O roubo da Tiara de Julien escrita por Ru Damas


Capítulo 1
Parte 1/4


Notas iniciais do capítulo

Heeey! Então, essa é minha primeira experiência escrevendo algo sobre uma história que já existe, com personagens que não são meus. Eu assisti episódios, vi os filmes, tudo para não falar besteira. Então espero que gostem!
Ps.: Eu tô com gripe, então relevem possíveis erros, pq eu tô morta. Meus olhos doem na claridade do note.
Com muito carinho, Rubanne :*



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Tuesday - 06:00 pm.

 

A porta da frente do bar bateu, tanto pelo vento como pela força que o Capitão impôs ao empurrar a maçaneta. O telefone tocava de algum obscuro lugar conforme ele avançava a passos largos pelo lugar que gostava de chamar de “Esconderijo”. Jogou a jaqueta de couro sobre o balcão e olhou ao redor, percebendo Glória limpando uma das mesas no fundo e Alex com seus grandes fones de ouvido e batucando os dedos sobre os copos que deveria estar guardando.  

Enrugou o nariz, o bigode grosso se enrolando com o movimento e apoiou as mãos na cintura estreita. Havia poucas pessoas espalhadas pelo lugar, bebendo e conversando. Era final do expediente, logo aquilo ali estaria cheio. O cheiro de biscoitos que vinha do fundo chamou sua atenção. Empurrou as portas duplas e viu Melman limpando o balcão de preparos com uma esponjinha, as luvas de borracha indo até quase seus cotovelos magros. A mania de limpeza do homem era realmente alterada. No canto oposto estava um anão rosado usando avental cor de rosa e cheio de babados.

— Recruta!

O pequeno levantou a cabeça, os biscoitos pulando dentro de sua forma e quase caindo pelo chão. Os olhos do tom azul bebê se alargaram e tentou esconder a prova de seu crime atrás das costas.

— Ca-capitão! Voltou cedo.

— Eu vi o que está fazendo. Trate de levar alguns para a sala de reunião. — Olhou ao redor e franziu as sobrancelhas. — Onde estão os outros?

Recruta e o olhou com sobrancelhas arqueadas e apontou para a porta no fundo.

— Na sala de reunião, Capitão. Como sempre.

— Ótimo.

Ele passou pelo pequeno e roubou um biscoito para si, resmungando ao queimar os dedos. Assim que adentrou a sala, composta por uma mesa larga com seis cadeiras; uma mesa de escritório abarrotada de papeis e os vários monitores e teclados de seu parceiro gênio e amigo, bateu a mão sobre a barba curta para tirar os resquícios de biscoito. Uma mecha de seu cabelo caiu sobre a sobrancelha, o resto raspado tão rente em sua cabeça pelo corte militar.

Kowalski estava sentado de frente para uma tela, o verde fazendo seu rosto parecer doente, os números correndo diante de seus olhos castanho escuros. O cabelo liso no mesmo tom, sempre bem penteado, estava um pouco amassado do lado esquerdo, o que podia significar que havia cochilado sobre a mesa enquanto trabalhava.  

Se um dia ele chegasse ali e não o encontrasse na frente de suas telas poderia pensar que o amigo havia sido abduzido e ficado uma cópia mal feita.

— Kowalski, algum relatório?

O homem esguio virou os olhos do monitor, os longos dedos pálidos se cruzando sobre o estômago enquanto as costas relaxavam no encosto da cadeira.

— O último homem que prendemos foi julgado e está sendo preso neste instante. Ainda estou tentando seguir o rastro de Guttemberg, mas o homem parece ter sido sugado para dentro da terra.

 — Continue procurando. Em algum momento ele precisará levantar a cabeça para sugar um pouco de ar. — Franziu o cenho e sorriu. — Isso me fez pensar em uma tartaruga. Sabe? Tartaruga? Elas nadam até no fundo e depois precisam voltar a superfície para pegar um pouco mais de ar.

— Muito similar, senhor — Kowalski disse secamente.

Infelizmente, o homem não tinha o mesmo bom humor de seu chefe. Apertou os dedos contra a testa quando o telefone tornou a tocar em sua mesa e se dirigiu até lá resmungando.

— Porque, diabos, vocês não atendem o telefone?

— Ocupados.

O Capitão ergueu os olhos, os dedos pousando sobre o telefone, e viu a sombra silenciosa no canto oposto da sala. Nunca iria admitir, mas o mercenário lhe causava calafrios em alguns momentos mesmo o conhecendo há anos.

— Ficar parado como uma estátua não significa estar ocupado, Rico. — Atendeu o telefone antes que o outro dissesse algo e logo empurrou o fone do ouvido.

ROUBARAM! ROUBARAM E EU QUERO DE VOLTA!

— Acalme o rabo felpudo, Julien. Sobre o que você está gritando?

Roubaram minha tiara e eu quero saber porque vocês ainda não fizeram nada para recuperá-la!

— Porque você acabou de ligar! Ainda não somos videntes. — Cobriu o bocal e olhou para Kowalski. — Ou nós somos?

— Sinto informar, Capitão, mas ainda não.

Recruta entrou pela porta carregando uma travessa repleta de biscoitos, o sorriso doce deixando ainda mais rosadas suas bochechas.

— Estes são de chocolate. Glória me ensinou a receita e...

A porta da frente bateu com força, calando a todos dentro da sala. Passos furiosos vieram pela cozinha e então a porta da sala de reunião se abriu com uma pancada, revelando um Julien muito irritado com o telefone pendurado no ouvido. Os cabelos platinados estavam revoltados, a grande franja caindo sobre um dos olhos de mel.

— Vocês vão encontrar minha linda tiara de ouro! É para isso que eu pago vocês, agentes bocós!

As sobrancelhas grossas do Capitão se arquearam e os outros se entreolharam. Kowalski se levantou de sua cadeira em toda a sua altura esguia de um metro e noventa e cruzou os braços. A camisa branca saía na barra por debaixo de seu pulôver preto.

— Sinto dizer, mas você nunca nos pagou.

— Nem mesmo quando pedimos aquele montante de pizza e metade era sua. — Capitão apontou, batendo o telefone no gancho.

Julien bateu a mão sobre o peito e arfou de forma dramática.

— Que calúnia! Maurice! Traga sua bunda até aqui e insulte estes agentes atrevidos!

Ele olhou por cima do ombro e franziu o cenho ao perceber que estava sozinho. Onde estava o homem? Balançou a mão com descaso e apontou para Capitão com as mãos enfiadas nos bolsos da calça cargo preta.

— Somos amigos. Não se faz mais nada pela amizade?

— Escute, nós temos outros trabalhos mais importantes na frente para deixar de lado e ir procurar uma tiara de bijuteria. — Capitão encolheu os ombros.

E isso fez com que Julien bufasse de raiva e apontasse o dedo em seu peito.

— Bijuteria? Bijuteria? Eu paguei milhões por aquela lindíssima e fina tiara! Há diamantes incrustados nela! E roubaram debaixo do meu nariz!

— Pague e terá o serviço — Rico grunhiu de onde estava, a ponta de sua faca brilhando conforme ele jogava para cima e a pegava novamente.

Percebendo que o mercenário estava no canto da sala, Julien abriu um sorriso gatuno e se aproximou, passando os dedos pelo braço cheio de músculos retesados.

— Não podemos conversar melhor sobre a forma de pagamento?

Uma negra sobrancelha de Rico se ergueu com a sugestão descarada. O som de metal ecoou pela sala quando recruta bateu a travessa contra a mesa. Quando toda a atenção pousou sobre ele, arregalou os olhos e agarrou a frente de sua blusa, forçando sua língua a funcionar.

— N-não somos garotos de aluguel. Somos agentes. Buscamos ladrões e o prendemos. E para isso precisamos de dinheiro para nossos recursos.

O Capitão coçou a barba espessa e olhou para Julien com um sorriso.

— Sim. E também acredito que Maurice não ficaria feliz se usasse outro meio para nos contratar. Mas se acha que deve, eu estou...

O rapaz ergueu a não esguia e empinou o queixo.

— Oferta retirada, obrigado. Agora, sobre minha tiara.

O Capitão riu, sabendo que sua piada alfinetaria o lugar certo no homem nervoso. Kowalski voltou a se sentar e arregaçou as mangas, os dedos pairando sobre o teclado.

— Preciso que me diga tudo sobre ela. A última vez que a viu, onde a colocou, quem entra e sai de sua casa. Se há permissão para tocar em suas coisas além de você ou...

— Blá, blá, blá, quanta asneira! Apenas olhem as câmeras de segurança! Ela estava na minha cabeça e depois não estava mais!

Recruta projetou o lábio inferior para frente em um pequeno bico.

— Se estava em sua cabeça, como ela sumiu?

— Se eu soubesse não estaria aqui! — Julien exclamou, jogando os braços para cima e fazendo as diversas pulseiras coloridas tilintarem. — Por acaso eu tenho cara de estúpido?

— Prefiro não comentar. — Capitão apontou.

— Julien, por favor, poderia vir até aqui e ser um pouco útil? — Kowalski disse sem paciência.

Revirando os olhos, se aproximou da cadeira e se debruçou sobre o alto encosto, resmungando sobre o que o homem lhe perguntara segundos atrás. Capitão deu as costas para eles, passando pela porta e acenando sobre a cabeça.

— Mantenham tudo em ordem. Vou olhar a clientela.

A sala se tornou silenciosa de repente, apenas o suaves murmúrios de Julien e Kowalski conversando sobre possibilidades e os dedos ágeis sobre o teclado. Recruta pescou um biscoito e o analisou, franzindo as sobrancelhas ao perceber que ninguém pegara para provar.

Sua espinha endureceu antes mesmo de sentir sua presença. Soltou um baixo suspiro ao sentir a ponta do indicador subindo por sua coluna até a nuca para descer outra vez e pressionar bem o meio de seu quadril

Ele chiou, pulando como um gato assustado. Quando se virou, viu os olhos quase no tom violeta encapuzados na direção dele, a cicatriz dentada sobre a sobrancelha esquerda e pelo nariz que fora quebrado algumas vezes. Isso deveria assustá-lo, entretanto apenas o puxava como um ímã. Rico se abaixou suavemente, o que era completamente estranho já que o homem era uma massa gigante construída em músculos firmes e duros. Nada parecia suave nele. 

Paralisou quando sentiu o hálito quente roçar contra sua bochecha e ele murmurar contra seu ouvido.

— Seja mais discreto, Sweetie[1].

Recruta engoliu em seco e assentiu, porém Rico já havia saído em direção a porta, a faca girando entre os dedos grandes.

— E então? Isso aí é pra comer ou apenas ficar olhando?

Engoliu em seco, empurrando a travessa sobre a mesa na direção de Julien e caindo sentado sobre uma cadeira. Um dia ainda seriam flagrados se não tomassem o devido cuidado.

 

[1] Docinho.


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Notas finais do capítulo

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