A Princesa Noiva escrita por HR


Capítulo 13
Capítulo 13




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                Aquilo me pegou de surpresa, pois ela não parecia em nada com a Cinderela que eu lembrava. Em vários dos bailes do Reino em Storybrooke, ela se fazia presente e sempre foi extremamente educada e graciosa. Tinha algo de muito estranho...

—Eu te disse que era pra ter deixado comigo! – Henry e Gancho parecem estar discutindo.

                Gancho ainda está no volante, extremamente tenso. Sequer olhava para Henry enquanto falava com ele, ou melhor, discutia. Como eu podia ter imaginado, a relação entre eles deve também ser difícil.

—Não vou falar sobre isso de novo. – Gancho parece querer pôr um ponto final.

—Às vezes eu acho que você não devia ter voltado pra me buscar! Estaria melhor sozinho! Aliás, eu estar aqui não faz a mínima diferença pra você!

                Henry grita e se afasta, correndo para o convés. Quando passa por mim, posso ver seu rosto cheio de lágrimas e sua pressa em chegar ao outro lado do navio. Olho para Gancho que para seu olhar em mim, desapontado consigo mesmo. Ele ameaça a sair do volante, mas eu me prontifico a falar com Henry e assim o faço, mas antes que eu fosse até Henry, vejo Cinderela chegar em Gancho sussurrando algo enquanto ela olhava pra mim. “Ela está tramando algo....”, penso.

                Debruçado sobre a balaustrada, a proteção do navio, Henry parece reflexivo e não soluça mais do choro. Ao me apoiar ao seu lado, vejo a lágrima apenas escorrer em seu rosto em silêncio. Por um momento lembrei do que Cinderela havia me dito e torci para que nada interrompesse o grande futuro desse menino.

—Eu me sinto bem, apesar das injeções, não precisa se preocupar. – Ele diz como se lesse meus pensamentos, e ao me sentir sem fala, continua – Eu agora leio pensamentos.

—Isso é sério? – Olho-o, curiosa.

—Só às vezes. As injeções me deram uma espécie de poder.... Por isso eu falei pro meu pai que poderia resolver com Rumpel. Eu conseguiria fazer um acordo que acabasse com os planos dele. Mas ele não me ouve!

—Henry, está vendo essa imensidão azul?

—Mais conhecido como “mar”? Sim.

—Seu pai atravessou isso inúmeras vezes, sob inúmeros temporais, sob algumas batalhas e sob toda a angústia dele, pra te salvar. Ele não queria arriscar te perder de novo em menos de 24h.

—Mas.... eu ia conseguir. – Ele me olha como súplica.

—Eu sei, eu acredito em você. – Sorrio – Mas você precisa entender também o lado dele.

—Mas agora você vai sumir.... E eu não quero te perder também. – Ele ainda me olha – Você salvou a minha vida e o meu pai gosta de você! Você não pode....

—Oi? – franzo a testa.

—Vai dizer que ainda não percebeu?! – Ele fica incrédulo enquanto eu tento associar suas palavras – Eu li os pensamentos dele sobre você, mas não vou te dizer nada, seria incorreto. E só estou te falando isso porque eu sei que está com ciúmes da Cinderela. O que prova que você também gosta dele.

—Você precisa parar com isso. – digo assustada.

—Então você não vai querer saber o que Cinderela está tramando?

                Olho-o interessada, mesmo sabendo que isso era errado. Fizemos um acordo e eu prometi que o levaria ao meu castelo assim que chegássemos para que ele visse as armaduras de guerra de perto, e assim ele me contou tudo o que conseguiu captar dos pensamentos de Cinderela. Assim, iniciamos a nossa “Operação Cobra”.

                Eu precisava contar a Gancho sobre as informações de Henry, então fui procura-lo. Não estava mais ao volante, então fui direto para o local onde costumava ficar, na cabine do Capitão. Vejo-o encostado na parede, cabisbaixo com uma garrafa pela metade na mesa a sua frente e como não havia um copo, deduzi que estava realmente querendo se embriagar no gargalo. Seus movimentos já parecem mais lentos no momento em que ele está com a mão próxima ao rosto e vagarosamente levanta a cabeça e o olhar para mim.

—O que você está fazendo? – franzo a testa e me aproximo.

                Ele não responde e abaixa o olhar novamente indo na direção da garrafa, mas eu a pego antes.

—Gancho.... Tem uma coisa muito importante pra te falar....

                Nesse momento, Cinderela aparece por uma porta lateral vestindo apenas uma toalha, com seu cabelo todo encharcado do banho. Ela olha pra mim surpresa e sorri escrachadamente, então se volta para Gancho.

—Vem, meu bem.

                Ela o puxa pelo braço e Gancho evita olhar para mim, notavelmente arrependido. Mas eu tinha entendido o recado. Ele a resgatou para interesses próprios, aposto. Aliás, desde ontem ele anda com a cara amarrada e explosivo o tempo inteiro, possivelmente para me afastar de seus planos, já que estávamos novamente rumo a Storybrooke, onde cada um iria para um lado. Eu, de qualquer forma, vou sumir então daria na mesma.

                Me pego olhando para o mar e não me reconhecendo mais. Por anos, fugi de qualquer compromisso, de qualquer noivado que meus pais arranjavam para mim. Eu não podia suportar a ideia de se doar para alguém e dividir o mesmo teto. Agora, há poucos dias, percebo que nunca havia me sentido assim antes. Essa vontade de estar perto de alguém e de fato, me preocupar com uma pessoa a ponto de me prontificar a qualquer momento independente de tudo. Me pego pensando no que Henry falara e preciso admitir que ele está certo, eu realmente gosto de Gancho, mesmo com o seu jeito marrento vez ou outra. Ao contrário do que eu pensava sobre me relacionar com alguém, eu não me sentia forçada a precisar gostar dele ou em querer cuida-lo; é simplesmente natural. E vendo tudo isso se esvair de uma hora pra outra, é dolorido. Logo eu, que nunca imaginaria sofrer de verdade por alguém, estava agora me afundando.


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