Lobo Solitário escrita por Sensei Oji Mestre Nyah Fanfic


Capítulo 1
O Wolverine


Notas iniciais do capítulo

Eu queria ter tempo de transformar isso em uma fanfic com mais capítulos, mas estou super atolado em outros projetos incluindo um desafio de escrita. Sorry, mas é isso.

Boa Leitura.



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O rosto da bela Jean Grey aparecia em seus sonhos durante os vários dias que teve de conviver com a natureza incólume da floresta perto de Vancouver.

Dias frios e tempestuosos tornavam-se inofensivos perante ao isolamento social. Preferiu sair da mansão do falecido Xavier, porque as memórias de uma certa ruiva o atormentavam. E mesmo sob o escrutínio de Tempestade, ele foi para nunca mais voltar.

Saindo do leste dos Estados Unidos, preferiu as pradarias do norte. Sua terra natal, Canadá, já não era mais tão pacata como no tempo em que conhecera Marie.

Alugou uma choupana no meio da floresta de Vancouver, porém relativamente perto de uma cidadezinha interiorana.

Logan acordou. Toda a manhã saía para caçar e buscar água num córrego límpido perto dali. Tornou-se um sujeito antissocial... como deveria sempre ter sido.

O velho urso pardo urrou perto, porém não reuniu coragem para encarar o mutante. Wolverine era perigoso demais para um simples animal de quinhentos quilos.

— Droga. — Balbuciou ao ver que que as pilhas do seu rádio haviam queimado.

Uma das piores coisas de ser um homem isolado é de tempos em tempos ter que visitar a sociedade.

Foi-se, taciturno, para a pequena cidade de Emerald City, um lugar onde moravam duas mil pessoas. Donas de casas, mineiros e agricultores faziam parte do censo da cidade.

A loja de departamentos era uma pequena casa com prateleiras e um dono tão quieto quanto o mutante.

— Quero duas pilhas daquela e dois charutos.

— Pena que não são cubanos. Ah, merda. Esses caras de novo não.

Uns homens numa picape apareceram e colocaram num som alto. Logan continuou calado, mas observou que havia um garoto no meio deles.

— Valeu.

As pessoas fumavam maconha na frente da loja, apesar das várias reclamações do dono. 

Sem dar muita importância para os problemas alheios, Logan partiu de volta para a floresta.

...

Os baderneiros oriundos da cidade de Vancouver perturbavam o dono da loja e os demais vizinhos. Jactavam-se por serem de uma cidade grande e menosprezavam os moradores de Emerald City taxando-os de caipiras. Obviamente o mundo liberal deles se contrastavam do conservadorismo dos pacatos cidadãos emeraldianos.

— Aqui ficou sem graça. Vamos fazer o quê? — Perguntou uma loira totalmente embriagada pela bebida.

— Sei lá. Vamos sair daqui antes que chamem a polícia de novo — respondeu um homem barbudo e jovem.

— Não sei por que me trouxeram com vocês se vão ficar nessa brincadeira de bandidinhos — reclamou um garoto de uns doze anos.

— Cala a boca, Carl. Vamos embora. Toca pra floresta — falou o barbudo.

Naquela picape cabiam seis pessoas. Uma mulher, um garoto, o barbudo, um moreno com cara de drogado, um ruivo de óculos maconheiro e um fortão careca com cara daqueles skinheads. Os cinco amigos partiram para a floresta de Vancouver arrastando o primo mais novo do barbudo.

— John, quero voltar.

— Cala a boca, Carl. Seja homem. Vamos caçar.

...

Logan acendeu o charuto, pôs as pilhas no rádio e ouviu a partida de futebol americano. Pegou o coelho que caçara horas antes, retirou os pelos e botou na panela com água fervente.

A casa velha fora alugada por Logan. O aluguel: o mutante vigiaria aquela região para o governo local e a casa ficaria como garantia. Um dos negócios mais bem sucedido depois de ter deixado a mansão em Nova York.

Àquela noite gélida, uma sopa com a carne do coelho. Aproveitou cada momento. Era imprescindível ficar aquecido.

Ouviu um tiro, outro tiro, um terceiro e um quarto. Não deu muita importância, mas lembrou-se do urso que sempre visitava-o. Vestiu a jaqueta de couro e um casaco de pele, saiu.

O urso pardo não fora baleado, mas um cervo daquela região. O animal se contorcia no próprio sangue, com um tiro na altura das costelas. Logan fez suas garras retráteis da mão direita aparecer e estocou no pescoço dele.

— Vamos matar mais animais! — falou o Barbudo.

— Bora lá — assentiu o careca.

O grupo de baderneiros acampou uns trezentos metros da cabana que Logan morava.

— John, olha lá — avisou Melanie.

— Qual é a daquele cara? — indagou ao ver Logan parado no meio do acampamento.

Os demais ficaram apenas observando o mais velho fumar um charuto vagabundo enquanto encarava-os. Realmente o mutante era amedrontador.

— Olá, amigo. O que deseja? 

— Quem é o líder desse acampamento?

— Sou eu. O que deseja?

Wolverine pegou o cervo pelas patas, jogou o bicho sobre a barraca de John, quebrando-a e fazendo jorrar sangue animal para todos os lados.

— Filho da mãe! Olha o que você fez!

— Se você matou este animal, terá de aproveitar a sua carne. Caçar por esporte é proibido neste local.

John e seus amigos ameaçaram bater no mais velho. Logan fez crescer as duas garras.

— Se querem morrer, dêem mais um passo.

Aquela figura estranha, musculosa e animalesca assustou a todos, exceto o pequeno Carl.

— Vamos embora!

O grupo bateu em retirada.

Às quatro da tarde daquele mesmo dia, meia-hora após a ida dos baderneiros, Logan voltou para a cabana sempre com o charuto na boca. Ficou ouvindo a sua programação na TV quando escutou um barulho vindo de fora. Cauteloso como de costume, saiu portando um rifle de caça — ele não queria expor suas garras de adamantium  toda a vez que surgia algum problema.

Uma camionete Ford anos 60 era utilizada por ele. Atrás havia uns entulhos e um lençol que cobria-os. Tocou e dele saiu um menino... o mesmo que estava junto daquele grupo.

— Mas que diabos você está fazendo aqui?

— Desculpa. Pode me hospedar só por esta noite?

— Não. Agora cai fora.

— Por favor, senhor. Não quero ter que voltar com a companhia do meu primo e sua gangue. Eles me exploram.

— O que eu tenho a ver com isso? A última vez que ajudei uma criança acabei me envolvendo com certas pessoas me prometendo mundos e fundos. Acabei conhecendo uma pessoa e a perdi. Não quero cometer esse erro pela segunda vez.

— E o que eu faço?

— Se vira.

Logan não se importou do garoto ficar no frio, apenas entrando na casa sem olhar para trás.

Por volta das seis da tarde, bateu-lhe uma curiosidade — talvez um resquício de arrependimento —, saiu e foi verificar o rapaz. Escutou um grito.

— SOCORRO!!!

O urso pardo tentava a todo o custo pegar o menino, apesar de estar trepado numa árvore.

Logan desafiou o animal. Levou uma patada que rasgou sua camiseta branca e sua pele. Regenerou-se e deu um soco no queixo do animal. O urso foi embora.

— Vem, desce.

Momentos depois...

— Obrigado pela sopa, senhor.

— Não me agradeça. Tome a sua sopa e amanhã pela manhã vai ter que ir embora. Não quero problemas com o seu primo e os amigos dele.

— É que... ele é o um dos poucos familiares que tenho. Eles me exploram.

Wolverine ficou curioso.

— Sou uma aberração. Quando eu tinha quatro anos meus pais morreram num acidente de carro e fiquei sob os cuidados dos meus tios. Eles... nunca me deram amor de verdade e sempre fui alvo daquele John maldito.

— E o que você tem de tão especial para eles te explorarem? — Perguntou, acendendo um charuto.

— Eu consigo ver os objetos através deles. 

— Ah. Aquele lance de raio-x.

— Sim. Eles me exploram no sentido de me usarem para cometerem crimes. Eles mandam eu ir no banco, ficar atrás de um cliente só pra ver a senha do cartão de crédito ou quando vamos a uma loja de penhores só pra ver a combinação do cofre. Eles já roubaram várias vezes e sem falhas. Tudo por minha culpa.

— Então é isso. Por que não foge?

— Pra onde eu vou? Tenho apenas 12 anos. A única que ainda pode me criar é minha madrinha que mora em Alberta. Mas meus tios me privaram de todos os meus amigos.

Uma pedra atingiu o vidro da janela. Outras pedras foram arremessadas. Um dos baderneiros jogou gasolina e ateou fogo. Em segundos, a casa de madeira ardeu em chamas. Logan chutou a própria porta e os viu fugir na picape.

— Toca aqui. Aquele vagabundo vai aprender a não mexer conosco — falou John enquanto dirigia.

Uma moto se aproximou do carro. Wolverine fez crescer as garras e furou os pneus do lado esquerdo do veículo. John perdeu o controle e bateu numa árvore.

— Esse cara vai me pagar!

Os outros amigos de John iniciaram uma luta corpo a corpo que logo foi decidida. Wolverine sequer teve que matá-los.

— Vai me pagar. Vou falar com os amigos do meu pai. Eles são caçadores profissionais e vão acabar com a tua raça. E avisa para aquele mutante mirim que o que é dele tá guardado.

Os baderneiros saíram da floresta amedrontados por causa de Logan.

Enquanto isso, Carl aguardava, sentado numa cadeira do lado de fora, o mais velho chegar. Mesmo com o incêndio, conseguiu salvar o rádio de pilha.

— Sinto muito. A culpa foi minha. O John veio apenas para se vingar. Eu... eu salvei o seu rádio.

— Eles disseram que vão chamar uns caçadores amigos do seu tio. É verdade?

— Oh Deus. Esses caras são barra pesada!

...

John pegou o seu celular, ligou para o seu pai e inventou que Carl havia sido raptado por um homem selvagem da floresta. Como era de se esperar, o pai dele pediu ajuda dos dois caçadores mais impiedosos e infames da região.

— Vamos atrás do meliante — falou o velho barbudo com uma espingarda.

— Tem certeza que esse homem esquisito é um mutante? — Um caolho mascador de fumo perguntou.

— Claro que sim, gente. Meu filho não mentiria, não é, filho? — disse o pai de John.

— Nunca minto.

...

Carl ajudou Logan a apagar as chamas da casa. Metade dela estava danificada, mas a parte da sala ficou intacta, por isso seria utilizada como quarto para os dois.

No dia seguinte, alguém bateu na porta da cabana. Carl atendeu, surpreendeu-se com a presença do seu tio Calvin.

— Sei onde a tua madrinha mora. Se algo acontecer comigo, ela morre.

— Quem é?

— Olá, senhor. Sou Victor Straussen. Trabalho no departamento de proteção à criança e adolescente. Conversei hoje pela manhã com um senhor dono de uma loja e ele disse que havia pessoas baderneiras por esta região. Ele também me falou de uma criança junto deles. Aposto que é esse garoto.

— Sim, é. O primo dele tentou incendiar a minha casa ontem, mas tá tudo tranquilo.

— Podemos levá-lo para a casa de um parente conhecido. Talvez uma madrinha ou um padrinho.

Carl, a contragosto, se despediu de Logan.

— Espera. Pode me dar uma carona até Emerald?

— Claro.

Calvin deu carona a Logan até a loja em que outrora havia comprado as pilhas e os charutos.

— Como vai, senhor?

— Foi você quem chamou aquele homem?

— Quem?

Um carro preto parou em frente à loja, saíram os dois caçadores com metralhadoras e logo começaramuma saraivada de tiros. O dono da loja morreu na hora. Logan, porém, sobreviveu mesmo após ser atingido diversas vezes.

— Isso é pra servir de lição a qualquer um que quiser mexer com a família Cicinatti. E agora, moleque, vamos embora.

— ESPEREM!!! Ainda não terminaram o serviço. — Wolverine apareceu só de calça. Rasgou a camiseta.

— Atirem nele! — esbravejou Calvin.

Os dois caçadores não tiveram tempo sequer de levantar as armas. Wolverine usou as suas garras metálicas para cortar as metralhadoras ao meio e ainda por cima perfurar seus corpos.

— Seu monstro. Mas eu vou matar esse monstrinho. Que acha, hein?

— Parado. Se matar o guri, eu terei o tempo do mundo para acabar contigo.

— Calado.

Calvin apontou a pistola na direção de Wolverine, atirou bem na testa dele, contudo a bala caiu amassada. Logan utilizou sua garra pra perfurar a garganta dele. O sangue espirrou e o velho Cicinatti morreu ali no meio da rua.

Carl ficou chocado com tamanha violência, apesar de estar aliviado por não ser mais cativo do seu impiedoso tio.

— Precisamos sair daqui. Agora!

Ambos voltaram para a floresta. Viram o urso pardo morto na frente da cabana. O animal havia levado um tiro. Com o sangue dele estava escrita uma frase no chão com o seguinte dizer: "Uma lição para três animais". Foi a gota d'água para Logan.

— Com certeza isso foi obra do meu primo e sua trupe.

— É?

Os baderneiros acamparam na floresta, mas um tanto longe dali. A sombra de Wolverine apareceu entre as árvores.

— E... espera. Você não vai me matar, vai?

John tentou usar da diplomacia com o cara que ele chamou de animal. Wolverine não o perdoou, degolou-lhe com apenas o movimento de uma garra. O assombro dos seus amigos foi tanto que deixaram o acampamento correndo.

— O que houve? Para onde foi?

— Este aqui não perturba mais — jogou a cabeça.

— GYAHHH! Vo-você decepou a cabeça dele. Que é isso!?

— Agora vamos embora. Vou te levar para tua madrinha. E também preciso sumir por uns tempos.

— Ele decepou a cabeça do John...

— Vambora, garoto!

Logan foi para a região de Alberta levar Carl para a sua madrinha. Ao chegar na casa, pediu para que o menino descesse do seu carro. Carl agradeceu a ajuda que o seu mais novo amigo deu.

— Vai ou não?

— Vou. Consigo vê-la. Tchau, amigo. Espero que um dia possamos nos encontrar.

— Não crie muita expectativa.

Viu o menino reencontrar a madrinha e entrar na residência. Foi embora.

...

Acendeu um charuto, observou o retrato da doutora Grey, sentado numa ponte. Esse era o imortal James Logan, o lobo solitário. Por causa de traumas passados, odiava ter contato mais íntimo com os seres humanos.

Entretanto, mesmo para o isolado e selvagem Wolverine, o desejo de ter alguém para compartilhar suas emoções profundas existia, apesar de implícito. Desejava morrer, desejava nunca de ter nascido um mutante que sobreviveu séculos.

O que lhe restou são apenas as memórias de um passado sombrio.


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Notas finais do capítulo

O Carl deixou um pouco a desejar sobre os seus poderes, mas não consegui desenvolver muito mais sobre o poder dele. Logan teve uma grande demonstração de poder. Ele agiria com essa mesma violência tanto nos filmes quanto nos quadrinhos, então acho que eu o retratei com fidelidade.

Até a próxima... e se gostou comenta aí.



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