Meu Sonho escrita por TsukinoFih, DaniVi


Capítulo 3
Melodia


Notas iniciais do capítulo

Olha nós aqui trazendo o capítulo que vocês tanto queria.
Malz, galera. Mas é que as coisas não andam saindo da forma que eu gostaria ultimamente. Prometo que nos próximos não faço isso. :(

A gente espera que vocês gostem desse capítulo. Estamos escrevendo essa fic com muito carinho para a querida @SBFernanda, como uma lembrança pelo seu aniversário.

Um ps: o capítulo tem uma parte em itálico, que representa as lembranças do Naruto do período que compreende entre o dia que ele acordou e o dia que ele deixou o hospital

Enjoy :)



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“Então eu ouvi uma voz…sua voz Hermione.”
“E o que eu disse exatamente, posso saber?”
“O meu nome, só o meu nome.”
Diálogo entre Rony e Hermione em Harry Potter e as Relíquias da Morte

Dias passaram-se. Depois semanas. Aos poucos as coisas caminhavam para a normalidade. Quer dizer, na medida do possível: nada voltaria ao normal na vida de Naruto que, naquele instante, se encontrava em seu quarto olhando a chuva que caía incessante lá fora.

Ele já havia recebido alta, ainda andava com ajuda de uma muleta e fazia fisioterapia três vezes na semana e além da fisioterapia respiratória. Sentado perto da janela, ele podia ouvir aquele som que normalmente serviria para acalmar as pessoas, o que não era o seu caso: o coração de Naruto se mantinha agitado como nunca.

Aqueles dias não tinham sido fáceis.

Assim que acordou do coma, os médicos começaram a dizer que o caso dele era raro, que poucas pessoas acordaram de um coma depois de tanto tempo e não escondiam o sorriso, principalmente o doutor Lee, que dizia que o anjo dele o acordara.

Não teve muito tempo para pensar nisso, na sua situação, porque em seguida veio a notícia de que os seus pais haviam morrido no acidente. Foi quando sentiu seu coração pesar. Eles eram tudo em sua vida: Minato, um exemplo de homem, Kushina, um exemplo de mulher, juntos, a síntese de um casal apaixonado.

Naquele momento, munido dessas lembranças, Naruto agarrou a camisa na altura do peito, bem próximo ao coração, enquanto uma fina lágrima deixava no seu rosto um rastro de saudade, a mesma que assolava seu peito. Em seus primeiros dias de luto, ele não queria comer, não queria se hidratar, além de ser rebelde com a equipe médica do hospital.

Até que um dia, farto das rebeldias do garoto, o padrinho soltou algo que o deixou curioso:

—  É sério? A garota perdeu seu tempo à toa vindo aqui te ajudar? - Jiraiya  levantava e ia na direção da cama onde Naruto estava.

Aquilo lhe chamou atenção. Mesmo no hospital, sonhava com uma voz doce que lhe falava coisas gentis e amorosas.

— Que garota? - ele levantou a sobrancelha em questionamento. — A Sakura-chan?

Sakura era uma velha amiga. Eram um trio na verdade: ele, Sakura e Sasuke. Quando era criança, ele tinha uma paixãozinha pela menina, ainda mais depois que descobriu que Sasuke gostava dela também, então ele entrou em uma luta silenciosa para conquistá-la e, assim, vencê-lo, porque os dois disputam tudo.

Naruto cresceu e percebeu que o sentimento que nutria pela menina era fraternal demais e, principalmente, que Sasuke e Sakura formavam um belo casal.

—  Sakura veio aqui algumas vezes, mas não estou falando dela. - disse Jiraiya ya com um sorriso no rosto.

Naruto estranhou o tom de voz do padrinho. ela primeira vez desde aquele dia que acordou, ele sorria com brilho nos olhos com tal comentário.

— Quem é então?

Jiraiya  deu um sorriso de lado e Naruto conhecia bem aquela expressão.

— Só irei dizer quando você  parar com essa palhaçada e começar a querer viver.

Naruto cruzou os braços e desviou o olhar do padrinho.

— Você não entende…

Jiraiya  levantou bruscamente da cadeira e foi até Naruto, segurou o rosto do rapaz, fazendo-o olhar para ele.

— Escuta aqui, Naruto, no início eu entendia o porquê de você estar triste, entendia o seu luto, sua raiva, eu passei por isso durante todo esse ano que você ficou desacordado e, ainda, tinha que lutar contra os seus parentes…

— Vai jogar na minha cara agora? Podia ter me deixado morrer então.

Jiraiya  o abraçou e Naruto se surpreendeu com tal atitude.

— Não, eu não podia, você é como um filho para mim. Eu te amo, Naruto, e quero que você viva.

Sem palavras, Naruto deixou cair as lágrimas que estavam acumuladas durante todo aquele tempo. Tinha chorado apenas quando acordou, depois não conseguia mais.

— Tinha… uma garota que vinha te visitar todos os dias. - Jiraiya  sorriu e bagunçou os cabelos do afilhado. — Ela lutou por você, Naruto, mesmo sem saber quem você era, então, por favor, por ela e por mim, viva.

Naruto chorou mais ainda e abraçou forte o padrinho, colocando para fora toda a tristeza que o assolava.

— Você… precisa me falar… sobre ela... - disse Naruto em meio ao pranto.

Jiraiya sorriu e abraçou o rapaz ainda mais.

— Eu falarei, mas você precisa querer viver.

Depois daquele dia, Naruto se dedicou a recuperação até poder ir para casa. Compareceu a todas as sessões da fisioterapia sem reclamar, seguiu as recomendações dos médicos e dos enfermeiros, e não mais recusou os remédios que lhe eram dados. Junto com o fim da rebeldia do rapaz, veio a sua liberação do hospital.

Quando recebeu alta, a primeira coisa que pediu ao padrinho foi que ele o levasse à lápide de seus pais. Queria se despedir de forma digna, como ele acreditava que Minato e Kushina mereciam, e acima de tudo, externar tudo aquilo que o sufocava, principalmente, o quanto os amava.

Chegar em casa e saber que os pais não estavam - e nunca mais chegariam - foi difícil, porém, ele iria mostrar aos pais que o amor deles não tinha sido em vão: iria viver por eles, como prometera ao Jiraiya.

Aos poucos a sua vida foi se ajeitando, continuou o tratamento que lhe fora recomendado e resolveu terminar os estudos em casa, pois não queria voltar para escola sem seus amigos lá, já que tinha perdido o último ano letivo e não pudera ingressar na faculdade, muito menos participar do esperado baile de formatura.

Não demorou para que Sakura e Sasuke, seus melhores amigos, o visitasse. Colocar o assunto em dia fez com que Naruto se distraísse um pouco dos seus problemas, pelo menos por algumas horas. Por mais que o assunto central fosse tudo o que ele não pode compartilhar com os dois, o Uzumaki era grato por vê-los novamente, após quase um ano, e ele se mostrou feliz por eles terem conseguido entrar para a faculdade.

Mas era a noite que o intrigava, que algo acontecia: Naruto sonhava com uma voz doce, que conversava com ele sobre assuntos diversos.  Em um dos sonhos, podia jurar que ela lia algo para ele. Mas, o que o incomodava era o fato de, não conseguir ver como ela era, não sabia como era seu corpo, com quem ela se parecia, tudo que podia ver era apenas um vulto  preto-azulado, que ele deduzia ser fios de cabelo.

E, agora, na escuridão do seu quarto, ansiava para que o sono chegasse e ele pudesse sonhar mais uma vez com a linda voz que o visitava à noite. Ali, nos sonhos, ele se sentia completo e o vazio no seu coração era preenchido.

Com os sonhos cada vez mais frequentes, Naruto tentou descobrir mais sobre a tal garota com o padrinho, julgando que aquela voz era dela, mas Jiraiya nada disse. Após ver o afilhado sair, milagrosamente julgou, ele mesmo havia procurado pela menina, com as únicas informações que tinha: Hinata, 17 anos e suas características físicas. Ele queria agradecer a ajuda. Mas, ela tinha simplesmente desaparecido, sem deixar rastros, nem mesmo doutor Lee pode dizer algo e os registros do hospital também não lhe levaram a ela. O homem acabou por concluir que a garota só poderia ser mesmo um anjo, literalmente. Por isso, resolveu omitir as poucas coisas que sabia sobre ela, como seu nome,  e pediu a Naruto para esquecer aquela história. O garoto não precisava de mais aquela perda ou frustração.


Entre os problemas que Naruto tivera que resolver no pós-coma, estava a herança deixada pelo seu avô. Findados todos os trâmites judiciais e os bens finalmente em seu nome, Naruto resolveu que não ficaria com nada que havia sido deixado para ele. Não guardara rancor do avô já falecido, mas considerava aquele dinheiro sujo de várias maneiras.

Por aquele dinheiro, seus pais passaram por poucas e boas. Por aquele dinheiro, um amor tão bonito não fora reconhecido pelos Namikaze. Por aquele dinheiro, sua amada mãe, uma das mulheres mais admiráveis que ele havia conhecido, tinha sido rejeitada e, por vezes, sentindo-se humilhada. Por aquele dinheiro, ele próprio fora tratado como um bastardo e, por causa dele, quase fora morto. Aquele dinheiro representava a ganância e a arrogância dos Namikaze e ele não queria nada daquilo, embora entendesse o arrependimento de seu avô: às vezes, é preciso uma tragédia ou um cenário muito ruim para que percebamos os erros que cometemos; erros que podemos consertar ou, nesse caso, remoer, até que chegue a nossa própria hora de partir. Bom, Naruto entender a ação do avô, não significava necessariamente aceitar. Para ele, simplesmente não fazia muito sentido: Minato havia tentado, por vezes, entrar em contato com o próprio pai e mesmo assim o homem era irredutível.

Mas ele havia optado por cursar Medicina e os custos não eram baixos. E só assim ele conseguiu ser convencido por Jiraiya a usar um mínimo daquela grana, após muito insistência. O padrinho falou, por dias e noites, que os Namikaze deviam a ele ao menos um futuro decente, depois de tudo. Assim, investiu alguma quantia na compra de um apartamento perto do campus da faculdade, evitando os dormitórios.

O garoto também quis dar um troco nos seus familiares: entre os bens deixados para si, havia ações da empresa de seu avô, em uma quantia que o fazia dono;  propriedades e um carro. Ele vendeu tudo. Assim, seus parentes gananciosos, que pensaram em lhe tirar a vida em troca daquele patrimônio, já não eram donos de nada. O dinheiro arrecadado com essa atitude foi doado a orfanatos, casas de repouso, ONGs e tudo quanto projeto de defesa aos animais e natureza. Apenas uma parte teve um destino diferente.

O pedido de Jiraiya para que ele investisse um pouco desse maldito dinheiro em seus estudos não foi acatado sem uma contrapartida: Naruto faria o que ele queria, desde que o padrinho aceitasse um investimento para a publicação de seus livros. De início, o homem relutou, porque acompanhou de perto o sofrimento de Minato e Kushina. No fundo, ele também considerava aquele dinheiro sujo, mas não queria que o afilhado desistisse de seu futuro. E foi assim que foi convencido.

O restante dos estudos de Naruto seriam tocados com as economias deixadas pelos seus pais, que já haviam pensado naquela fase de sua vida. Escolhendo por Medicina, um curso praticamente integral, ele sabia que não teria muitas opções de tempo para o trabalho e até que chegasse a parte do internato ou da residência, longos anos já teriam se passado.



Passado um ano do acidente, Naruto finalmente entrava para a faculdade. Por mais que não cursasse o mesmo ano de seus amigos, resolveu ir para a mesma universidade em que haviam ingressado, além de convidá-los para morar em seu apartamento. Sakura, de início, pensou em recusar a oferta. Imaginava que não seria uma boa ideia morar com Sasuke e Naruto, já que queria focar em seus estudos, levar a faculdade de uma forma correta e responsável. Mas, ao perceber que o amigo tinha o mesmo objetivo, acabou cedendo. Sakura também cursava Medicina e, sendo veterana do garoto, poderia ajudá-lo, principalmente neste período inicial que ela sabia que assustava: a Anatomia não era das matérias mais simpáticas e Naruto não era lá muito adepto a cadáveres.

Naquela altura, os sonhos de Naruto já não estavam tão presentes, a doce voz que o visitava parecia distante e, quanto mais ela ia se afastando, aquele  vazio que o acometeu após saber sobre a morte dos seus pais, voltava a crescer em seu coração.

Em um dia de estudos, Sakura levantou uma questão.

—  Naruto, posso te perguntar uma coisa?

Naruto, que estava concentrado no enorme livro de Anatomia à sua frente, levantou minimamente a cabeça e a olhou, curioso.

—  Eu tenho uma amiga….

Ele bufou, imaginando o que Sakura iria dizer.

—  Não começa! - falou voltando a atenção ao livro.

— Não é  nada disso, Naruto idiota! Não suponha coisas antes que eu possa terminar de falar. - ralhou Sakura. — Se quer saber, eu já desisti de te apresentar garotas. - fez uma careta. —  Sei que você tem uma paixonite pela sua garota-anjo. - ao pronunciar a última palavra, Sakura fez aspas com as mãos, para em seguida faz um biquinho, contrariada

Naruto rolou os olhos.

— É  o que então?

Sakura sorriu.

— Como eu estava falando, essa minha amiga tem problemas sérios com uma colega de quarto. A coitadinha não consegue estudar e, às vezes, de madrugada, ela vai para os corredores da faculdade para poder colocar a matéria em dia ou fazer algum trabalho.

Naruto levantou a cabeça e olhou preocupado para a Sakura, ele sabia bem que era perigoso uma garota ficar sozinha nos corredores da faculdade.

A garota sorriu mais uma vez, ao constatar que o seu amigo não havia mudado em nada, lá estava ele preocupado com uma menina que ele nem conhecia.

—  Estive pensando e ela poderia vir morar aqui... - Sakura prosseguiu, olhando para o lado, em um claro sinal de vergonha. Naruto quis rir da situação, porém ainda estava preocupado com a garota.

—  Ela pode dormir no sofá Naruto. Eu só quero que ela possa estudar em paz. - falou em um tom um pouco mais desesperado e um olhar quase suplicante.

— Eu ainda nem falei nada! - o rapaz se manifestou, antes de colocar uma das mãos no queixo e começar a analisar a sua amiga. —  Algo não está certo... você nem é de se preocupar tanto com as pessoas. Como uma garota, em apenas um ano, conseguiu te conquistar dessa maneira, Sakura-chan?

— Eu gosto dela, Naruto, e nesse pouco tempo que estamos juntas, ela se mostrou uma amiga de verdade. - ela encostou na cadeira suspirando.

Ele sabia que o assunto “amiga” não era agradável para ela. Haruno Sakura sempre foi muito bruta para os padrões estabelecidos para uma pessoa do sexo feminino, o que fez com que as outras meninas não gostassem muito dela, seja na escola, na vizinhança ou em qualquer outro lugar. Conseguia facilmente fazer amizades com os garotos, mas nunca teve uma amiga. Durante toda a infância, sofreu bullying pelo seu jeito explosivo e as garotas, em um desses episódios, cortaram seu cabelo bem curto e de uma forma quase impossível de se acertar em um cabeleireiro, por melhor que fosse. Os longos cabelos, na altura da cintura, eram para a Sakura o seu sinal de feminilidade e vaidade, que as pessoas tanto diziam que ela não possuía.

Tal fato fez com que ela passasse por terapia e Naruto e Sasuke ficaram ao seu lado em todo o tratamento. Quando ela resolveu voltar para a escola, pintou seu cabelo de rosa, em sinal de protesto e adotava esse visual até hoje. Naruto e Sasuke nem se lembravam mais era a cor do cabelo natural da amiga.

— Tem certeza que ela é  sua amiga? - o rapaz ainda estava desconfiado, não queria vê-la sofrer mais uma vez.

Os olhos de Sakura brilharam.

—  Sim, muito! Quando a conhecer você saberá o quanto ela é especial!

Ela segurou a mão do amigo e Naruto não conseguia negar nada a Sakura daquele jeito.

— Tudo bem! - Sakura deu um gritinho. —  Mas, quero conhecê-la primeiro, ter certeza que ela não vai te magoar.

Sakura apenas assentiu.

—  E, claro, a menina não vai dormir no sofá, né? Vamos ter que fazer umas mudanças. - Naruto colocou a mão no queixo pensando. —  Vocês dormem no mesmo quarto, eu e o Sasuke dormimos no outro. - ele sorriu de lado. — O teme vai odiar isso. - agora ele gargalhava.

Sakura sorriu ainda mais, aos poucos o seu amigo, mesmo em meio a todas as dificuldades e dores, estava reaparecendo. Ela levantou e deu um beijo na bochecha dele, surpreendendo-o.

— Obrigada mesmo, de verdade!

Sakura falou de forma tão diferente do de costume, mais serena, mais leve. E aquilo só incentivou Naruto a querer ajudar a garota que aceitou Sakura do jeito que ela era.


Naruto chegava em casa totalmente cansado. Tinha acabado de passar por uma prova muito difícil, todavia, conseguiu se sair bem graças as dicas que Sakura lhe deu sobre o professor e o tempo que ela dedicou em estudar com ele.

Assim que entrou no apartamento, viu Sasuke jogado no sofá, com a TV ligada, lendo um livro. Naruto fechou a porta suspirando, foi até a TV e a desligou.

— Ei! Eu estava vendo. - Sasuke sentou no sofá.

— Uma coisa ou outra, Sasuke. Não dá para prestar atenção nos dois. - Naruto falava, enquanto ia até a cozinha americana e pegava um suco na geladeira.

— Eu consigo prestar atenção nos dois. - Sasuke jogou o livro na mesinha de centro.

— Mesmo você sendo um prodígio, isso não é possível. - Naruto bebeu o suco do gargalo.

— Que merda, Naruto! Você querendo me dar sermão e não pode pegar um copo, outras pessoas vão beber o suco também.

— Eu vou beber tudo, só tem um pouco. - Sasuke bufou. — Para de ser chato, aliás o que você está fazendo em casa?

Sasuke se jogou no sofá.

— O professor teve um compromisso e precisou faltar, a Engenharia me deu uma folga hoje.

Naruto riu e voltou para a sala. Paralisou ao ver o título do livro que Sasuke estava lendo.

— O que foi Naruto? Parece que viu um fantasma?

E era assim que sentia. O fantasma daquele livro.

Com certeza, ele já tinha ouvido aquele título em seus sonhos. Devagar pegou o livro na mesa de centro.

— O que foi Naruto? Está me assustando? - Sasuke levantou e foi na direção do amigo, pegando o livro de suas mãos.

— Eu tenho a sensação de que já li esse livro.

— Impossível! É  um suspense policial, você não gosta desse tipo.

Mesmo assim, aquela sensação não passava e Naruto tinha certeza que conhecia toda a história daquele exemplar.

— Eu tenho certeza! Você não vai se arrepender é muito bom. - Naruto pegou suas coisas do chão. — Vou descansar um pouco.

Ele foi até o quarto deixando um Sasuke surpreso olhando para o livro em suas mãos.  O título era “Confie em Mim” de Harlan Coben.


Quando entrou no quarto., o garoto jogou a mochila num canto qualquer, tirou o tênis - que ficou abandonado no meio do cômodo - e se jogou na cama. Não se preocupou em trocar de roupa. Tinha urgência em dormir, não só pela prova exaustiva, mas também tinha a sensação que hoje iria encontrar seu anjo dos sonhos. Sorriu com o pensamento e adormeceu com rapidez.

Mas, naquela tarde, o sonho foi agitado. Sonhou com a voz lendo o livro para ele, mas ao final, ele sentia o desespero dela. Sentiu seu coração bater junto ao seu e quando ela foi afastada de si, sentiu um vazio enorme.

Acordou assustado, suando e ofegante. Olhou pela janela e viu que já era noite. Pegou seu celular e ligou para o padrinho.

— Fala, garoto! Quanto tempo?

— Um nome, Ero Senin! Eu preciso de um nome.

— Do que está falando garoto?

Naruto andava em círculos no seu quarto. Seu coração estava inquieto demais. Parecia que iria explodir. Precisava de alguma coisa para acalmá-lo.

Entendo, finalmente, do que se tratava, Jiraiya se pronunciou:

—  Já disse para você esquecer…

—  Não dá para esquecer! - explodiu, surpreendendo o padrinho. —  Eu sonho com ela desde que recebi alta. Não dá para esquecer. Eu só me sinto completo quando ouço a voz dela, por favor Ero  Sennin, me conta.

Naruto ouviu Jiraiya suspirar.

—  Hinata, o nome da garota é Hinata.

Naruto sorriu, combinava com a doce voz e seu coração se aqueceu de uma forma tão boa que sentou na cama aliviado.

— Só Hinata?

— Lamento, filho. Mas é  só o que eu sei. Lee não quis me falar o sobrenome da menina quando eu quis procurá-la para agradecer. Disse que se ela sumiu foi uma vontade dela e não queria passar por cima disso.

— Ela estava com medo, Ero Sennin, teve medo de eu rejeitá-la ou não lembrar dela.

— Como sabe disso?

Naruto não sabia explicar como sabia, mas tinha certeza que a conhecia bem o suficiente para chegar àquela conclusão.

— Eu apenas sei.


Encontrar Hinata tinha se tornado uma questão de honra para Naruto, uma missão em vida. Só que era como encontrar uma agulha em um palheiro. Resolveu utilizar a tecnologia a seu favor, mas a internet só aumentou o seu desespero: muitas meninas se chamavam Hinata no Japão e ele nem sabia que era um nome tão comum assim.

Procurou o doutor Lee, mas ele também se recusou a falar o sobrenome da garota. Pelo que entendeu, o médico havia recebido a visita do pai da garota e ele teria pedido sigilo a sua identidade, pois temia pela filha. Naruto até entendia, visto o plano maligno elaborado pela família de seu avô para que pudesse ficar com a herança. Hinata havia impedido aquela ação e salvo a vida do único herdeiro do velho Namikaze, fazendo-o acordar.

A única coisa boa nisso tudo - ele julgou - foi o retorno  dos sonhos, que voltaram a ser frequentes e, agora, eram bem reais. Ele nunca sabia onde se encontrava, mas a voz era real. Era como se ele a escutasse em meio a uma escuridão e só conseguia ver o reflexo do seu cabelo.

O humor de Naruto se transformou da água para o vinho. Os amigos estavam felizes por tê-lo completamente de volta. O Uzumaki não sabia bem como, mas sentia que estava próximo de encontrar a sua garota.

Uma outra novidade vinha à tona, Naruto se descobriu um grande  amante de Neurologia e Neurociência. E manifestou os amigos a vontade de  iria se especializar na área. Passava parte do seu tempo livre estudando e vendo entrevistas de Neurologistas famosos, principalmente quando o assunto era relacionado ao coma.

Por conta de todo o seu confinamento, Sakura resolveu chamá-lo para ir a praia junto dela e seu namorado. Aproveitaria a oportunidade para apresentar Naruto a sua amiga. Ela estava ansiosa por uma resposta do amigo sobre ela poder morar com eles e, como a condição do rapaz era conhecê-la primeiro, mataria dois coelhos numa cajadada. Mas não seria tão fácil. Em um primeiro momento, Naruto recusou o convite, alegando que queria ficar em casa, estudando. Entretanto, até ele mesmo reconhecia que estava precisando de uma dose cavalar de diversão.

Sakura era a única dos três que tinha carro e, por isso, Naruto perguntou se a amiga iria buscar a menina.

— Não, ela vai com outro amigo…. sabe, de infância. Inclusive, já devem estar lá. - disse, apressando ele e Sasuke.

Por alguma razão desconhecida, aquelas palavras mexeram com Naruto de alguma forma. Balançou a cabeça afastando aquela sensação e entrou no carro.

Assim, os três seguiram para a praia próxima a Universidade.  Sasuke estava animado, já não via o mar há muito tempo, quanto a Sakura estava ansiosa para que Naruto conhecesse sua amiga.

Já o Uzumaki, apenas queria tomar um banho de mar e curtir a vista da praia.

Assim que chegaram, Sakura correu na frente para encontrar logo a menina. Naruto e Sasuke seguiram atrás, rindo da garota, nunca tinham visto ela tão animada com uma amizade do mesmo sexo e isso deixava os dois imensamente feliz.

Só que essa felicidade teve fim no momento em que Sakura parou ao lado de uma garota de longos cabelos pretos e pele bem branca. O sorriso do Naruto foi se desfazendo, em câmera lenta, na mesma medida que as batidas do seu coração assumiram um ritmo acelerado e as mãos começavam a formar um suor incomodo.

A menina passava o protetor solar, quando Sakura lhe deu um susto. Ele iria rir da situação, se não estivesse tão incomodado.

Apertou o passo e chegou mais perto a fim de ouvir a conversa das meninas.

—  Que bom que veio, Hina? Pensei que o Kiba não iria te trazer. - Sakura disse feliz.

Hina? Por que aquilo era tão familiar para ele? Enquanto pensava isso, se viu ser tomado por raiva. E se deu conta que era o nome do rapaz que lhe causava isso. Mas porquê?

— Eu precisava respirar um pouco, Saky, a faculdade cansa às vezes. - disse a menina, ainda de costas, e automaticamente Naruto estancou, para não tão cedo conseguir tomar qualquer atitude..

A voz.  Aquela era a voz que o visitava durante todas as noites desde que acordou, ele tinha certeza. Seu coração bateu forte, suas mãos estavam suando a ponto de Naruto esfregar seus dedos, sua garganta fechou e ele não sabia se ia conseguir falar qualquer coisa.

Sakura se virou  e, ao olhar o amigo, estranhou a situação. A menina ao seu lado franziu o cenho e olhou para a mesma direção que Sakura, apenas para arregalar os olhos em surpresa. E como em um de seus contos de fada ou comédias românticas favoritas,  Naruto estava bem à sua frente.


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Notas finais do capítulo

É aí galera???



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