples ato de Hinata de esfregar os olhos enquanto se espreguiçava deixava-o incomodado de uma boa maneira. Era difícil admitir o quanto aquele garoto mexia com seu sentimental.

— Não, vamos terminar isso hoje, certo? Você precisa aprender isso de uma vez por todas se quer continuar a jogar vôlei — as simples palavras pareciam o suficiente para Hinata assentisse de maneira animada e se concentrasse no livro em suas mãos.

Kageyama o ensinou de forma dura e determinada. O namorado sabia ser exigente quando bem queria, mas Hinata entendia que era sempre para seu próprio bem, nada que fosse tóxico ou longe de não ser saudável.

Embora ser tutor de Hinata não fosse fácil, ser seu namorado em momentos como aquele era ainda mais difícil; tornava-se quase impossível observar aquele rosto nítido e límpido sem querer correr até ele e beijar cada centímetro de seu rosto. Era como se todas as moléculas de Hinata fossem um ímã para Kageyama; como se os olhos brilhantes lhe chamassem de forma silenciosa e a boca macia sussurrasse palavras paqueradoras exclusivamente para Tobio.

E ainda que fosse ótimo em se controlar e em se focar em apenas um objetivo, Hinata era o único que conseguia deixa-lo descontrolado, desconcertado, excitado e puto por sentir todas as coisas ao mesmo tempo.

Afinal, que culpa tinha ele se Hinata insistia em estudar sem camisa apenas porque estava calor? Não era como se o namorado não soubesse do efeito que causava em Kageyama; aquele maldito efeito.

Por isso, quando percebeu que se encontrava com o rosto no pescoço de Hinata, não se surpreendeu nenhum pouco.

— Ei, não íamos estudar? — o rosto confuso de Hinata chegava a ser engraçado, mas, para Kageyama, era o limite de sua graciosidade.

Tobio apenas murmurou, embriagado o suficiente no perfume de Shoyo. Quando levantou o olhar, pode perceber o sorriso simplista de Hinata, tão tenro como o carinho que ele fazia em seus cabelos naquele momento.

Embora não admitisse, Kageyama compreendia que poderia passar horas recebendo o afeto e as carícias de Hinata ao modo que nunca enjoaria de tais atos amorosos. E Hinata parecia sempre disposto a dá-lo, às vezes porque era sua forma ardilosa de fugir como tarefas entediantes como estudar, mas, na maioria das vezes, porque amava enxergar a serenidade no rosto de Tobio, ao mesmo tempo em que sentia o corpo do namorado amolecer como somente ele sabia fazer.

— Não pense que você vai fugir dos exercícios matemáticos, Hinata — sussurrou contra seu colo, enquanto Hinata ria e continuava a acaricia-lo ternamente.