Continuação - Damon PDV

_ Stefan, você está aí? – repeti a pergunta a espera de sua presença -.

            Entrei pelo corredor passando pela enorme porta que dava acesso à sala e Stefan estava sentado no sofá. Meus olhos se encheram de lágrimas repreendidas e mesmo que eu pudesse enxergar, também, sua dor, eu desejava que meu irmão queimasse no fogo do inferno por ter causado a bagunça que ele causou.

            _Damon, eu...

            _Eu não vim por você, então por favor me poupe de qualquer introduçãozinha barata.

            _Então porque me chamava? – perguntou indiferente se virando para pegar o copo de whisky que ele tomava -.

            _Só pra ter certeza de que aquele bilhetinho amigável do hotel não foi nenhuma brincadeirinha da Katherine.

            Minha garganta estava se fechando e a visão de Stefan não ajudava em nada. Eu havia decidido o que fazer: apenas me esqueceria de que voltei a ter sentimentos de verdade um dia de novo, e desligaria tudo.

            _Ela foi embora – disse ele rompendo o silêncio – Eu pedi pra que ela fosse.

            Meus dedos se fecharam na palma das minhas mãos.

            _Então tudo o que aconteceu foi só por capricho seu, gostosão?! Você destrói a vida de todo mundo ao seu redor pra nada? Simplesmente pra jogar Katherine num canto de novo?

            _Ela não vale o chão em que pisa, Damon – disse ele com raiva -.

            Sinceramente eu estava cansado de joguinhos. Nós dois ali, fingindo que não nos importávamos com nada, apenas discutindo. Mas a verdade era que Elena estava morta e estávamos nos rebaixando ao ridículo.

            _Você é um merda, Stefan! – o grito saiu por entre meus dentes e quando me dei conta já o prensava junto a parede – Você traiu ela, seu idiota! – continuei a apertá-lo até que não sobrasse nem um pingo de vida que fosse dentro dele -.

            _Eu sei, eu sei e não estou negando isso – Stefan forçava suas mãos para tentar se soltar, mas eu era, obviamente, mais forte – Eu me arrepen...

            _Deixa dessa conversa! Você traiu cara, a mulher que supostamente – ironizei a situação – amava, assim como fez com Katherine, assim como fez com o nosso amor por ela.

            _Damon, eu...

            _Você trai a Katherine, depois a Elena e até a mim...

            Stefan me interrompeu.

            _Damon! – e com uma força sobrenatural se afastou de mim e empurrou meu corpo para longe – Você já traiu mais pessoas do que pode contar, Damon. E mesmo que Katherine tenha parcela de culpa nesse seu ódio, foi você quem contruiu essa dor pra viver isolado nela e se justificar colocando a culpa nela. Foi você quem construiu esse monstro.

            Pensei em atacá-lo novamente, mas eu não queria mais brigar. Aquilo não era sobre vingança.

            A promessa que eu fizera a mim mesmo após deixar Elena na floresta fora que eu sofreria só até o final daquele dia, e logo depois, apenas me afogaria em litros e litros de sangue humano fresco e me esqueceria daquele Damon sentimental.

            Eu sofreria por ela, muito mais do que ja havia me dado ao luxo desde que Katherine se fora.   

            _Eu te odeio! – gritei para Stefan sem olhar em seus olhos -.

            _Você é meu irmão, Damon.

            _Mas EU TE ODEIO! – repeti em alto e bom som -.

            _Você odeia a si mesmo por saber que isso não é verdade.

            Stefan estava certo. Me peguei imaginando o porque de tanto ódio por causa de um demônio que se chamava Katherine. Eu não a amava mais.

            Deixei que o pranto rolasse pelo meu rosto e, por fim, eu já não seguia mais a linha do meu raciocínio. Palavras soltas saiam da minha boca e eu simplesmente não conseguia pará-las.

            _Você matou a Elena... você trouxe Katherine de volta pra nossa vida e foi VOCÊ quem a matou, idiota! Foi VOCÊ.

            Já sem saber o que dizer, ou se devia mesmo dizer, continuei tagarelando e colocando minha dor para fora pela primeira vez.

            _Eu a amo, Stefan. Eu amo a Elena, cara. Não é engraçado? Damon Salvatore amando de novo – levantei-me e abracei meu irmão -.

            Eu estava agindo como se houvesse algo para comemorar. Sorrisos escapavam de meus lábios mesmo que eu não soubesse o motivo pelo qual eles ainda existiam.

            _Ela está morta, Damon – eu enxergava, sim, a profundidade e sinceridade em suas palavras, mas não queria acreditar nelas naquele momento -.

            _Eu AMO ela, Stefan.

            _ELA ESTÁ MORTA, DAMON!

            Stefan gritou tão alto que, enfim, as palavras penetraram meu lado consciente. Pude perceber pequenas veias que se formaram sobre a garganta de meu irmão.

            Ele se sentou e também o fiz. Evitamos o contato físico ou visual. Stefan quebrou o silêncio dizendo:

            _A Morte está nessa casa, Damon. Eu não posso mais ficar aqui.

Katherine PDV

            Era tão ridículo que chegava a ser divertido. Stefan fazia aquela cara de adolescente fragilizado enquanto pedia para que eu fosse embora e eu podia confessar que havia me esquecido o quão lindos os adolescentes ficam quando estão emburrados.

            Apenas virei as costas para Stefan fingindo ir embora de verdade, mas aquela não era nem de perto uma opção. Eu ainda não havia brincado com os dois Salvatore. Convenhamos, não é todo dia que se encontra dois irmãos tão lindos e charmosos como Stefan e Damon. Eu não podia deixar de “visitar” o mundo do Damon também, novamente.

            Saí da floresta e decidi me divertir às custas de Elena pela cidade. Fui ao Mystic Grills, me sentei com Matt, Tyler, Caroline e Jeremy – cuja memória havia sido apagada – e até tomei o que poderíamos chamar de um “porre”, com eles.

            Patético.

            Bem que minha gêmea nem mais tão viva poderia ter achado coisa melhor do que o Matt – eterno apaixonado -, Caroline – tagarela insuportável – e o Tyler – gostoso, mas um completo idiota -. Eu tinha certeza de que ela carregava o gene dos Pierce só por coincidência, pois não possuía nada de bom nem de interessante a não ser pelo fato de ela ter um Salvatore em cada braço.

            Ao deixar o bar e ainda dirigir levando todos os adolescentes bêbados para casa – fazendo ação de graças – desviei meu caminho até a pensão onde eu me encontraria com Damon pela última vez – ou não -.

            Avistei a fachada da casa e me aproximei sem que minha presença fosse notada. Stefan e Damon estavam discutindo e... Chorando? Que idiota choraria pela versão “Katherine sem sal”? Meu Deus, talvez eu não tinha escolhido o melhor par de irmãos, mas já era tarde demais para que eu pudesse reclamar de algo.

            Permaneci ali, do lado de fora, apenas ouvindo o que os dois falavam. Uma frase em particular me chamou a atenção, que foi seguida por passos em direção à porta de saída.

            “A Morte está nessa casa, Damon. Eu não posso mais ficar aqui.” – disse Stefan -.

            Repeti mentalmente a frase e acrescentei minhas próprias palavras a ela.

            _É, eu estou aqui mesmo, Stefan.

            Quase não consegui reprimir minha risada, mas me contive. Eu não podia estragar aquele momento tão oportuno.

            Observei Stefan deixando a pensão e logo que ele já não estava mais a vista, pulei a janela alarmando Damon, que já havia ido para seu quarto. Entrei pela porta lentamente e ele permaneceu parado.

            _Olá, Damon – aproximei-me e seus olhos pareciam não acreditar na imagem que estava a sua frente -.