Vencer ou Vencer escrita por Riqui


Capítulo 1
Round 1


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem-vindos para mais uma história. Os personagens são de minha autoria, o autor.
Quem conhece Hajime no Ippo ou Rocky notará muitas referências, pois foram de grande inspiração para essa história.
Gosto de nostalgia e cultura pop, então, terão muitas coisas dos anos 90 e 80.

Espero que se divirtam e mergulhem nessa história. Não deixem de comentar, ajuda MUITO!

Boa leitura à todos.



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ROUND 1


1997, Rio de Janeiro, Brasil.


Um novo ano letivo começaria no Colégio de Ensino Coronel Calhau. Pertencente ao bairro de Ipanema, um dos mais conhecidos e nobres da cidade maravilhosa. E andando pela orla da praia, Luquinha caminhava devagar, com sua mochila em um de seus ombros. O garoto de quinze anos (completaria dezesseis em pouco mais de um mês), estava distraído com seus pensamentos.
Olhou para seu relógio, marcavam sete e quarenta e seis. Pela suas contas, mais três minutos e meio, e ele chegaria em seu destino. Tímido, como sempre fora, ele ajeitou seus cabelos castanhos claro, desceu a mão e ajeitou seus óculos quadrados e grandes. Apesar de não precisar usa-los no dia a dia, apenas para leitura. Ele acabou pegando esse costume, afinal, sempre estava lendo algo.

Lucas, ou Luquinha, como era conhecido por todos. Era um garoto magricela e mais alto que o normal para sua idade. Já tinha atingido um metro e oitenta de altura; Bem incomum, visto que seus pais não tinham nem um metro e setenta. Ele era o caçula entre dois irmãos. Luciano, dez anos mais velho, já tinha sua vida bem encaminhada. Um oficial da aeronáutica, o orgulho da Doutora Maria. Pois o mais velho dos irmãos havia conseguido passar numa prova muito disputada por todo mundo que pensa em seguir carreira militar. Hoje, o rapaz mora em Brasília, capital do Brasil. Mas frequentemente liga para casa, principalmente para falar com seu irmãozinho.

Já Doutora Maria, era uma médica neurocirurgiã, bem respeitada em seu meio. Viciada em seu ofício, acabava não dando tanta atenção ao seu filho mais novo. Desde que seu marido faleceu há quase treze anos, ela mergulhou em seu trabalho, com o próposito de dar uma vida melhor ao filhos, e isso já havia conseguido. Moravam num apartamento já quitado e bem localizado, a duas quadras da praia. Seu filho mais velho, seu orgulho, já tinha saído de casa, apesar de ainda não ter encontrado uma pretendente, tinha sua vida resolvida e seu futuro garantido.

Já o mais novo, bom... esse era um menino diferente. Luquinha ganhou esse apelido pois era demasiado magro e baixo quando criança, com o tempo, esguichou quando chegou na puberdade, mas continuou magro. Perdeu o pai muito cedo, suas lembranças, são apenas fotografias antigas. Seu irmão, que também era seu melhor amigo, saiu de casa muito cedo. Antes de completar os vinte anos. Por isso, o menino que sempre teve dificuldade de fazer amizade, e por ter uma mãe nada presente. Se acostumou com a solidão.

O menino passava seu tempo livre sempre lendo. Já tinha detonado todos os livros que possuía e também os de seu irmão, agora, apenas por curiosidade, começara a ler os de medicina de sua mãe. Essa, por sua vez, quando viu o mais novo lendo seus livros de seu ofício, começou a encorajar o garoto a ser um médico, igual à ela.

Na casa também tinha Dona Dora. Uma amiga de infância de sua mãe, e que hoje em dia trabalhava para ela. Ia todos os dias da semana, cozinhava, arrumava a casa e também cuidava de Lucas. Às vezes, levava seu filho mais novo, Matheus, que tinha a mesma idade do caçula da Dra. Maria. Jogavam videogame à tarde inteira e conversavam, talvez, único amigo que Luquinha tinha.

Mas você pode estar se questionando agora, que o garoto tem uma vida perfeita. Mora perto da praia, tem uma condição financeira muito boa. Sua escola foi considerada a oitava melhor escola do país - A melhor do Rio de Janeiro - Apesar de ter uma mãe ausente, órfão de pai, e seu irmão morando em outro estado, ele tem uma vida privilegiada, não?

Talvez. Excluindo a condição financeira, sua vida acadêmica era ótima, se você só considerar suas notas. Ele adorava estudar, adorava aprender, mas ele tinha dois problemas no Coronel Calhau. O primeiro, Fábio Antunes. Um garoto alto, com quase um metro e noventa, um falso magro, pois tinha um corpo bem definido, musculoso. Era um atleta. Bicampeão Juvenil Carioca de Karatê, ele perturbava Luquinha há cinco anos. Desde que entraram no ginásio, desde a quinta série, Fábio, adorava implicar, bater, zoar e tirar Luquinha do sério. Sempre com sua turma do lado, mais três ou quatro garotos, ele nunca perdia a oportunidade de se aproveitar do garoto sempre o que via.

Luquinha já tinha se acostumado e perdido à conta de quantas vezes se escondeu quando via Fábio e sua turma andando pelos corredores. Já o encontrou na praia algumas vezes. Numa delas, ficou enterrado na areia por quase duas horas sem conseguir sair. Por isso, parou de ir a praia, tinha medo de encontra-lo por aí.

Seu segundo problema também tinha nome e sobrenome. Lilian Boldrinni. A garota por qual Luquinha se apaixonara desde quando tinha sete anos e a viu pela primeira vez na escola. Esse ano completariam dez anos que se conhecem, dez anos que é apaixonado. Também já perdera a conta das vezes que fantasiou e imaginou como seria tê-la ao seu lado. Mas aos poucos ia deixando esses pensamentos de lado. Da primeira à quarta série, os dois eram super amigos, faziam tudo juntos. Até aulas de natação. Aprenderam a nadar numa escolinha.

Quando chegaram no ginásio, na quinta série, ainda sentavam juntos e conversavam o tempo todo, mas o tempo foi passando, Lilian foi conhecendo novas pessoas, novos amigos e amigas. Já na oitava série, pareciam que nem se conheciam. Tinha vezes - na maioria, por sinal. - Que ela passava ao lado dele, e parecia nem conhecê-lo, pois nem um mero sorriso ela abria ao ver seu amigo de infância.

E a gota d'água foi quando chegaram no ensino médio, no ano passado. Durante um festival na escola, uma das atividades foi uma peça de teatro que Luquinha nem se atreveu a participar, era tímido demais para encarar centenas de pessoas olhando-o. Por isso ajudou adapta-la. Escreveu boa parte do roteiro e inclusive todas as falas, principal uma em especial, uma declaração de amor(No qual nunca descobriram que na verdade era um poema que Luquinha escreveu para sua amada). A peça foi Romeu & Julieta, e o clímax foi o beijo do casal. Fábio e Lilian. E o rapaz podia jurar que não foi um beijo técnico. Beijos técnicos não duram trinta e oito segundos e nem tem língua. É, foram os piores trinta e oito segundos que presenciou.

Quando viu aquela cena, desejou na hora levar mais chutes e socos de Fábio, do que vê-lo beijar a garota de seus sonhos. Foi uma sensação horrível. "Como pôde? Como uma garota tão incrível ficaria com esse tipo de pessoa?" Foram seus pensamentos e questionamentos por semanas, meses. Até, parecer ter superado.

Então, acabava de atravessar a entrada de sua escola, subia cinco degraus e estava no pátio. Um lugar imenso, com bancos, mesas e algumas árvores. Tinha um espelho enorme bem no meio entre duas portas, eram os banheiros. Mais a frente, um pequeno prédio, onde ficava a secretaria, direção, almoxarifado e sala dos professores. Mais a direita, a quadra poliesportiva e um vestiário dividido para meninos e meninas. No centro, um enorme prédio onde ficavam as salas. Dezenas delas.

Ainda faltavam quase vinte minutos para a aula começar. Em CECC (Colégio de Ensino Coronel Calhau). As aulas eram das oito da manhã até as três da tarde. De segunda à sexta. Aos sábados, atividades extra-curriculares. Como alguns esportes e artes em geral (Música, pintura, poesias, teatro.)

Era o primeiro dia de aula do segundo ano do ensino médio. Mesmo estudando a vida inteira lá, e conhecendo praticamente todo mundo, ele sempre ficava nervoso. Ele caminhou até o bebedouro que ficava perto do espelho do pátio. Onde algumas meninas se ajeitavam e conversavam sobre as férias. Era totalmente comum você só encontrar o pessoal da escola, na escola. Era até estranho você encontrar alguém fora dela, vestindo roupas normais. Aliás, CECC não exigia bem um uniforme. A escola tinha uma camiseta branca, com o CECC no peito, em azul escuro. Na parte de trás, escrito bem grande "ENSINO MÉDIO" obviamente para os alunos do segundo grau. e "GINÁSIO" para os alunos do ensino fundamental.

Exigiam tênis e podiam usar bermuda Jeans ou calça jeans. Afinal, estavam no Rio de Janeiro, onde no inverno, a temperatura passava dos trinta graus. Claro que bonés, óculos escuros e outros adereços, não eram permitidos. Era uma escola bem moderna, afinal, o século XX estava em seu fim e eles precisavam manter o posto de melhor escola do estado. Com excelentes professores, laboratório de química, biologia, quadra poliesportiva, teatro (e aulas de artes), cinco idiomas estrangeiros (inglês, espanhol, alemão, italiano e francês). Não era à toa que os alunos passavam metade no dia dentro da escola.

Ele foi direto para sua sala, era o primeiro a chegar. Tinha recebido uma carta há umas semanas informando sua sala e turma. 200 A. Desde a quinta série, se ninguém tivesse saído da escola ou repetido de série, ele sabia exatamente quem estaria em sua turma. E um a um, rostos já conhecidos foram chegando e sentando em lugares marcados.

Enquanto esperava professora, abriu sua mochila, retirou seu diskman, colocou seus fones de ouvido e deu play. Começou a tocar já no meio de uma canção, no solo de guitarra de "Love Hurts - Narazeth" e ele então, por reflexo, olhou para a porta, foi aí que seu coração parou. Era ela, com cabelos negros e enormes, com os olhos da mesma cor, com sua mochila vermelha, num tom alaranjado, ela estava de calça, camiseta da escola. Tinha um rosto fino, se repetia nos lábios. Ela não usava maquiagem alguma, não precisa. Poderia não ser a menina mais linda da escola, ou de sua classe, mas para ele, para Lucas, Lilian era tudo que ele queria.

Foi então que ele sorriu, talvez a música o influenciou, talvez aquele momento onde ele esqueceu que tinha outras pessoas ao seu redor. Ele fixou seus olhos Nela e acompanhou vagarosamente até ela se sentar, na mesma fileira que ele, mas no canto oposto. Ela estava mais bronzeada, com certeza passou as férias na praia. Foi o que pensou. Ele sorria novamente, mesmo que ela não tenha notado sua presença ou seu olhar, ele estava feliz, aliviado (mesmo que não precisando) de saber que ela estudaria mais um ano com ele. Então fechou os olhos, curtiu o minuto final da música, com o coração acelerado, ele desligou o diskman, guardou os fones de ouvido e colocava o caderno na sua carteira.
 - Esse ano será incrível! - Disse bem empolgado.


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