Sunshine escrita por Nat King


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oláááá~

Adivinha qual era o especial de Halloween que foi postado DEPOIS de Finados?? :D *dead*

Bom, antes tarde do que nunca, então, cá está essa oneshot nada com nada e sem nenhum compromisso com o canon. Sem nenhum compromisso com o fluffy também.

Boa parte da história é sob ponto de vista do Yuri Plisetsky, aqui um garotinho de seis anos de idade. A história se passa na União Soviética, mas apenas citações de fundo para ambientação, nada que seja preciso conhecer para acompanhar o enredo. Grupos e facções criminosas, aqui, são meramente ilustrativas, sem nenhuma inspiração em organizações reais. Sei lá, só achei que não custava nada avisar xD

Espero que, embora sendo um enredo não muito usual, possam fazer boa leitura :3

Até mais!!



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You are my sunshine, my only sunshine
You make me happy when skies are grey
You'll never know, dear, how much I love you...

.:.

Yuri já havia morado em muitos lugares barulhentos; primeiro, ele viveu em um apartamento abafado e de pouca luz com o avô Nikolai, do qual lembrava parcialmente do bondoso e sorridente rosto, vermelho como as manchas tossidas que costumava deixar em seu inseparável lenço bordado. Depois que o velho senhor sumiu junto com o lenço, seus vizinhos de comuna gritaram e esbravejaram até assustá-lo para fora. Acostumado com o barulho, Yuri aceitou o corredor imundo como nova morada e lá adormeceu por duas noites, até a fome reclamar o suficiente para ele sair prédio afora procurando pelo avô. Nikolai era muito bom na brincadeira de esconder, mas Yuri já estava ficando preocupado.

Plisetsky não foi capaz de encontrar o avô — ao invés disso, quem o encontrou foi uma menina magrela de canelas pálidas, que se vestia e corria tão rápido quanto os meninos mais velhos que ele via vez ou outra por aí. A garota ruiva o reconheceu, mas o mesmo não podia ser dito dele. Quem era Mila Babicheva?

Levado pela mão a uma casa tão barulhenta quanto o apartamento onde viveu com Nikolai, Yuri reconheceu dentre tantas crianças e jovens diferentes, uma cara velha e enfezada com quem o avô costumava conversar. Assim que Yakov o viu, o sermão repreensivo sobre pés em cima do sofá foi interrompido e a expressão severa atenuou para um juntar de sobrancelhas que Yuri só fazia quando batia com o dedinho e sentia vontade de chorar. Pelo jeito, Yakov Feltsman havia batido todos os dedos. Devia estar doendo muito.

— Vai ficar conosco agora, Yuri.

Por ele, tudo bem. Estava acostumado a barulhos, mesmo. Mas onde estava Nikolai?

Silêncio foi a única coisa que surgiu após aquela pergunta. Yuri não gostava de silêncio, porque ele era a falta de respostas. Silêncio era o nada. O nada, agora, era Nikolai. Foi assim que Yuri entendeu que o avô havia morrido.

O resto daquela história era meio turbulenta e tão fosca em suas lembranças que, se lhe perguntassem, Yuri não teria muita certeza se aqueles acontecimentos embaçados eram de fato memórias ou parte de algum sonho muito, muito distante. De uma hora para outra, Yakov também sumiu — aparentemente levado por algo mais amedrontador do que a morte —, as crianças se dispersaram e quem sobrou, precisou fazer da calçada seu abrigo. Mila ainda estava por ali, mas Yuri não tinha certeza até quando. O silêncio sempre aparecia para levar embora o barulho.

Plisetsky sabia que o mundo funcionava na base da troca, fosse a de favores, fosse aquela movida por moedas, raras de serem vistas. Ele também sabia que se Mila pegava aqueles pedaços de pães endurecidos sem oferecer nada por eles, ela estava fazendo algo errado, mas aquele erro parecia bem menos pavoroso que o possível favor sugerido por alguns homens de olhar estranho. Se Mila não tinha nada a oferecer, o que eles queriam dela?

Infelizmente, nem todos entendiam a realidade distorcida daquelas crianças, nem a simplicidade de seus raciocínios que buscavam sobreviver; pega em flagrante, ouvida quando o barulho se fazia totalmente desnecessário, eles precisaram fugir. Traída pela discrição, que a ninguém perdoava. Plisetsky sempre soube não poder confiar no silêncio.

Mila sempre correu como o vento, a mais veloz de todos os garotos da rua — quando não vivia nela — e, na cabecinha de Yuri, a mais rápida do mundo. Naquela fatídica tarde cinzenta, contudo, seus pés não foram tão ligeiros assim; em meio a fuga, Mila e Yuri buscaram saída naquelas ruas que sempre foram a pista preferida de Babicheva. Por um breve momento, o vento contra as bochechinhas sujas de Plisetsky o convenceu de estarem alçando voo, até a decolagem ser interrompida por um empurrão brusco, jogado às pedras sem ter chance de bater suas asas imaginárias para longe dali.

O barulho foi ensurdecedor até ele se dar conta do silêncio. Havia vermelho nos cabelos de Mila e na rua ao redor, o mesmo tom escarlate da doença de seu avô, a mensagem clara de que a Morte levara mais um. As pessoas ao redor, nada conseguiram dizer devido ao choque, a mesma falta de palavras que o motorista omisso deixava para trás ao abandonar o corpo da menina. Silêncio, mais uma vez. Yuri imaginava que se a Morte tivesse poder de fala, ela nada diria.

Sem uma mão para puxá-lo para longe dali, Yuri se encolheu na calçada ao lado e permaneceu ali até levarem sua amiga para longe. Também permaneceu observando, enquanto os arranhões de seus joelhos fechavam-se em casquinhas dolorosas, o vermelho secar nas pedras, testemunhas silenciosas do crime. E mesmo quando sua presença ali pareceu se tornar um tormento para os comerciantes locais, ele ficou. Ou tentou ficar. Não dava para ficar ao relento quando começava a chover. Se Yuri ao menos soubesse onde Mila costumava guardar suas caixas de papelão…

Para uma criança de seis anos, sua pequenez perante o mundo a torna ainda menor, miúda e insignificante. Yuri tinha tanto medo que pensava em se agarrar a qualquer mão estendida, se alguém se arriscasse a oferecê-la ao garotinho imundo, vagando descalço. Ainda se lembrava da fala dos mais velhos, o alerta à desconfiança diante o desconhecido, mas como conhecer sem dar uma chance? A carência e ingenuidade infantil eram a pior armadilha. Yuri por pouco não caiu nela.

Seguindo o casal de adultos, Plisetsky nada podia ouvir, nem do idioma engraçado que eles diziam, nem da memória de Nikolai e Yakov, apenas seu estômago roncando alto, fazendo muito, muito barulho, em comemoração ao enorme pão doce que ele devorava sem se importar com a higiene das mãozinhas opacas pelo tempo sem banho. Se tinha barulho, então tudo estava bem. Foi um barulho, contudo, que atravessou aquele discreto momento de euforia da criança, dando sinais de que talvez o barulho no qual Yuri se perdia, não fosse assim tão amigável.

— Finalmente te encontrei! — gritou o estranho em alívio. Embora sorrisse ao erguê-lo do chão, o homem que agora o segurava no colo tremia, Yuri podia sentir isso na palma das mãos que o amparava. — Solnyshko, quantas vezes eu preciso dizer para não sair de perto quando o papai está ocupado? Olha o seu estado! Você perdeu até os seus sapatinhos!

Yuri não entendeu nada, parando até de mastigar no meio daquela confusão toda. O casal que antes o seduzia com guloseimas e sorrisos estranhos, ficara para trás, lançando olhares bem mais assustadores para o homem de cabelos claros que se afastava, tagarela e ainda temeroso, até que os olhos verdes de Yuri não podiam mais enxergar o casal generoso. Pelo menos ele ainda tinha um pedaço de pão.

— Você não tem onde ficar, não é? — perguntou o homem, que ainda o carregava. Ele já não sorria mais e parecia muito sério, mas não uma seriedade ruim, mais como a rabujice de Yakov. Se existia um comparativo com Feltsman, então aquela pessoa era confiável. — Eu me chamo Victor. Qual é o seu nome?

— Yuri — respondeu de prontidão, a voz falha e arranhada estranhando tantos dias em desuso. Droga, ele queria ter causado melhor impressão!

O sorriso positivo do adulto, contrariando as expectativas infantis, recebeu bem a apresentação rouca.

— Eu também tenho um Yuuri em casa. Gostaria de ir até lá conhecê-lo? — O garotinho o olhou desconfiado. Ora, por que Yuri precisava conhecer outro Yuuri se ele próprio já bastava com esse nome? — Temos um monte de comida, lá.

Talvez uma visita não faria mal… Era a primeira vez em muito tempo que Yuri tinha um pouco de barulho em sua vida.

.:.

A princípio, Yuri não deveria ficar ali, mas um “os Crispino queriam levá-lo!” foi a defesa perfeita que consolidou a permanência de Plisetsky naquele lar inusitado.

O homem, muito alto para a escala de comparação de Yuri, estava sempre lhe sorrindo, um sorriso grande — enorme — com um curioso formato de coração. Ele achava Victor positivamente barulhento e outros exageros que não sabia nomear, mas aquele sorriso chamava sua atenção, provavelmente por ser fácil de desenhar. Para todos os rabiscos coloridos e minimalistas da criança, seu amigo alto — se é que Yuri podia chamá-lo assim — comemorava e pronunciava animados “amazing!” que pela entonação divertida, devia significar algo bom. É, até que ele gostava de Victor.

O mesmo não podia ser dito do outro homem que vivia com eles. Yuuri era como Victor o chamava, uma coincidência não muito legal quando Plisetsky descobriu existir outras pessoas no mundo com o seu nome, mas mesmo assim, o menino se percebeu estranhamente desejando ter uma atenção barulhenta dele, da mesma forma que tinha a de Victor. Ele até fez desenhos para Yuuri Katsuki, esforçando-se muito para conseguir fazer círculos muito próximos da perfeição para representar o rosto rechonchudo e a barriga protuberante que ele podia jurar ser muito macia se tivesse coragem para chegar perto para ver e apertar. Todavia, o homem de olhos puxados — e muito fáceis de desenhar, assim como o coração de Victor — era extremamente silencioso e cauteloso. Yuri já sabia que no silêncio, não podia confiar.

Aliás, eles eram namorados, não? Apenas namorados ou maridos e maridas davam beijinhos nojentos na boca dos outros, em uma asquerosa demonstração de afeto. Yuri preferia sua pelúcia nova.

Se Victor expressava-se exageradamente, o outro Yuuri se comunicava mais com acenos e olhares um pouco estranhos, mas não exatamente como os adultos cansados de sua presença que apenas o ignoravam, antes de Victor tirá-lo do ambiente mal cheiroso onde vivia antes. Yuri não sabia explicar o que era, mas podia dizer que entendia, porque ele também tinha essa espécie de bichinho que ficava o incomodando quando menos esperava, um aperto no peito inesperado, a sensação de que algo ruim aconteceria, um medo que às vezes o despertava de seu sono no meio da noite e não o deixava dormir — e, como ele já tinha percebido, não deixava Yuuri dormir também.

Chamar atenção irritava adultos nervosos e adultos nervosos batiam nele. Chorar também fazia os adultos nervosos o baterem ainda mais, assim como falar em momentos inoportunos e em qualquer outro momento. Não existia muita coisa que Yuri podia fazer antes e mesmo Victor garantindo que ali ele poderia fazer e falar o que tivesse vontade, ainda era difícil para a criança entender a diferença de ares. Os olhares preocupados de Yuuri Katsuki também não ajudavam muito a se acomodar em um ambiente novo com muitos aspectos do antigo.

Aquela nova casa também tinha coisas boas, já que não existiam muitas regras ali; ele podia brincar do que quisesse, desde que respeitasse o horário de comer e dormir, e desenhar o quanto tivesse vontade, exceto pelas paredes e papéis que não fossem destinados a seu uso. Ele também estudava em casa, assuntos variados e ministrados tanto por Victor quanto por Yuuri, o que era muito legal para Yuri, que já se animava com a ideia de poder ler seus livros preferidos sem ajuda dos adultos. Podia demorar um pouco, segundo Victor, já que “você é muito pequeno, ainda…”, mas para quem já sabia escrever o alfabeto todo quase sem errar, formar palavras e entendê-las com certeza seria rápido, Yuri confiava na capacidade do próprio intelecto.

Era uma vida bem mais tranquila que a de antes, tão tranquila que para Yuri não tinha nada de errado estar vivendo na maior parte do tempo em um porão.

Entre as poucas regras, aquela era uma que ele não ousava questionar — as outras não precisavam bem de um questionamento, mas se Yuri pudesse pensar em uma situação hipotética onde isso seria possível, aquela seria a única exceção. Ao sinal de Victor, ele e Yuuri isolavam-se no porão e esperavam, tendo, ironicamente, o mais absoluto e profundo silêncio acompanhado de uma trilha sonora, um combinado entre eles, uma única música que ficaria tocando em loop por quanto tempo fosse necessário, e que exigiria a mais completa falta de palavras enquanto estivesse ecoando suas notas.

"Your are my Sunshine, my only sunshine

You make me happy when skies are grey…"

Existia uma grande diferença entre ser escondido e se esconder — naquele caso, Yuri estava se escondendo para não ter novamente as pessoas que gostava escondidas dele. Era um pouco confuso se colocado naquelas palavras, mas totalmente compreensível ao entendimento do garoto; se ele não se escondesse com o casal, os achariam e os esconderia, como deviam ter feito com Yakov, se bem lembrava de Mila cochichando. Era mais seguro não ser visto para não correr o risco de não o verem nunca mais. O mesmo remédio, mas em doses diferentes — Yuri só não tinha maturidade ainda para entender que uma dessas doses com certeza poderia matá-lo.

Please don't take my Sunshine away... — Yuri pôde ver quando os lábios de Yuuri curvaram-se para acompanhar cada letra daquele trecho em especial. Era sempre aquele trecho. Era sempre olhando para ele.

Com o tempo, Plisetsky percebeu que seu xará de olhos rasgados também tinha pensamentos temerosos, em uma triste sintonia com o pequeno; ele estava constantemente olhando para todos os lados possíveis da pequena casa de pavimento único e conferindo por tempo demais a segurança da porta principal e de todas as janelas da sala.

Todas as duas.

Victor achava aquilo um exagero, mas Yuri entendia o receio, já que ele também não gostava da maioria das pessoas que andavam do lado de fora — o lado que ele sequer cogitava ir —, cobertas da cabeça aos pés com casacos fechados e chapéus sobre os rostos soturnos passeando por aí, escondendo pessoas como Yakov e impedindo garotas como Mila de correr. Considerando que eles moravam em Leningrado, terra de pessoas não muito afáveis publicamente, e estavam no meio do outono, onde os casacos cheirando a armário e umidade já começavam a serem usados, o medo da criança era constante.

— Você é muito preocupado, buta-tan... — ria Victor, chamando Yuuri por aquele apelido em tom manhoso, quase se aninhando ao japonês. — Eu já te falei que aqui estamos seguros.

A resposta de Katsuki era uma careta nada satisfeita com a situação. Na maioria das vezes, era Victor que o lembrava de Yakov, mas naquelas vezes, era Yuuri quem conseguia o feito, tamanha a carranca.

(Mas o biquinho chateado que ele fazia era igualzinho ao de Yuri.)

Percebendo a atenção sobre si, Katsuki encarou a criança, que tratou logo de fingir estar compenetrado no bloco de papéis novo que Victor havia lhe trazido, uma vez que era o único que saía daquela casa. Antes, ainda conseguiu vislumbrar aquele olhar que não sabia descrever ou interpretar direito, mas que ainda deixava-o incomodado… Era como um alerta silencioso, mas Yuri não sabia de quê.

— Eu já te falei, amor — continuou Nikiforov, com o tom bem menos feliz. — Eu mataria alguém, antes deles sequer conseguirem cogitar machucar um de vocês.

Fitando o noivo com a mesma dureza e um tanto de medo no fundo da voz, Yuuri sussurrou de volta o tipo de resposta que não se esperaria entre dois amantes;

— Eu não acredito.

Não era como se Yuuri não acreditasse em Victor, ele apenas não acreditava em um final feliz e seguro enquanto suas vidas fossem atormentadas por aquele fantasma que Yuri não sabia definir, mas que estava sempre ali, pairando sobre eles quase sempre, constantemente os acompanhando em cada jantar. A tensão só trazia dureza aos olhos claros e afiados de Nikiforov, mas abalavam profundamente a frágil paz do pacato japonês.

— Iremos embora logo. — Victor estava sempre tentando confortar o namorado...

— Você já disse isso. — … que era irredutível todas as vezes.

— Yuuri, eu prometo-

— Já prometeu, também.

Aquela rispidez não condizia com a aparência afável de Yuuri, o que fazia Plisetsky se perguntar o que mais ele não conhecia daquele homem. Sendo sincero, ele tinha até um pouco de medo de descobrir coisas ocultas, já que, mais uma vez, o silêncio que as revelava nunca era bom.

Teve um dia, no entanto, que o barulho mostrou que também podia ser algo ruim.

Yuri acordou com a vitrola reproduzindo aquele refrão já conhecido, coçando os olhinhos para espantar o sono que sempre ameaçava voltar quando ele estava mergulhado naquele escuro parcial. Ao seu redor, não tinha sinal de Victor ou Yuuri, o que era muito estranho…

"The other night, dear, as I lay sleeping

I dreamed I held you in my arms

When I awoke, dear, I was mistaken

So I bowed my head and I cried"

Ele nunca ficava sozinho sem Yuuri no porão quando aquela música tocava.

Acima de sua cabeça ficava o teto de madeira, aquela estrutura curiosa que se revelava o chão acima das escadas, responsável por ecoar os passos de qualquer um que ali andasse. Naquele dia, o eco era muito maior, bem mais que uma pessoa, mais até que duas, um barulho nada agradável de uma corrida em sapatos pesados. Mila costumava correr bastante, mas não era daquele jeito — e de corridas, Yuri estava traumatizado.

Estalos altos soaram em cima e chegaram na parte de baixo, um som desconhecido aos ouvidos de Yuri, um barulho em nada seu amigo. Não bastasse uma vez, os estalos se repetiram, emendaram e sobrepuseram outros sons, fortes como golpes, como a batida que levou Mila. Não, não era aquele barulho que ele queria… Pela primeira vez Yuri desejou, com toda a força contida em seu pequeno tamanho, que aquela música trouxesse de volta o silêncio, ele não se importava, só queria que aquilo tudo acabasse!

"Please, don’t take…

Please, don’t take…

Please, don’t take…"

Como se estivesse chorando junto com ele, a vitrola engasgou aquelas palavras ritmadas, soluçando dolorosamente a composição de Johnny Cash. O silêncio estava ali de novo, efêmero como um suspiro entre lágrimas, rapidamente engolido pelo barulho que invadiu o porão.

Rostos estranhos de mesma expressão severa se aglomeraram naquele porão que de repente parecia tão pequeno, mãos desconhecidas o agarraram pelo colarinho do pijama, o arrastando degraus acima, sem deixar os pezinhos revestidos por meias quentes tocarem o chão. Yuri estava com tanto medo, que nem o próprio pavor conseguia entender.

"Please, don’t take…

Please, don’t take…

Please, don’t take…"

— Alguém pare essa merda?!

Com um chute, um dos homens fez quebrar o disco que rodava torto no chão, silenciando de uma vez o apelo melancólico do músico estrangeiro. Sem música, não existia mais acordo de silêncio e, sem o acordo, Yuri não precisava mais se calar. Mas o que dizer se a falta de palavras — o irônico silêncio — se mostrava naquele momento seu melhor aliado?

Todavia, por mais que a falta total de ruídos se mostrasse uma escolha mais segura, Yuri não conteve o grito apavorado quando seus olhos reconheceram no chão, banhando o corpo inerte, o mesmo tom escarlate que levou embora seu avô e Babicheva.

Ao grupo não interessava o quanto gritava e esperneava o menino; mesmo barulhento, Yuri era a dourada moeda de troca daquela situação.

— Acha que agora ele vem? — perguntou um dos homens, sem fazer muita questão de bater a porta atrás de si.

— Com aquilo ali — respondeu seu companheiro com o cigarro entre os dentes, acendendo-o antes de entrar no carro. — Com toda certeza.

Salpicando as cinzas do tabaco no chão antes de partirem, eles deixaram a pequena residência camuflada na saída de Leningrado.

.:.

Chorando até dormir e soluçando em seus sonhos nebulosos, Yuri revezou os momentos despertos com pensamentos felizes antes de voltar a dormir, exausto pelo sofrimento e a pouca comida que lhe davam naquele lugar. Embora fechado e sem janelas, aquele quarto não se parecia com o seu porão cheio de papéis e gravuras, uma cama macia e aquela família estranha, mas tão bem-vinda em sua vidinha turbulenta. Tinha algo muito estranho naquela parede feita de grades.

Se Yuri ainda tivesse Potya, sua pelúcia de gatinho, para abraçar, não ficaria tão assustado… Yuuri certa vez lhe disse que se sentisse medo quando nem ele ou Victor estivessem por perto, poderia abraçar seu inseparável bichinho. Só a lembrança fez marejar seus olhos verdes. Sendo bem sincero, ele preferia o abraço de um de seus adultos.

Um dos homens envolvidos em seu estranho castigo, volta e meia se aproximava das grades, desconfiado como se Yuri escondesse uma bomba embaixo do pijama de flanela. De sotaque estranho que atrapalhava a criança no entendimento de suas perguntas, ele questionava sobre números muito compridos para Yuri saber contar, citava códigos que Plisetsky nem imaginava o que eram e tentava por todos os meios extrair alguma coisa importante, sempre com ameaças, gritos e golpes nas grades metálicas. Yuri já estava começando a temer tanto barulho.

Pare com isso, Seung, já vimos que o moleque mal abre a boca! — disse outro homem, em um idioma que mesmo prestando muita atenção, Yuri não conseguiu entender.

É impossível que ele não saiba nada, que não tenha visto nada!

— Não perca o foco — avisou em tom ameaçador. — A criança é só uma isca. Quando tudo isso acabar, a daremos em um laço vermelho aos Crispino.

Isso se a KGB não chegar no nosso homem primeiro.

Os olhos do homem cerraram com aquela hipótese, nunca cogitada pelo líder daquela operação suja.

Não chegarão, Seung. Tenho tudo sob controle. — Tocando o ombro do homem que chamava por Seung, Yuri viu quando ele apertou os dedos, um gesto pouco amigável que até mesmo a criança podia entender como ameaça. — Agora me dê licença, que eu preciso cuidar do nosso convidado — sorriu, falando alto e claro um russo compreensível a Yuri. O sorriso quente e convidativo inspiraria Yuri a fazer o mesmo, se não tivesse percebido o receio de Seung. — Está com fome, amiguinho?

Yuri se encolheu um pouco, mas não respondeu. Os olhos puxados apertaram-se para a falta de resposta, mas ele não desistiu de empurrar para dentro da cela aquele assado local e a coisa mais fácil de comprar na região.

Agora vamos — estabeleceu, voltando à língua desconhecida. O tom ameaçador que ele usava, contudo, não parecia destinado a Yuri. — E, Seung; se não for para contar com seu comprometimento, o que ainda faz aqui?

Seung-gil enrijeceu a postura, entendendo o alerta e se arrependendo por ter meramente cogitado o sucesso do serviço secreto soviético. Ele sabia, e qualquer um que conhecesse os métodos de Chulanont saberia, que para o líder tailandês, não existia hipótese alguma que o colocasse a perder.

Me desculpe, Phichit, isso não irá mais se repetir.

Para o seu bem, espero que não.

Yuri não compreendeu nada, mas mordiscando o piroshki frio que tinham lhe oferecido, de certa forma, ele entendeu muito bem o perigo que ali espreitava.

.:.

Era inusitado, mas o que acordou Yuri daquela vez, foi o silêncio. Era um silêncio estranho, pesado, que sussurrava palavras inaudíveis. Desconfiado, ele levantou do chão onde dormia e arriscou um passinho ou dois em direção à grade, forçando os olhos a verem no silêncio daquele escuro, o que se escondia ali.

Conforme se aproximou, o contorno recuou, revelando sem alarde que a impressão de Yuri era verdadeira; existia um segredo no silêncio! Mas o que ele faria com aquela descoberta?

You are my sunshine… — A resposta foi aquele sussurro baixo, levado até Yuri pelo ar, um novo cúmplice naquela cena. — My only sunshine… You make me happy when skies are grey…

Aquela música…!

A agitação de Yuri certamente chamou atenção de Seung, que se aproximou sem remorso com as ideias de agressão que tirariam daquele menino mais do que expressões assustadas. Phichit ainda lhe agradeceria por isso.

— Parece bem disposto. Será que agora podemos contar com sua ajuda?

Como o esperado, Yuri não respondeu. Seung não sabia que ele estava apenas cumprindo com a parte no silencioso combinado.

Sem esperar mais chances da criança redimir a não colaboração, Seung tirou o molho de chaves do bolso e antes que pudesse abrir a cela, viu um fino brilho prateado passar diante de seus olhos e depois, o ar fora roubado de seus pulmões.

Não era a visão adequada para uma criança testemunhar, portanto, da mesma forma que usou as sombras para se esconder, também Seung foi levado para elas, um lugar onde o rapaz se debateu, arranhou e lutou em vão. Degolado no chão, o coreano sequer teve tempo para se arrepender de ter feito tão pouco caso de Yuuri Katsuki.

Recolhendo um de seus artefatos do corpo da quarta vítima da noite, Yuuri mediu o espaço ao redor, pensando no próximo passo. Ele poderia ter arrebentado o cadeado de baixa qualidade que prendia Yuri com apenas um tiro, mas não valia a pena sair distribuindo munição e denunciar de uma vez sua presença. A equipe de Phichit logo descobriria os corpos dos seguranças, ele não precisava entregar a localização tão rápido. Seria arriscado demais com Yuri ali.

Com uma torcida e um puxão, chaves foram desnecessárias para arrebentar a segurança da cela e, abrindo uma exceção em todas as ações criminosas feitas ao longo daquela curta e custosa vida, Yuuri abraçou Yuri naquele silêncio que há algum tempo já era o estranho diálogo dos dois.

Mas ainda não havia acabado...

I've always loved you and made you happy, and nothing else could come between… But now you've left me to love another, you have shattered all of my dreams…

…Yuri tinha que permanecer em silêncio.

Quando deixou o Japão, Yuuri apenas buscava uma nova oportunidade de vida. A amizade com Phichit apresentava-se sorridente como o próprio tailandês e uma chance de integrar os negócios da família Chulanont tendo tão bom relacionamento com o príncipe da principal máfia do sudeste asiático, era garantia de estabilidade, situação essa que sempre se mostrou ameaçada pela instabilidade emocional do japonês.

Todos avisaram isso a Phichit.

Ele não deu ouvidos a ninguém.

Ninguém queria manter consigo um assassino com grave histórico de ansiedade e histeria. Phichit não pensou naquilo como manter seu melhor atirador, mas sim seu melhor amigo. E não ser dono da razão enfurecia o herdeiro demais. Ser traído, então, era um adicional que inflamava a raiva daquele que em toda sua vida foi criado com todos os mimos que apenas um futuro rei receberia — o herdeiro dos Leroy facilmente morreria de inveja. Phichit desde criança teve total controle sobre seus brinquedos, um monopólio caríssimo de pelúcias e exemplares exclusivos. Phichit amava seus raríssimos pertences; Yuuri era o mais precioso dele.

Yuuri era seu.

E Katsuki com toda certeza saberia disso, do contrário, não teria ido embora levando consigo todo seu arsenal de caça. Para Phichit, aquele era o sinal alto e claro de que Yuuri não o tinha abandonado por completo — ainda existia um assassino por trás daquele sorriso trêmulo. Yuuri Katsuki era seu brinquedo mais fascinante.

Alheio ao submundo por trás de um de seus responsáveis, Yuri apertou forte os bracinhos em volta do pescoço de Yuuri, encolhendo-se cada vez mais a medida que via quartos e celas deixadas para trás, corredores percorridos, portas batidas, um trotar apressado de uma corrida que parecia nunca achar a saída. Eles deviam estar bem encrencados.

Yuuri, Yuuri… — Se não tivesse sido pelo U estendido naquele nome, Yuri pensaria que a voz ecoando por todos os lados estivesse falando com ele. — Foi para isso que você me deixou?

Se esgueirando por trás de qualquer móvel ou coluna que servisse de camuflagem, Yuuri tomou cuidado para continuar escondido. Em seu complexo de grandiosidade, Phichit por vezes deixava de ser um príncipe para ser uma espécie divina que tudo ouve e tudo vê, munido de câmeras e microfones onde podia brincar de ser Deus. Fugir à sua onisciência era a única coisa que poderia transformá-lo no Diabo.

Você matou o Leo, Yuuri… O Leo! — Na proteção dos braços de Katsuki, Yuri só conseguia entender o deboche naquela voz. — Logo vocês que sempre foram tão amigos!

Yuri sentiu o abraço apertar e aquilo sempre o acalmava. Querendo acalmar Yuuri também, ele retribuiu o carinho. Tinha certeza que os dois ficariam bem mais tranquilos depois disso.

Imagine quando Ji descobrir…

You are my sunshine, my only sunshine…

Dessa vez, Yuri não precisava se manter em silêncio. Para quem Yuuri cantava aquela canção?

Traiu seus amigos! Traiu a mim! Por quê, Yuuri? Você tinha tudo, nós éramos sua família! — Ainda existia indignação e deboche na voz de Phichit, mas muito mais raiva contida de uma birra causada por orgulho tão inflado ter sido estourado e pisoteado por Katsuki. — Traiu tudo o que tinha para brincar de casinha com um russo patético que não tinha nem mesmo ensino fundamental?! — Por um breve momento, Yuri tirou o rostinho do pescoço de Yuuri e arriscou olhar para seus olhos rasgados. Aquele olhar ele nunca tinha visto. Yuri teria medo se tivesse aquele olhar direcionado para si. — Mas até que ele era corajoso… Devia ter visto o quanto Victor Nikiforov tentou lutar até o fim… A culpa foi dele termos feito tanta bagunça, sabe que não faz nosso estilo tanto sangue.

Te achei — murmurou Yuuri para ninguém específico. Yuri nada entendeu da língua natal de Katsuki.

Aliás, foi o namoradinho que te deu esse óculos ridículo? Você fica patético com eles.

Yuri achava que o dono da voz misteriosa falava demais. Yuuri também.

Você devia me ajudar a te ajudar, Yuuri… Se esse órfão é tão importante assim para você, colabore comigo e eu posso até pensar em te deixar ficar com ele… Caso contrário, os Crispino agradecerão pelo novo bolsão de órgãos.

Ah, os Crispino… Yuuri sempre soube o quanto Phichit esperneou para fazer negócios com os principais líderes do tráfico humano e órgãos da Europa. Bastou ele deixar o grupo para Chulanont perder o bom senso e convencer todos os outros de que aquela era uma boa ideia.

Não que as mãos de Yuuri fossem assim tão limpas. Ao menos, não eram banhadas por sangue infantil.

Eles foram muito úteis em denunciar o paradeiro do seu amante. Sabe como é essa italianada da sarjeta, reconhecem fácil gente baixa como eles.

Yuuri não teve tempo de rolar os olhos, cansado da língua comprida responsável por horas de reuniões e acordos sujos. Aquele era um dos maiores defeitos de Phichit, não fosse sua vaidade a maior delas…

Um tiro foi tudo que bastou para arrebentar o vidro forrado por onde Phichit se escondia, atravessando a janela e levando vidro e os molares bem cuidados do tailandês. Um disparo transversal foi capaz de estourar a pele bronzeada, estilhaçando parte dos dentes e deixando aberta a bochecha, um estrago que nenhuma cirurgia no mundo seria capaz de reconstituir. Aquela era punição o bastante para uma pessoa tão vaidosa, mas não a definitiva.

Com uma mão cobrindo o rosto, a outra se estendeu em busca do revólver perdido com o ataque, atingida por um disparo que reduziu seus dedos a um transtorno em vermelho que assombraria seus pesadelos para sempre se Yuuri o deixasse viver para sonhar de novo.

Ele não o deixaria.

Aquele foi o último disparo que Yuri ouviu naquele dia e, se fosse de seu desejo e o de Yuuri, o último que seus ouvidos reconheceriam em toda sua vida.

.:.

A viagem para aquele lugar levou muito, muito tempo, tanto tempo que Yuri acreditava terem chegado a outro planeta. Isso, pelo menos, era o que ele falava para Yuuri, que achava graça da estranheza do menino com os Estados Unidos. Por enquanto, a única novidade boa daquela mudança extrema de ares, era ver Katsuki — agora um Kitahara — sorrindo. Ele não costumava sorrir assim quando não estavam naquele planeta de língua alienígena, então Yuri acreditava poder se acostumar com todos os hello, se isso garantisse mais sorrisos do japonês.

Yuuri ainda não tinha deixado de olhar as pessoas com desconfiança, embora aos poucos, deixasse de verificar as janelas com tanto afinco. Victor teria gostado de ver essa melhora, era uma pena que, segundo as palavras de Yuuri, ele tivesse precisado ficar no hospital para se curar de todos os machucados. Quem sabe um dia eles pudessem ligar para conversar com Nikiforov?

O tempo estava sendo capaz de curar e confundir muitas daquelas memórias, embaralhá-las tanto que depois de um tempo, todo o vermelho e disparos testemunhados por Yuri, passaram a ser um sonho estranho que perturbava sua paz e sujava seus lençóis todas as vezes, o matando de vergonha. Naquelas vezes, por sorte, Yuuri sorria e o consolava; estava tudo bem. Sempre existiria um espaço extra na cama de Yuuri para receber seu filho.

— Não faça essa cara, Yuri, pela manhã os lençóis já estarão secos — consolou Yuuri, cobrindo o menor e bagunçando seus cabelos para tentar fazê-lo rir.

— Mas eu já sou grande! — reclamou, se encolhendo atrás de Potya, a única lembrança soviética trazida de sua antiga casa. Eles chegaram literalmente, apenas com a roupa do corpo em solo americano. — Vai todo mundo rir de mim!

— Ninguém vai rir se não contar. — Yuuri percebeu a expressão da criança se alterar com a compreensão daquelas sábias palavras.

Não somente Yuri estava mais expressivo e comunicativo, como também Yuuri o acompanhava naquela redescoberta de palavras e demonstrações de afeto. Victor teria ficado tão contente!

Ah, Victor… Yuuri ainda chorava sua falta. Esperava que pudesse superar isso também.

— Quer que eu coloque Johnny Cash para tocar enquanto dorme? — perguntou Yuuri, metendo-se dentro das cobertas. Já de olhos fechados, entregando-se ao sono sem receios — afinal, estava ao lado de Yuuri — o menino negou, bocejando largo.

— Eu gosto do silêncio.

Sorrindo para o rostinho relaxado, Yuuri sentiu-se relaxar também. Depois de se acostumar com o barulhento Nikiforov, Yuuri também estava reaprendendo a se acostumar com o silêncio.

Dando um beijo nos cabelos loiros, ele sorriu, conseguindo ver-se naquele cenário familiar que tanto sonhou ao lado de Victor.

— Boa noite, filho. Eu amo você, Solnyshko.

— Também te amo, papai.

Aquela família tão pequena não havia sido conquistada da melhor forma, mas foi o melhor que ele pôde conseguir. Seria cruel, frio, constatar que seu último banho de sangue seria responsável por lavar sua alma. De certa forma, Yuuri havia literalmente enterrado o passado para finalmente poder seguir em frente e, principalmente, em paz. Certo ou errado, nada mais interferiria em suas vidas.

Ninguém mais levaria seu raio de sol para longe.

.:.

Please don’t take my sunshine away


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Notas finais do capítulo

"You are my Sunshine" é original de 1939, mas popularmente conhecida pela interpretação de Johnny Cash, mais de vinte anos depois, como citado várias vezes na história. Minha recomendação, contudo, fica para o cover de The Phantoms, tom que inspirou esse plot e embalou todo o processo de criação :3

Curiosidades sobre os sub-plots da trama:

—Nikolai faleceu por conta da tuberculose, saiu para tentar socorro médico e faleceu na fila de espera. Pobre Kolya :c
—Yakov era muito amigo de Nikolai e assim que descobriu a morte do amigo, cerca de dois dias depois, mandou Mila buscar Yuri. Ele era imigrante alemão e acabou sendo preso e morto pelo segmento da KGB (serviço secreto soviético) responsável pela busca e apreensão de estrangeiros no país.
—Yuuri deixou a máfia comandada pela família Chulanont justamente para começar uma família. Ele não queria nenhum cônjuge daquele meio, muito menos algum filho ou filha seu envolvida com os negócios de Phichit.
—Seung não confiava no Yuuri e embora tivesse um pouco de razão nessa desconfiança quanto a lealdade do japonês, era muito mais movido pela invejinha que ele tinha do rapaz. Todos sempre pensaram que Yuuri era favorecido pelo favoritismo do patrão.
—Yuuri era amigo tanto de Leo quanto Huang Ji e a morte de Leo é o único crime pelo qual carrega remorso.
—Phichit é um megalomaníaco doido que só não saiu caçando Yuuri pelo mundo afora porque na época, seu pai ainda liderava os negócios da família. Depois de sete anos, com o afastamento do patriarca Chulanont por motivos de saúde, Phichit assumiu a frente dos negócios e no mesmo dia organizou uma busca. Ele encontrou Yuuri três anos depois, totalizando dez anos que Katsuki já havia fugido.
—Victor e Yuuri estavam juntos há dois anos. Victor foi a única pessoa que o japonês confessou seu segredo. Essa porta amorosa achava que podia proteger o boy, tadinho :')
—A ideia de se esconder no porão foi de Victor, quando eles começaram a desconfiar de uma agitação estranha na redondeza. Por Yuuri, ele atiraria primeiro e perguntaria depois, mas Victor achou que seria mais seguro se esconderem no começo para organizarem a ida aos Estados Unidos com calma. Foi no meio dessa correria por papeis ilegais para a viagem que Victor encontrou Yuri.
—"You are my Sunshine" era a música melosa que Victuuri dançava bem lindinho antes de tudo acontecer.
—A princípio, Yuuri não queria aceitar Yuri na casa, mas por segurança à criança. A ideia era adotarem alguma criança americana, mas a vida acontece e Victor é o Victor né? Rei das surpresas :v Yuri estranhava os olhares de Yuuri, mas eram todos preocupados e de pavor aumentado pela ansiedade. Cenários de morte envolvendo aquela criança assombravam Yuuri constantemente e por isso ele não conseguia dormir. Para ele, um filho era como um raio de sol, um solnyshko, e ele sempre temeu que, uma vez encontrado esse raio de sol, alguém aparecesse para levá-lo embora.
—Os Crispino trabalham com tráfico de pessoas para prostituição e, no caso de crianças, tanto tráfico de órgãos, quanto adoções clandestinas. Era Sara e Michele que tentaram seduzir com doces o Yuri no começo da história. Foram eles que deduraram o Victor para Phichit.
—Os Leroy são traficantes de armamento. Trabalham bem para quem quer que pague e sempre forneciam bom material para Phichit, embora Jean não gostasse muito dele. Contudo, tinha uma boa amizade com Yuuri. Foi ele quem ajeitou a entrada de Yuuri e Yuri nos Estados Unidos e, futuramente, no Canadá. Todo mundo feliz pra sempre, fim :D
—O "Kitahara" ali citado, nome falso de Yuuri, foi um kibe desavergonhado que eu fiz das obras de mafia!AU da Mileh Diamond~ (mas que surpresa não é mesmo? XD). Aliás, como sempre gosto de falar, todo o catálogo dessa menina merece leitura e apreciação!!


E acredito que seja isso! Espero que tenham gostado! Qualquer crítica é válida e eu ficaria muito contente com suas impressões nos comentários~

Grande abraço e até a próxima oportunidade!! ♥



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