Lionheart escrita por Carol


Capítulo 20
Capítulo 20




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Estava sendo um dia particularmente difícil para Marlene. Se já tinha acordado sentindo-se horrível no dia anterior, nada se comparava a como estava sendo ter que seguir com um dia normal ao mesmo tempo em que tinha que lidar com a tristeza que estava sentindo.

O momento que mais a atormentava e a deixava incerta nos últimos meses havia chegado, ela e Sirius não estavam mais juntos. E ela sabia que não seria algo fácil mesmo antes de eles começarem a se envolver de verdade, pois tinham estabelecido um afeto e ligação que tornaria difícil um possível afastamento. No entanto, agora se via tendo que elaborar mais do que a quebra de vínculo com um amigo, como também com a pessoa por quem estava apaixonada.

Marlene realmente achou que nenhuma relação poderia a abalar tanto quanto fora o seu término com Matt, mas para sua angústia, estava terrivelmente errada. Não gostava de comparar as pessoas e as relações que constituía com elas, pois sabia que cada uma acontecia de um jeito e que cada pessoa era diferente da outra, porém, neste caso não havia como não comparar. Sabia que amara muito o ex-namorado, entretanto, os meses que ficaram juntos não chegaram nem perto da intensidade e complexidade de sentimentos que Sirius havia a proporcionado, e tal fato não estava sendo diferente em relação ao fim, que estava sendo mais duro do que fora anteriormente.

Depois da conversa que tivera com o moreno, no dia anterior, Marlene passou o resto do dia em seu dormitório que estava vazio, visto que as garotas estavam fazendo a visita a Hogsmeade enquanto ela passou a tarde jogada em sua cama, chorando a cada lembrança feliz que tivera com Sirius que invadia sua mente.

Ela se questionava como alguém em poucos meses pudera mexer tanto com a sua vida e bagunçar seus sentimentos daquela maneira.

— Eu trouxe para você – Lily falou em um tom de voz ameno, deixando uma bandeja com café da manhã aos pés de sua cama, enquanto se sentava ao lado da amiga.

— Não estou com fome – a loira respondeu desanimada.

— Marlene, desde a hora que cheguei ontem, não vi você comendo nada – respondeu preocupada.

— Obrigada ruiva, mas eu realmente não estou com fome agora.

— E tem algo que eu possa fazer por você? – a loira observou a amiga, que parecia realmente afetada por vê-la abatida.

Marlene desviou o olhar, já sentindo a garganta arder e os olhos marejarem.

— Eu e o Sirius terminamos – soltou, ao mesmo tempo que as lágrimas começavam a cair. Nem ela entendia como era possível uma pessoa chorar tanto quanto estava chorando desde que o vira com Valerie.

Lily pareceu ter sido pega de surpresa, como se não soubesse o que fazer por alguns instantes, até que se aproximou da amiga e a envolveu em seus braços.

— Ah Lene, eu sinto muito! – fez um carinho no cabelo dela. – Você quer me contar o que houve?

A garota suspirou pesadamente.

— Ai, Lily, eu nem sei por onde começar. Aconteceram tantas coisas! – ela respirou fundo em busca de coragem. – Você se lembra que logo quando chegamos na escola eu descobri que umas cartas de amor que eu havia escrito tinham sido entregues?

— Sim, lembro! Você ficou super chateada. Mas no fim foi por causa disso que começou a sair com Sirius.

Marlene mordeu os lábios, nervosa.

— Bom, mais ou menos. Essa parte das cartas foi realmente verdade, porém, eu e o Sirius não estávamos de fato saindo logo naquela época.

— Como assim? – a ruiva a fitou confusa. – Vocês estavam inseparáveis depois disso.

— Sim, mas nós estávamos fingindo – Marlene sentiu as bochechas corarem, julgando-se boba em ter que expor o plano idiota que tivera com Sirius a outra pessoa. Ao externar em voz alta, parecia mais estúpido do que achara quando aceitou. – No dia que as cartas foram entregues Sirius veio falar comigo, meio que me agradecendo, mas disse que não sentia nada por mim e eu também não sentia nada por ele, naquela época – disse chateada.  – Porém, logo depois disso o Matt veio me questionar sobre a carta dele e eu fiquei apavorada, porque não queria que ele pensasse que eu ainda gostava dele ou que estava sofrendo, então acabei inventando que estava namorando. Eu não disse com quem, mas em seguida beijei o Sirius como uma forma de provar algo e aí ficou meio implícito com quem era.

Marlene olhou a amiga de esguelha, que parecia ainda mais perdida do que antes. No entanto, Lily não fez nenhum comentário, dando espaço para que ela pudesse continuar.

— Eu não pensei muito quando fiz isso, e até cheguei a pedir desculpas para o Sirius depois, entretanto, ele sugeriu que continuássemos com a ideia de um namoro falso, tanto para que eu pudesse fazer o Matt esquecer essa história das cartas, quanto para que ele pudesse atingir a Valerie, que também tinha visto o beijo. Eu pensei em recusar, mas no fim achei que poderia ser uma boa, fui idiota. – constatou com pesar. – Nós começamos a agir como um casal e a princípio era totalmente forçado, contudo, em algum momento começamos a nos envolver de verdade e eu me apaixonei. Por Morgana, eu nem sabia ser possível gostar tanto de alguém assim. Mas é claro que essa besteira tinha tudo para dar errado e eu percebi que por mais que Sirius também tenha se apegado, o coração dele pertence a outra pessoa.

Lily ficou em silêncio por alguns instantes, parecendo absorver todas as informações que a loira havia jogado para si.

— Você não vai dizer nada?

— Eu nem sei o que te falar, na verdade! – Lily a fitou. – Por Merlin, Marlene! Você e o Sirius realmente acharam que essa seria uma boa ideia?

— Sim, quer dizer... Mais ou menos, a gente não se gostava, então achamos que seria tranquilo começar e terminar com tudo isso numa boa.

— Você sabe que não precisava provar nada para ninguém, não? Não precisava entrar nesse rolo apenas para provar um ponto para o idiota do Matthew.

— Eu sei Lily, sei que ele não tem mais nada a ver com a minha vida, mas sinceramente, eu me senti tão exposta que agi por impulso, nem pensei muito nisso, só queria meio que me proteger.

A ruiva suspirou baixinho.

— Não posso te julgar porque nunca passei por algo assim... Mas afinal, porque exatamente você e o Sirius brigaram? Quero dizer, vocês pareciam genuinamente bem.

— E estávamos, ou eu achava que sim. Mas na Sexta-Feira, pouco antes do jantar eu acabei vendo-o junto com a Valerie.

— Juntos, tipo juntos?

— Não, eles estavam apenas conversando. Ainda assim, sinceramente, eu vi pela maneira que ele estava com ela que ainda não a superou totalmente. Então eu resolvi acabar com tudo, antes que acabasse ficando pior!

Lily ponderou, antes de continuar:

— Marlene, eu sinceramente não acho que seus sentimentos por Sirius não eram recíprocos, por melhor que ele possa ser fingindo ou escondendo algo, mas ele realmente parecia gostar de você.

— Eu não acho que ele tenha sido totalmente alheio, sinto que foi recíproco também. Mas sério, Lily, se você tivesse visto os dois juntos também teria percebido, ele gosta dela ainda. E eu não quero ficar entre os dois e acabar me machucando. Quando nós conversamos, ele me falou que gosta de mim, porém, quando disse a ele essas coisas ele também não negou, sabe? Acho que sequer tinha se dado conta disso até eu falar.

Lily a olhou nos olhos e então suspirou, a puxando para um abraço.

— Eu realmente sinto muito pelas coisas terem terminado assim, porque eu realmente acho que vocês têm uma sintonia que não vi antes quando estavam com outras pessoas.

— Tudo bem, acredito que algumas pessoas só não nasceram para ficarem juntas! Não estou brava ou chateada com ele, sinceramente, ele foi muito transparente e foi maravilhoso que pudemos passar esses meses juntos. Só estou machucada porque não estava esperando que fosse acabar, não agora pelo menos – ela deu um sorriso triste. – Eu acho que estou um pouco sobrecarregada, não só por isso, mas por ter tido que esconder de todo mundo e então nos momentos que eu me sentia insegura ou chateada, não podia desabafar com ninguém, porque nós dois combinamos que seria melhor que ficasse apenas entre a gente.

— Eu imagino que não tenha sido fácil... E para falar a verdade, se você tivesse me contado o que estavam planejando, eu provavelmente acharia que os dois tinham enlouquecido – Lily disse com a voz suave e Marlene concordou, rindo baixinho.

— Sim, mas se eu fosse pensar muito a respeito, jamais teria escolhido Sirius também, eu achava que nós não tínhamos nada a ver.

Lily negou com a cabeça.

— Mas pensando por esse lado, eu não consigo imaginar alguém melhor do que ele para bolar esse plano com você – e então a encarou. – Gostaria de poder fazer algo por você! – a ruiva disse sincera.

— Tudo bem, eu só gostaria que pudesse ficar aqui comigo um pouquinho.

E assim Lily o fez, Marlene não soube por quanto tempo elas ficaram deitadas juntas em sua cama. A princípio Lily ficou em silêncio, apenas tentando ofertar algum tipo de apoio e acolhimento a amiga, porém, depois a ruiva tratou de conversar amenidades a fim de que a loira pudesse se distrair.

Elas só deixaram o dormitório quando Dorcas o adentrou, informado a Marlene que James estava a procurando. A garota até pensou em dizer ao amigo que o encontraria em um outro momento, pois não queria ter que explicar tudo o que tinha acontecido novamente, ainda mais porque sabia o quão chateado ele ficaria. Mas Lily lhe disse que o moreno estava realmente preocupado com ela, já que não havia a visto no dia anterior e já estava meio na cara que tinha ocorrido algo entre ela e Sirius.

No fim, optou por encontra-lo junto com Lily próximo ao lago. Ao chegar lá, Marlene não pôde refrear o misto entre alívio e desapontamento ao encontrar o amigo sozinho a esperando. Pois no fundo, ainda estava esperando que Sirius talvez pudesse procura-la.

— Hey – James a abraçou. – Estive preocupado com você!

— Está tudo bem – ela sorriu fraco.

— Não adianta mentir, eu sei que tem algo errado entre você e o Sirius. Mas ele não quis me contar, só fica andando cabisbaixo por aí.

A garota sentiu seu coração errar uma batida.

— Nós terminamos!

— O que? Como assim terminaram? Por que? Assim do nada? – ele disparou a falar, se aproximando mais dela.

Ela e Lily trocaram um breve olhar, antes de Marlene explicar sobre Sirius e Valerie, contando que isso tinha a motivado a terminar.

— Mas você disse que eles não estavam fazendo nada, Lene.

— Eu sei James, não se trata disso. Você ouviu o que eu falei? Eu não acho que ele a superou, esse é ponto.

— Sim, mas eu não concordo. Eu conheço Sirius completamente, sei que ele gosta de você. Está na cara dele, eu nunca nem o vi tão bem quanto nesse período que estivera com você.

Marlene respirou fundo, James lhe dizer tais coisas não a ajudava muito.

— Mas eu não quero pagar para ver, James! Já fui trocada uma vez, não quero que aconteça novamente.

James a observou por um momento e chegou até a olhar para Lily, como se estivesse em busca de ajuda, mas a garota desviou o olhar e continuou impassível.

— Marlene, você gosta dele e eu sei que ele gosta de você, não pode terminar tudo por algo tão pequeno, vocês têm que lutar pelo que sentem, relacionamentos são assim!

No entanto a loira continuou com as mesmas feições, observando o lago a sua frente.

— Eu já me decidi.

— Você é tão teimosa! – exclamou frustrado. – Quando eu li aquela carta que você escreveu para ele, sabia que vocês tinham que ficar juntos, e eu estava certo! E continuo certo disso.

— O quê? O Que você quer dizer com isso?

O moreno respirou fundo antes de continuar parecendo receoso:

— Não me mata, ok? – a fitou.  – Foi eu quem mandei as cartas que você tinha escrito. Quando eu fui na sua casa nas férias, enquanto você me deixou sozinho no seu quarto eu acabei achando a caixinha que você as guardava e vi o nome do Sirius em uma das cartas, você sabe que as vezes eu acabo extrapolando um pouco por causa da curiosidade. Não me orgulho disso, pois sei que não fiz bem, mas li o que tinha escrito. Você também sabe que eu sempre achei que vocês dois eram certos um para o outro e quando eu li, tive mais certeza, então eu resolvi entregar. E olha só, deu certo! Foi por causa delas que vocês ficaram juntos e eu acho que deveriam dar uma chance a esse sentimento, que eu sei que é mutuo.

Ao ouvir tudo aquilo Marlene sentiu seu sangue ferver, não conseguia acreditar nas palavras que saíam da boca de James. Tinha se envolvido em toda essa confusão por culpa dele!

— Eu não acredito nisso, Potter! – disse completamente séria. – Que direito você acha que tinha para invadir minha privacidade desse jeito?

James pareceu encolher diante do olhar duro que ela o direcionava.

— Eu sei que não fiz certo, Lene. Me desculpe! Eu agi por impulso porque sabia que daria certo entre vocês...

— Não deu certo, porcaria nenhuma – a voz dela saiu alterada. – Não tinha relacionamento nenhum! Eu e Sirius estávamos fingindo, depois de eu me sentir extremamente humilhada por Matthew ter lido uma carta que escrevi no fundo do poço, quase implorando para que ele estivesse comigo.

— O que? Mas você disse que gosta dele!

— Agora eu gosto! Mas no começo nós estávamos fingindo porque ele queria a atenção da Valerie e eu só queria não parecer uma idiota e uma pobre coitada! Agora nós não estamos mais juntos porque ele ainda gosta dela, e provavelmente eles vão voltar, e eu vou continuar sozinha e sofrendo.

Marlene falou em uma vez acusatória, sentindo as lágrimas começando a cair novamente. Ela as secou rapidamente e de maneira até agressiva, não aguentava mais chorar! Sentia-se como uma torneira quebrada.

— Lene... – James tentou se aproximar, mas ela o afastou. – Eu sinto muito, muito mesmo! Eu nem sequer li as outras cartas, não sabia o que você tinha escrito, se soubesse não teria feito isso. Quando eu vi a do Sirius fiquei tão animado que nem pensei direito, só o fiz, porém não queria que você soubesse que tinha sido eu quem as entregou, por isso resolvi fazer com todos e não só com ele, para que não ficasse tão na cara.

— Você é um idiota, Potter! – ela disse chateada e saiu, sem que desse tempo para que ele se desculpasse.

***

Mais tarde, quando Marlene se aproximou da mesa da Grifinória para o jantar, foi recebida por dois olhares igualmente tristes a fitando. James e Sirius estavam sentados um ao lado do outro. Ela os ignorou e sentou-se mais afastada ao lado de Lily, que por mais que Marlene tivesse insistido que ela poderia ir se juntar ao seu namorado, a ruiva negou e disse que ficaria a fazendo companhia.

Durante todo o jantar, Marlene sentia o olhar dos dois garotos queimar sob si e quando ela finalmente os olhou de volta, os dois desviaram e continuaram a refeição quietos e desanimados.

Tanto o jantar quanto o resto da noite no salão comunal foram estranhamente calmos para os alunos da Grifinória, visto que as duas principais figuras da casa não estavam dispostos a conversas ou as habituais brincadeiras.


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Notas finais do capítulo

Oiie, como vão?

Mais uma atualização, que veio bem rapidinho dessa vez, hein? hahaha

Desculpem por possíveis erros que possam ter passado durante a revisão. Espero muito que vocês gostem do capítulo, e se quiserem deixar cometários e sugestões, são sem bem vindas!

Beijosss e até o próximo!



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