Tio Yashamaru escrita por LaviniaCrist


Capítulo 2
Meio




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O tempo passou, a guerra terminou e o terceiro Kazekage foi dado como desaparecido.

Não sabíamos ao certo o que poderia ter acontecido, mas nunca aceitamos a hipótese de que ele pudesse ter desertado Sunagakure, como Sasori fez. O que eu sempre tomei como verdade é que o desaparecimento dele foi culpa da mesma coisa que atacou Rasa e a enfrentaria naquela noite tumultuosa.

O Conselho resolveu que meu cunhado era a melhor escolha para o cargo de Kazekage e, por consequência do meu serviço como Iryo-nin, me tornei seu braço direito. Na época, apesar de novo, eu já tinha meu nome reconhecido e todos me aceitaram para o novo cargo.

Minha irmã, entretanto, apesar de não receber nenhum cargo novo ou coisa do tipo, parecia estar mais feliz do que nunca. Eu não fazia ideia do real motivo para aquela alegria, mas imaginava ser devido ao casamento e sua nova vida.

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— Então era verdade! Achei que Yashamaru estava brincando quanto aos cargos novos!

A voz melodiosa de Karura praticamente cantava as palavras com alegria.

Assim que ela viu Rasa chegando em casa com o manto de Kage, ela não se conteve e saiu correndo na direção dele. Quando ela pulou em cima dele e o abraçou, teve o carinho retribuído de uma forma calorosa.

— Não acha que sou competente ao novo cargo?

Ele segurou a jovem mulher pela cintura, a levantando e deixando os rostos na mesma altura. Aquele ato aparentava ter tanta facilidade para que fosse feito que, neste momento, Karura só conseguia imaginar o quão forte aquele homem era.

— Pelo contrário — ela sorriu — Só não imaginei que o Conselho iria terminar as buscas tão cedo.

— Coisas ruins acontecem para que coisas boas possam acontecer...

Por mais que a intensão desta pequena frase não fosse atormentar a garota com as lembranças sobre a guerra, foi exatamente isto o que aconteceu. Karura se abraçou ainda mais em Rasa e escondeu o rosto, como se aquele abraço fosse protege-la de todo o mal do mundo.

— ... Não quero justificar as guerras, mas eu enfrentaria todas as batalhas de novo se fosse para conhecer você.

— Eu prefiro um amor em meio a paz do que o medo em meio à guerra — os olhos azuis o encararam de forma tímida.

— Se eu te der tempos de paz, você me dá o seu amor?

Por mais que Rasa não conseguisse simplesmente esboçar seus sentimentos com a mesma facilidade que Karura conseguia, já era óbvio para os dois como se gostavam. Aquele momento apenas daria a confirmação de tudo para ambos.

— Meu amor já pertence a você! — A voz melodiosa foi acompanhada de risadas tímidas e abafadas.

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A primeira pessoa para quem ela se abriu e contou o motivo de tantos sorrisos foi para Rasa. Ele ficou com a mesma felicidade que ela, como se fosse algo contagioso.

Eu sentia pontadas se ciúmes me apunhalando pelas costas. Minha irmã contou para ele primeiro, apesar de eu já ter descoberto o motivo antes mesmo do que ela. Ele sorria de um jeito tão doce quando olhava para Karura, de um jeito que nunca sorriria para mim.

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— Irmã... Quer que eu prepare outra coisa?

Yashamaru encarou Karura. Os dois estavam no meio do almoço e até agora ela ainda não havia tocado na comida.

— Eu só estou ansiosa demais para comer — ela sorriu.

— É porque o Rasa volta hoje? — o irmão retomou sua refeição, estava com fome o bastante para não querer ter uma conversa agora.

— Não... Sim! — os olhos azuis desviaram para um ponto qualquer — B-Bem, eu estou ansiosa para dar uma notícia a ele, então de certo modo estou ansiosa para que ele chegue logo, ao mesmo tempo eu preciso pensar em como falar e...

— É sobre o bebê? — o rapaz sorriu tranquilamente.

Primeiro, Karura escondeu o rosto entre as mãos completamente corada; depois, pensou sobre o que falar e, por fim, soltou uma risada deliciosa e encarou o irmão.

— Não sou boa em esconder as coisas, não é?

— Nem um pouco — ele sorriu — E, de qualquer jeito, eu sou um Iryo-nin.

Enquanto Karura pensava em como se explicar para o irmão, a porta da casa foi aberta e Rasa entrou sem muitas cerimonias, apenas retirou o manto, o chapéu e os sapatos antes de finalmente notar que estava sendo observado por Yashamaru.

— Olá...?

— Eu já estou satisfeito, almocem os dois juntos! — o rapaz pegou algumas louças em cima da mesa e foi para a pia, sem coragem alguma de olhar nos olhos do cunhado.

Karura estava ainda pensando em um jeito de dar a notícia, tímida o bastante para nem ao menos conseguir encarar o marido sem ficar com o rosto completamente vermelho.

— Então seremos só nós dois... — o homem foi até a esposa, mexendo nos fios loiros com a maior delicadeza que conseguia.

— Três — Karura encarou o chão.

— É, esqueci de contar com Yashamaru...

— Nesse caso, qua-atro.

Levou alguns segundos até que Rasa conseguisse entender o que Karura estava falando. Quando finalmente percebeu que os “dois” agora teriam mais “um”, a felicidade tomou conta dele e, instintivamente, ele pegou a esposa no colo e começou a dar gargalhadas e praticamente rodopiar com ela nos braços.

— Eu vou ficar enjoada! — Sem conseguir conter as risadas, Karura tentou adverti-lo, mas adorava momentos como aquele.

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Mesmo uma parte de mim querendo ceder para todos aqueles ciúmes, a outra sentia-se completa e feliz pela minha irmã. Ela estava gravida do homem que amava, morávamos em um lugar seguro e próspero, eu iria ser tio!

Rasa cuidou de espalhar para todos aquela noticia maravilhosa, sempre com aquele sorriso que eu nunca conseguiria despertar nele como ela conseguia. Enquanto algumas pessoas ficaram felizes com o primeiro filho do Kage, outras tramavam algo que só posso classificar como desumana.

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— Se outra guerra acontecer... — começou um dos conselheiros, sendo cortado antes de profanar a paz atual.

— Se outra guerra acontecer, vamos lutar de novo. Não acho que será necessário resolver as coisas desse jeito agora, mas caso seja...

Antes de conseguir terminar suas explicações e seus planejamentos, Rasa foi interrompido por outro conselheiro. Eles sempre se revezavam para tirá-lo do sério.

— Caso seja, não temos o pó de ferro do terceiro Kazekage; não temos Sasori; muito mal temos você e alguns outros bons ninjas que sobraram da guerra.

— Acredito que nossos avanços médicos sejam o suficiente para formar alianças. Fizemos muitas descobertas em campos novos, acredito até mesmo que... — por mais boa vontade que Yashamaru tinha em suas palavras, ele abriu uma brecha para uma oportunidade aterradora:

— Até mesmo consigamos uma arma poderosa? Um portador para a nossa besta de uma calda? Precisamos de uma vida nova, ainda no princípio, mas que seja o pressagio de um gênio, como o filho do nosso Kage... — o conselheiro sorriu da forma mais asquerosa que poderia. Ao menos, era assim que Yashamaru e Rasa viam aquele sorriso.

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A verdade é que a prosperidade não passava de uma fachada para esconder o declínio econômico de Suna e o quanto estávamos sendo enterrados por um cenário de caos.

Viam uma alternativa arriscada e mirabolante como a nossa salvação e, por mais que eu tentasse colocar juízo na cabeça da minha irmã, ela já tinha tomado suas decisões.

Não sei que tipo de barbárie eles contaram para contaminar Karura daquele jeito, mas ela começou a ver que um ato arriscado como colocar uma besta dentro de um ser que nem ao menos nasceu ainda seria a solução para todos os problemas.

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— Já escolheram os nomes? — Yashamaru perguntou animado, ajudando a irmã com os últimos detalhes do quarto do bebê.

— Nomes? No plural? — Rasa tentou esconder a surpresa na voz.

— Claro que será mais de um nome, não sabemos se é uma menina, se é um menino... — o cunhado começou a explicar.

— Ou os dois... — Karura deu uma risada leve, passando a mão pela barriga.

— Realmente tem chances de serem dois? — a voz de Rasa era uma mistura de surpresa e animação.

— Quem sabe? — a mulher lançou um olhar cumplice para o irmão.

— Yashamaru...

— Lamento, mas antes de dever lealdade ao Kazekage, eu devo lealdade para a minha irmã — o médico deu uma risada, terminando de arrumar o berço — Se me permite, eu vou deixar os futuros papai e mamãe em paz e vou ir terminar uns relatórios...

Fingindo uma cordialidade exagerada, Yashamaru saiu do cômodo e deixou os dois à sós. Enquanto Rasa tentava pensar em como reorganizar o quarto da criança para caso fossem duas, Karura parecia estar um tanto mais séria agora.

— E se...

— Se colocarmos os berços no canto, acho que poderão dividir o quarto, o que você acha? — ele encarou a esposa.

— É uma ótima ideia, querido — ela sorriu, caminhando até ele — Mas, e se ao invés de dois bebês, fosse um bebê e um bijuu?

As feições do homem conseguiram mudar de uma alegria estonteante para uma seriedade compatível com a esposa. Cuidadosamente, ele levou a mão até a barriga e acariciou com o máximo de cuidado possível.

— Eu não posso te impedir de escolher isso, mas eu não acho uma boa ideia. É perigoso demais...

— Os riscos são baixos, o bebê vai ficar bem por causa do selo! — ela sorriu, tentando deixar o assunto com menos importância — É por Suna... Eu vou estar fazendo algo por Suna, finalmente!

Por mais que o coração de Rasa quase se partisse em ouvir Karura falar aquilo, em apenas imaginar viver em ela, ele jamais iria ir contra uma decisão que a fizesse feliz. Melhor do que ninguém ele sabia como o Conselho conseguia ser manipulador e em como a mente da esposa era delicada.

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Por sorte, meu sobrinho não era compatível com as insanidades que o Conselho pretendia. Por azar, Rasa estava sendo mais pressionado ainda pelos conselheiros.

Apesar de toda a fragilidade política a qual nos cercava, Rasa manteve-se fiel à minha irmã, manteve seu posto, manteve tudo em ordem e encontrou um meio de dar um lar próspero ao filho, mesmo que o Daymio não estivesse mais contratando os nossos ninjas.

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— Se ela não serve, arrume outra!

— Uma que sirva Sunagakure!

— Onde já se viu, a esposa de um Kazekage que além de forasteira ainda não faz o melhor por sua terra!

As ofensas que os conselheiros atribuíam à Karura eram mais baixos conforme os meses da gravidez passavam. Não seriam loucos de colocarem uma besta em alguém que não pode suportar, sendo assim, a outra opção era arrumar outra pessoa.

— Karura sempre fez o melhor que pode para esse lugar! A única coisa que vou arrumar é uma solução sensata para essa crise, coisa que vocês deveriam tentar fazer também! — Rasa tentava não se exaltar com tamanhas mentiras sem cabimento, mas era impossível ouvir tudo aquilo e simplesmente ignorar.

— E o que vai fazer? Transformar areia em ouro?

Por mais que a intensão daquele velho ranzinza fosse debochar das capacidades de seu Kage, ele acabou dando uma saída para tudo: a exploração de jazidas de ouro utilizando a areia metálica como fonte. Seria um serviço minerador rústico, mas já seria alguma coisa.

— Sim... Sim! Eu posso conseguir ouro com a areia!

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Mais uma vez, eu comecei a acreditar que Sunagakure realmente poderia ser aquele lugar maravilhoso que eu e minha irmã buscávamos antes.

Tudo estava mais tranquilo. Os conselheiros se aquietavam ao ver os lucros que a venda do pó de ouro dava; Rasa manteve-se no poder e conseguiu manter tudo sob controle; Karura estava feliz e radiante.

Quando o bebê finalmente nasceu, ele encontrou um lugar com paz, uma mãe apaixonada, um tio carinhoso e um pai orgulhoso.

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O Kazekage andava de um lado ao outro no corredor do hospital. Largou tanto os papéis de contrato quanto os conselheiros para esperar por notícias da esposa assim que soube que o trabalho de parto havia começado.

Já haviam se passado horas e mais horas na percepção dele quando, finalmente, um choro fino de quem acabava de conhecer o mundo começou a ecoar. Sem conseguir se controlar, Rasa invadiu a sala em que a esposa estava para conhecer seu filho.

— Rasa! — Karura exclamou surpresa, enquanto alguns médicos ainda cuidavam dela.

— Rasa, não pode entrar aqui! — Yashamaru encarou o cunhado com um olhar sério, enquanto enrolava o bebê em um pano branco.

— É o meu filho, claro que posso entrar aqui!

Por mais que ele reconhecesse todo o esforço da esposa naquele momento, sua prioridade era conhecer o filho. Rasa ignorou completamente tudo o que Karura e os médicos falavam, perseguindo o cunhado com a criança no colo até que teve sua vontade feita e o bebê foi entregue a ele primeiro. O pequenino parecia ter reconhecido as mãos protetoras do pai e se aquietou no colo.

— É parecido com você, amor... — por mais que a fala açucarada fosse direcionada para a esposa, ele nem ao menos tirou os olhos do bebê enquanto falava e caminhava na direção de Karura.

— É uma princesinha! — A voz melodiosa de Karura foi acompanhada de um olhar terno em direção à filha.

— Princesinha? É... É uma menina? — A fala surpresa foi acompanhada de um sorriso incomparável.

Ele jamais admitiria, mas seu desejo era ter uma primogênita. Sempre acreditou que as filhas são mais apegadas ao pai e os filhos mais apegados com a mãe e, como um exemplar “pai coruja”, iria cuidar da sua princesinha e mima-la ao máximo enquanto pudesse.

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Muitas vezes, Rasa e Karura ficavam abraçados ao bebê, falando como planejavam que a “princesinha” deveria ser quando mais velha. Eu me contentava em ficar observando eles, sentir a alegria que sentiam apenas por estar compartilhando o momento... e sentir pontadas de ciúmes por não estar no lugar da minha irmã.

Aqueles momentos aconchegantes em família, infelizmente, duraram um período curto. Rasa precisava garantir as riquezas daquele território, eu precisava retomar meu posto e Karura, novamente, começou a ser injuriada pelos conselheiros.

Mesmo sendo uma mãe carinhosa e atenciosa, eu conseguia reparar certa tristeza no olhar dela. Apesar de ser um pensamento manipulador, fizeram ela achar que não estava servindo Sunagakure como deveria.

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O choro fino de Temari ecoava pela casa de madrugada. Por vezes, ela acordava no meio da noite e Karura prontamente ia ver o que estava acontecendo.

Aquela madrugada, entretanto, o choro permaneceu por bem mais tempo que o normal, o que fez com que Rasa se levantasse e fosse ver se estava tudo bem com suas duas preciosas.

Andando da forma mais sorrateira possível, ele caminhou até o quarto da bebê e ficou observando a esposa. Ele notou que ela também estava chorando e parecia conversar algo com a filha que, talvez por não entender nada ou por apenas sentir fome, continuava chorando.

— Você me perdoa, filha? Por favor, perdoa a mamãe... E-Eu juro que... que eu fiz o que podia... A mamãe queria muito poder colocar o bijuu em você, mas o titio Yasha-amaru disse que seu corpinho não aguentaria o selo...

Sentindo um grande aperto no peito por ouvir a esposa se culpando por algo como aquilo, Rasa notou tamanho mal que o Conselho fez à mente de Karura.

— A mamãe vai tentar ser mais útil, tá? E-Eu... Eu prometo que vai ficar tudo bem, porque o papai vai cuidar de vo-ocê quando o seu irmãozinho vier... Você vai perdoar a mamãe um dia?

Sem conseguir aguentar ouvir mais uma palavra de culpa se quer, Rasa entrou no quarto e abraçou a esposa o mais forte que conseguia, sem machuca-la. Ele ficou assim um longo tempo, afagando os fios loiros e se controlando para ser forte e não começar a chorar junto com Karura.

Temari, que agora estava distraída observando os dois, parou de chorar e ficou encarando os pais abraçados até que pegou no sono novamente.

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Pelo bem da saúde mental da minha irmã, que em certo momento eu poderia jurar já estar totalmente entregue a uma melancolia, ela estava gravida novamente. Ela voltou a dar sorrisos alegres, Rasa estava compartilhando daquela felicidade e eu, mais uma vez, me vi dividido entre alegrias e ciúmes.

Eu me tornei ainda mais protetor com ela.

Minha doce irmã estava grávida e ainda tinha um bebê de colo em casa. As possibilidades de algo acontecer me faziam ficar mais tempo cuidando de Temari e de Karura do que servindo como um médico.

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— Karura, o que pensa que vai fazer com essa panela? — A voz de Yashamaru soava com repreensão, enquanto ele praticamente invadiu a cozinha com Temari nos braços.

— Preparar o jantar, irmãozinho — a fala melodiosa de Karura fez com que a bebê desse algumas risadinhas fofas, olhando para a mãe.

— Nem pensar, volte já para a cama e descanse!

Enquanto falava, o mais novo tirou a panela das mãos da irmã e deixou sobre a bancada, em seguida, a acompanhou até o quarto e certificou-se de que ela ficaria lá, relaxando, observando a pequena Temari brincar na cama.

— Assim eu vou ficar preguiçosa, sabia? — os olhos azuis alternavam em encarar o irmão e observar a bebê com um olhar terno.

— É a intensão, irmã! — o rapaz soltou uma risadinha enquanto saia do quarto.

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E então, mais uma vez, o bebê que ainda estava dentro da minha irmã não era compatível com a besta de uma calda. Enquanto eu e Rasa sentíamos alivio, Karura sentia-se inútil.

Me vi obrigado a pedir o afastamento do meu cargo para que eu pudesse cuidar dela e da minha sobrinha. Lembro-me até hoje do olhar de ódio que Rasa lançava para os conselheiros, enquanto discutíamos se essa era realmente uma medida necessária para tratar de uma “mãe mimada que não consegue fazer seus deveres devidamente”.

O olhar fixo e atravessado de Rasa foi o suficiente para que os conselheiros se mantivessem quietos e deixassem aquela ideia monstruosa esquecida.

Eu me empenhei ao máximo para deixar o clima na casa feliz.

Mais uma vez, minha irmã parecia estar revigorada e contente, minha sobrinha estava crescendo da melhor maneira possível e Rasa dava todo o carinho do mundo a elas quando estava em casa.

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— O jantar está...

A fala animada de Yashamaru foi interrompida por um “shhhh” de seu cunhado. Rasa estava sentado no sofá com um dos braços segurando a pequena Temari adormecida em seu colo e o outro abraçando Karura, que também dormia enquanto o abraçava.

— Que adorável! — ele sussurrou, se aproximando mais. Apesar de sentir ciúmes, até mesmo Yashamaru reconhecia o quão amável aquela cena era.

— Amor... — o sussurro de Rasa foi o suficiente para que Karura balbuciasse um resmungo sonolento — O jantar está pronto.

— Enjoada...

— Irmã, você precisa se alimentar direitinho — Yashamaru se abaixou de frente a ela, acariciando cuidadosamente a barriga de Karura.

— Só se for um pouquinho assim — a mulher mostrou um pequeno espaço entre os dedos, logo em seguida se abraçando ao marido novamente.

— E se forem Suna-dangos? — melhor que todos, Rasa sabia o amor que Karura tinha por doces. Enjoada ou não, doces eram doces e uma das poucas coisas que ela nunca recusava comer.

— Dois espetinhos com calda, por favor! — parecendo ter deixado toda a preguiça de fim do dia de lado, Karura deu uma risada meiga ao final da frase, enquanto já se levantava do sofá.

— Só depois que jantar! — tanto o marido quanto o irmão falaram juntos, fazendo com que a animação em ir comprar seus adorados doces fosse substituída por um “biquinho” fofo e mãos na cintura em forma de protesto.

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Com os dias passando, comecei a achar que quem estaria melancólico era eu. A briga dentro de mim entre a felicidade que eu sentia por todos e o ciúme que eu sentia por Rasa me deixava confuso ao ponto de eu chorar de aflição.

Aquilo perdurou até que meu sobrinho nasceu. Naquele dia, depois de muito tempo, eu finalmente dei um sorriso verdadeiro enquanto segurava ele no colo.

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— É um garotão! — Yashamaru ria, enquanto levantava o sobrinho e admirava-o.

— Será que os dois vão se dar bem no mesmo quarto ou é melhor separar? — Karura ninava Temari com o maior cuidado possível. Nunca havia ficado tanto tempo longe dela como nas últimas horas.

— São pequenos demais para isso, mas do jeito que o Rasa compra brinquedos para eles, vão ter que ser dois quartos...

— E quando ele volta, Yashamaru? Você tem alguma notícia dele?

O rapaz se sentou na cama, ainda com o sobrinho nos braços e parecendo pensativo. Ele havia mandado cartas para o cunhado avisando que o “momento” estava próximo, mas entendia que ele não poderia largar uma reunião importante com uma possível aliança por motivos pessoais.

— Ele deve chegar essa semana ainda, irmã — ele sorriu.

— Que bom... Eu quero que ele decida o nome do nosso filho, já que a Temari eu quem escolhi — Karura abraçou um pouco mais a bebê — Parece um nome de princesa, não é?

O irmão acenou positivamente, tentando não se sentir triste por nem ao menos poder dar sugestões de nomes. Do que importava quem escolhia o nome, afinal? Ele iria passar o máximo de tempo com os sobrinhos, isso era o mais importante.

Quando sua mente já estava quase tomando o equilíbrio emocional, a porta do quarto foi aberta de supetão, Rasa entrou enquanto jogava o manto e o chapéu pelo chão e caminhava em passos largos até a esposa.

— Desculpe a demora, querida... Como está a Temari? E o meu filho? É um menino dessa vez, não é?

Apesar de tantas perguntas, o homem mal dava tempo de Karura falar silabas enquanto a enchia de beijos e abraços apertados em uma tentativa de pedir desculpas por ter faltado em um momento tão importante como aquele.

— É um príncipe forte como o pai! — Yashamaru sorriu e entregou o bebê para Rasa e, sem mais uma palavra se quer, saiu do quarto apressado e se distanciou o máximo possível daquela situação.

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Quando aquele bem-estar momentâneo passou, voltei a sentir meu corpo querendo se partir em dois. Sentia-me constantemente sufocado naquela casa, sendo obrigado a manter meus sentimentos escondidos... meu coração foi se partindo pouco a pouco.

Me vi obrigado a voltar ao trabalho e passar mais tempo lá do que ajudando a minha irmã. Eu não conseguia mais me importar se ela estava triste, se as crianças estavam bem ou se Rasa estava esgotado, eu só conseguia me focar no trabalho para ignorar aquele turbilhão de sentimentos.

Só notei o quão apático eu tinha me tornado quando notei que uma das minhas pacientes seria Karura.

A que nível eu me deixei cair!?

A minha irmã, minha doce Karura, precisou marcar hora para conversar comigo, para que eu pudesse saber sobre os meus sobrinhos!

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— Irmã... podemos conversar em casa. Eu sei que ando ocupado agora, mas era só falar comigo e eu arrumaria tempo para você e...

Interrompendo a todas as explicações, Karura soltou uma risada deliciosa e encarou o irmão.

— Eu vim contar a novidade!

— Novidade?

— Dessa vez deu certo!

Enquanto Karura parecia estar em um mar de alegria, Yashamaru sentiu o chão abrindo sob seus pés e ele sendo enterrado abaixo de camadas e mais camadas de tristeza e desgosto por não conseguir impedir aquilo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
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