A história deles era de trás para frente. Na teoria, isso era lindo. Dois amantes cujo amor que compartilhavam era mais forte do que o tempo e o espaço, e apesar de tudo conspirar contra eles, de uma forma ou de outras, eles sempre se encontravam nos braços um do outro. Eles eram eternos, como uma serpente comendo o próprio rabo, um ouroboros.

Mas todo início era amargo porque eles eram também finais. Quando ele era jovem e inocente, os olhos dela estavam pesados e tristes com tudo o que eles haviam dito e feito. Durante o primeiro beijo dele, os lábios dela era doces e gentis como se ele fosse quebrar se a pressão fosse demais; mas, no final, ela foi quem ficou para trás com uma rachadura em seus corações.

Desde o início, ele era um babaca.

Enquanto nova, River foi selvagem e brilhante e maravilhosa. Ela tinha seus dois corações em suas mãos e poderia fazer o que quisesse, ele deixaria, maravilhado demais para se importar. Ele sempre havia sido um tanto imprudente quando com River. Se ele tivesse sido só um pouco cauteloso enquanto acompanhado por aquela mulher, ele nunca se permitira se apaixonar por ela.

Ele sempre havia sido ótimo se apaixonando, e péssimo em mostrar isso. E amar River... De alguma forma, parece mais forte do que das outras vezes. Ele sentia como se nunca tivesse amado ninguém tanto quanto ele amava aquela mulher, e isso o assustava mais do que qualquer outra coisa.

Apesar da teoria e das histórias serem magníficas, na prática, às vezes parecia que eles só estavam machucando um ao outro. Ele chegou a essa conclusão quando já era tarde demais, apesar dela estar deitada bem ao seu lado.

Ele desejava ter feito um trabalho melhor como marido, porque ela merecia bem mais do que aquele Senhor do Tempo quebrado. Todo esforço dele parecia pálido e inexpressivo perto do que ela havia feito por ele. De repente, ele se sentiu cansado e muito, muito sozinho, apesar do hálito doce contra seu pescoço e a pequena mão descansando em seu peito.

Ela estava ali, mas não realmente ali, porque, de alguma forma, ela já havia a muito ido embora. Ele deveria ter fugido enquanto tinha tempo e autocontrole para fazê-lo, antes que seus corações fossem dela.

Ele era quem estava estragando tudo, com seu egoísmo, fraqueza e todos os outros adjetivos depreciativos. Ele era quem estava estragando tudo quando permitiu que aquela mulher incrível se apaixonasse por sua pessoa desprezível, machucando-se no processo. Ele era quem estava estragando tudo quando também se apaixonou por ela e iniciou essa tortura sem fim.

Ele desejava poder chorar e compensá-la por tudo o que havia feito, estava fazendo e iria fazer, mas não havia mais lágrimas: ele já tinha chorado todas elas.

Ele estava cansado de fugir, mas também cansado de ser conivente com tudo aquilo.

Ele já tinha cantando todas as músicas e beijado todos os beijos. Tinha batalhado todas as batalhas e, apenas com palavras, vencido todas elas... Então por que estava sentindo-se como um perdedor? Se eles fossem um filme ou um livro na prateleira, ele saberia que estava próximo do fim e que ele seria triste. O final mais triste de todos. Mas ele não poderia se sentir triste quando ela acordasse e beijasse-o com aqueles lábios que eram tão macios contra os dele, dissolvendo seus medos. Ele não poderia se arrepender de amá-la, apenas de perdê-la. Ela não poderia ser um erro, se era a única resposta.