"Me amaldiçoe, por favor." escrita por Haruyuki


Capítulo 1
"Me amaldiçoe, por favor."


Notas iniciais do capítulo

Para o Halloween.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/769793/chapter/1

Estou cansado. Acabo de me sentar, colocar meus fones de ouvido, e admirar a paisagem dentro do trem, planejando voltar para casa e poder dormir depois de uma longa noite de trabalho. São quase 5 e meia e os primeiros resquícios da manhã do dia 01 de Novembro de 2018. Me vejo refletido no vidro da janela, com meus longos cabelos prateados e meus olhos azul turquesa. Percebo ao meu lado cabelos negros bagunçados e viro meu rosto para meu companheiro de assento, que estava de cabeça baixa quando eu me sentei.

Percebo um par de óculos de armação azul, e… Ele está usando uma roupa preta de gola alta, com um chapéu pontudo em mãos. Uma fantasia? Oh, é mesmo! Ontem foi Halloween. Ele está se vestindo de bruxo. Quando o trem faz uma curva, para a minha surpresa, a cabeça dele vai junto e acerta meu ombro. Então eu escuto o barulho de ronco, o que me faz olhar para ele com surpresa.

Sr. bruxo está dormindo e babando no meu ombro! Ai meu deus!

Mas o pior não é só isso!! É que eu acabo reconhecendo ele como um dos meus clientes do meu trabalho como bartender e o dono do meu coração gay: Yuuri Katsuki!!

15 minutos depois.

Ok. Estou calmo agora. Há! Quem eu engano? Estou entrando em pânico isso sim. Ok, deixe-me respirar fundo. Certo. Estou um pouco melhor. Eu não estou mentindo! Eu juro!

Tudo bem, aposto que quer saber como esse rapaz de rosto super fofo e corpo super delicioso se tornou meu crush? Diz que sim, vai! Por favor!

(Naquele momento na casa ao lado de Victor, um garoto de cabelos loiros grita: “Cala a boca e conta logo, velho idiota!”)

Ok, ok. Bem, era uma vez…

(Naquele momento, na casa do melhor amigo de Victor, que naquele momento está deitado com seu namorado, ambos nus, este grita: “Isso não é um conto de fadas, Victor!”)

Oh, é mesmo. Desculpem-me.

*Cough, cough*

Bem, comecei a trabalhar meio-período em um bar há 3 anos atrás. Meu trabalho naquela época consistia em servir drinks e ajudar na limpeza antes do bar abrir. No começo, era bastante entediante, até que um certo dia, este deus grego que no momento está encharcando minha camisa de saliva, mas quem sou eu para reclamar? Eu prometo nunca mais irei lavar esta camisa e idolatrar esta baba todos os dias.

(Do outro lado do planeta, na Rússia, um homem baixo e careca começa a ficar com o rosto vermelho de raiva e grita: “Vitya, seu idiota, pare de sonhar!”)

Tsk. Me deixe em paz, Yakov!

Então, voltando a história. Esse homem, que graças a um dos garotos que o acompanhava descobri que se chama Yuuri, se aproxima com um sorriso tímido no rosto que me fez meu corpo sentir ser atingido por inúmeras flechas do cupido e pede desculpas pelo barulho que os outros que o acompanham estão fazendo. Bem, não nego que de tão encantado que fiquei, acabei não respondendo e o olhando com surpresa por um bom tempo, até que meu colega, um italiano chamado Michele Crispino, grita ao meu lado para que ele não ficasse perto da irmã dele.

Que rude! Eu me lembro de ter pensado, até que escuto uma gargalhada angelical vinda de Yuuri, que se encosta no balcão e conversa com Michele de boa, como se já o conhecesse. Naquele dia, descubro que ele é um jovem professor e que todos estavam ali para comemorar o término das aulas naquele ano. De todos o que estavam ali presentes, apenas Yuuri e Sara, irmã de Michele, não haviam bebido nada alcoólico pois foram escolhidos para levar os outros para casa. Lembro que a situação esquenta, quando Michele novamente reclama sobre Sara estar sentada ao lado de Yuuri. É claro que o irmão de Sara só se cala quando Yuuri diz que é gay e que provavelmente poderia ter uma queda nele se já não tivesse alguém em mente.

Oh! Meu pobre coração! Quebrado em mil pedaços por causa disso. Mas então, eu noto que ele estava me olhando timidamente. Será que? Não, é impossível. Graças a eles, foi uma das noites mais ocupadas do bar e ganhei uma gorjeta de 150 dólares. Só no trem de volta para casa que eu me lembro de Michele ter comentado que sua irmã trabalha como professora de dança.

Yuuri passou a frequentar o bar outras vezes, mas nunca o vi ficar completamente bêbado. Mas nós conversamos bastante e aprendi muito sobre ele. Coisas como o nome dele completo, que é Yuuri Katsuki, que ele veio de uma cidade litorânea do Japão chamada Hasetsu, que ele adora um prato chamado Katsudon, que consiste em porco, ovos, arroz, e outros ingredientes que eu não me lembro. Ele também gosta de dançar e patinar no gelo, tem um mini poodle que é super precioso chamado Vicchan que se parece muito com minha Makkachin e gosta de ler muito. Eu também contei para ele meu nome completo, Victor Nikiforov, que sou russo, que também tenho um poodle e que também gosto de patinar no gelo. Conto que gosto de cozinhar e dançar, apesar de não saber nenhum ritmo. Yuuri me perguntou porque eu não aprendo um, e eu respondo timidamente que é por causa de dinheiro. É claro que eu não revelaria que estava me afundando em dívidas…

“Estação Jacksville. Estação Jacksville.” Escuto, o que me faz despertar de minhas lembranças.

Oh, é a minha Estação. Mas…

Olho para o Belo Adormecido no meu ombro e solto um alto suspiro. Escuto o som de risadas abafadas e percebo que estamos sendo observados por uma senhora. Imediatamente tenho uma idéia genial. Pego meu celular sem me mover muito, retiro os fones, abro o aplicativo de câmera e a olho.

“Poderia tirar uma foto nossa?” Pergunto, me estendendo o aparelho.

“É claro.” Ela diz, o pegando e tirando a foto no momento que eu me encosto nele. “Aqui está.”

“Muito obrigado.” Digo, pegando o celular e admirando a foto.

Ai meu deus! Será que eu consigo imprimir pôsteres para colar no meu quarto?

“É hobby seu se divertir com pessoas que estão dormindo, Victor?” Escuto e congelo, pois reconheço a voz angelical de meu Príncipe encantado.

(Eu sou uma princesa em agonia, ok! Não, espera. Eu sou uma princesa em pânico agora, ok!)

“Yuuri?” Pergunto, apavorado ao ver que ele levanta o rosto e me olha por cima dos óculos que ainda estão no rosto dele e eu me esqueci de tirar.

“Ohayou.” Ele diz, bocejando e se erguendo, se espreguiçando ao meu lado.

Ele olha em volta, coçando a cabeça. Então ele me olha e arregala os olhos.

“Oh não. Me desculpe, Victor. Ai meu deus, eu não acredito que eu dormi em você em um trem. Sua camisa! Ai meu deus, ela está toda babada. Me desculpe, Victor.” Ele entra em pânico.

Eu não consigo me controlar e caio na risada, o fazendo parar de falar e me olhar com surpresa.

“Desculpa, mas… eu não consegui… um bruxo… se assustando…” Digo, entre risos e ele abaixa o rosto.

“Ah.” Ele apenas diz, vermelho.

Ele se levanta e retira a capa do corpo, revelando completamente a roupa que estava escondida esse tempo todo. Calça e colete pretos, camisa branca de manga cumprida e gravata vermelha.

Me amaldiçoe, por favor. Quero ser seu por toda a eternidade.

“Quê?” Ele pergunta, me olhando com surpresa.

E então eu percebo que devo te falado em voz alta. Escondo meu rosto de vergonha, escutando a mulher de antes rindo de mim.

“Estação Westburn. Estação Westburn.”

“Espera um minuto. Aqui é a minha estação. Por que você ainda está aqui… ah merda.” Ele diz, novamente entrando em pânico.

Espera um minuto digo eu! Como é que ele sabe que eu desço antes?

“Não vai me dizer que a culpa é minha? Ai meu deus.” Ele coloca as coisas na mochila que estava entre as pernas dele o tempo todo mas a capa escondia e a coloca no ombro no exato momento que o trem chega na estação. “Me desculpe. Você tem como voltar?”

“Eu… Eu não sei.” Digo, o olhando com surpresa.

“Então, você pode vir comigo? Eu posso te levar para casa depois.” Ele diz, estendendo a mão para mim.

Sim, senhor! Irei com você até os portões do inferno se você quiser!

Para a minha surpresa, não é o inferno para onde ele me leva e sim a casa dele. Lá, ele me oferece o banheiro para eu tomar banho e o quarto dele para eu dormir. Não nego que assim que me deitei naquela cama, eu dormi profundamente. Quando acordo, ele me serve café da manhã, mesmo sendo de tarde. Então para a minha surpresa, ele diz.

Eu ainda estou em choque pois não só estou na casa de meu crush, como também usei o chuveiro e a cama dele e pode ver de perto o lado caseiro de Yuuri Katsuki. Abençoado seja meu coração gay, que eu poderia morrer feliz agora.

“Meu melhor amigo está vindo aí com meu carro, então poderei te levar em casa sem problemas.” Ele diz, após falar no celular.

“Muito obrigado e desculpa o incômodo.” Digo, acariciando a barriga do poodle dele.

“Não é incômodo nenhum. Afinal fui eu quem fiz você perder sua estação.” Yuuri diz, embaraçado.

Quando o tal melhor amigo chega, lembro de ter visto ele também na comemoração junto com Yuuri e Sara. Um rapaz moreno, de cabelos e olhos negros.

“Ai meu deus! O rapaz do trem e do ringue de gelo! Yuuri, você finalmente conseguiu!” Ele exclama, para a minha surpresa e o horror de Yuuri.

“PHICHIT!!!!” Yuuri exclama, completamente vermelho, tampando a boca do outro.

Rapaz do trem? Ringue de gelo?

Oh…

“Você…” Começo, mas sou interrompido.

“Me desculpe, Victor. Eu… já tinha te visto bem antes. Pois nós embarcamos no mesmo trem para ir ao ringue de gelo. Eu… eu sei que é bizarro ter alguém te perseguindo assim, mas juro que não era a minha intenção.” Yuuri diz, de rosto abaixado e se escondendo atrás de Phichit.

Ah, não. Não se esconda de mim.

“Então é por isso que voce sabia da minha estação.” Digo, e ele afirma com a cabeça.

“Me desculpe.” Ele diz. “Se você quiser, eu paro de aparecer no bar e deixo de usar o trem.”

“De jeito nenhum!” Exclamo, assustando os dois. “Espera. Como é que eu não percebi você então?”

“Oh, Yuuri.” Phichit diz, abaixando a mão dele do rosto. “Bem que eu te disse que você não iria ser notado usando todas aquelas roupas ridículas.”

“Mas lá no rigue faz muito frio!” Yuuri exclama, fazendo bico para Phichit.

“Err…” Começo a falar, mas Yuuri me olha com surpresa.

“Ah, certo. Deixe-me te levar para casa.” Yuuri diz, pegando a chave do carro na mão de Phichit.

A viagem foi em silêncio, com exceção de quando eu passo para ele o caminho de minha casa. Eu estou feliz, apesar de tudo o que me aconteceu e tudo parecia bem até aquele momento.

“Ei, Victor. Aquela é sua casa?” Yuuri pergunta, e eu olho para a casa que ele aponta, que de fato é a minha e possui um grande aviso de despejo pendurado nela.

“Merda.” Digo, imediatamente saindo do carro e indo correndo até a porta.

De fato, recebi um aviso que me dá 24 horas para sair dali. Merda, merda, merda! E agora?

“...ctor.” Escuto, e sinto mãos agarrarem os meus ombros. “Victor, você está bem?”

Oh, não. Não, isso não.

“Victor, você tem para onde ir?” Yuuri pergunta, me olhando com preocupação.

“Não, eu…” Ele então me toca na minha bochecha, para a minha surpresa.

“Victor, se você quiser, você pode ficar na minha casa o tempo que precisar. Eu estou preocupado com você e com Makkachin.” Yuuri diz, me olhando seriamente e me assustando.

“Eu não posso, eu só irei incomodar…” Digo, não me contendo e começando a chorar.

“Eu não me importo. Você pode me incomodar o quanto quiser.” Ele diz e eu, não aguentando mais, O agarro pela camisa e o puxo na minha direção, lhe dando um beijo na boca.

(Eu internamente neste exato momento:

'Cause baby you're a firework
Come on show 'em what your worth
Make 'em go "Oh, oh, oh!"
As you shoot across the sky-y-y)

E então eu finalmente percebo que ele não só está retornando o beijo como também está me agarrando na cintura com as duas mãos. Quando nos afastamos, ele me olha nos olhos com o rosto corado e sorri.

“Oh.” Ele diz. “Eu pretendia te convidar para sair primeiro antes de perguntar se poderia. Mas não vejo nenhum problema em nosso primeiro beijo ser assim.”

“O quê?! Oh não, eu estraguei seus planos!” Exclamo, apavorado.

“Bem, ainda podemos, claro. Mas primeiro, você gostaria de morar comigo, como meu namorado?” Ele diz, rindo.

“Yuuri, eu me apaixonei por você desde a primeira vez que te vi, lá no bar. Então minha resposta é sim. Eu aceito ir morar com você e Vicchan sim. E também aceito ser seu namorado.”

Senhoras e senhores, me declaro agora o homem mais sortudo do mundo. É claro que minha vida não muda de uma hora para outra. Mas tenho certeza de que com Yuuri, eu serei muito feliz…

...

(Espera. Deixem-me rescreever essa última parte, afinal não só descubro que meu Yuuri é professor de pole dancing e dançarino famoso a ponto de conhecer divas como Beyoncé e Lady Gaga, como tambem o nosso encontro realmente acontece e acaba com nós dois na cama, transando. Deus, como eu sou sortudo!)

Senhoras e Senhores, me declaro o homem mais sortudo do universo. Eu, Victor Nikiforov, que em poucas horas me tornarei Victor Katsuki-Nikiforov porque ele aceitou se casar comigo. Graças a ele, que me deu apoio e estendeu a mão quando eu mais precisei, tenho certeza que serei até o fim muito feliz com ele. Torçam por nós ok?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se alguém não reconheceu, a musica usada é Firework de Katy Perry.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história ""Me amaldiçoe, por favor."" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.