Caos escrita por Westfall


Capítulo 1
Sometimes when you come home, you smell like blood


Notas iniciais do capítulo

Meu headcanon supremo é que o Corvo teve a língua cortada quando participou do torneio da "Lâmina da Verbena" em Serkonos, explicando o motivo dele não ter falas no primeiro game. Infelizmente a minha ilusão foi desmentida quando no segundo resolveram dar voz ao personagem (e que voz, diga-se de passagem não é mesmo Stephen Russell?), mas como essa é uma obra feita por/para fãs resolvi deixá-lo mudo mesmo.

Alto Caos é uma temática que rende as melhores histórias (embora eu seja 100% Corvo Low Chaos e 100% Emily High Chaos) os comentários e o desenvolvimento dos personagens na rota caótica são excelentes, servindo de inspiração para o nome desse capítulo.

Desejo a todos uma ótima leitura e espero revê-los nos comentários ❤



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"We all start with innocence, but the world leads us to guilt."

 

Era madrugada quando duas silhuetas aportaram do pequeno barco no cais do Hound Pits Pub. Exceto pelo ruído das águas, o distrito descansava em um silêncio quase inaudível diante a confusão de gritos e explosões que se sucederam horas atrás na abastada Mansão Boyle. Samuel Beechworth observou a escuridão do rio e teve quase certeza que viu o reflexo de um homem em chamas. Ao desviar o olhar a sensação de desconforto apenas piorou, pois ao seu lado estava o homem responsável por toda aquela chacina.

Por todo o caminho ele não havia retirado a máscara sombria que ocultava sua identidade de infame Lorde Protetor, encobrindo qualquer que fosse sua reação diante ao massacre que acabara de promover. A impassibilidade fantasmagórica era acentuada pela incapacidade de falar, já que tivera a língua cortada quando participara do torneio em Serkonos. Samuel já tinha ouvido algumas histórias sobre as habilidades de Corvo Attano, mas jamais havia considerado presencia-las tão vívidas. Suas roupas exalavam o cheiro de carne queimada e ferro.

Muitas vezes o barqueiro já havia perguntado se por trás daquela máscara ainda havia algo humano. Até mesmo na quase completa escuridão conseguia notar sangue pingando de suas vestes.

Os dois homens caminharam em direção ao Pub que servia como refúgio aos Legalistas que apoiavam a retomada do trono à família Kaldwin, abrigando a herdeira legítima Emily entre uma das torres adjacentes ao estabelecimento. As raríssimas vezes em que Samuel observara Corvo sem o traje fúnebre era quando estava em contato com a garota.

Pelo canto do olho o barqueiro notou que a postura do Lorde Protetor se tornou tensa quando cruzaram as portas da taverna, percebendo com surpresa a figura da futura imperatriz em silenciosa leitura junto a sua governanta Callista em uma das mesas do recinto. Somente pela luminosidade baixa foi que Samuel pode observar a quantidade de sangue em Corvo.

Emily sobressaltou-se em seu lugar e a governanta arregalou os olhos diante a visão em sua frente, fazendo com que o Lorde Protetor descartasse imediatamente a máscara enfadonha para demonstrar a menina que estava tudo bem.

Nesse instante Samuel percebeu que em despeito a personalidade misteriosa, Attano jamais gostaria que sua protegida o enxergasse naquele estado.

Tímidas lágrimas ameaçaram escorrer dos olhos da imperatriz em sua expressão atônita, até que Callista quebrou o silêncio implicando para que o Lorde Protetor se limpasse e descansasse imediatamente, direcionando o olhar inquisidor a Samuel para que esse também tentasse aliviar a situação. Quando abrira a boca para dizer as mesmas palavras que a governanta, Emily o interrompeu:

—E-Esse sangue é seu? —Gaguejou enquanto direcionava a pergunta a Corvo, obtendo o sinal de “Não” como resposta. O barqueiro e os demais membros do grupo foram obrigados a aprenderem os códigos para se comunicarem com o protetor.

—São das pessoas que fizeram mau a mamãe? —Perguntou novamente, agora utilizando dos sinais. Dessa vez o maior respondeu com o código “Sim”, demonstrando hesitação conforme arrastava o movimento entre as mãos.

A menina voltou a falar, mas sua expressão atônita cedeu lugar a frieza digna de uma imperatriz. Quando replicou sua voz havia assumido o tom duro e ríspido de uma sentença:

—Bom... —Ela sorriu, indo em direção a Corvo. —Trouxe o meu presente? —Questionou novamente com os sinais.

Como resposta o Lorde Protetor retirou de seu casaco uma pequena peça de brilhantes em formato de coroa, depositando-a gentilmente sobre a cabeça da jovem a sua frente. Sangue seco manchava os adornos delicados folheados a ouro.

Alheia a toda sujeira, Emily agradeceu seu Protetor com um caloroso abraço, borrando suas vestes brancas pelo mais puro carmesim de seus inimigos. O sorriso jamais deixando de desaparecer de sua face.

Quando notou que Corvo também havia sorrido, Samuel teve quase a certeza de que não havia mais qualquer resquício de humanidade no Lorde Protetor.

 


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Notas finais do capítulo

A primeira vez que joguei Dishonored e comecei a observar a influência que o Corvo e suas atitudes tinham sobre Emily tive um baque. Não havia me dado conta da profundidade do enredo e dos personagens dessa trama tão rica em pequenos símbolos e referências, então me vi obrigada a reiniciar o game e jogar com outros olhos. Hoje eu afirmo com toda certeza que é uma das minhas sagas favoritas da vida.

Obrigada a todos ❤



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