— É minha culpa, minha!

— Não fala assim! - beijou o ombro dela. - Ele está bem e é forte! - voltou a olhar para ela.

— Eu quero vê-lo! - respirou fundo limpando as lágrimas.

— Eu te levo, mas você precisa ficar calma!

Ela assentiu e minutos depois ele saia do quarto com ela sentada na cadeira de rodas, Victória tinha o coração disparado e apertava as mãos levemente tentando controlar sua respiração para não chorar, ele pediu uma permissão especial e ela pode entrar para vê-lo. Victória caminhou com a ajuda dele e parou frente a incubadora, seus olhos choraram de imediato por vê-lo daquele modo e com calma tocou o pezinho dele sentindo sua textura quentinha e Heriberto a acariciou nos ombros deitando sua cabeça ali enquanto olhava o filho, eles tinham uma longa batalha até que ele saísse dali, mas iriam vencer cada uma delas!!

O coração de mãe gritava para que ela não saísse de perto dele, mas não podiam ficar tanto tempo ali e mesmo se negando ela saiu depois de deixar um beijo e seu coração junto a ele, estava tão triste que nada disse, apenas deitou na cama e ali ficou olhando para o lado. Heriberto teria que ter muita paciência e cuidado com ela para que não ficasse depressiva, puxou a cadeira e sentou a seu lado e segurou em sua mão, ainda queria entender o que tinha se passado para que ela acordasse daquele modo e ela o olhou.

— É minha culpa ele ter nascido antes do tempo! - falou com os olhos rasos de lágrimas.

— Não diga isso...

— Eu tive um sonho horrível e nele eu perdia o meu filho e eu estou mesmo quase o perdendo! - falou com desespero sem conseguir tirar as imagens que parecia tão reais em sua cabeça. - Somente eu tenho culpa!

— Pare de se culpar por uma coisa que você não tem culpa! - falou um pouco mais rude não iria permitir que ela se culpasse daquele modo. - A doutora disse que você já estava com um descolamento de placenta e que não foi visto na ultima ultrassom e com o modo que você acordou desesperada só adiantou o que aconteceria nos próximos dias! - segurou a mão dela. - Nosso pequeno é forte e vai sair dessa!

Ela apertou a mão dele e nada mais disse apenas levou a mão ao rosto e chorou, Heriberto a abraçou forte e beijou seus cabelos dando conforto a ela que ele não tinha, mas alguém precisava ser forte e seria ele. Eles ficaram em completo silencio por um longo tempo até que a porta se abriu e por ela passou Luci com um buque de flores que ao ser visto por Victória, ela sentiu algo tão ruim dentro de si que se afastou de Heriberto que nada entendeu.

— Eu soube o que aconteceu e trouxe essas flores! - tinha a voz mansa mais depois do sonho, ela era apenas uma inimiga.

— Saia daqui e leve suas flores com você! - o rosto mudou completamente.

— Victória o que é isso? - Heriberto nada entendeu assim como Luci.

— Eu não a quero aqui e muito menos na minha empresa! - falou alterada. - Você está demitida! saia daqui! - o peito subia e descia enquanto a olhava.

Heriberto sabia que ela não podia ficar nervosa e caminhou até Luci e com um olhar ela entendeu e apenas assentiu saindo dali com as flores na mão, ele voltou a Victória que tinha a cara bem feia e ele não conseguia mesmo entender o que tinha acabado de se passar ali e se aproximou novamente da cama. Victória era uma mulher que não se enganava e todas as vezes que se sentiu daquele modo algo aconteceu e dessa vez não era diferente já que por conta de um sonho com aquela maldita mulher o filho tinha nascido prematuro.

— Não diga nada apenas providencie a demissão dela!

— Victória, você precisa se acalmar!

— Eu preciso que faça o que eu estou pedindo ou eu mesma farei! - foi rude, não a queria perto nenhum segundo mais.

Ele apenas assentiu e pegou o celular ligando para Oscar, logo Julia e Ângelo chegaram e ficaram ali com ela enquanto Heriberto foi até em casa para trocar de roupa e arrumar algumas coisas para ela e para o bebê. Heriberto comeu algo e logo voltou ao hospital sabendo que o piro momento seria voltar pra casa sem o filho e teria que preparar Victória para isso...

(...)

DOIS MESES DEPOIS...

Foram os meses mais complicados para eles que tinham uma rotina apenas de hospital e casa, Victória não largava o filho e Heriberto muito menos, acompanhavam tudo sobre ele e sua evolução, Matheus era forte e ganhava peso rapidamente assim como se desenvolvia o que os deixavam radiantes. Um mês depois ela pode pegá-lo nos braços para que ele sentisse seu calor e ela deixou que as lágrimas banhassem seu rosto e foi o momento mais lindo de sua vida, era reconhecida pelo filho que se aconchegava em seus braços e fazia biquinho, era tão forte que conseguia fazer com que os pais ficassem fortes junto a ele.

Todos estavam pendentes deles dois e a medida que o tempo ia passando Victória ganhava forte e ao contrario do que pensavam ela não se deixou abater e pelo contrario se mostrava ativa sabendo que era assim que iria passar por aquela fase, se apegou mais a família e deixou que eles cuidassem dela. Heriberto não ficava atrás e sempre estava a mimando e sendo mimado porque precisavam juntos daquela força para seguir aquela rotina pesada de ver o filho no hospital, mas Deus é bom e não da uma prova maior do que podemos triunfar.

Naquela tarde Heriberto chegou ao hospital junto a seu amor e de mãos dadas caminharam para o berçário depois de se identificarem, mariana já os esperava e sorriu assim que os viu. Heriberto e Victória se olharam de imediato sentindo seus corações bater no mesmo ritmo.

— Boa tarde, Mariana! - Heriberto a cumprimentou. - Algum problema? - buscou o filho e não o encontrou ali.

— Cadê meu filho? - Victória falou com desespero e ela levantou a mão para que eles se acalmassem.

— Calma! Ele está no banho e já vai vir!

— Mas... - ela quis questionar e ela percebeu que não poderia enrolar nas respostas ou eles ficariam desesperados.

— Hoje vamos tirar a sonda que o alimenta e você vai passar a alimentá-lo! - falou logo de uma vez. - E se ele responder bem ao seu leite podemos liberá-lo em alguns dias!

Os olhos de Victória se encheram dela lágrimas e ela olhou para Heriberto que estava do mesmo modo que ela e eles se abraçaram comemorando mais aquela batalha vencida e um beijo foi trocado entre eles.

— Eu disse pra você, meu amor! - ele falou todo emocionado.

— Eu te amo! - o beijou mais uma vez e Mariana sorriu para o amor que se sentia ao longe.

— Eu te amo muito mais! - olhou para Mariana. - Obrigada pela melhor noticia que poderia nos dar!

— Eu senti a necessidade de ser eu a contar para vocês! - sorriu para eles.

— Obrigada! - Victória a abraçou e não demorou nada para que seu pequeno viesse já vestido em um bori e de meias, nenhum detalhe passou por ela que se sentou para recebê-lo em seus braços. - O meu Deus, eu estou nervosa!

Ela falou com o coração disparado e Mariana pegou o pequeno e o ajeitou em seus braços a fazendo sentir um choque com aquele contato tão perfeito e Matheus comeu a chorar no mesmo momento sentindo o cheiro de leite que vinha dela. Victória abriu sua blusa e com calma tirou o seio para fora e levou a boquinha dele, não tinha deixado seu leite secar e no momento em que a boquinha dele tocou em seu seio ela chorou, tinha esperado tanto por aquele contato que o vê-lo mamando tão gostosamente a fez se sentir completa como mãe.

Mariana monitorou enquanto ele mamava para ver se estava tudo certo e sorriu por ele ser tão forte, Heriberto se aproximou e sentou ao lado deles dois e tocou os cabelos do filho. Era o seu melhor presente e sabia que ambos fariam de tudo por aquele pequenino, beijou os lábios de seu amor e mais uma vez agradeceu por aquele lindo presente que era a sua família. Ficaram ali curtindo aquele momento magico e perfeito que era para ambos sabendo que em pouco tempo do modo como ele mamava: Iria pra casa logo!