"O barulho do salto dela sempre tinha sido irritante, mas agora, ele me dava um pingo a mais de esperança.

Meu corpo estava amarrado a aquela cama, em uma posição desconfortável, quase como se estivesse sendo crucificado ali naquele bueiro que ela chamava de laboratório e todo dia ela vinha e me injetava algo na veia. Era estranho, eu sempre tive medo de agulha, mas agora era tudo tão... insignificante.

Ela veio até a mim, esbravejava com seu alemão-austríaco coisas, que sinceramente eu não queria entender, e me medicava a força. Tudo isso depois da minha ultima tentativa... Infelizmente, uma tentativa falha por conta do Spy.

Suely não me deixaria partir, na cabeça dela, eu era um erro médico que ela não conseguia concertar. Eu era um Sniper que mesmo com problemas de vista tinha boa mira, mesmo com o metabolismo lento era rápido mentalmente para acompanha um Scout, mas ainda sim um desanimo em pessoa; Não era só desanimo, eu não tinha mais vida, e mesmo com várias e várias tentativas... Ela não se conformava que eu só queria ir embora.  

Sabe a expressão "Happy End"? Eu nunca tinha entendo bem o que aquilo significava pra mim. As pessoas pareciam ter uma noção do que era um bom “Happy End” para elas. Toda vez que alguém da minha profissão virava e fala sobre isso comigo, eu nunca sabia o que responder. Afinal, para mim era viver ali até morrer ou cometer suicídio por ser um inútil completo.

E na minha profissão isso está longe de ser um final feliz, mas eu percebi que de fato, o suicídio era meu Happy End; principalmente depois de perder todas as pessoas que eu amava por burrice minha.

Passei tanta coisa que nunca consegui processar, como a morte de minha mãe, a morte de um filhote de coala... E agora isso... Esse último acontecimento me devastava e mesmo que eu não pudesse fazer nada, a culpa era totalmente minha...

Então, eu tinha que dar fim e mim mesmo...  Era algo planejado... Dar fim na minha própria vida, era o que eu queria.

Mas a vida, não é só feita de finais felizes, não é?

E ela estava ali na minha frente de novo, ainda falando em alemão, como se eu quisesse entender o sotaque dela. "

— Nien! NIEN! NIEEEEN! 

"Ela parecia irritada mais do que o normal e então algo novo surgiu. Uma seringa diferente e não digo diferente no sentindo anti-higiênico, digo: o tamanho, o líquido nela, era tudo diferente.

E foi assim... Que eu descobri o que era o meu "Bad End".  Quando aquela agulha entrou em mim e depois de tanto tempo a dor que eu sentia não era mais sentimental. Agora, também era física.  E foi só quando fui solto que eu percebi.

Minha punição ia ser viver para sempre... Sabendo que eu nunca vou poder acabar com minha própria dor. Minha punição era viver pra sempre... Sabendo que eu perdi tudo que amava..."