Você me fez a pessoa mais feliz escrita por Lady Heartfilia


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Acontece mais ou menos um ano após o casamento de Naruto e Hinata. Alguns detalhes podem não coincidir com o que Kishimoto já revelou sobre o casal, como quando a gravidez ocorreu, mas eu fiz o meu melhor para não fugir do que poderia ter acontecido.

Esse foi realmente um capítulo feito com um carinho inimaginável, e espero de coração que se abriram essa página, venham de corações abertos para a relação de Sakura e Karin, também. Porque, convenhamos, não há motivos para ódio entre fandons. Vamos todos amar nossas personagens favoritas ♥

Boa leitura, e espero que gostem.



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Faz um mês desde que Sasuke-kun foi embora da vila novamente. Eu realmente entendo seus motivos, mas não quer dizer que eu não me sinta só. Ainda mais vendo de perto o quanto Naruto e Hinata estão felizes com a recém-chegada de seu primeiro filho, Boruto, que tem seu nome em homenagem à Neji-san. É claro, não deixo de estar feliz por eles nem mesmo por um segundo, mas vê-los juntos é um tanto quanto doloroso, me fazendo imaginar como seria ter Sasuke-kun ao meu lado em tempo integral, sem que ele precise fazer viagens que, na minha opinião, demoram eternidades.

     E é mais doloroso a partir do momento que você descobre que está grávida.

     Descobri em uma manhã quando fiz os exames definitivos, já que me sentia enjoada com certos cheiros que não me faziam mal algum antes. Ino foi a primeira a saber, pois estava presente quando o primeiro vômito surgiu, ao sentir o perfume de uma das minhas flores preferidas em sua loja. E sua barriga de seis meses demonstrou que a tornava apta para perceber imediatamente o que era.

     Logo quando recebi o resultado dos exames, senti uma alegria que nunca imaginei ser possível antes. O sentimento e a sensação de ter o fruto do nosso mútuo amor era algo inexplicável, tanto que me debulhei em lágrimas de felicidade como jamais havia feito. O único porém de tudo isso, era que o pai estava à dias de distância sem nem cogitar essa possibilidade.

     Passei alguns dias pensando se poderia fazer alguma coisa que o fizesse saber. Não queria que, quando ele voltasse, visse que tínhamos tido um filho e ele não soube por ninguém. Mas também não quero que ele saiba que seremos pais por um simples bilhete que uma águia qualquer, ou que os cães do Kakashi-sensei entregassem. Realmente, não poderia de forma alguma fazer isso. Ainda não havia contado para ninguém sobre minha gravidez, exceto Ino. Foi aí que tive uma ideia, por mais louca que fosse.

     Estava na companhia de Ino quando Sai se despediu de nós, e deu um beijo na barriga da esposa. Ele estava indo a uma missão, e como um Anbu, qualquer erro significaria semanas de atraso, resultando em uma grávida aflita, e todos sabem que isso não seria bom.

     "Eu vou atrás dele."

     Disse apenas essa frase em um sussurro olhando para as costas de Sai indo embora, assim como as costas do Sasuke-kun. Ino me olhou confusa por um segundo, já que no momento estávamos olhando para o Anbu, mas quando me olhou e percebeu que meus olhos estavam sem foco, entendeu minha frase. Foi preciso mais alguns segundos para ela processar minha fala e depois gritar comigo.

     "Você está louca? Ele pode estar muito longe, e com certeza vai ser perigoso pra vocês!"

     Ela dizia coisas desse tipo. Mas mesmo sabendo que podia ser perigoso para o meu filho, tinha que fazer algo. Afinal, eu o protegeria a todo custo. Ouvi Ino suspirar e abaixar a cabeça.

     "Peça para que o Hokage faça algum Yamanaka te acompanhar. Será mais fácil se você tiver um ninja sensorial ao seu lado. Eu iria, mas com essa barriga não posso."

     Eu sorri, agradecendo-a, e também agradecendo mentalmente aos hormônios da Ino estarem mais sensibilizados por conta da gravidez. E então, me encaminhei ao escritório do Hokage. Era a primeira vez que iria atrás do Sasuke-kun depois da guerra. Quando cheguei à porta, fui preenchida pela adrenalina e insegurança. Mas não iria dar para trás.

       Ao ouvir um "Entre!", imediatamente o fiz. Encima da mesa haviam pilhas de papeis, provavelmente esperando pra serem aprovados e carimbados. O Rokudaime, no entanto, tinha uma aparência cansada.

     "Sakura? É raro lhe ver aqui sem aviso prévio."

     "Me desculpe. É que... Eu quero permissão para ir atrás do Sasuke-kun."

     Fechei meus olhos esperando reprovação vinda do Hokage, mas houve apenas silêncio. Abri meus olhos confusa.

     "É importante que vá?"

     Pensei durante alguns segundos pensando se diria ou não. Mas no fim, com um sorriso, cedi.

     "Eu... Estou grávida."

     Kakashi-sensei arregalou seus olhos e sorriu por baixo da máscara. Levantou-se de sua cadeira e me abraçou, como um segundo pai, me dando os parabéns. Sorri ainda mais com sua atitude.

     "Você sabe o quanto a viagem é perigosa. Ele não foi completar uma das nossas missões rotineiras."

     "Eu sei. Talvez seja por isso que quero que ele saiba. Ino disse que eu poderia ir com um ninja sensorial do clã Yamanaka, então não seria tão difícil achá-lo."

     "Não é tão fácil, Sakura. Sasuke sabe muito bem que pode ser seguido por algum inimigo. Ele com certeza está escondendo seus rastros." Abaixei meu olhar, pensando que poderia ser impossível encontrar alguém que não quer ser encontrado, mesmo que não saiba que quem quer achá-lo, sou eu. Mas como sempre, as palavras do sensei me trouxeram confiança. "Eu vou ver o que posso fazer. É algo importante, então vou fazer o mais rápido possível."

     "Obrigada, Kakashi-sensei!" Me curvei em reverência e dei as costas para deixar a sala, mas mais uma pergunta foi feita.

     "Sakura, quem mais sabe de sua gravidez? E de sua vontade de partir em viagem?"

     "Só o senhor e a Ino. Eu vou contar para todos quando souber se poderei ou não viajar. Acho que será mais fácil."

   "Entendo. Pode ir. Qualquer novidade, te chamarei imediatamente."

     "Sim, obrigada!"

    Saí da sala, e ao fechar a porta suspirei. Talvez eu estivesse sendo imprudente. Muito imprudente. Mas seria insuportável ver minha barriga crescer enquanto fico na espera que ninguém sabe o quanto vai durar.


                                  -x-



     Cinco dias se passaram nessa espera por uma resposta. Nesse meio tempo, não fui uma única vez no escritório do Hokage para saber se já tinha conseguido alguma coisa, afinal, sei que ele sempre faz o máximo que pode, e eu posso confiar que ele irá me chamar quando tiver uma resposta sólida.

     Meus pais já perceberam que eu ando estranha, assim como Naruto e Hinata, mas não perguntaram nada. Eles sabem que eu sempre procurei eles quando precisava e ainda vou fazer isso. Hinata, com sua preocupação gentil e cautelosa, é bem diferente de Naruto, que sempre me perguntava sem um pingo de delicadeza 'por que eu estou estranha'. Ino não tocou no assunto por enquanto, já que não queria se agoniar pelos cantos, preocupada comigo.

     Foi uma longa espera até que ouvi a campainha tocar.

   "Hokage-sama solicitou sua presença em seu escritório."

     Um ninja assistente que eu não conheço me disse essas poucas palavras, e meu estômago se encheu de borboletas. Agradeci e me preparei mentalmente, enquanto caminhava em passos nada uniformes.

     Bati na porta e chamei o sensei. Ao receber a permissão, entrei e fechei a porta. Parei em frente à mesa. Kakashi-sensei apoiava sua cabeça sobre suas mãos encima da mesa, e parecia relutante.

     "Sakura."

     Meu coração pulou uma batida e endireitei minha postura, tentando parecer confiante.

     "Você tem consciência que tem pouquíssimas chances de conseguir encontrar o Sasuke, pode ser atacada e morta por ninjas perigosos que querem vingança pelo que ele fez, e tudo isso ser uma perda de tempo?"

     As palavras dele me atingiram em cheio. Não é que eu nunca tivesse pensado nisso, pelo contrário, mas ouvir em alto e bom som do seu sensei que está te encarando sem nem piscar? Mas eu sabia o que eu queria, e não iria desistir.

     "Não vai ser uma perda de tempo, Kakashi-sensei. Se eu der para trás agora, me arrependerei pelo resto da minha vida. E se Sasuke-kun está por aí, eu vou encontrá-lo, não importa o quão difícil seja."

     Era certamente isso que eu devia dizer. Imediatamente me senti mais confiante que minhas ações eram as mais corretas a se fazerem e eu definitivamente iria encontrá-lo para dizer que seremos finalmente uma família.

    O Hokage continuou olhando para mim por alguns segundos e fechou seus olhos, suspirando.

     "Com isso você tem sua resposta?"

    Fiquei confusa com sua frase, mas uma presença se manifestou instantaneamente atrás de mim. Era Karin, parente de Naruto e ex-membro do Time Taka que Sasuke-kun formou há alguns anos.

     Não consegui formular uma frase decente, mas assim que Karin acenou positivamente sua cabeça, Kakashi-sensei continuou.

     "Dois dias atrás, Uzumaki Karin chegou em Konoha para me passar informações sobre Orochimaru. Mesmo com Yamato o vigiando, ele não é capaz de me passar informações tão íntimas como alguém do círculo de Orochimaru."

     "Não é que eu confie em Konoha." explicou "Mas desde que senti o chakra de Naruto pela primeira vez, e durante a guerra, soube que tinham boas intenções. Pelo menos alguns de vocês."

     Kakashi-sensei começou a falar novamente. Não sabia onde ele queria chegar.

     "Você sabe que eu não poderia te mandar para lugares perigosos sem ninguém de confiança. Pelo menos, não grávida. Alguém do clã Yamanaka seria a minha primeira opção, mas enquanto considerava todas as situações, Karin chegou em Konoha e eu lhe expliquei a situação. Ela, sem dúvidas é a shinobi mais habilidosa quanto à percepção e detecção de chakra. Além disso, passou tempo o bastante com Sasuke para acostumar-se e lembrar-se de seu chakra. Karin me explicou exatamente como tudo funciona, e imaginei que seria a companhia que precisava para poder encontrá-lo." Ele deu uma pausa. Eu ainda estava surpresa com a escolha do sensei. "No entanto, Sakura, se por algum motivo, quiser que outra pessoa te acompanhe, eu posso resolver."

     Seu olhar me transmitia tudo o que não dizia. Que ele sabia dos sentimentos de Karin pelo Sasuke, que era uma ação extremamente perigosa, e que não confiava totalmente nela, o que era típico dele. No entanto, ele estava mais do que certo. Karin era a shinobi mais habilidosa nesse quesito, e eu não podia esperar uma chance melhor, porque talvez, nem haveria.

    "Se possível, gostaria que Karin fosse comigo. É a melhor chance que eu tenho de encontrar Sasuke-kun, certo?"

     Não virei para trás para olhar Karin novamente. Ciente da minha decisão, queria poder fazer com que Kakashi-sensei visse o quanto eu precisava daquilo, e que a presença da Uzumaki, a qual nunca pude realmente conhecer, não poderia ser ruim a ponto de me fazer desistir.

     O Rokudaime trocou olhares com Karin, e respirou fundo.

     "Vocês partem depois de amanhã, ao nascer do sol. Você precisa de tempo para contar a todos, não precisa?"

     Podia ver seu sorriso por debaixo da máscara, o que me fez lançar-lhe um igualmente sincero. Após nos despedirmos com uma reverência, saímos as duas da sala do sensei. Havia apenas um caminho mais curto até a saída, o qual estava torturosamente silencioso. Eu não sabia se devia manter assim, ou comentar sobre a nova receita doce do meu restaurante preferido.

     ...Eu definitivamente deveria manter assim.

     "Sabia que o chakra pode mostrar como uma pessoa se sente no momento?" Karin me pegou de surpresa, sem se virar para trás. "Quando você o está usando, pode controlá-lo até certo ponto. Mas no dia-a-dia, é isso o que acontece. Como agora, seu chakra está irritantemente oscilante e pouco concentrado em se ventre. Se quiser falar algo, apenas fale.

     Por alguns segundos não tinha ideia do que ela queria dizer. Eu devia estar oscilante exatamente por não saber o que fazer naquele momento. No entanto, algumas palavras saíram de minha boca antes que eu notasse.

     "Você não está incomodada?" Ela não respondeu "Eu sei que você também o ama. O Sasuke-kun..."

     Karin finalmente parou, mas ainda não se virava para mim.

     "Incomodada por viajar com a esposa do homem que amo, que, por acaso, também carrega seu filho?" A frase parecia irônica, mas seu tom não era. Ela estava séria com isso, e eu enfim, podia ver seu rosto. Não sabia como descrever sua expressão "Eu devia. Talvez, até esteja um pouco. Mas... Eu acompanhei uma boa parte da escuridão do Sasuke. Tanto, que já não conseguia esquecer seu chakra, pois era constante e puro ódio. Ainda assim, meses após a guerra, ele apareceu no esconderijo do Orochimaru, e o que eu vi... A mudança no seu chakra foi drástica demais. Não era uma energia pura, como a do Naruto, mas definitivamente, não tinha maldade ou ódio. De repente, ele era só o Sasuke." Karin pausou por meros segundos antes de continuar "Desde então, eu apenas me perguntava o que tinha acontecido, e claro, fui sanar minha curiosidade. A forma simples como ele me respondeu, me fez perceber que ele não poderia ser feliz ao lado de toda a sujeira do Orochimaru, ainda que fôssemos parte do time Taka. Sasuke já tem um lugar para viver, e eu aceito isso. Amar, não é impor suas vontades em alguém, e eu apenas quero que ele possa ser feliz. E, ontem, descobri o que pode realmente ser a felicidade dele. Não posso ignorar isso."

     Eu não sabia o que dizer, novamente. Meus hormônios mais sensibilizados enchiam meus olhos de lágrimas, mas não as deixava cair. Não era um momento adequado para chorar.

     "M-mesmo que eu tenha dito isso, não se engane!" Virou-se para frente novamente, acertando seus óculos. Parecia envergonhada por ter exposto seus sentimentos desse jeito. "Não vamos dar as mãos e nos chamarmos de amigas. Já tenho uma boa ideia do quão irritante essa viagem pode ser, com uma chorona que têm seus hormônios à flor da pele."

     Eu ri da maneira como Karin caracterizou a 'missão', não pude me segurar. Também não pude me queixar de ter sido chamada de chorona, já que ela presenciou uma cena com muitas lágrimas no nosso primeiro encontro.

     "Do que está rindo?" Disse, irritada.

     "Não é nada. É só que..." Dei mais um sorriso antes de terminar a frase "Sasuke-kun costumava me chamar de irritante quando erámos mais novos. O que você disse apenas me trouxe algumas memórias."

     Ela bufou.

     "Vá logo pra casa. Vamos caminhar o dia inteiro, sem descansos, escutou bem?"

     "Certo."


                                  -x-



     Meus olhos vermelhos me acompanharam no início da viagem relativamente silenciosa, mas não ao ponto do desconfortável. Meus pais, Ino, Naruto, Hinata e Boruto - ainda dormindo tranquilamente no colo da mãe envolto por um manto amarelo e delicado - me fizeram muito feliz ao se despediram no portão da vila. Naruto, com seu jeito espalhafatoso, se mostrou alegre que Boruto logo terá companhia, e me disse para arrastar Sasuke-kun pra casa imediatamente. Não que fosse preciso arrastá-lo, não mais. O choro escandaloso de meu pai e o contido da minha mãe me fizeram derramar lágrimas novamente, que só pararam quando eu e Karin nos distanciamos da vila. Pude ver lágrimas nos olhos de Ino e Hinata também, mas não demonstraram tanto quanto eu, apesar da alegria e expectativas das duas quanto à reação de Sasuke-kun fossem óbvias até demais.

     Durante o momento de despedida, Karin se manteve distante, encostada no portão sul. Apesar de serem parentes, ela e Naruto nunca tentaram uma relação mais próxima. Entretanto, não impediu que ele a agradecesse pela companhia e ajuda, como um bom futuro Hokage, deixando implícito que não desconfiava da ruiva nem um pouco.

    Kakashi-sensei chegou no último segundo, pedindo desculpas por ter se atrasado por conta das tarefas como chefe da vila. Bom, pelo menos desculpa, acreditamos. Quis, novamente, rever o plano que Karin havia preparado noite passada após algumas perguntas para mim. Pensamos bastante, racionalmente, e bem, seria extremamente difícil rastrear Sasuke. Então, tentaríamos algo menos demorado e menos sutil, deixando o rastreamento como última opção.

     "Vamos simplesmente tornar isso público." Disse ao Hokage, e agora chamava a atenção de todos "Eu perguntei à Sakura se Sasuke era alguém que vinha frequentemente para a vila, mas a resposta foi não. Isso até torna as coisas mais fáceis. Revelar uma gravidez por carta é algo impensável, então não restariam motivos fortes o suficiente para que ele voltasse. Ele não cederia à um simples pedido dos amigos da vila. Mas, se boatos de que Sakura está o procurando em regiões relativamente distanciadas de Konoha, Sasuke vai querer checar já que não é algo que ele julgaria como comum sem que algo tivesse acontecido."

     "E como sabe que ele vai conseguir chegar até vocês?" Hinata fez questão de saber dos detalhes.

     "Porque ele é um bom investigador. Age nas sombras, mas é atento" Kakashi-sensei respondeu o mesmo que havia dito na noite anterior quando fomos reportar nosso plano.

     "Sasuke-kun é desconfiado, mas Karin-san vai pedir que Suigestu e Juugo sejam as fontes. Então quando descobrir, irá atrás deles e eu vou estar junto."

     "Ei... Isso quer dizer que..." Naruto ficou incomodado, mas apenas sorri.

     "Eu vou ficar no esconderijo que atualmente está por conta do Juugo."

     É claro. Ninguém gostou muito da ideia. Kakashi-sensei ainda parecia relutante, e os outros não hesitaram em demonstrar desagrado, mas com algum esforço, finalmente fui capaz de convencê-los. Era um momento importante pra mim. Tão importante que não poderia nem pensar em vivê-lo sem Sasuke-kun. Depois de nos casarmos, moramos juntos como marido e mulher por meses. Queríamos que o tempo pudesse ter sido prolongado, mas após a reunião com os kages sobre uma possível grande ameaça ao mundo ninja, fui forçada a entender. Afinal, Sasuke-kun é o único que consegue viajar entre as dimensões de Kaguya.

     Prometemos que após tudo isso, levaríamos à sério o pensamento de aumentarmos o clã Uchiha, mas quem diria que o mais novo membro viria tão cedo?

    Mesmo sabendo que os boatos sobre mim não se espalhariam tão rapidamente, as três semanas após chegar no esconderijo me deixaram angustiada e ansiosa. Karin - como ela disse que era para chamá-la dali para frente, já que honoríficos a incomodavam - cuidou dos exames que eu deveria fazer por conta da mudança extrema de ambiente, apenas para se certificar que meu filho estava bem, e Juugo, quando não estava fazendo o que pedimos, era extremamente atensioso e seu olhar exalava tranquilidade. Uma vez, ele me disse que ficava feliz ao ver Sasuke-kun formar uma família, e eu sorri. Mesmo na pior fase de sua vida, ele conseguiu encontrar mais pessoas que se importavam com ele. Suigetsu, no entanto, ora me fazia rir, ora me deixava constrangida com suas piadas intermináveis. Ele não foi alguém que passou muito tempo conosco, ou tentou uma aproximação maior, mas em nenhum momento disse que não ajudaria. A não ser que fosse em forma de piada para irritar Karin, é claro.

     Nunca conheci o Time Taka de verdade, e tinha certo receio por serem subordinados de Orochimaru, admito, mas o resultado dessas três semanas foram excelentes. Nenhuma hostilidade, ou sentimento de incômodo foram direcionados para mim. Como retribuição pela ajuda, fazia as refeições ao lado do cozinheiro Katsuo, pois logicamente, não poderia ajudar em nada que fosse relacionado aos planos de Orochimaru.

     Eu teimava em dizer para Karin que minha barriga já aparecia, mas todos diziam o contrário. A verdade, é que eu sentia minha barriga mais dura e não era muito visível para outras pessoas. Bem, me fazia feliz, mesmo assim.

     Depois de tanto tempo, em uma certa noite, quando já estava dormindo, fui acordada com um barulho alto da porta do quarto sendo aberta. Com os olhos ainda me acostumando com a claridade que o corredor fornecia, me sentei na cama, prestes a reclamar com quem fosse.

    Ali, então, minha boca parou do jeito que estava, encarando o homem com um pano marrom claro cobrindo todo o seu corpo e uma bandana azul escura prendendo seus cabelos.  Seus olhos negros estavam mais expressivos, e seu arfar sutil denunciava sua pressa.

     Meus lábios formaram um sorriso encarando o rosto sério e as sombracelhas levemente franzidas. Ele estava hesitante, o que não era comum.

     "Sakura..." Sua voz grossa preencheu o silêncio do cômodo. Era tão bom ouví-lo dizer meu nome depois de dois meses "É verdade?"

     Não consegui responder de imediato, não sabia sobre o que ele estava falando exatamente. Os boatos espalhados eram apenas de que eu o procurava. Me levantei da cama e ele se aproximou mais um passo quando ouvimos alguém se aproximando rapidamente. Segundos depois, Juugo apareceu na porta, evidenciando que havia corrido até aqui.

    "Me desculpe, Sakura-san. Eu e Katsuo estávamos conversando normalmente, mas... Sasuke escutou sobre vocês antes que pudéssemos perceber que estava ali. Me desculpe, era algo que você deveria contar..."

     Foi aí que entendi a hesitação e a pergunta do meu marido. Katsuo e Juugo deviam ter comentado sobre a minha gravidez justo no momento que Sasuke chegou para se informar sobre os rumores, e Karin devia estar do outro lado do esconderijo para conseguir me avisar.

     "Sakura, me diga." Ele pediu novamente, ignorando a presença de Juugo. Podia dizer que ele segurava um sorriso, internamente eufórico "Você está..."

     Realmente, eu queria que tivesse sido mais íntimo e que ele não tivesse descoberto por outras pessoas. Mas, bem... Eram apenas circunstâncias. Tudo o que importava agora era a minha confirmação.

     "Parabéns, Sasuke-kun" Sorri, como nunca sorri desde a minha descoberta junto à Ino. "Nós vamos ser pais."

    Sua boca entreaberta deixou escapar o ar que só percebi naquele momento que ele estava prendendo. Talvez nem mesmo Sasuke-kun tivesse percebido. Com poucos passos, se aproximou de mim olhando diretamente para minha barriga e apoiou-se com um joelho no chão. Os lábios curvaram-se e tremiam em um sorriso ainda pequeno, como se ainda estivesse absorvendo minhas palavras. Sua mão, antes coberta pelo manto, se levantou e segurou o meu quadril, ao mesmo tempo que senti sua testa encostar-se no tecido da minha blusa na região do meu ventre.

     Seu gesto me emocionou a ponto de nem saber quando foi que Juugo deixara o recinto, nos deixando a sós.

  Alguns minutos se passaram com um silêncio, sem nos movermos daquela posição extremamente confortável. O ar estava leve, assim como a respiração do Sasuke-kun, que começou a movimentar o polegar pelo tecido da minha blusa em forma de carinho.

  "O nosso filho."

  Eu reforçei minha frase anterior e ele complementou me olhando, com uma certeza e um sorriso que me pegaram desprevenida.

  "Ou filha."

    Eu acenei com a cabeça, sentindo meus olhos formarem lágrimas que nem ousei tentar segurar. Sasuke-kun se levantou, trazendo seu braço ao redor das minhas costas e colando seu rosto no meu, com sua boca bem perto do meu ouvido. Retribuí o abraço com amor.

     "Obrigado por me fazer o homem mais feliz nesse momento" Meus lábios tremeram com a declaração sussurrada em minha orelha "Eu prometo... Eu amarei e protegerei você e essa criança até o meu último dia de vida. Nunca, nunca deixarei que as trevas do clã Uchiha caiam sobre esse bebê... Eu juro." reforçou e eu apertei nosso abraço, como se dissesse que acreditava completamante em suas palavras.

     Quando senti uma leve umidade na minha orelha, e escorrer em torno dela, tive ainda mais certeza - se é que pudesse ser possível - de que era esse homem que eu queria amar por toda a minha vida e era com ele que eu deveria formar uma família.

     As coisas serão complicadas por conta de sua missão, no entanto não nos impedirá de viver esse nosso primeiro momento cuidando de uma vida que existia apenas por nossa causa.

     E eu não consegui dizer isso naquela hora, mas com aquela promessa que você nos fez, mesmo sendo alguém que, por enquanto, tem dificuldades em expressar um sentimento tão forte... Naquele momento...

     Você me fez a mulher mais feliz.


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Notas finais do capítulo

Críticas construtivas são mais que bem-vindas!

Espero realmente que tenham gostado e quaisquer ideias sobre escrita, forma de narração e etc, sintam-se à vontade para me dizer, já que tenho fanfics em andamento, mas apenas guardadas. Um dia postarei, com certeza, mas desde já, ideias serão muito bem aceitas.

Obrigada por terem chegado até aqui!