O Herói da Profecia escrita por Zarana


Capítulo 15
Prisioneira




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  Os cavalos batiam seus cascos contra o chão com toda a força, enquanto puxavam a carroça pela estrada de terra, e o veículo, por sua vez, fazia um rangido insuportável. Arya já estava cansada de ouvir aquele mesmo barulho se repetindo nas últimas horas, e pelos seus cálculos, já havia se passado dois dias desde que fora capturada. Sentia seus pulsos doloridos, estavam amarrados e não tinha como movimentá-los direito. Além disso, estava morta de fome. Tinham parado apenas duas vezes no meio do caminho, por algumas poucas horas. E a única coisa que lhe deram para comer, foram algumas maçãs e um pedaço de pão.
    Ao seu lado, na carroça, um homem ia sentado, a vigiando. "Como se eu estivesse em condições de tentar fazer alguma coisa agora..." Ela pensou revirando os olhos. E de fato ela havia pensado na hipótese de tentar fugir pulando do transporte. Mas a ideia era completamente inviável. Se ela não se machucasse na queda, um dos capangas a alcançaria em menos de um minuto. "Alex, você vai conseguir me salvar dessa vez...?" Queria pensar positivamente, mas depois de tudo o que aconteceu, não achava que ele conseguiria fazer alguma coisa.
    Arya olhou para fora da carroça, na direção da estrada, e o que viu a deixou de queixo caído. Uma enorme construção, embora estivesse quase caindo aos pedaços. Parecia ser um castelo, mas tinha um ar sombrio. Ela escutou o condutor gritar:
— Chegamos!
    Em alguns minutos a carroça já estava parando em frente ao portão de entrada. Um dos homens - que agora Arya havia notado que eram apenas três - foi logo correndo para abrir o portão. O outro, chegou ao lado da carroça e ajudou a princesa a descer do veículo. Embora tivesse uma barba preta, não parecia ser tão velho quantos os outros dois.
    Eles começaram a se afastar do carro, mas Arya estava inconformada e não queria se deixar vencer assim.
— Meus pulsos estão doendo.
    Ela parou e reclamou, mas eles nem sequer prestaram atenção. Então ela continuou:
— Imagino o que Zoran faria quando descobrisse que a princesa está com hematomas horríveis no pulso - e ela continuou, provocando. - Tudo porque seus capangas não foram capazes de segurar uma garota...
— Já chega! Tudo bem.
    O homem de barba preta pegou o braço dela de um modo brusco, levantando uma faca com a outra mão. Mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, o outro bandido - que se chamava Hector - o segurou e disse, interrompendo:
— Espera! O que está fazendo?!
— Eu não quero confusão com Zoran! Você não lembra o que aconteceu com o último cara que tentou alguma coisa contra ele?
    Retrucou o homem de barba, enquanto fez um movimento rápido, cortando a corda que prendia as mãos dela com apenas um golpe e então guardou a faca. Enquanto isso, Hector olhava para ele. Parecia ser o pior entre os três. Tinha uma cicatriz no rosto, e seus olhos, agora voltados para ela, passaram a encarar cheios de raiva.
— Perdeu a cabeça? Você vai ter uma confusão com Zoran se a garota fugir!
    Hector começou a gritar com o cara de barba preta.
— E se alguma coisa acontecer com ela também!
— As ordens dele foram claras: trazer a...
— Eu sei qual foram as ordens!
    Os dois começaram a discutir bem na frente de Arya. Ela não podia acreditar em uma coisa dessas. "Mas será possível??" Ela olhou em volta. Não havia mais ninguém, apenas o bosque atrás deles. "E os dois estão tão compenetrados na discussão..." Parecia loucura, mas podia dar certo. Ela respirou fundo, e no instante seguinte... Disparou para o bosque o mais rápido que pôde, qualquer tentativa de fugir dali seria válida naquele momento. Ela escutou os dois gritando, mas não conseguia olhar para trás, só pensava em correr. Correr o mais rápido que pudesse. 
    Ela finalmente alcançou o bosque. Mas o cansaço começou a aparecer rápido. A falta de alimentação e de sono nos últimos dias haviam drenado quase toda sua energia. Mas não podia desistir. Não agora. Apesar de sua enorme vontade, não podia ultrapassar seus limites, e sua visão começou a ficar turva. No segundo seguinte, estava no chão. Havia tropeçado em uma raiz. Mal teve tempo de se virar, e viu o homem de pé à sua frente. Segurando uma espada na mão.
— Agora você me paga, sua...
— Hector!!
    O cara de barba preta repreendeu Hector, que embainhou a espada de muita má vontade, e respondeu furioso:
— Ela ia fugir!
— Já chega! Pode voltar ao seu posto.
— Mas e...
— Vá, Hector. Eu vou me certificar de que ela não fuja dessa vez.
    Ele pegou Arya pelo braço, ajudando-a a levantar, mas dessa vez não o soltou. E os dois foram caminhando para a fortaleza.
(...)
    Assim que passaram pelas portas de entrada, o desprezo que Arya tinha por aquele lugar apenas cresceu. Eram salas atrás de salas, mas as únicas coisas que ela via, eram paredes descascadas, rachaduras que iam do teto até o chão, e sem contar que tudo estava completamente coberto de poeira. 
    Os dois, começaram a descer uma escada. A única iluminação agora, eram umas pequenas velas ao decorrer da escada. Era preciso tomar cuidado para não tropeçar no escuro. Por fim, chegaram em algum lugar. Só de pensar onde estavam Arya se arrepiou. "A masmorra..." Não estava gostando nem um pouco daquilo. O homem a levou até uma das celas, e a trancou. Mas antes de sair, deu uma última olhada na direção dela.
— Você se machucou? Eu vou pedir para um médico vir te ver...
    Ele se virou para ir embora.
— Espera!
    Arya gritou, e ele parou de andar ainda de costas para ela.
— Por que está fazendo isso?
    Ele olhou por cima do ombro para responder:
— Nem todos aqui estão do lado de Zoran porque querem.
— Como assim?
— Muitos, assim como eu, são obrigados a cooperar, em troca da vida de suas famílias...
    O homem foi embora sem dizer mais nenhuma palavra.
    Arya olhou em volta. Não havia mais ninguém na masmorra. Estava completamente sozinha. A cela em que estava, assim como todas as outras, era imunda, e não tinha nem uma janela sequer. Tudo ali era iluminado por velas. Ela procurou alguma coisa que pudesse ajudá-la a sair dali, mas nada podia ser feito. A única coisa que tinha a fazer, era esperar. Até que Alex viesse resgatá-la. "SE ele vier...".
    Ela parou em pé no meio da cela, e foi quando percebeu. Havia um brilho na cela. Azul. Demorou alguns segundos até que por fim descobriu. O brilho vinha dela própria, ou mais precisamente, de seu colar. Nunca tinha notado que o pequeno cristal brilhava assim. Mas o mais estranho, era que o brilho parecia estar se intensificando a cada instante. E de súbito, ela começou a sentir algo estranho, uma sensação que percorreu todo o seu corpo. "Essa sensação..." Ela caminhou até a parede se escorando. "Já senti isso antes..." Ela tentava manter o foco em seus pensamentos, mas era quase impossível. "...Premonição...?" Sim. Era a mesma coisa que sentira naquele dia na floresta. Mas dessa vez, era muito mais forte. Sem condições para continuar de pé, ela deslizou as costas pela parede até que se sentou no chão. E logo em seguida, foi obrigada a fechar os olhos, por causa da luz extremamente ofuscante.
    Assim que fechou os olhos, teve sua visão. Ela viu sua própria cela, mas não conseguia distinguir nada muito bem. Um homem entrou trazendo algo em suas mãos. Não podia ver nem o seu rosto, nem o que trazia consigo. Então algo caiu no chão, mas ele não percebeu e saiu andando, até que se deu conta e retornou para procurar o objeto que havia caído. E após recolhê-lo do chão, foi embora, trancando a cela.

 

 

 

 

 


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