Judith escrita por Flower


Capítulo 12
Capítulo 12 – O grande dia (Parte 01)


Notas iniciais do capítulo

Olá.

Ainda existe alguém por aqui?

Então galerinha, andei sem inspiração por um grande período de tempo e isso fez com que eu desse um tempo por aqui! Afinal, vocês merecem um bom final feliz. Mas como não sei se ainda existem leitores dessa história, resolvi apenas postar uma parte para observar como andam as coisas por aqui!

Então, esperarei pelo feedback de vocês nos comentários. Até lá! ♥.♥



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Oliver Queen

O dia amanheceu como outro dia qualquer, os raios solares queimam o edredom macio que cobre meu corpo. Está quente aqui de baixo. Mas não tenho forças para sair daqui de dentro, mesmo que daqui a pouco exista grande chances de eu virar churrasquinho. Estou em posição fetal refletindo sobre os próximos passos que irei dar na minha vida, mas de forma brusca Felicity puxa o edredom me expondo à realidade. O sol quente invade meu corpo e o cheiro do perfume gostoso fixado em Felicity embriaga minhas narinas. A loira está linda como costuma acontecer, os seus braços estão presos à cintura e o seu olhar não é um dos meus preferidos. Ela inclina o pescoço e os olhos espremem esperando por qualquer reação minha, mas continuo na mesma posição, evitando àquela troca de olhares sinitra.

— Até quando você vai continuar aí? Vamos nos atrasar, Oliver! — sua voz é imponente.

— Eu não vou! — puxo o edredom novamente para fugir dos raios de sol. Ou seria para fugir das responsabilidades?

— Meu bem... Nossos pais já estão lá embaixo nos esperando.

A cama afunda um pouco próximo onde estou deitado, a mão de Felicity alcança minha cabeça sobre o edredom, depositando um carinho. Desta vez sua voz é tão leve que se assemelha à seda. Meu coração sempre escapa quando ela fala assim, ele acelera os batimentos como a primeira vez que a senti. Ela tem razão, eu já deveria estar vestido e pronto para mais um daqueles programas de gente grande.

— E se não conseguirmos? — sussurro ao puxar novamente o edredom para baixo.

— Vamos conseguir! — Felicity suspira profundamente. Eu sei que ela está pensando nas mesmas possibilidades, mas sua força de vontade em me fazer acreditar é maior.

— Não sei se consigo ficar sem a nossa garotinha. — agora sou eu quem suspira.

Hey, para de pensar nessas coisas! — sou pego pelo braço até sentar sobre a cama macia. Felicity cheirosa encosta o corpo entre meus braços depositando o rosto entre o acesso do meu pescoço. Sua pele dourada reflete a luz solar, deixando os pelos mais amarelos como o ouro. Deposito minha testa sobre seu ombro e, novamente, suspiro. Ela continua com a voz baixa — Judith é a nossa filha e ninguém terá o direito de tirá-la de nós.

Apenas balanço a cabeça.

Os últimos meses foram incríveis, acompanhamos Judith em todas as situações, a vimos comendo a comida sozinha pela primeira vez, mesmo que fizesse a maior bagunça. Também acompanhamos sua capacidade em mexer em nossos celulares e na TV, isso ela aprendeu com o gênio da mãe. Gênio da mãe? Eu acabei de falar isso, certo? E, dessa vez, não estou me referindo à Caitlin, mas sim à Felicity. Porque é assim que Judith se refere a nós. Eu sou o papai quando a encontro chorando de madrugada querendo colo, quando a danadinha quer mais chocolate depois do almoço e quando fica manhosa ao decorrer de uma daquelas febres que surgem nos dias mais frios. E, bom, Felicity é chamada de mamãe em todas as circunstâncias. Ok, isso me deixa com um pouco de ciúmes, mas as meninas sempre têm mais afinidade.

Nos tornamos uma família.

E eu aprendo continuamente a lidar com tudo isso.

Só que nos últimos dias recebemos uma carta do oficial de justiça enviada por meio dos avós de Judith. A carta dizia que a audiência de custódia de Judith havia sido antecipada e essa notícia nos pegou sem as calças. Os pais de Caitlin nunca deram a maior atenção à Judith desde que Caitlin e Barry morreram, os dois eram bem claros quando diziam que não aceitavam o casamento da filha e isso acabou refletindo na relação com a neta, não a visitaram desde que conseguimos a guarda compartilhada ainda não oficial. Mas tudo mudou assim que os dois descobriram que Caitlin se tornara sócia da Smoak Technologies e, consequentemente, Judith herdaria a metade dos lucros da empresa. E desde então passaram a visitar nossa pequena, o único problema é que faziam isso guiados pela ganância. Os dois ao menos tocavam em Judith.

Por fim conseguiram antecipar a audiência de custódia e nosso advogado foi bem sincero sobre a possibilidade de perdemos a guarda oficial de Judith, por não sermos propriamente da família, o que aumentou o nosso medo de perdê-la.

Agora me pego no grande dia, Judith está sob as mãos do conselho tutelar esperando pelo veredito da juiza. Eu deveria ser mais forte, enfrentar de frente esse problema. Só seria mais um se não fosse relacionado a minha garotinha, porém quando o assunto é ela, não passo de um saco de bosta. Daqui a algumas horas existe grande possibilidade de sairmos sem a nossa menina nos braços e eu não sei se conseguiria me acostumar sem a nossa rotina. Felicity é bem mais lúcida quanto a essa possibilidade. Não que ela ame menos Judith, mas digamos que ela se mantém mais de pé para me ajudar a superar toda essa merda. Então preferi me manter de baixo desse edredom para me abster de todas esses confrontos, mas não vejo outra saída. Felicity irá me dar um chute na bunda caso eu não levante.

— Você sabe que corremos grande risco de...

Sou interrompido.

— Não estou pensando nessa possibilidade!

— Mas Felicity...

— Você vai levantar dessa cama agora e vestir o terno que escolhi. Iremos enfrentar essa batalha de frente. Escutou?

— Como consegue ser tão forte assim?

— Estou só sendo um pouquinho mais forte por você... Afinal, você já fez isso por mim algumas vezes.

— Vamos conseguir, não é?

— Vamos!

Felicity deposita um beijinho singelo nos meus lábios e mais um, mais outro, por todo o meu rosto, seguido de um sorriso amarelo, mas sincero. Então resolvo me levantar em direção ao banho, esperando que a água fria livre todo o medo o fazendo escorrer pelo ralo. Visto um dos mais bonitos ternos que já tive, não há dúvidas que o mesmo foi escolhido por Felicity. Ao descer as escadas encontro papai e Donna que nos dão um sorriso também amarelado. Os dois nos abraçam e apenas suspiram. Thea e Roy estão em um plantão no Hospital de Starling, mas irão comparecer à audiência assim que puderem.

Papai que dirigiu até aqui enquanto o silêncio e a atenção estavam perdidos nas paisagens que apareciam pela janela. Mas a mão de Felcity estava lá o tempo inteiro, com seus dedos entrelaçados nos meus. O tribunal não fica muito longe do centro de Starling City, o que nos faz chegar o mais rápido possível e, novamente, estamos quietos como se estivessemos sendo encaminhados ao campo de concentração.

Seria eu um dramático imcompreensível?

Talvez sim.

Talvez não.

Mas a possibilidade de perder Judith me tirou o brilho e, bom, havia chegado o grande dia.

— Pensei que iria encontrá-los mais cedo. — mumura o Sr. Johnson.

— Tivemos alguns probleminhas. — Felicity sorri.

O Sr. Johnson após cumprimentar todos nós, nos leva para uma mesa de centro onde iremos conversar com a oficial de justiça. Os avós de Judith ainda não chegarem, nem mesmo ainda avistamos o seu advogado, mas Johnson nos disse que o sujeito parece ser bom. Isso faz os cabelos do meu corpo arrepiarem ainda mais. Céus.

— Qual a sua perspectiva? — pergunto tão baixo que eu mesmo não conseguiria ouvir.

— Farei o que for preciso para conseguirmos a guarda de Judith, mas você precisa se mostrar seguro a juíza, Oliver!

— Só estamos um pouco assustados... — Felicity murmura.

O barulho da porta nos faz olhar para trás em conjunto e lá estão os avós de Judith junto ao seu advogado, a troca de olhares é sinistra, parece que já ganharam a causa. Eles estão tranquilos como àquelas pessoas sortudas que regozijam do equilíbrio emocional. Atrás deles aparece a juíza responsável pela causa, o seu nome é Laurel Lance, filha do capitão Lance responsável pela delegacia de Starling City. Ela é alta, elegante e tem um olhar assertivo. Somos conduzidos para sentarmos enquanto tento administrar todos os palavrões que eu gostaria de soltar assim que avisto o sorrisinho provocativo de Karen, a avó de Judith.

— Aos presentes, peço que o silêncio seja mantido ou terei que paralisar o percurso para puni-los. E aos mais interessados na guarda da menina Judith Allen peço que o respeito prevalessa sobre ambas as partes. — Laurel se ajeita em sua cadeira segurando alguns documentos.

— Meritíssima, meus clientes...

A voz direta e marcante da juíza Laurel o interrompe. — Ainda não começamos a audiência Sr. Chase, será que poderia se manter quieto e em seu lugar?

Somente a voz debochada de Chase já me deixa enjoado, mas sinto a mão firme de Felicity segurando a minha, mostrando-se presente. Ela sabe que, em outros tempos, meu punho já teria acertado o rostinho desse cara, no entanto, também sei que agora qualquer pensamento guiado pela raiva seria crucial para estar fazendo exatamente o que os avós de Judith esperam.

A porta range poucos minutos antes de começar a audiência, olhamos para trás novamente para observar quem adentra e um sorriso surge dos meus lábios rapidamente ao avistar Thea de mãos dadas a Roy, eles sinalizam um sinal positivo com a cabeça me passando confiança e se sentam ao lado dos nossos pais.

Há um pigarreio.

— Podemos dar início à sessão? — a voz eminente é de Laurel Lance.

— Meritíssima, gostaria de lembrar que os trabalhos serão iniciados pelos avós de Judith. Sendo assim, peço licença para começar. — Chase ataca novamente. Filho de uma...

— Sinta-se à vontade para dar início. — Laurel ao menos dirige o olhar à Chase.

— Senhoras e senhores presentes ao recinto, gostaria de me apresentar. — o idiota se levanta ajeitando o colarinho — Meu nome é Adrian Chase, advogado de Karen e Edward Snow. Não. Vocês não precisam me conhecer, afinal de contas, os grandes interessados no dia de hoje são os meus clientes. — Adrian suspira com pesar — Conversei bastante sobre quem iria comandar essa audiência, Karen uma mulher de fibra preferiu se abster dos seus depoimentos por achar que seria duro demais relembrar a morte da única filha! — o rapaz destinado a ganhar a causa mais importante de nossas vidas começa a andar de um lado para o outro olhando intensamente para os convidados à audiência — Então, antes de qualquer palavra, gostaria de conversar com vocês... E a primeira pergunta é: vocês se imaginam perdendo alguém? Imaginam-se perdendo uma filha? — ele se apoia nas madeiras que nos separam da plateia — Não precisam responder, pois eu sei a resposta. Adquiri a mesma após passar meses ao lado desses avós. Sofrendo a mesma dor. Karen me contou sobre a primeira vez que viu nossa amada Caitlin Snow abrir os seus olhos, mas também contou sobre a última vez que esses mesmos olhos se fecharam... A dor de perder um filho não pode ser explicada, mas pode ser vista, e eu vi.

— Sr. Chase é com muito pesar que peço que o senhor seja objetivo, afinal, a intenção dessa audiência não é conseguir a atenção e o voto dos convidados e sim a minha! O intuito é garantir um acordo entre a guarda de Judith Allen e não conseguir a liberdade de algum acusado por homicídio. — Laurel é assertiva novamente. 

Adrian Chase é um babaca.

Onde ele quer chegar com essas palavras?

Karen e Edward jamais se importaram com Judith, isso é o cúmulo!

— Tudo bem, meritíssima... Peço licença para continuar — Laurel apenas sinaliza que sim com uma das mãos. Chase pigarreia — Hoje, neste dia que considero de tamanha importância, apenas quero lhes contar que esses avós estão fragilizados longe da neta. A menina Judith é a chance de estarem mais uma vez com a filha que se foi... É um direito de recomeçar da melhor forma, de trazer esperança! Àquela luz vista no fim do túnel. E assim, que através da dor desses avós que ao menos conseguem dizer algumas palavras, peço a Vossa Excelência que permita que eles tenham a chance de viver os seus últimos dias de vida ao lado da única família que os restou. Sangue do sangue. Acredito que Caitlin Snow, de onde estiver, estará ao nosso lado!

Adrian Chase suspira e ao voltar para mesa nos destina um sorriso campeão.

— É Allen. — murmuro.

— Oliver... — Felicity também murmura.

— É Caitlin Snow Allen! — sussurro.

— Senhor Oliver, peço que se mantenha em silêncio até que chegue a sua hora. — Laurel me repreende.

— Até que chegue a minha hora? Como posso conseguir permanecer quieto frente a esse sensacionalismo barato? Karen e Edward nunca foram a favor da união do meu melhor amigo a Caitlin! Não vou deixar que o sobrenome de Barry não seja lembrado só porque um babaca de colarinho acha que está com o garfo e a faca nas mãos! — é. Talvez seja ódio. Ou talvez seja apenas a vontade de acertar esse cara.

Laurel arregala os dois olhos — Mais uma vez. Vou pedir para que o senhor se mantenha em silêncio ou irei pedir que se retire até que seja a sua vez.

— Meu bem... — Felicity segura firme uma das minhas mãos.

— Até que chegue a minha vez? — rio ironicamente — A meritíssima quer que eu fique de braços cruzados enquanto espero entregar a minha pequena nas mãos desses dois que só estão pensando em dinheiro? Judith não é uma galinha dos ovos de ouro!

Karen inicia um choro falso.

Já posso revirar meus olhos?

— Não vamos permitir que fale assim da nossa família! Você é tão sujo... Não sei onde nossa filha estava com a cabeça quando o escolheu para cuidar da nossa netinha! — Edward grita.

— Meritíssima, esse cidadão está ofendendo os meus clientes! — Chase impõe.

— Oliver, já chega! — o Sr. Johnson bate a palma da mão sobre a mesa.

— Por que você está agindo dessa forma? — Felicity me repreende com o cenho enrugado. Esses são aqueles olhos que me dizem que dormirei no sofá ou na casinha do cachorro. Ops. Não temos cachorro!

— Ah, então vocês concordam com esse cara? Vão ficar ao lado dele? — minha têmpora pulsa. Sinto escorrer uma gota de suor por ali.

— Sr. Oliver Jonas Queen, você está temporariamente expulso dessa audiência, mas como é de extrema importância para a guarda da menor Judith, peço que volte apenas quando for a sua vez de conversarmos. — a loira se levanta da mesa — a audiência está paralisada por trinta minutos para que todos possam se recompor até a volta.

Ouço grunhidos vindo da plateia.

Felicity não diz nada à medida que me acompanha para fora.

— Você ficou louco? — o Sr. Johnson me empurra contra a parede.

— Louco? — volto a rir — Estou fazendo o seu trabalho! Cadê a parte em que o advogado de defesa grita protesto nos filmes? — bufo.

— Oliver, isso não é um julgamento. É uma audiência para conseguirmos chegar à guarda da Judith de forma civilizada! — o baixinho responde com seu bigode suado.

— Chega! Eu não vou mais esperar por uma derrota! — chuto a primeira lixeira que avisto pela frente. Ah, que se foda!

— Oliver, meu filho!

Agora mais essa?

Meu pai não... Sem sermões. Sem castigo.

— Não quero falar com nenhum de vocês! Será que não entendem? — abro os braços em incompreensão.

— E o que você quer fazer? — a voz embargada e baixa é a de Felicity.

Todos nós paramos para ouvi-la.

— E o que você quer fazer? — ela volta a repetir.

— Felicity... — murmuro.

— Vocês podem me deixar sozinha com Oliver? — Felicity observa todos que estão por perto que assentem.

— Vocês têm vinte minutos até o recomeço da audiência. — o Sr. Johnson nos avisa antes de se retirar.

— Não quero ouvir sermões... — sussurro à medida que descanso as costas na parede gelada. Pensamentos conturbados dançam tango dentro do meu cérebro, é insano.

Felicity apenas ri.

Por que ela está rindo?

Agora virei chacota. É isso.

— O seu comportamento de agora pouco me fez lembrar da vez que disse que iria te passar no meu moedor de carne se você continuasse insistindo para que eu o deixasse entrar — ela apenas sorri dessa vez — Se alguém me contasse o que você se tornou hoje eu não acreditaria... Sabe o porquê? Porque antes eu jamais iria acreditar na possibilidade de você ter se transformado no pai que você é. — ela suspira, aproximando-se com cautela como alguém que não quer assustar o beija-flor que toma sua água — Meu amor... Eu sei que quem rosnou lá dentro como um cão raivoso foi apenas um pai que tenta proteger a cria. Mas veja bem, se você respirar um pouquinho mais fundo e soltar lentamente, controlar a fúria, poderá transformar o medo de perder nosso bem maior em palavras tão harmoniosas quanto as sinfonias.

Eu balbucio.

Mas a única coisa que consigo fazer é baixar a cabeça em um choro.

Pareço um garotinho com medo do escuro.

— Não podemos perdê-la... Porque eu tenho medo de me perder e perder você.

— Quem disse que você tem essa chance? Me dê o nome, pois preciso dar um belo chute na bunda. — Felicity cruza os braços, levantando uma das sobrancelhas.

— Você alcançaria a bunda do sujeito?

— Tenho os meus métodos!

Nós rimos.

Ela me faz rir.

Eu a amo.

— Estraguei tudo! — respiro fundo. O gosto na minha boca é salgado.

— Ainda dá tempo.

— Eu quase gargalhei na cara da juíza... Ela me expulsou!

Voltamos a rir.

— Mas você tem charme.

— É, eu costumo ter...

— Ah é, Queen?

Felicity lança seu olhar desafiador.

— Espera aí, eu só concordei! — dou de ombros.

Ela se aproxima excluindo nossos espaços, os dedos de unhas bem-feitas limpam os rastros de lágrimas nas maçãs do meu rosto. Os lábios mais macios que já senti tocam os meus em mais um beijo singelo que vem acompanhado do sorriso doce.

— Oliver Jonas Queen...

— Quando você fala meu nome todo não costuma ser algo convidativo.

Ela morde minha bochecha.

Ai!

— Pode me ouvir por pelo menos mais que um milésimo? — a loira revira os olhos azuis.

— Então, um milésimo já passou!

— Insuportável!

Rio novamente.

Olá, esse sou euzinho mesmo.

Faz parte do tal charme.

— O que quer me dizer?

Ela pigarreia. — Você vai deixar eu terminar o raciocínio?

— Vai em frente!

— Só eu, seus pais e seus amigos vimos o quanto você cresceu desde o dia que saiu do ventre da sua mãe. É, você demorou um pouquinho, mas a maturidade bateu na sua porta... E mesmo quando você sentiu medo, não desistiu! — Felicity deixa a cabeça inclinar para um dos lados e, novamente, lá está o sorriso doce — Judith o fez abrir a porta! Então, quando você entrar lá, apenas deixe o seu amor pela nossa garotinha falar. Porque é esse amor que nos faz nascer de novo todos os dias.

Suspiro.

Os pensamentos que antes dançavam tango agora estão parados, assim como cada impulso nervoso que riscava pelo meu corpo com um flash. Só quem tem esse poder é Felicity, porque quando sua voz ressoa, meus sentidos paralisam para não perder nenhuma palavra cuspida pela sua boca desenhada.

É engraçado, pois me lembrei do dia em que me ameaçou com o moedor de carnes. Ela estava linda com os sapatos pendurados nas mãos depois de um encontro falido que entrava para a conta infinita de dates que não davam certo. Naquele tempo eu não imaginava que poderia me tornar o cara que hoje encontro no reflexo do espelho quando decido enfrentar quem sou. A morte dos meus melhores amigos marcou o fim de um ciclo recheado da dor da perda, mas também foi marcado um novo começo que só agora consigo enxergar. Levei porradas, tropecei, ralei os joelhos, porém todas as marcas servem para mostrar onde cheguei.

Felicity e Judith são a prova viva de toda essa história.

Meu começo.

Meio.

E fim.

Elas são o motivo de estar aqui.

E, não, eu não as perderei.

— Obrigado... — murmuro.

— Você vai conseguir entrar lá e mostrar a sua doçura?

— Vou.

Os lábios de Felicity retornam aos meus com um beijinho repleto de saudade, mas o arranhar da porta e a voz do Sr. Johnson nos interrompem.

— A audiência vai retornar em alguns minutos.

— Acho que preciso entrar! — Felicity sorri, despedindo-se com um carinho no meu rosto.

— Já a acompanho... Antes preciso trocar algumas palavras com Oliver — o baixinho bigodudo deve está me odiando.

Felicity apenas concorda, retirando-se.

— Foi mal, ok? Não vou mais agir daquela forma.

É, agora é a parte em que enfio meu rabo entre as pernas.

Resumindo, é a hora que peço desculpas.

— Oliver, eu sou o advogado responsável pela causa e conheço muito bem o jogo de advogados como o Sr. Chase, mas você precisa confiar em mim, oras!

— Mas é que...

— Não tem mais! A juíza Laurel Lance já é macaca velha, sabe lidar com o sensacionalismo de homens como Chase. Mas se você continuar caindo nas provocações, vai ficar difícil reverter os pontos que o idiota conseguiu a favor dos avós da Judith!

Merda.

Eu sabia que tinha estragado tudo.

— E agora? O que eu posso fazer?

O baixinho mexe os esqueletos de um lado para o outro.

Mordisca o bigode.

— Devido ao seu showzinho particular lá dentro... Esses de badboy reprimido...

O interrompo.  

— Badboy reprimido?

Qual foi?

Isso é humilhação.

— Queen, os avós de Judith vão depor. — o Sr. Johnson suspira pesadamente.

— Mas que...

— O Sr. Chase vai vir com tudo.

— Eu sabia que esse idiota não iria facilitar!

— Estarei lá dentro fazendo o que for melhor para virarmos o jogo... Só que você precisa se controlar, poxa!

— Felicity já conseguiu me trazer de volta para a caixinha. — sussurro quase de forma inaudível.

—  Você não poderá participar dos depoimentos até que chegue a sua hora — o el bigodón  limpa o suor que escorre do rosto com sua flanela — Então, peço que controle a ansiedade e, na hora que você tiver de entrar lá, apenas aja com o coração!

Agir com o coração?

Merda...

— Tudo bem, se é para agir com o coração... Vamos agir!

— Sem surtos, Oliver. Sem surtos.

O baixinho engomado me olha pela última vez até voltar a cova dos leões.

É Oliver, sem surtos.

Mas espera aí...

Badboy reprimido?


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Notas finais do capítulo

Até mais, minhas florzinhas. ♥



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