The Other Half-Breed escrita por Deh


Capítulo 2
Dark Enough




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And still want to hurt more
How does someone so loving
Learn to hate her own guts

Dark Enough - Amanda Lopiccolo

Sete e meia da manhã e eu estou subindo as escadas da velha casa Spellman, após passar a noite em uma cama horrível de um hotel barato de Riverdale. Já diante da porta eu respiro antes de abrir, afinal bater campainha para que?

Assim que entro, deixo minhas malas na sala e sigo o som da conversa. Ali com tia Hilda cozinhando algo e os demais sentados na mesa, faço minha presença ser notada:

—Bom dia!

—Quais maus ventos te trazem aqui Zaira!? –Ambroise é o primeiro a pronunciar.

Rolo os olhos e sento em um dos lugares vagos na mesa e sirvo uma xícara de chá.

—Oh querida que visita mais... inesperada! –Tia Hilda diz ao se sentar.

Me limitei a sorrir, enquanto a jovem Sabrina me encarava, rolei os olhos mas limitei a tomar meu chá. Já que ninguém falou nada Ambrose se encarregou de fazer as apresentações:

—Sabrina, esta é a prima Zaira.

—Olá, é um prazer conhece-la. –A jovem bruxa, que se nega a ser uma bruxa de verdade, me cumprimentou.

Eu, no entanto, me limitei a erguer a sobrancelha e Ambrose logo a advertiu:

—Não se deixe enganar pela expressão angelical dela, se ela for te envolver em qualquer coisa, fique longe dela.

Rolei os olhos e disse:

—Ambrose você ainda está magoado porquê você foi pego?

Ele apenas bufou e nada mais disse.

Foi quando Sabrina anunciou que estava indo para o colégio, que eu percebi que minha estadia aqui seria no mínimo complicada. Zelda em um instalar de dedos fez uma mochila azul aparecer no meu colo e ela disse finalmente levantando o olhar do jornal que lia:

—Se apressem ou vão chegar atrasadas.

 Eu a encarei ceticamente:

—Você não acha que eu vou para a escola né? Eu posso parecer uma adolescente, mas você sabe muito bem que não sou.

Mas ela teve a audácia de me encarar:

—Eu não acho, você vai para o colégio, e enquanto estiver debaixo do meu teto irá agir conforme minhas regras.

Eu dei uma risada seca e disse:

—Então problema resolvido, eu estou indo embora.

Me levantei deixando a mochila na cadeira, ela deixou o jornal que estava lendo em cima da mesa e me olhando desafiadoramente de modo que eu quase senti medo, quase, ela disse:

—Você conseguiu ser destituída de sua magia e a menos que queira queimar no fogo do inferno, você ficará nesta casa.

Eu bufei e peguei a tal mochila azul, estava prestes a sair da cozinha quando ela disse:

—E quando você chegar trate de guardar suas coisas no seu antigo quarto.

A passos rápidos e com Sabrina me seguindo eu saio daquela casa em direção ao colégio.

Adolescentes são no mínimo entediantes, e por obra de algum ser sobrenatural os professores mortais me trataram como a prima de Sabrina recém transferida: Zaira Spellman.

 No intervalo estava lendo um livro no pátio quando Sabrina veio acompanhada de duas amigas, uma afro-americana e uma menina que mais parece um menino, as duas tem uma aura diferente, talvez as coisas aqui serão interessantes durante o meu período de férias forçadas.

—Você é uma bruxa também? –A menina-menino me perguntou curiosa e eu rapidamente olhei para Sabrina.

—Ela é, eu acho. –Minha priminha disse.

Eu fiz careta, desde quando Spellmans são tão íntimos de mortais a ponto de contar sobre o que somos? No entanto me lembro que Sabrina não é uma Spellman qualquer, ela é a outra mestiça. Já que elas sabem tanto assim, faço minha apresentação oficial:

—Zaira Maquiavel, e a quem devo o desprazer?

As três franzem o cenho ao ouvirem pela primeira vez meu sobrenome.

—Como Nicolau Maquiavel? –A afro-americana perguntou.

—Ele foi um apadrinhado do meu pai. –Eu me limitei a dizer.

Após elas se apresentarem e me chamarem para seu “Clubinho”, eu me separei delas.

Caminhando pelo corredor, sou cercada por três jogadores de futebol-americano, homens....

—Vejam garotos temos carne nova no pedaço. Qual o seu nome gatinha? –O mais forte disse.

Rolei os olhos e então disse:

—Não que seja da conta de vocês, mas é Zaira.

E simplesmente sai da rodinha deles.

O tempo na escola é realmente entediante, no entanto no caminho de volta para casa me divirto ao ouvir os dilemas de Sabrina, quem diria que uma Spellman se negaria a assinar o livro da besta?

Chegando no meu antigo lar, minhas malas se encontram no mesmo local que eu as deixei pela manhã, bufando eu pego elas e me dirijo ao local que um dia foi o meu quarto. Enquanto caminhava pelos corredores velhas lembranças me vieram em mente e a única coisa que eu pude fazer era andar mais rápido. Quando cheguei diante da porta do que um dia foi meu quarto, eu coloquei a mão na maçaneta e então Sabrina, que eu nem percebi que estava me seguindo, disse:

—Está trancada, devemos pedir a chave...

Antes que ela pudesse terminar de falar eu virei a maçaneta e a porta se abriu, dois passos adiante e eu estava dentro do meu refúgio de infância. As paredes roxas, a cama, os moveis tudo igualzinho, parecia que ninguém havia o tocado desde que parti há muito tempo.

—Uau, eu nunca consegui entrar aqui. –Ouvi Sabrina dizer ao fundo, eu apenas deixei tudo o que estava segurando no chão e sai do quarto. Eu precisava respirar, eu precisava de ar puro, eu precisava correr, enfim eu precisava sair dali. Trombei com tia Hilda que usava uma fantasia bizarra na sala, ela disse algo que eu mal prestei atenção, naquele momento meu foco era sair daquela casa.

Eu corri. Corri até a floresta, eu precisava de tranquilidade, precisava ouvir o som do vento e das criaturas. Não sei exatamente quanto tempo fiquei ali em pé, mas deve ter sido tempo suficiente para que tia Hilda colocasse roupas mais adequadas, me assustei quando ela disse:

—É melhor ir para dentro, vai chover. –Ao contrário dos olhares intimidados que recebo dia-a-dia, o dela era diferente, era carinhoso... era maternal! Já faz muito tempo que alguém olhou assim para mim.

—O quarto está igual. –Eu gaguejei

Ela sorriu:

—É claro que está, é o seu quarto. –Eu a olhei estranhamente. –E esta sempre será a sua casa, assim como você sempre será uma bruxa de Greendale.

Eu si secamente:

—Talvez meu pai não devesse ter me mandado para cá, se o propósito dele é realmente fazer essa parte desaparecer.

Ela me olhou curiosa e eu franzi o cenho e perguntei:

—Você não sabe?

Ela fez que não com a cabeça.

Suspirei:

—Talvez seja melhor que continue assim.

Ela me dirigiu mais um olhar maternal:

—Você é igualzinho a ela, mas lembre: se precisar de alguém para conversar estou aqui.

Dessa vez eu sorri de verdade:

—A Spellman excomungada?

Ela fez bico e semicerrou os olhos:

—Você já sabe disso!?

Dei de ombros:

—Uma Spellman excomungada? Tia Hilda a senhora está fazendo história.

Ela sorriu levemente e por fim disse:

—O jantar será servido em uma hora.

Ela saiu me deixando ali contemplando minha adorada solidão.


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