Tio Yashamaru escrita por LaviniaCrist


Capítulo 5
Passou


Notas iniciais do capítulo

Então... olá! kkkka.
Faz um tempo, né?
Este capítulo já estava escrito há um bom tempo, só esperando eu tomar vergonha na cara e postar. Eu deveria ter feito isso no dia 19? Deveria... Talvez no dia 21? Talvez...
Mas cá está ele: lindo, cheiroso e com drama.



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Os primeiros meses foram dolorosos.

Ocupei meus dias com os cuidados incessante às crianças, à casa, ao Rasa. Porém, percebi que não seria o suficiente para que Karura fosse esquecida. Não importava o que eu fizesse, ela estava lá o tempo todo. Nessa época, ver a imagem da minha irmã sorrindo em todos os lados fez com que eu mudasse a decoração incessantemente, os móveis, a rotina.

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Ao menos uma vez por semana, em uma manhã na qual Rasa não estivesse presente, Yashamaru repetia o mesmo processo de purificação: trocava absolutamente tudo o que conseguia de lugar. O cunhado achava aquilo um ato desnecessário e irritante, mas as crianças adoravam:

— Rápido, rápido! — a pequena Temari gritava de euforia, estava de pé no sofá, apoiada no encosto. Ao lado dela, Kankuro ria e soltava gritos com silabas sem significado, igualmente animado.

Yashamari estava movendo o sofá com os dois em cima, arrastando de um lado ao outro da sala. Quando terminava de colocar um móvel no lugar que queria e partia para o próximo, as duas crianças corriam e o escalavam, viam tudo como brincadeira.

— Seria mais rápido se vocês me ajudassem... — o mais velho disse um tanto descontente, mas fingindo um sorriso doce.

— Yashamaru é tão, tão forte... — a garotinha fez uma carinha irresistível, a que costumava usar com o pai quando queria algo.

— Forte! Forte! Jan! — Kankuro ergueu os braços.

O mais velho respirou fundo, tentou se manter calmo e sorriu:

— Vou mostrar como sou forte então! — ele disse, arrastando a poltrona com os dois em cima pela sala. As crianças riram e gritaram de novo, felizes.

Ao fim das arrumações, geralmente, todos ficavam estirados pelo chão da sala e rindo das infantilidades que fizeram.

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Quando viver para cuidar da minha família - a família que ela me deixou e pediu para que eu cuidasse - já não bastava para conseguir paz e recompensação, precisei buscar mais coisas para me ocupar. Aos poucos, voltei à minha antiga sala no centro médico de Suna, voltei para meus estudos, voltei a ser um Iryo-nin renomado... e, novamente, esqueci da minha família.

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— ... E é a união de todos estes fatores que me faz defender a construção de uma nova estufa e a ampliação da existente. Sei que já enfrentamos guerras piores do que as questões políticas conturbadas de hoje em dia, mas facilitaria o estudo de medicamentos novos, podemos salvar vidas!

E, ao fim do discurso, Yashamaru encarou os conselheiros. Eles eram mentes antigas demais para ver a prosperidade em estudos, preferiam lutas vencidas. Mas para sua surpresa, foi apoiado pela única que entendia realmente todo o potencial contido nas plantas:

— Já estava mais do que na hora de alguém se preocupar com a população de Suna ao invés das fronteiras... — a velha Chiyo comentou antes de uma risada — Tem meu apoio!

Os demais conselheiros começaram a murmurar sobre a decisão, até que Rasa se levantou e apoiou as mãos sobre a mesa.

— Será feito o que você quer, mas exijo condições para que você seja o supervisor desse setor.

— Supervisor? Eu? — o loiro piscou algumas vezes sem entender. Sua intenção era exclusivamente melhorar o acesso à medicamentos e facilitar seus serviços como Iryon-nin, não largar toda a sua carreira e se tornar um supervisor qualquer enterrado em papéis.

— Sim! Espero que não tenha mais perguntas sobre sua própria proposta, não tenho tempo para ficar debatendo coisas desse tipo. Preciso apenas que assine os papéis — o Kage respondeu da maneira mais fria que conseguiu, encarava o cunhado como se fosse ataca-lo a qualquer momento. Porém, ele apenas saiu da sala de reuniões do conselho e indicou para que Yashamaru o acompanhasse.

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Um ano já havia se passado quando eu finalmente permiti que todo aquele ressentimento e culpa fossem esquecidos, junto com a imagem minha irmã. Ela teve a história dela, uma história dramática com um final agridoce, uma história apenas dela. A minha estava para começar, depois de muitas fugas e voltas.

Nossas histórias compartilhavam, porém, o mesmo cenário e os mesmos atores, sendo um dos principais o Kazekage de Sunagakure, fechando vários desfechos com sua palavra final... ou suas suplicas.

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Quando os dois homens entraram no escritório de Kage e a porta foi fechada, era como se o universo inteiro estivesse trancado do lado de fora, longe dos dois. Rasa não tinha mais o aspecto ameaçador de antes, parecia nervoso, uma criança assustada.

— O que aconteceu? Por que me tratou daquele jeito? — o mais novo começou. Permitiu-se caminhar pela sala, se sentar na cadeira do Kage e encará-lo: era como se tivessem trocado os papéis.

— Querem tirar você de mim também... — o ruivo respondeu apoiando as costas na porta e encarando o teto da sala — Eles já tiraram a Karura, vão tirar você e depois os meus filhos...

— Admito que foi estranho ser apoiado por aquela velha senil, mas criar uma teoria da conspiração já não é um exagero? Rasa, está se sobrecarregando de novo?

— Não, droga! — ele passou as mãos pelo rosto — Yashamaru, eles querem tirar você de perto de mim! Não está vendo!?

— Rasa... — por mais surpreso que estivesse com aquela epifania do cunhado, Yashamaru só conseguiu se sentir feliz com aquelas colocações de palavras — Ninguém vai me tirar de você, nunca.

— Eles estão querendo que você volte para aquele fim de mundo! — a essa altura, o Kage já tinha escorregado até o chão e permaneceu lá: sentado, olhando para o nada e tentando esconder o rosto com as mãos.

— ... Rasa.

— Você não pode aceitar! Você vai ficar aqui, comigo e com os meus filhos! Dessa vez eu não vou deixar aqueles abutres estragarem tudo!

— Rasa! — o médico finalmente recebeu atenção — Respira fundo e solta; você está tendo uma crise.

— Yashamaru, você não entende a gravidade!

— Eu já disse que não vou a lugar nenhum! — o loiro sorriu e caminhou até o cunhado — Eu vou ficar aqui do seu lado, sempre... — ele sussurrou, se ajoelhando de frente a Rasa.

— Obrigado, Yashamaru... — o ruivo sussurrou, mas estava nervoso demais com tudo o que andava acontecendo. Não havia superado o assassinato da esposa, as crianças estavam praticamente sob a tutela do conselho e afastavam cada vez mais Yashamaru dele, com a desculpa de trabalhos e estudos mais importantes.

— Não precisa me agradecer — o mais novo sorriu, ousando a segurar os ombros do Kage e puxá-lo gentilmente para si: um abraço — Sempre vou ser fiel a você, não importa o que façam...

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Meus sobrinhos também teriam a história deles, compartilhadas entre si e entre Suna.

Demorou algum tempo, mas eu aceitei que seria um dos personagens principais na vida deles. Eu não ocuparia o lugar dela como sempre quis, mas estaria lá.

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Yashamaru estava sorrindo verdadeiramente, depois de muito tempo.

Aquela casa aconchegante com tons de terra era mais uma vez o seu lar, mas apenas dele, de Rasa e das crianças. Não havia mais o fantasma de Karura o atormentando em cada canto.

Ele estava na cozinha, preparando o jantar para a sua família. Gaara estava dormindo calmamente no quarto, Kankuro estava brincando com uma marionete e Temari estava o ajudando a arrumar a mesa.

—  O papai já está vindo? — a pequena perguntou depois de colocar o último prato sobre a mesa, com todo cuidado possível.

— Acho que sim — o tio respondeu tranquilamente, colocando alguns temperos na panela do ensopado.

— E... E a mamãe? Algum dia volta?

— Infelizmente não, princesinha... — o loiro a pegou no colo e a abraçou — Mas ela sempre vai estar por aqui para proteger vocês, quando eu ou o seu pai não conseguirmos.

— Promete? — ela o encarou com os grandes olhos verdes, com uma carinha tão irresistível...

— Prometo!

— De dedinho e tudo?

— De dedinho e tudo mais o que você quiser — ele sorriu.

Temari acabou sorrindo também.

Ela era apenas uma criança, mas era forte.

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Porque a história dela já havia terminado e a minha não era uma continuação.

Minha amada e doce irmã, a pessoa que eu mais invejei e admirei, havia passado e nada a traria de volta, nem mesmo meu desejo de ser ela.

Eu aceitei isso.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo? Fevereiro!



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