Harry Potter e a Princesa Ravenclaw escrita por V Giacobbo


Capítulo 3
Capítulo 2 - Destinos




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Capítulo 2 – Destinos

Nimphadora Tonks entrou pela porta da Toca com brutalidade. Varinhas foram erguidas e miraram-na.

- Ele sumiu! – exclamou ela antes que lhe perguntassem algo que apenas ela, a verdadeira Tonks, saberia responder.

Arthur Weasley e Remo Lupin trocaram olhares significativos. Molly arfou e levou as mãos ao peito. Rony apenas encarou a recém-chegada em choque.

- Harry? – perguntou o garoto como que para confirmar.

- Sim! Ele simplesmente aparatou. – respondeu a bruxa aproximando-se de Remo.

- Como assim, “simplesmente aparatou”? Ele não pode! – disse o lobisomem, retribuindo o olhar surpreso da bruxa.

- Acho que você devia ler a edição especial que o Profeta Diário enviou hoje de tarde. – disse Arthur, jogando para o amigo o jornal.

- “Chamado à nação”?! – perguntou Remo, lendo a manchete – “Todos os bons cidadãos estão convidados ao átrio ministerial para acompanhar, dia 24 deste mês, às 8hs da manhã, o anúncio da nova aliança entre o Ministério da Magia e Harry Potter, O-menino-que-sobreviveu.” Rufus só pode estar mentindo. Harry nunca se sujeitaria a algo assim!

- Ele praticamente jurou que não iria aceitar nada do ministro. – confirmou Rony.

- Harry não tem permissão para aparatar. – lembrou Molly, secando as mãos no avental e colocando-se ao lado do esposo.

- Não tinha. – sussurrou Remo, os olhos fixos no jornal, pouco depois.

- Como? – perguntou Tonks, pois não conseguira entendê-lo.

- Ele fez um acordo. – disse Remo, amassando o jornal.

- Não! – Rony se levantou de súbito, fazendo a cadeira cair para trás.

- Ele fez! – reforçou o lobisomem, encarando Rony com seriedade – Rufus não convocaria todo o país ao Ministério se não fosse verdade, ele presa demais sua imagem.

- O que faremos? – perguntou Tonks.

Remo suspirou e ergueu-se.

- Vamos para Little Whinging. – disse ele.

- Também vamos. – disseram todos os Weasleys presentes.

Arthur e Molly lançaram olhares irados para o filho, entretanto não puderam ralhar com ele pois Gina entrou no aposento.

- Vão aonde? – perguntou ela.

Todos trocaram olhares culposos.

- Ela tem que saber. – disse Rony.

- Não. – ralhou Molly, cruzando os braços – Você quer atrair as atenções para Gina. Nenhum dos dois vai e pronto.

- Gina deve ir. – afirmou Remo.

- Que? – perguntaram todos.

- Ir aonde? – questionou Gina, perdida.

- Harry sumiu. Nós vamos até Little Whinging verificar. – explicou Tonks – Eu vou chamar a Hermione.

- Então eu vou. – confirmou Gina, enquanto Tonks saía.

- Não! – exclamou Molly, irritada.

- Eu me responsabilizo por ela, Molly. – disse Remo.

- Por que faz tanta questão que minha filha vá conosco? – perguntou Arthur, sério.

- Porque se o Harry decidiu mesmo fugir, ela é a única que pode convencê-lo do contrário. – respondeu Remo.

=.=.=

Um estampido anunciou a aparatação de um garoto de cabelos negros e uma belíssima mulher. Eles saíram de trás das árvores e atravessaram a rua, apressados. O garoto guiou a mulher até a casa e ambos dirigiram-se ao quarto dele, no segundo andar, ignorando os gritos de um homem, que passou a segui-los desde o corredor do primeiro andar.

- Quem você pensa que é moleque? Você não pode trazer pessoas estranhas na minha casa! Quem é ela?!

A mulher virou-se para o homem e rosnou, mostrando os dentes afiados e os olhos vermelhos. O outro parou e a encarou com os olhos arregalados de choque.

- Eu não me alimento de trouxas, mas posso abrir uma exceção esta noite. – falou ela, lambendo os lábios.

- Volte para sua mulher e filho e estará a salvo. – disse o garoto parado ao lado da porta aberta.

O homem deu-lhes as costas e saiu o mais depressa que conseguia sem correr.

A mulher recolheu os dentes e seus olhos retornaram ao castanho natural. Ela seguiu o garoto para dentro do quarto e fechou a porta. Uma ave, que repousava em sua gaiola sobre o guarda-roupa, deu um pio esganiçado e se encolheu contra a grade.

- Você não se alimenta de sangue trouxa? – perguntou o garoto, ignorando a ave, parado no meio do quarto e encarando a vampira.

- Somente quando não encontro bruxos. Explico outra hora. – respondeu ela, passando por ele e parando à janela – Pegue logo o que precisa Potter. Temos companhia.

Harry correu para a janela e olhou pela rua vazia.

- Não tem ninguém. – disse ele.

- Apresse-se! – rosnou Andrea, agarrando-o pela camiseta e o empurrando para o guarda-roupa.

Ele engoliu em seco e abaixou-se ao lado da cama. Harry segurou sua mochila surrada e a revirou, verificando se tudo o que precisava realmente se encontrava dentro dela. A cada segundo que passava, Harry sentia seu corpo reagir mais à presença da vampira. Ele podia senti-la como uma predadora. Ocasionalmente ele lançava olhares furtivos para ela e a via com o corpo rígido, a respiração profunda e arfante, os lábios repuxados em uma expressão de fúria, a aparência vampírica permanente.

- Vamos. – ordenou Andrea, virando-se, assim que ele colocou a mochila sobre os ombros.

- Só mais uma coisa. – disse ele, sério, apontando para Edwiges, que ainda estava encolhida.

Andrea arreganhou a boca e seus dentes se alongaram ainda mais.

- Não! – exclamou Harry, alarmado.

A vampira rosnou e recolheu as presas sem, contudo, escondê-las.

- Que seja rápido. – murmurou ela, a voz perigosa, dando uma última olhada pela janela antes de se colocar ao lado da porta.

O garoto assentiu e estendeu os braços para a ave, que piou e planou até ele, aninhando-se o mais perto possível do corpo dele.

- Eu vou viajar e não sei quando volto. Até que eu retorne, fique com os Weasleys, eles vão cuidar de você. – disse ele para a coruja, caminhando até a janela.

Ele acariciou as penas da ave e a soltou. Edwiges voou pela janela e, ao contrario do que Harry esperava, planou até o outro lado da rua, desaparecendo pelas árvores.

- Para onde ela foi? – perguntou ele, curioso.

- Para a nossa companhia. – respondeu Andrea ao lado dele, apontando para um grupo de pessoas que saía de entre as árvores e olhava para a casa.

- Merda. – xingou Harry, cerrando os punhos.

- Vamos. – ordenou a vampira, virando-se e saindo do quarto.

Harry seguiu-a quase correndo. Ela esperou ao lado da porta quando ele se dirigiu à sala, onde os Dursley estavam sentados apertados no sofá.

- Eu nunca mais vou voltar. – informou ele, seco – Fiquem felizes pela sobrevivência de vocês.

- Você quer conversar com eles ou prefere aparatar daqui de dentro mesmo? – perguntou Andrea, apontando com a cabeça para a porta, quando ele se aproximou.

- Não gostaria, mas serei obrigado a conversar com eles. – respondeu ele – Vamos.

A vampira abriu a porta e Harry passou primeiro. Ele encarou o grupo, parado do outro lado da rua, com tanta seriedade que beirava a frieza.

Moody estava na ponta, apoiando parte de seu peso na bengala, o olho mágico girando acelerado em sua órbita e o olho humano fitando o garoto. Ao lado dele estavam Arthur e Molly Weasley de mãos dadas, ele com um sorriso bondoso e ela o mais maternal possível. Ao lado do casal, Rony, Gina, que possuía Edwiges pousada sobre o ombro, e Hermione sorriam para Harry. Tonks e Remo completavam a fileira, ela com a expressão dividida entre tensão e sua alegria comum e ele tenso.

Quando Andrea se colocou ao lado de Harry e pousou a mão em seu ombro, o outro grupo ficou tenso. Todos pararam de sorrir. Gina arregalou os olhos e engoliu em seco.

- Aonde estava indo, Potter? – perguntou Moody.

- Isto não lhe diz respeito. – respondeu o garoto educadamente, apesar da frase ser ríspida por si só.

- Quem é ela? – perguntou Gina, a voz fraca, apontando para Andrea.

A vampira deu um largo sorriso, as presas um pouco mais alongadas, e aproximou o rosto do ouvido de Harry.

- Ela é forte. Posso ouvir seu sangue batendo forte em suas veias, mais forte do que os outros e não é pelo seu coração acelerado. Ela é forte. – sussurrou ela, a voz provocante causando arrepios no garoto – Eu ficaria mais forte com o sangue dela.

Harry deu uma risada forte e fria. A vampira afastou-se dele e lançou à Gina um olhar homicida.

- Não. – murmurou Harry, extremamente sério.

Andrea deu um sorriso maroto e voltou para muito perto dele, obrigando-o a contornar sua cintura com o braço. O rosto de Gina perdeu quase toda a cor e seus olhos escureceram.

- Responda, quem é você? – perguntou Remo quase como um rosnado, encarando a vampira.

- Ela é minha companheira agora. – respondeu Harry, sentindo o corpo de Andrea tremer e ouvindo os seus dentes trincarem de raiva.

- Lobisomem. – sibilou ela com um fio de voz.

- Potter... – chamou Moody, o olho mágico fixo na vampira – venha conosco. Nós o manteremos seguro.

- Obrigado, mas eu não preciso de proteção. – disse Harry com um sorriso educado.

- Não diga besteira. – falou Tonks – Todos precisamos de proteção nos dias de hoje.

- É, Harry. – disse Hermione, dando um sorriso amigável, o braço em torno de Gina.

- Escute o que eles estão dizendo. – pediu Rony.

- Escutem vocês! – retrucou Harry, seco – Eu cansei de ficar preso nessa casa, de ser vigiado e caçado. Eu cansei dessa vida. – sua voz era baixa e sombria quando terminou.

- Harry querido, fique calmo. – pediu Molly, a voz materna – Vamos para A Toca, sim? Lá você não será vigiado, eu garanto. Você estará em família.

- Vocês não são minha família. – rebateu ele, frio – Meus pais estão mortos e meu padrinho também! Eu estou sozinho nesse mundo e agora vou fazer as coisas do meu jeito.

O grupo ficou momentaneamente em silêncio. Remo e Moody trocaram um olhar rápido cheio de significado. Os Weasleys, todos eles, não sabiam como reagir. Tonks parecia não compreender tudo o que acontecia, rebeldia era algo que ela nunca imaginara ver sob os olhos de Harry.

Hermione bufou, seus músculos resetaram e sua expressão era furiosa.

- Você precisa de nós! – exclamou ela – Você não vai conseguir sozinho!

Harry riu friamente.

- Eu sempre fiz tudo sozinho. – afirmou ele.

- Onde está sua antiga modéstia, Potter? – perguntou Moody, sério, o olho mágico agora fixo em Andrea – Cadê aquele papo de que sempre teve ajuda e sorte?

- Até certo ponto foi. – concordou Harry, os olhos fixos em Hermione e a voz arrogante – Mas, analisando criticamente, percebe-se que, na hora mais importante, na hora mais perigosa, eu estava sempre sozinho.

- Você não é assim. – disse Gina, a voz dolorida.

- Sim, Ginevra. Eu sou assim. E, por isto, agora mais do que nunca eu sei o que eu quero e como eu conseguirei isto. – ele deu um sorriso desdenhoso e frio ao completar – Para minha sorte, no meu caminho você não existe. Nem você nem nenhum deles. – ele acenou com a cabeça para os outros.

- Harry... eu te amo. – disse ela com a esperança de que o antigo Harry, o garoto que ela realmente amava, aparecesse no lugar daquele.

- Own... que fofo. – ironizou Andrea, em alto e bom som.

- Sua vadia! – berrou Gina, avançando violentamente, fazendo Edwiges piar assustada e levantar vôo e planar para as árvores.

Em apenas um segundo a reação da ruiva havia mudado. A tristeza e dor deram lugar à ira e violência. Ao notar a explosão da ruiva, e sabendo do quão poderosa ela era, Harry foi tomado pelo impulso de proteger Andrea. Ele não teve tempo de se lembrar que ela era uma vampira e não precisava da defesa dele. Ele simplesmente a puxou para atrás, colocando seu corpo em frente ao dela, e apontou a varinha para Gina.

A ruiva ficou estática. Nos olhos do garoto ela viu toda a preocupação dele, que antes ela vira destinada a ela própria, dirigida à belíssima mulher que o acompanhava. A ruiva balançou a cabeça, não acreditando no que via. O choque dela deu a oportunidade de Rony e Hermione a segurarem para impedi-la de avançar mais.

- Harry... não. – sussurrou ela, muito fraca.

- Acorde Ginavra, você não é, nem nunca foi, nada de importante para mim. As pessoas que foram importantes para mim estão mortas. – constatou Harry a voz séria e fria.

Rony e Hermione encararam Harry com raiva e revolta. Eles puxaram Gina, que começara a chorar silenciosamente, de volta ao grupo.

- O que aconteceu com você, Harry? – perguntou Tonks, chocada perante as atitudes do garoto.

- Acordei. – respondeu ele, dirigindo sua atenção à bruxa – Estou lutando contra as correntes que vocês usaram para me manter sob controle.

- Nós nunca te prendemos. – rebateu Remo, seco, os músculos rígidos e os olhos abandonando a vampira somente naquele instante – Nunca sequer pensamos em te manter sob controle.

- Ah é? – perguntou Harry, irritado – E as malditas férias que eu passei trancado nesta casa morando com esses trouxas imundos?! – ele apontou para a casa às suas costas.

- São seus tios! – exclamou Remo, perdendo a calma – É sua casa!

- Eu não tenho casa. – retrucou Harry, frio e sombrio.

Assim que ele terminou, o som de um trovão fez as janelas das casas tremerem. Uma cúpula, que ardia como as chamas de uma fênix, surgiu cobrindo toda a casa dos Dursley. Crateras surgiram no fogo e cresceram, dando a impressão de que a cúpula se dissolvia e, de fato, o fazia.

O acontecido chamou a atenção do grupo do outro lado da rua. Eles encararam a proteção da casa desaparecer, por instantes esquecidos da presença de Harry e da estranha mulher.

Quando a cúpula desapareceu por completo, eles abaixaram seus olhos e não viram nada além da frente vazia da casa.

A exclamação de Gina foi de dor, como se uma faca tivesse sido fincada em seu peito. Ela não suportou o próprio peso e Hermione foi obrigada a suportá-lo para impedir que a amiga caísse. As duas ficaram de joelhos, a ruiva chorando dolorosamente e a castanha a abraçando e a acalentando.

Edwiges voltou a planar até o grupo, pousando no chão.

- Não... isso não aconteceu. – murmurou Rony, perdido com tudo o que acontecera.

- Remo? – perguntou Tonks, estudando-o preocupada.

- Ele nos traiu. – rosnou o lobisomem.

- Traição é uma palavra forte. – advertiu Moody, o olho mágico novamente girando rápido.

- Ele não tinha nenhuma ligação conosco além da afetuosa. – disse Arthur – Não é possível trair sobre uma ligação como esta, apenas desapontar.

- Ele não traiu a vocês, mas sim a nós! – retrucou Rony, o rosto vermelho – A mim e a Hermione. Nós tínhamos algo além da amizade, era mais do que simplesmente isto. – ele virou-se e chutou uma pedrinha para longe, irritado.

- Ele não devia nada a vocês. – disse Hermione, ainda abraçando Gina, o tom seco – Vocês sempre o deixaram de fora. Não me admira que ele tenha se rebelado. O Harry é assim, sempre foi. Quando percebe que algo está errado, age contra isto.

Todos permaneceram calados por algum tempo. O único som era o de Gina chorando, que, aos poucos, também cessou.

- Gina, querida, vamos. – pediu Molly, tocando os ombros da filha com carinho.

A ruiva ergueu o rosto, revelando-o completamente molhado e os olhos cor-de-mel vermelhos e inchados. Ela fungou e aceitou a ajuda da mãe, recebendo o abraço da mesma em seguida. Hermione se levantou com a ajuda de Arthur e bateu a poeira da calça.

- O que você acha que devemos fazer, Remo? – perguntou Tonks, ainda preocupada com o estado do homem.

Remo permaneceu calado, apenas olhando para Gina, que se desvencilhou do abraço de Molly e limpou as lágrimas do rosto.

- Perdoe-me, Ginevra, pelo que te fiz passar esta noite. – pediu Remo, o tom sincero e com um quê de suplica.

Gina respirou fundo, de olhos fechados. Quando abriu os olhos, eles foram automaticamente dirigidos ao lobisomem e eram carregados de dor e determinação.

- Não se preocupe, professor. – garantiu ela – Se eu não tivesse visto com meus próprios olhos, nunca acreditaria.

- Mesmo assim... – reforçou Remo, claramente sofrendo pela garota – tudo o que... ele disse. Foi imperdoável.

- Não se preocupe. – repetiu ela, dando um pequeno sorriso amigável.

- Você está bem, Gina? – perguntou Rony, aproximando-se, preocupado e carinhoso.

A reação da ruiva foi inesperada. Ela desferiu um soco no estômago do irmão, jogando-o contra Hermione, que o abraçou por trás para impedir a queda de ambos.

- Gina! – exclamou Arthur, segurando a filha, que encarava o irmão com frieza.

- Imagine que a Hermione foi embora te dizendo um monte de coisas horríveis. Você estaria bem com isto?! – perguntou a ruiva, revoltada.

Rony e Hermione coraram violentamente. Ele recuperou o fôlego e se firmou sobre suas próprias pernas.

- Obrigado. – agradeceu ele quando Hermione o soltou.

- Vamos iniciar uma busca. – disse Moody, recolhendo o peso para as próprias pernas.

- E avisar o Ministro? – perguntou Tonks, fitando Remo que ainda encarava Gina.

- Deixa ele se ferrar. – respondeu Rony – Ele é um babaca.

- Weasley. – censurou Moody.

- Você também acha isto. – retrucou o ruivo.

Moody suspirou e deu de ombros.

- Vou reunir alguns membros da Ordem e começar as buscas. – informou o ex-auror.

- Harry não será achado. – ponderou Hermione, que mantinha a face estranhamente corada.

- Por que acha isto? – perguntou Tonks.

- Aquela mulher. – respondeu Rony e Hermione assentiu.

- Nós devemos, apenas, tentar. Não acham? – perguntou Moody, analisando os dois jovens com ambos os olhos.

Os dois trocaram olhares sérios e encolheram os ombros.

- Que seja. – disse Moody.

Ele se despediu e aparatou.

- Quer que eu te acompanhe até sua casa, Hermione? – perguntou Tonks.

- Não, obrigada. Eu... eu gostaria de ir até A Toca. – respondeu a garota, mais tímida e corada que o normal, fitando a matriarca Weasley.

- Claro, querida. Você é sempre bem vinda. – falou Molly com um sorriso e ar materno.

- Então, vamos Remo? – perguntou Tonks, segurando o braço dele.

- Gina... – começou ele.

- Eu já disse para não se preocupar, professor. – cortou-o Gina, educada e cansada.

Remo assentiu, finalmente convencido, e segurou a mão de Tonks, que mantinha-se firme em seu braço.

- Apenas gostaria de acrescentar: bons estudos! – o lobisomem deu um largo sorriso.

Os Weasleys o olharam com surpresa, exceto Rony, que esboçou um sorriso divertido.

- Foi você?! – perguntou Arthur antes que Remo aparatasse com Tonks.

O lobisomem apenas concordou, o sorriso aumentando.

- Você tem que esperar isto direito. Vamos para A Toca, eu cozinharei algo para comermos. – intimou Molly.

Rony segurou a mão de seu pai e Gina a de sua mãe. Todos olharam em volta, para constatar que nenhum trouxa os espiava.

- Esperem! – exclamou Hermione, percebendo Edwiges próxima à eles somente naquele instante – Edwiges?

A coruja piou.

- Venha garota. – Gina estendeu o braço, carinhosa, para a ave – Nós vamos cuidar de você.

Edwiges voou até o braço da ruiva e foi abraçada firmemente pela mesma.

- Vamos.

Com um estalo alto, eles aparataram.

=.=.=

Os Weasleys, Hermione, Tonks e Remo entraram n’A Toca, estranhando as luzes acessas. Rony e Gina caminharam até o pé da escada e ouviram atentamente.

- Fred está em casa. – disse Rony, virando-se para os outros.

- Este é o Jorge. – corrigiu-o Gina, voltando para a cozinha e se sentando na mesa.

- Ok... ambos estão em casa. – concertou Rony de mal grado.

- O jantar estará pronto em breve. – garantiu Molly, vestindo o avental, ao lado do fogão.

Os outros concordaram e tomaram seus lugares à mesa.

- Cadê o relógio? – perguntou Tonks, constatando que o relógio mágico dos Weasley não estava na parede.

- Devo ter deixado no meu quarto. – respondeu Molly, movendo panelas e ingredientes com a varinha – Pegue-o para mim, Gina?

- Daqui a pouco, mamãe. – respondeu a ruiva educadamente, encarando Remo – Então foi você o indicador anônimo?

- Eu tive ajuda. – respondeu o lobisomem, acenando para Rony com o queixo.

- Não precisa agradecer, irmãzinha. – disse o ruivo com um largo sorriso arrogante.

- Por favor, alguém pode me situar sobre o assunto? – pediu Hermione, completamente perdida.

- Eu recebi um convite da Academia Germânica de Quadribol. – explicou Gina.

Todos olharam para Hermione, aguardando alguma reação de entusiasmo ou, ao menos, compreensão.

- E? – perguntou a garota, ainda sem entender.

- A Academia é a melhor escola de magia da Alemanha. – explicou Remo, sorrindo.

- E, para conseguir uma vaga, é necessário ser indicado e aprovado por uma equipe de professores e jogadores de quadribol, que avaliam a condição física e esportiva do aluno no quadribol e habilidades especiais em magia. – completou Rony, o peito estufado pela satisfação de saber algo que a garota desconhecia.

- Então, você foi chamada para estudar quadribol?! – perguntou Hermione à Gina, dividida entre o descaso e choque.

- Sim e não. A Academia é uma escola de quadribol, mas não da forma como você está imaginando. – respondeu Gina, entusiasmada.

Os adultos trocaram olhares rápidos. Todos notaram a mudança de espírito da ruiva e, apesar de acharem aquilo uma coisa boa, estranhavam.

- A Academia é uma escola de magia cujo foco é o esporte, no caso, o quadribol. Porém, ela presa muito as outras matérias. Todos os alunos passam por avaliações mensais em cada matéria. Quem não atinge a nota necessária perde o direito de jogar nos times de quadribol. – explicou a ruiva.

- E tem até a avaliação do mês seguinte para atingir a nota. Se isso não acontecer, ele é expulso. – completou Rony.

- Wow! – exclamou Hermione, abismada – Que exigência. Parabéns Gina!

- Obrigada. – agradeceu a outra – Agora, eu vou responder ao convite. Aceitando-o. Vou enviar Edwiges, tudo bem?

- Claro, querida. Não se esqueça de trazer o relógio. – lembrou-a Molly.

Gina assentiu e subiu as escadas. Os outros aguardaram algum tempo antes de retomarem a conversa.

- Ela não queria aceitar. – falou Arthur à Hermione, encostando-se à cadeira.

- Por causa do Harry eu suponho. – disse a garota.

O clima ficou um pouco tenso e desconfortável. Arthur suspirou e assentiu. Molly limpou a garganta antes de falar:

- Muito obrigada Remo, por ter indicado a Gina para uma escola tão boa e... longe. – agradeceu Molly, apesar da voz ter falhado no final, ela era sincera.

- Por que está contente com a distância? – perguntou Hermione.

- Quanto mais longe meus filhos estiverem da Inglaterra, mais seguros estarão. – respondeu Arthur, encarando o filho.

- Eu não vou pai. – falou o ruivo com teimosia – Eu serei útil para a Ordem.

- Isto não está aberto à discussão. – retrucou Molly – Já está decidido.

- Para onde Rony vai? – perguntou Tonks.

- Egito. – responderam Arthur e Molly juntos.

- Para a Escola de Bruxaria de Seth? – perguntou Remo.

- Hey! – exclamou Rony, ofendido – Essa é a pior escola do Egito!

- Com suas notas eu não me sentiria surpresa. – disse Hermione, risonha.

- Para sua informação, - rosnou o ruivo, vermelho de raiva – eu fui chamado, e aceito, pela Escola Mágica de Rá.

Remo e Tonks engasgaram com o próprio ar, tamanho o espanto de ambos. Rony bufou e cruzou os braços, enterrando-se ainda mais na cadeira, emburrado.

- Vocês só podem estar brincando! – falou Tonks, descrente.

Arthur e Molly negaram energicamente com as cabeças, segurando os risos pela ira do filho.

- Mas... como? – perguntou Remo, atônito.

- Gui vai voltar para o Egito depois que se casar. Ele usou de toda a sua influencia e dos seus contatos para conseguir. – respondeu Arthur, o peito estufando de orgulho pelo filho mais velho.

- Foi uma surpresa o convite da Rá. – confessou Molly, alegre.

- Eu não vou. – sibilou Rony.

- Vai sim! – retrucou Hermione, para a surpresa de todos.

O ruivo a encarou, confuso.

- Mas... Mione...

- Eu não tenho a mínima ideia do que essa escola egípcia tem de tão importante e excelente, mas somente pela reação do Remo e da Tonks e pelo trabalho que o Gui teve... Poxa, Rony! Você não pode deixar seus estudos em segundo plano. – falou Hermione, indignada.

- Eu tinha outros planos. – defendeu-se Rony, ainda mais irritado – Nós tínhamos!

- O Harry foi embora sabe-se lá para onde. Ele nos abandonou e traiu nossa amizade e... ligação. Não há mais nada que te prenda aqui! – ralhou a garota.

- Tem você! – retrucou Rony, quase pondo-se de pé.

Os adultos estavam mudos desde o início da discussão e seus olhares oscilavam entre os dois jovens. Após a exclamação de Rony, Hermione ficou sem reação por algum tempo. Depois, ela corou, limpou a garganta e disse, em tom calmo e baixo:

- Meus pais querem ir para os Estados Unidos.

- Mas você não vai... vai? – perguntou Rony, pálido, a voz rouca.

- Assim como a Gina e, eu acredito, também você foram chamados por uma boa escola, eu recebi um convite irrecusável. – disse Hermione, cautelosa – E eu já pesquisei sobre o ensino mágico norte-americano e descobri o Instituto Mágico e Bélico do Extremo Norte, situado no Alaska. É um bom destino, sabe, se... se eu quiser, e eu quero, ser útil para a guerra. Eu serei bem preparada, bem... treinada.

- A guerra pode acabar antes que você se forme. – argumentou Rony, as mãos tremendo – Nós temos que ficar aqui!

Os adultos se encararam, tristes. Remo deu um suspiro longo e desanimado.

- A última vez foi horrivelmente longo e não estava tão ruim como agora. Nós tínhamos mais gente conosco. As ausências de Dumbledore, Sirius, Tiago e Lílian são mais do que óbvias e impossíveis de serem compensadas. – disse o lobisomem, sério e calmo – E hoje perdemos outra pessoa que não pode ser substituída.

Todos ficaram quietos por algum tempo. O único som era o de Molly cozinhando. Rony juntou as mãos e as enfiou de baixo da mesa, a expressão triste encarando a madeira. O olhar de Hermione oscilava entre o rosto sofrido de Remo e o de Rony.

- Essa guerra será longa. – sustentou Arthur – E vocês devem se preparar, se quiserem lutar, longe daqui.

- Arthur! – censurou Molly, virando-se com as mãos na cintura – Eles não vão lutar coisa nenhuma!

- Nós vamos sim! – retrucaram Rony e Hermione juntos.

- Chega! – exclamou Molly, seu tom deixou claro que quem tocasse no assunto novamente seria azarado.

Ela fez um movimento amplo com a varinha e a mesa foi arrumada. Com outros acenos consecutivos, o jantar foi posto.

- Jantar! – gritou a matriarca aos pés da escada.

Um baque retumbou de um dos andares acima e todos ficaram curiosos.

- O que será que aconteceu? – perguntou Tonks.

Antes que alguém pudesse responder, Fred e Jorge atropelaram-se escada abaixo. Eles encararam cada um dos presentes com visível espanto. Fred carregava o relógio debaixo do braço.

- Vocês voltaram há quanto tempo? – perguntou Jorge.

- Mais de meia-hora. – respondeu Arthur – Vocês não nos ouviram?

Os gêmeos ignoraram a pergunta e juntaram as cabeças para olhar o relógio.

- Qual o problema? – perguntou Molly, assustada.

- Voltou ao normal. – disse Fred, aliviado.

- Você devia ter olhado de cinco e cinco minutos! – brigou Jorge, irritado, dando um tapão na nuca do irmão.

- Ai! – exclamou Fred, colocando o relógio entre ele e o irmão alterado.

- Jorge! Fred! O que houve? – perguntou Arthur, impaciente.

- Seus ponteiros apontavam para “Risco de Morte” quando chegamos. – explicou Fred, colocando o objeto no lugar.

- Foi aquela mulher. – informou Remo, chamando a atenção dos gêmeos – Ela era uma vampira.

- O que aconteceu que nós não estamos sabendo? – perguntou Fred, sentando-se à mesa.

- Onde vocês encontraram uma vam... – Jorge se interrompeu, o olhar assustado desviando do relógio e estudando cada um dos presentes.

- O que foi? – perguntou Hermione.

- Cadê a Gina? – perguntou o gêmeo assustado.

- Aqui. – respondeu a caçula Weasley, surgindo pela escada.

Jorge retornou seu olhar para o relógio e engoliu em seco.

- Qual o problema? – perguntou Gina, aproximando-se do irmão.

- Este. – o gêmeo afastou-se do relógio, apontando para ele.

Os ponteiros de Gui, Carlinhos e Percy apontavam para “Trabalho” e os dos outros Weasleys presentes para “Casa”, exceto o de Gina, que mantinha-se fixo em “Risco de Morte”.

- Por que isto tá acontecendo? – perguntou Gina, assustada, virando-se para os pais.

- O feitiço deve estar com problemas. – respondeu Molly, a voz fraca – Vamos jantar.

Apesar da comida estar deliciosa, as atenções voltavam para o relógio mágico de tempos e tempos e nenhuma mudança ocorria. Quanto todos terminaram a refeição, Remo e Tonks se ergueram.

- Já está na hora de irmos. – disse a bruxa.

- Obrigado por tudo Remo. – agradeceu Arthur, erguendo-se e estendendo a mão para o amigo.

- Não foi nada Arthur. – o lobisomem apertou a mão do outro com um sorriso.

Tonks estendeu para Remo seu casaco surrado e deu um largo sorriso para todos.

- Você vem Hermione? – perguntou a bruxa.

- Ahm... – Hermione ficou momentaneamente em dúvida.

- Eu quero falar com você Mione. – disse Rony.

- Ah... ok. – respondeu a garota – Eu vou depois Tonks, obrigada.

- Certo então. – disse a outra – Boa noite!

- Boa noite! – responderam todos.

O casal saiu e Hermione e Rony se ergueram.

- Conversamos lá fora? – perguntou o ruivo.

- Sim. Assim eu já poderei aparatar direto. – respondeu a morena, pegando o sobretudo e o vestindo – Obrigada pelo jantar senhora Weasley.

- Venha nos visitar antes de ir embora. – pediu a matriarca, abraçando a garota.

- Farei o possível. Meus pais não sabem quando vamos embora, então fica difícil. Mas eu farei o que puder. – garantiu Hermione.

- Boa noite Hermione e lembranças aos teus pais. – desejou Arthur.

- Certamente. – a garota sorriu e voltou-se para Gina – Parabéns mais uma vez.

- Obrigada. – agradeceu a ruiva, dando um abraço forte na amiga.

Rony já estava ao lado da porta aberta, esperando. Hermione caminhou até ele e deu um último aceno para os outros Weasleys antes de sair. O ruivo fechou a porta e eles caminharam até o local de aparatação em silêncio.

- Você disse que havia recebido um convite irrecusável. – começou Rony, olhando para o céu, os braços cruzados nas costas – Mesmo se o Harry não tivesse nos traído você teria partido?

- É claro que não! – respondeu a garota, alarmada – Dumbledore deixou uma missão para nós.

- Para o Harry. – corrigiu-a Rony, a voz mais irritada ao pronunciar o nome do ex-amigo.

- Que seja. – Hermione acenou com a mão em descaso.

Eles ficaram em silêncio por um tempo e, quando seus olhares se encontraram, ambos os desviaram e coraram.

- Bem... para onde você acha que ele foi? – Hermioneermione ficaficabdis ficou confusa consigo mesma por não ter dito o nome do amigo.

- Não sei se quero saber. – respondeu Rony, descruzando os braços e enfiando as mãos nos bolsos.

A garota suspirou, percebendo que o antigo “Trio de Ouro” fora rompido brutalmente.

- Ele disse coisas horríveis para a Gina. Não imagino como será quando ele voltar. – confessou Hermione, temerosa.

- Se ele voltar. – corrigiu-a Rony.

- O que faremos sobre as horcruxes? – perguntou Hermione, subitamente preocupada.

- Não podemos fazer nada, não é mesmo? Nós vamos embora. – respondeu Rony, amargo.

- Mas você acha que devemos contar para alguém? Passar a tarefa para outra pessoa?

Rony encarou Hermione com tanta a seriedade que ela suspeitou que ele não fosse o mesmo Rony de segundos atrás.

- Você acha mesmo que nós podemos confiar isto para outra pessoa? Mesmo que seja alguém da Ordem? Você quer mesmo isto? – perguntou ele.

Hermione fitou os olhos azuis do ruivo enquanto pensava. Ela fechou os olhos e suspirou longamente.

- Não. – respondeu ela, sussurrando.

Rony concordou com um maneio da cabeça e dirigiu os olhos para as estrelas.

- Você vai me escrever? – perguntou ele, minutos depois.

Hermione chocou-se com o questionamento e encarou-o.

- Os Estados Unidos são muito longe do Egito. – ponderou ela.

Os ombros de Rony caíram e ele abaixou os olhos para chutar fracamente uma pedrinha. Hermione mordeu o lábio, sentida pelo amigo. Depois, esticou as mãos e enlaçou-o pelo pescoço, abraçando-o com força e carinho.

- Tenho pena das corujas que vão fazer essa viagem. – disse ela, rindo.

O ruivo soltou uma risada sonora e a abraçou pela cintura.

- Vai ser tão estranho... – disse ele.

- Eu sei.

- ... não ter você para copiar os deveres. – completou Rony.

- HEY! – berrou ela, irritada, pulando para longe dele.

O garoto deu outra risada forte, colocando as mãos sobre a barriga. Hermione estreitou os olhos, o sangue fervendo.

- Idiota! Retardado! – xingou ela, desferindo socos e tapas no ruivo.

- Ai, Mione! Foi só brincadeira. – falou ele, pulando para fora do alcance da garota.

Hermione bufou e bateu os pés, irritada.

- Eu vou embora e vou ficar pelo menos quatro anos fora e é assim que você se despede de mim?! – perguntou ela, injuriada.

- Hey, me desculpa. – pediu Rony, aproximando-se dela, o rosto manchado de súplica – Era brincadeira. Eu... é que eu não queria pensar... – ele olhou para os próprios pés – Vai ser horrível ficar tão longe. Eu só não queria pensar nisto agora, enquanto a gente ainda tá perto.

A raiva de Hermione desapareceu e ela suspirou.

- Certo. – ela assentiu – A gente vai conversar sempre. Uma coruja por semana, ok?

Rony a fitou com um largo sorriso.

- Mesmo que as corujas demorem um mês para chegar. – confirmou ele.

Hermione deu uma risada solta.

- Eu vou tentar voltar aqui, juro. – disse ela, ainda mantendo um largo sorriso.

- Se você não vier, eu vou até Londres. – falou ele, quase como uma ameaça.

- Vou contar com isto. – Hermione deu um beijo no rosto do ruivo e aparatou.

=.=.=

Duas pessoas se materializaram no meio da rua vazia com um estalo. No segundo seguinte havia um espaço vazio e as duas pessoas estavam ocultas pelas sombras do beco ao lado. O garoto soltou-se da mão gelada e forte da mulher e ajeitou as roupas, que foram amarrotadas por ela. A mulher deu uma risadinha pela expressão de susto dele.

- Acostume-se Potter. Enquanto eu não nos locomover, será assim. Nós não podemos correr o risco de sermos vistos aparatando no meio da rua por um trouxa desavisado. – disse a mulher.

Harry Potter apenas murmurou sons sem sentido, até mesmo para a vampira. Ele abriu a mochila e puxou para fora uma blusa, que vestiu em seguida.

- Onde estamos? – perguntou Andrea de repente, o corpo paralisado.

O garoto olhou para ela, intrigado.

- O mais longe para o leste que eu posso nos levar. Berlim, Alemanha. – respondeu ele, esfregando os braços para aquecer-se.

A vampira fechou os olhos e respirou fundo com prazer. Ela conseguiu captar os cheiros das florestas e lagos que rodeavam a capital alemã, sentir a umidade do ar e a temperatura fresca.

- Alemanha. – sussurrou ela quase com devoção.

- Cidade fria! Em Londres não está assim. – reclamou Harry, jogando a mochila nas costas novamente.

A vampira abriu os olhos e sorriu para ele, assustando-o pela sua aparência vampírica. Ela deu outra risadinha e tocou o rosto dele com carinho.

- Coração Potter, coração. – lembrou-o ela, a voz doce.

Harry deu um sorriso largo para a mulher.

- Não quer meu coração acelerado? Não me dê sustos. – disse ele.

Andrea deu um tapinha no rosto dele e se afastou, sorridente. Ela abriu os braços, ergueu a cabeça com os olhos fechados e respirou profundamente.

Harry observou-a, curioso.

- O que está acontecendo com você? – perguntou ele.

- Estou readquirindo minha força natural. – respondeu a vampira, voltando-se para ele com aparência humana.

- Readquirindo sua força natural? – o garoto a olhou com curiosidade.

- Explico quando chegarmos à Rússia. – ela segurou o braço dele com delicadeza – Aparate-nos.

Harry negou com a cabeça e suspirou cansado.

- Preciso de alguns minutos. Aparatar tão longe sozinho já requer muita concentração, acompanhado é muito pior. Eu não sabia disso. – explicou ele.

Andrea concordou com a cabeça, complacente. Ela caminhou até a entrada do beco e olhou a rua vazia.

- Vamos caminhar até uma pequena praça que existe ali. – ela apontou rua acima e ele concordou.

Eles andaram devagar e silenciosos.

Alguns quarteirões depois, uma pracinha surgiu no meio da rua, obrigando-a a dividir-se e girar em torno dela. A grama era cortada pela calçada de pedras claras, que formava um X, e havia vários bancos de pedra ao longo dos caminhos.

Andrea os conduziu até o centro do lugar, onde existia um pequeno chafariz redondo com quase dois metros de diâmetro. Eles se sentaram sobre a borda do chafariz. Harry passou a respirar profundamente e com compassos uniformes.

- Potter... – a vampira chamou a atenção dele e completou, séria – quando você não se importar mais, eu voltarei à Inglaterra apenas para encontrar aquela garota. Com o sangue dela eu conseguirei alcançar quase toda a minha força natural, mesmo estando nas Ilhas Britânicas.

Eles se encararam por alguns minutos, mudos.

- Quando eu não me importar mais, você poderá agir como bem entender. Porém, até lá, deve manter meus amigos em paz. – falou ele, igualmente sério.

Andrea soltou uma risada estridente e fria.

- Amigos?! – questionou ela, retomando a risada antes de completar – Depois do que você fez e, principalmente, disse, não me admirarei se eles agirem como se você os tivesse traído.

- Mesmo que eles me pintem como traidor, eu não o sou. Eu irei atrás dos traidores e os aniquilarei tão logo estiver preparado. – sentenciou ele, a voz firme.

A vampira concordou com a cabeça e dirigiu o olhar para o chafariz.

- Então você não se alimenta de sangue trouxa? – perguntou Harry, atento à expressão da mulher.

Ela negou com a cabeça.

- Por quê?

- Você nunca se perguntou por que os sangues puros são raros hoje em dia? – perguntou a vampira.

- Houve muita mistura. O sangue diluiu com o dos trouxas. – respondeu ele, sem entender – Isto não responde à minha pergunta.

- Há uma contradição na sua resposta. – afirmou Andrea, voltando-se para Harry – Os sangues puros se acham mais poderosos e importantes, e a grande maioria não gosta dos nascidos trouxas, vulgo sangues-ruins, correto? – ela esperou que ele concordasse com a cabeça – Então, é estranho dizer que os sangues puros são raros, pois eles se relacionaram com trouxas ou nascidos trouxas e seus filhos se tornaram mestiços. Não acha?

Os olhos de Harry se arregalaram.

- Eu nunca tinha pensado nisto. – confessou ele.

- Os sangues puros estão certos. De fato, eles são mais poderosos que os mestiços, nascidos trouxas e, principalmente, os trouxas. – explicou a vampira – A magia dos bruxos está ligada ao sangue e, consequentemente, sua força natural também.

- O que é essa força natural? – perguntou Harry.

- Para os trouxas, suas vidas; para os bruxos, o mesmo e seus poderes; e para vampiros, como eu, tudo o que nos torna vampiros, exceto, é claro, o desejo por sangue. – respondeu ela.

- Tudo o que os torna vampiros?

- Velocidade, força física e mental, auto-controle e outras características da minha espécie. – respondeu Andrea, revirando os olhos pela resposta óbvia.

- Ah. – exclamou Harry, compreendendo – Então você se alimenta de sangue bruxo, por que ele te deixa mais forte.

- Exato. – confirmou ela – Os mais procurados, não só por mim, mas por todos os vampiros que descobriram isto, são os sangues puros. Eles são realmente melhores, em todos os sentidos.

A expressão de Harry foi de confusão.

- O cheiro, o sabor, o próprio prazer em adquiri-lo e, claro, sua força natural. – a voz dela foi mesclada de irritação.

O garoto confirmou com a cabeça e a vampira voltou sua atenção para o chafariz.

- Por que você é mais fraca na Inglaterra? – perguntou ele, assimilando o detalhe somente naquele instante.

A suavidade na expressão da vampira foi transfigurada em uma máscara vazia de emoções. Harry conseguiu se levantar e afastar-se alguns passos antes que Andrea o segurasse pela gola do sobretudo. O olhar dela era tão frio quanto sua pele.

- Eu não... – começou ele, assustado.

- Quieto! – ordenou ela, jogando-o contra o chão.

Harry fechou os olhos e soltou um gemido de dor quando todo o seu corpo bateu com força nas pedras. Os dedos de Andrea pressionavam-no contra o chão com uma força crescente.

- Há pessoas, Potter, piores que seu mais perverso inimigo. – sibilou a vampira, a voz perigosa e homicida.

Harry concordou com a cabeça, os olhos abertos fitando os vermelhos dela.

- Desculpe. – pediu ele.

No segundo seguinte ele estava em pleno ar, voando na direção de uma construção de concreto. Ele bateu contra a parede com a frente do corpo, ferindo o lado esquerdo do rosto. Antes mesmo que ele pudesse gritar de dor, o corpo de Andrea o pressionou contra a parede, a mão esquerda segurando os cabelos negros com violência.

Harry soltou um grito de dor, sentindo seu corpo ser forçado cada vez mais contra o concreto, o rosto latejar e os cabelos sendo puxados.

- Pateticamente fraco e facilmente rebaixado ao nada. – rosnou ela no ouvido dele, a voz bruta – Você será um desperdício de tempo até quando? A partir de que momento você se tornará o homem que eu desejo ao meu lado?

O garoto engoliu em seco e isto lhe causou mais dor, fazendo-o gemer. Ele respirou com dificuldade enquanto formulava sua resposta:

- Isso é um jogo, esqueceu? – perguntou ele, insolente – Tal como na guerra, devo conhecer meus adversários. – ele gemeu novamente pela dor em seu rosto – Você já me conhece e, querendo ou não, eu vou te conhecer também.

A pressão da vampira aliviou e Harry conseguiu respirar mais facilmente. Novamente, com movimentos mais rápidos dos quais ele conseguia ver, a vampira o virou e o encostou contra a parede, mantendo a face a poucos centímetros da dele.

Ele não se espantou ao ver a aparência vampírica de Andrea tão acentuada, não com seu sangue escorrendo abundantemente pelos cortes no lado esquerdo da face. Também não foi surpresa para ele vê-la avançar e recolher o sangue com a língua fria e úmida. Harry sentiu as feridas arderem como se fossem banhadas com álcool ou ácido. Os músculos da face dele se contraíram e ele apertou os dentes para não gritar.

Andrea afastou-se pouco depois, os lábios repuxados em um sorriso e toda a sua expressão gentil.

- Você cumpriu sua promessa, ganhando novamente. – sussurrou ela, a voz sedutora.

Harry deu um sorriso levemente deformado pela dor que ainda o habitava. A vampira o soltou por completo. Ele firmou-se sobre as pernas e respirou fundo, os olhos fechados. Apesar de tê-lo soltado, Andrea mantinha o corpo próximo ao dele, tornando possível para ambos sentir a temperatura tão contrastante do corpo do outro.

- Está pronto? – perguntou ela, como se nada tivesse acontecido.

Ele ergueu a mão e tocou o lado ferido do rosto. Estava úmido e frio, devido à saliva da vampira. Apesar disso, ele não sentiu nem sangue nem a ferida aberta, distinguiu apenas a fina linha de uma cicatriz.

- Potter? – chamou Andrea, divertida.

Harry abaixou a mão e respirou fundo.

- Estou.

Ele segurou com força o braço da vampira e um estalo anunciou a partida deles.

=.=.=

Uma aparatação absolutamente silenciosa trouxe três seres vestidos com mantos negros à ladeira coberta de árvores. O mais alto começou a caminhar na direção de algo que os outros não conseguiam visualizar. Depois de alguns metros, uma casa velha e suja se projetou nas sombras.

- Você deve estar se perguntando, Snape, por que eu te trouxe para a casa dos meus antepassados. – falou Lorde Voldemort, caminhando na direção da velha casa.

Severo Snape apenas concordou. Draco Malfoy manteve-se quieto, o olhar oscilando entre o casebre e o dono do mesmo.

- Ao contrario do que Dumbledore pensava, eu não desdenho meu passado, independente do local ou da ocasião que me levou ao mesmo. Tudo o que aconteceu me conduziu ao hoje. Tudo foi importante. – explicou Voldemort, sombrio.

Eles entraram no casebre. O ar estava pesado e cheirava a poeira e mofo. Voldemort fez um movimento rápido com a varinha e o cômodo foi instantaneamente iluminado por velas e limpo. Apesar disto, o lugar ainda era velho e corroído, a estrutura e os móveis deixavam isto mais do que óbvio.

- Sentem-se. – com outro aceno da varinha, os sofás foram restaurados e uma mesinha baixa surgiu entre eles.

Snape e Draco esperaram que Voldemort se sentasse na poltrona, por pura educação, sentando-se em seguida.

- Diga-me, Snape, o que não me contou sobre sua missão. – ordenou o Lorde, pousando os braços sobre os da poltrona, a varinha presa frouxamente entre seus dedos longos.

Os olhos de Draco fitaram a varinha comprida do bruxo e ele engoliu em seco. Snape ignorou a reação do garoto e respondeu, sério:

- Descobri sobre a existência do Caçador por intermédio do próprio Dumbledore. Ele estudava a possibilidade de conseguir uma aliança com o Caçador. Contudo, ele conhecia o suficiente do Caçador para compreender que seria uma tarefa difícil, pois o Caçador é uma pessoa reclusa em seu próprio mundo e desejos, fiel apenas a si mesmo e ao seu poder.

- E o que faz você pensar que essa pessoa se unirá a mim? – questionou Voldemort.

- As semelhanças que ele tem contigo, milorde, são assombrosas. – respondeu Snape.

- Eu quero um aliado submisso, não um concorrente em potencial. – disse Voldemort, a voz cortante impedindo que Snape continuasse.

- Milorde, não tive a intenção de expressar isto. – explicou-se Snape, inclinando a cabeça em subordinação.

O Lorde fez um movimento desdenhoso com a mão livre, dando ao outro a oportunidade de continuar.

- É, exatamente, pelo Caçador ser tão semelhante a vós que nós temos, não somente argumentos, mas provas que comprovam nosso poderio e certeza de vitória. Isto será mais que o suficiente para trazê-lo para a nossa causa. – continuou Snape, ereto, a voz tranquila.

Voldemort encarou-o por algum tempo, os olhos vermelhos com fendas friamente cautelosos. Draco permanecia imóvel e calado, ainda fitando a varinha do Lorde.

- Nome. – pediu Voldemort.

- Não sei. Pelo que Dumbledore descobriu, ninguém conhece seu verdadeiro nome. Sua fama gira em torno de seu codinome.

- Tal como eu. – refletiu o Lorde para si mesmo.

Snape ajeitou-se no sofá, assumindo uma postura mais relaxada, parte do rosto ficando escondida nas sombras. Draco retirou sua atenção da varinha do Lorde apenas para acompanhar os movimentos do homem ao seu lado e distinguir o músculo de seu rosto repuxar em um sorriso de canto sutil.

- Onde?

- Em algum lugar da Irlanda. – respondeu Snape, tranquilo.

- Algum lugar? – repetiu Voldemort, cético – Você não sabe exatamente onde ele está?

- Dumbledore me contou sobre um local onde, certamente, o Caçador habita ou habitou. Será meu ponto de partida. Se ele não estiver mais lá, alguma informação deve me colocar no seu rastro. – explicou Snape mantendo a calma.

- Como você sabe tanto sobre isto? – uma mescla de desconfiança na voz e no olhar do Lorde fez Snape voltar à posição inicial, o rosto voltando à inexpressão, e Draco redirecionar seu olhar à varinha do Lorde.

- Porque Dumbledore confiou tão cegamente em mim que planejava me enviar atrás do Caçador, como membro da Ordem da Fênix, assim que o último ano letivo de Hogwarts se encerrasse. – respondeu Snape, a arrogância tipicamente sonserina levemente presente – Infelizmente, para ele, eu sempre fui fiel ao senhor e nós tínhamos outros planos.

- Por que não me contou sobre o Caçador antes? – a desconfiança de Voldemort oscilou em sua pergunta.

- Eu não podia arriscar perder a confiança de Dumbledore, podia? Este último ano foi decisivo para a nossa causa. Se Dumbledore tivesse desconfiado de mim, nada teria seguido como o planejado. Ele ainda estaria vivo e nós estaríamos mais distantes da consolidação do vosso poder. – respondeu Snape, a voz tão firme quanto na reunião, o ar sonserino emanando dele.

Voldemort concordou com um maneio da cabeça, uma ruga surgindo em sua testa.

- Milorde? – perguntou Snape, visualizando a mudança na expressão de seu senhor.

- Ainda não temos o controle do Ministério, o que nos traz alguns contratempos, como o de hoje mais cedo. Todos os comensais na reunião encontraram aurores nos pontos de partida das Chaves de Portal. A perseguição que vocês estão sofrendo, - o olhar de Voldemort abandonou Snape pela primeira vez e encarou Draco por alguns segundos, fazendo o garoto empalidecer, antes de retornar ao outro – pode trazer dificuldades à sua busca.

Snape concordou, calado.

- Para contornar tal situação, planejei usar feitiços de transfiguração em mim e em Malfoy. – informou ele.

- Feitiços de transfiguração possuem tempo de ação limitado e podem ser, por alguém sabido, facilmente cancelados. – falou Voldemort, a voz calma – Talvez sua busca seja rápida. Talvez nosso poder total sobre o Ministério seja logo alcançado. Contudo, não posso correr o risco de que ambos os fatos estejam distantes.

Lorde Voldemort se ergueu e caminhou até a janela, a varinha balançando entre seus dedos. Snape e Draco trocaram um olhar rápido antes de fitar o bruxo com atenção.

- Ao anoitecer da próxima noite de lua nova, lhe darei algo que será perfeitamente adequado. – informou Voldemort sem se virar para seus subordinados – Por hora, ficaremos aqui. O Ministério se esqueceu desta parte remota da Inglaterra e Malfoy pode ir até o vilarejo em busca de comida e bebida tão logo amanheça.

- Sim, milorde. – confirmou Draco.

- Deixem-me. – ordenou Voldemort.

Snape ergueu-se e Draco o imitou. Eles fizeram longas reverências ao bruxo à janela e se dirigiram à porta que levava ao interior da casa. Os passos de ambos ecoaram por todo o casebre. Depois de alguns minutos o silêncio prevaleceu.

Um sorriso brotou nos lábios finos de Voldemort. Ele encarou a escuridão além da janela com o olhar frio e determinado. Uma risada cruel ressoou em sua garganta. Os planos sendo formulados e aperfeiçoados rapidamente em sua mente.

Com um movimento sutil da varinha, o casebre entrou na escuridão total.


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Notas finais do capítulo

N/A: Olá pessoal.

Espero que todos tenham tido ótimas férias e volta às aulas satisfatórias (NUNCA que volta às aulas será ótima). xD

Anseio que tenham gostado do capítulo. Ele fechou com 24 páginas. =) Nada mal para um segundo capítulo.

Como percebemos, Harry e Andrea estão indo para a Rússia. Por quê tão longe? Alguém arrisca o motivo e o que os aguarda? Estourada a vampira, né? Parece alguém que eu conheço de TPM. (OI LAYLA!!!) xD Dou um presente para a pessoa feliz que descobrir primeiro porque a Andrea fez aquilo.

O que? O Trio de Bronze se separar por uns anos? Ai ai ai ai isso não vai dar certo! (alguém lembrou do Alpha 5 de Power Ranger? (N/B: #eulembrei) xD) Meus amados leiotres, digam-me, que tipo de problemas vocês acham que eles vão passar, em países estranhos, sem nenhum conhecido e, principalmente, sem seu elo de ligação, vulgo Harry Potter?

E agora, para coroar minha N/A, o assunto é o núcleo do mal (vocês nem fazem ideia do quanto) da fic. O Voldie é um cara cruel (Nem adianta negar! Eu sei o que ele vai fazer... ele É cruel SIM!). Quem falar o que ele vai fazer ganha outro presente. (Daqui a pouco eu abro uma barraca de brindes no meio do Nyah!).

A vocês, leitores, ficam os questionamentos que eu fiz. Como o Voldemort mesmo disse:

Tudo foi importante.


Se eu receber comentários de verdade (com algum conteúdo e opinião, sabe?) posso revelar mais do que pretendia no próximo capítulo e, adiantar para o posterior, o Início do Fim:

— Ministro.

— Belatriz.

— Tortura e morte.

A vocês, fica a escolha. Por mim, posso fazer tudo isto depois de alguma embromação básica.

A escolha é de vocês.



COMENTEM!


N/B: Olha aqui, se ela não tiver comentários suficientes, e decidir parar de postar essa joça, eu vou pessoalmente na casa de cada um dos leitores dessa fic e só vou embora na hora que seus dedos caírem roxos, entenderam?!