Tio Yashamaru escrita por LaviniaCrist
Notas iniciais do capítulo
Então... olá! kkkka.
Faz um tempo, né?
Este capítulo já estava escrito há um bom tempo, só esperando eu tomar vergonha na cara e postar. Eu deveria ter feito isso no dia 19? Deveria... Talvez no dia 21? Talvez...
Mas cá está ele: lindo, cheiroso e com drama.
Os primeiros meses foram dolorosos.
Ocupei meus dias com os cuidados incessante às crianças, à casa, ao Rasa. Porém, percebi que não seria o suficiente para que Karura fosse esquecida. Não importava o que eu fizesse, ela estava lá o tempo todo. Nessa época, ver a imagem da minha irmã sorrindo em todos os lados fez com que eu mudasse a decoração incessantemente, os móveis, a rotina.
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Ao menos uma vez por semana, em uma manhã na qual Rasa não estivesse presente, Yashamaru repetia o mesmo processo de purificação: trocava absolutamente tudo o que conseguia de lugar. O cunhado achava aquilo um ato desnecessário e irritante, mas as crianças adoravam:
— Rápido, rápido! — a pequena Temari gritava de euforia, estava de pé no sofá, apoiada no encosto. Ao lado dela, Kankuro ria e soltava gritos com silabas sem significado, igualmente animado.
Yashamari estava movendo o sofá com os dois em cima, arrastando de um lado ao outro da sala. Quando terminava de colocar um móvel no lugar que queria e partia para o próximo, as duas crianças corriam e o escalavam, viam tudo como brincadeira.
— Seria mais rápido se vocês me ajudassem... — o mais velho disse um tanto descontente, mas fingindo um sorriso doce.
— Yashamaru é tão, tão forte... — a garotinha fez uma carinha irresistível, a que costumava usar com o pai quando queria algo.
— Forte! Forte! Jan! — Kankuro ergueu os braços.
O mais velho respirou fundo, tentou se manter calmo e sorriu:
— Vou mostrar como sou forte então! — ele disse, arrastando a poltrona com os dois em cima pela sala. As crianças riram e gritaram de novo, felizes.
Ao fim das arrumações, geralmente, todos ficavam estirados pelo chão da sala e rindo das infantilidades que fizeram.
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Quando viver para cuidar da minha família - a família que ela me deixou e pediu para que eu cuidasse - já não bastava para conseguir paz e recompensação, precisei buscar mais coisas para me ocupar. Aos poucos, voltei à minha antiga sala no centro médico de Suna, voltei para meus estudos, voltei a ser um Iryo-nin renomado... e, novamente, esqueci da minha família.
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— ... E é a união de todos estes fatores que me faz defender a construção de uma nova estufa e a ampliação da existente. Sei que já enfrentamos guerras piores do que as questões políticas conturbadas de hoje em dia, mas facilitaria o estudo de medicamentos novos, podemos salvar vidas!
E, ao fim do discurso, Yashamaru encarou os conselheiros. Eles eram mentes antigas demais para ver a prosperidade em estudos, preferiam lutas vencidas. Mas para sua surpresa, foi apoiado pela única que entendia realmente todo o potencial contido nas plantas:
— Já estava mais do que na hora de alguém se preocupar com a população de Suna ao invés das fronteiras... — a velha Chiyo comentou antes de uma risada — Tem meu apoio!
Os demais conselheiros começaram a murmurar sobre a decisão, até que Rasa se levantou e apoiou as mãos sobre a mesa.
— Será feito o que você quer, mas exijo condições para que você seja o supervisor desse setor.
— Supervisor? Eu? — o loiro piscou algumas vezes sem entender. Sua intenção era exclusivamente melhorar o acesso à medicamentos e facilitar seus serviços como Iryon-nin, não largar toda a sua carreira e se tornar um supervisor qualquer enterrado em papéis.
— Sim! Espero que não tenha mais perguntas sobre sua própria proposta, não tenho tempo para ficar debatendo coisas desse tipo. Preciso apenas que assine os papéis — o Kage respondeu da maneira mais fria que conseguiu, encarava o cunhado como se fosse ataca-lo a qualquer momento. Porém, ele apenas saiu da sala de reuniões do conselho e indicou para que Yashamaru o acompanhasse.
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Um ano já havia se passado quando eu finalmente permiti que todo aquele ressentimento e culpa fossem esquecidos, junto com a imagem minha irmã. Ela teve a história dela, uma história dramática com um final agridoce, uma história apenas dela. A minha estava para começar, depois de muitas fugas e voltas.
Nossas histórias compartilhavam, porém, o mesmo cenário e os mesmos atores, sendo um dos principais o Kazekage de Sunagakure, fechando vários desfechos com sua palavra final... ou suas suplicas.
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Quando os dois homens entraram no escritório de Kage e a porta foi fechada, era como se o universo inteiro estivesse trancado do lado de fora, longe dos dois. Rasa não tinha mais o aspecto ameaçador de antes, parecia nervoso, uma criança assustada.
— O que aconteceu? Por que me tratou daquele jeito? — o mais novo começou. Permitiu-se caminhar pela sala, se sentar na cadeira do Kage e encará-lo: era como se tivessem trocado os papéis.
— Querem tirar você de mim também... — o ruivo respondeu apoiando as costas na porta e encarando o teto da sala — Eles já tiraram a Karura, vão tirar você e depois os meus filhos...
— Admito que foi estranho ser apoiado por aquela velha senil, mas criar uma teoria da conspiração já não é um exagero? Rasa, está se sobrecarregando de novo?
— Não, droga! — ele passou as mãos pelo rosto — Yashamaru, eles querem tirar você de perto de mim! Não está vendo!?
— Rasa... — por mais surpreso que estivesse com aquela epifania do cunhado, Yashamaru só conseguiu se sentir feliz com aquelas colocações de palavras — Ninguém vai me tirar de você, nunca.
— Eles estão querendo que você volte para aquele fim de mundo! — a essa altura, o Kage já tinha escorregado até o chão e permaneceu lá: sentado, olhando para o nada e tentando esconder o rosto com as mãos.
— ... Rasa.
— Você não pode aceitar! Você vai ficar aqui, comigo e com os meus filhos! Dessa vez eu não vou deixar aqueles abutres estragarem tudo!
— Rasa! — o médico finalmente recebeu atenção — Respira fundo e solta; você está tendo uma crise.
— Yashamaru, você não entende a gravidade!
— Eu já disse que não vou a lugar nenhum! — o loiro sorriu e caminhou até o cunhado — Eu vou ficar aqui do seu lado, sempre... — ele sussurrou, se ajoelhando de frente a Rasa.
— Obrigado, Yashamaru... — o ruivo sussurrou, mas estava nervoso demais com tudo o que andava acontecendo. Não havia superado o assassinato da esposa, as crianças estavam praticamente sob a tutela do conselho e afastavam cada vez mais Yashamaru dele, com a desculpa de trabalhos e estudos mais importantes.
— Não precisa me agradecer — o mais novo sorriu, ousando a segurar os ombros do Kage e puxá-lo gentilmente para si: um abraço — Sempre vou ser fiel a você, não importa o que façam...
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Meus sobrinhos também teriam a história deles, compartilhadas entre si e entre Suna.
Demorou algum tempo, mas eu aceitei que seria um dos personagens principais na vida deles. Eu não ocuparia o lugar dela como sempre quis, mas estaria lá.
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Yashamaru estava sorrindo verdadeiramente, depois de muito tempo.
Aquela casa aconchegante com tons de terra era mais uma vez o seu lar, mas apenas dele, de Rasa e das crianças. Não havia mais o fantasma de Karura o atormentando em cada canto.
Ele estava na cozinha, preparando o jantar para a sua família. Gaara estava dormindo calmamente no quarto, Kankuro estava brincando com uma marionete e Temari estava o ajudando a arrumar a mesa.
— O papai já está vindo? — a pequena perguntou depois de colocar o último prato sobre a mesa, com todo cuidado possível.
— Acho que sim — o tio respondeu tranquilamente, colocando alguns temperos na panela do ensopado.
— E... E a mamãe? Algum dia volta?
— Infelizmente não, princesinha... — o loiro a pegou no colo e a abraçou — Mas ela sempre vai estar por aqui para proteger vocês, quando eu ou o seu pai não conseguirmos.
— Promete? — ela o encarou com os grandes olhos verdes, com uma carinha tão irresistível...
— Prometo!
— De dedinho e tudo?
— De dedinho e tudo mais o que você quiser — ele sorriu.
Temari acabou sorrindo também.
Ela era apenas uma criança, mas era forte.
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Porque a história dela já havia terminado e a minha não era uma continuação.
Minha amada e doce irmã, a pessoa que eu mais invejei e admirei, havia passado e nada a traria de volta, nem mesmo meu desejo de ser ela.
Eu aceitei isso.
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Próximo capítulo? Fevereiro!