EnGraçadinha escrita por Sweet Madness


Capítulo 13
Conversas Difíceis




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Acordaram cedo, arrumaram as coisas no maleiro da motocicleta e foram até a pequena cidade próxima, para tomarem um gostoso café da manhã.

Daintness continuava quieta, um tanto pálida, e com uma tristeza muito profunda no olhar. Aquilo deixava Arthur alarmado. Ela havia desligado o celular e deixado o aparelho no fundo do maleiro. Sabia que ela estava fugindo da família adotiva, e não quis questionar.

Mas já era a terceira mensagem de Bruce Wayne que ele respondia durante o café.

—Tio Tom ensinou a rainha Atlanna a usar o celular?

Ele se surpreendeu com a pergunta, e acabou rindo baixinho.

— Ela aprendeu a fazer chamadas de vídeo e enviar áudios agora. É uma gracinha. Acho que minha mãe pensa que eu sou criança.

—E quanto ao seu irmão, Arthur?-A moça saiu de sua bolha de tristeza, parecendo feliz por começar outro assunto.-Você me disse que não segue muitas tradições de Atlântida, então você não o matou...

— Ele está preso... Eu tentei convencer a mamãe a condena-lo a ir ao psicólogo, mas ela não entendeu muito bem o que isso significava.

—Bom... Eu sou praticamente formada em Psiquiatria. E se fizéssemos uma cessão simples com Orm e sua mãe? Quem sabe ela possa entender sua sugestão.

—Acho que meu irmão não ia concordar.

— Ele é um prisioneiro, não tem que concordar com a punição.-A mulher arqueou a sobrancelha, dando um minimo sorriso travesso.-Vai ser divertido.

— Você é uma menina má, querida.-O herói brincou, puxando a cadeira da namorada pra perto, o que atraiu os olhares de algumas senhorinhas que estavam por ali.-E eu gosto muito disso.

Roubou um beijinho, antes de voltarem a comer e beber altas doses de cafeína. Antes de pegarem a estrada.

Arthur sabia que a namorada estava de fones de ouvido, sentindo como da estava acomodada em suas costas. Provavelmente voltou a pensar no pai vilão. Ele praticamente sentia a tristeza dela.

••

Atlanna viu Tom prepara um caldo com muito capricho para o jantar.

Não que seu humano não fosse caprichoso, mas tinha algo que ela não tinha conhecimento acontecendo.

A rainha havia passado todo o dia com seu filho caçula, tentando conversar. Ela e Merah.

Sendo muito sincera, Atlanna ainda estava tentando entender todo o rolo entre seus filhos e sua protegida princesa de Xebel. E desde que Arthur havia apresentado Daintness a ela e Tom a coisa estava ainda mais confusa. Ela não havia contado a ninguém em Atlântida sobre a menina. Mesmo que ela soubesse que, a cada ida a Gotham, mais seu filho era enlaçado por aquela peculiar figura.

—Tom, querido... Algo de especial no jantar de hoje?

—Ah, Arthur está trazendo Daintness para ficar aqui mais um tempo. Pelo que ele conseguiu me contar enquanto abastecia a moto sem ela por perto, um dos pais dela foi assassinado. Uma morte bastante cruel. E tenho a impressão de que a menina teve de assistir.

—Que bárbaro...

—Sim... Arthur não me deu detalhes, e acredito que seria muito indelicado tocar no assunto.-Atlanna teve certeza de que ele havia feito questão de colocar aquilo em palavras pra ela.-É uma menina tão doce... Lamento que tenha passado por isso.

— Você realmente gosta dela?

— Ela faz nosso filho feliz. Fez Arthur largar um pouco daquela casca durona que ele construiu por ter sido separado de você, e depois por Vulko ter contado que você foi sacrificada... Eu gosto da menina, Atlanna. Mas entendo a sua ressalva quanto a ela. Toda mãe tem ciúme dos filhos. Principalmente do filho favorito.

Aquele era um ponto muito delicado. Tom sabia disso, mas havia conversado com sua nora. E Daintness foi categórica em dizer que, enquanto Atlanna não conseguisse falar exatamente sobre o que tanto magoada Orm, ela jamais capaz de conversar com o caçula.

Os dois escutaram a moto espalhafatosa de Arthur chegar no Farol, o que os fez ir até a porta para receber o filho e a nora.

Arthur desmontou e esperou sua namorada fazer o mesmo, e suspirou quando ela abriu o maleiro onde o celular dela estava.

—O que foi, querida?

—Vou ligar pro meu pai... Se eu não der notícias ele vem de Gotham pra cá e provavelmente vai descontar em você.

— Ele vai presumir que está comigo?

—Você está falando com ele desde a manhã, Arthur.

—Talvez eu devesse ter levado o aviso de Dicky mais a sério...

Ela deu uma risadinha e logo o celular dela tocava. Era Damian.

—É claro que meu irmãozinho merece mais atenção que os outros dois marmanjos.-Ela deu um suspiro fofo.-Eu já vou pra lá, certo?

—Sim, senhorita.

Arthur deixou a namorado próxima a motocicleta e foi falar com seus pais, para explicar a situação com o mínimo e detalhes possível.

Daintness atendeu a chamada, ouvindo a respiração do irmão caçula do outro lado.

—Damian? Meu amor, esqueceu de regular os aparelhos auditivos?

— Oi, mana.-O rapaz deu um suspiro aliviado.-Já chegaram na casa do cara de peixe?

A mulher de cabelos coloridos acabou rindo do caçula.

—Sim, meu amor. Acabamos de estacionar. Eu já ia ligar para você, o papai, o Dicky e o Alfie.

—Estamos todos aqui na cozinha, mana. Inclusive o babaca do Jason. O papai arrumou outro irmão pra gente. Timothy, diz oi pra melhor irmã do mundo.

—Oi...

—Olá, Tim. Não deixe Damian te pressionar querido. Você é mais velho que ele.-O caçula fez um muchocho.-Vamos, Dam... Você odeia quando te pressionam. Não faça isso com o novo irmão. Dicky! O que está fazendo na mansão?

—Cuidando do morcegão, Dai.-Sem dúvidas Grayson estava de boca cheia.-E o barbatana de linguado? Se comportou ou vou ter que convencer tio Clark a dar uma surra nele?

—Deixe Clark em paz, seu implicante. Eu preciso ir, minha sogra está me encarando e ela já não é minha fã...

—Me ligue quando estiver tranquila.

O pedido partiu do patriarca, antes dos irmãos se despedirem e a chamada ser encerrada. A moça suspirou e guardou o celular no bolso da calça, antes de dar um sorriso tímido aos três que a esperavam na porta do Farol.

—Boa noite, senhor e senhora Curry.

Tom deu um sorriso querido e abraçou a menina com seu jeito de pai preocupado, o que fez Arthur sorrir.

— Você faz falta, Daintness. Não sei se vou deixar seu pai vir buscar você... Ele vai ter que me convencer.

—O morcegão não viria. Ele sabe que não pode enfrentar o Arthur.-A menina devolveu a brincadeira, o abraçando de volta, antes de fazer uma reverência educada à Atlanna.-Majestade...

—Bem vinda de volta, Daintness.

—Mamãe...

—Arthur.-A moça chamou a atenção do namorado.-Sua mãe e eu podemos nos entender sozinhas. Nem pense em brigar com ela por minha causa. Ela é sua mãe.

Tom deu uma risadinha ao ver a expressão chocada de Atlanna. Logo o mortal estava colocando a nora pra dentro de casa e mostrando a mesa de jantar que ele tinha montado, o que lhe rendeu um sorriso muito orgulhoso.

•~~•

O caldo estava delicioso, mas logo Daintness se despediu dos sogros, alegando que realmente tinha de ligar para o pai adotivo.

Então a moça tomou um banho quente e vestiu uma camisa larga e puída de  Arthur, se sentando no parapeito da janela do quarto, de frente pro mar.

Bruce estava sentado em sua poltrona na varanda do quarto, com o celular sobre a perna e um grande copo de água gelada em uma das mãos. Diana estava no outro quarto, interagindo com os irmãos Wayne, contando histórias e tentando fazer Timothy se sentir a vontade.

O rapaz ainda não entendia bem o que estava acontecendo, ou quem era sua irmã mais velha desconhecida. Mas sabia que algo de muito sombrio cercava o relacionamento dela e Bruce.

O celular do milionário tocou, mas o Cavaleiro esperou um segundo toque para atender. Ele não podia parecer tão ansioso, fazia mal para sua filha. O psiquiatra tinha dito isso.

—Daintness?

Ela deu um suspiro triste do outro lado da linha.

— Oi, Bruce... Você me disse pra ligar...

—Quero saber como você está.-Ele fez uma pausa, ouvindo a respiração lenta do outro lado.-Seus irmãos me contaram sobre Amanda Waller... E me contaram sobre...

—Joker.-Ela fubgou baixinho.-Eu sei que eles contaram...

—E como você está?

— Você realmente quer saber... Ou esta cumprindo com seu papel de pai preocupado porque Richard e Alfred te ameaçaram?

—Mas não podem sonhar que estamos conversando sem eles me monitorarem. Richard ficou uma fera quando eu disse pra você me ligar quando estivesse sozinha, me proibiu de atender antes de chama-lo.

—Isso não responde minha pergunta.

O herói deu um suspiro pesado e passou a mão no rosto, sem perceber que a Amazona havia entrado no quarto. Diana deu um olhar preocupado ao Cavaleiro Negro, antes de ir para um banho, visto que Bruce ainda tínhamos cabelos molhados.

— Eu quero saber como a minha filha está. Não interessa se quem morreu foi o Palhaço do Crime de Gotham ou um dos funcionários da minha empresa, ou o Super Man. Eu sei que você está triste, eu vi você ter uma crise de pânico quando soube que ele fugiu do Arkham.  E essa preocupação está me corroendo!

Os dois acabaram suspirando pesado, cada um do seu lado da linha. Bruce sabia que havia lágrimas em seus olhos, e sabia que as da filha já manchavam a pele branca de seu rosto delicado.

—Estou... Melhor do que... Achei que estaria... Arthur foi companheiro... Eu sabia que... Ele estava te mantendo informado... Já sabia que seria assim quando liguei para ele ir me buscar. Também sabia que meus irmãos iam de contar o que aconteceu... Acho que... O pior é que ele morreu... Porque ele escolheu ela.

— Não é uma escolha, filha... São amores diferentes, você sabe disso. Sabe que não me ama da mesma forma que ama seus irmãos, muito menos da mesma forma ama o Arthur.

Os dois tinham tido aquela conversa constrangedora e divertida. O que foi um alívio para o coração apreensivo do morcegão.

— Não, Bruce...- Ela deu um novo suspiro.-Foi uma escolha. Entre obsessão e amor. Não esqueça quem ele era... Psicopatas mal são capazes de processar um tipo de amor.

— Eu sei...-O herói apertou a ponte do nariz, respirando fundo.-Você vai voltar pra casa?

— Eu não sei... Talvez não agora... Eu preciso desligar. Preciso dormir um pouco e meus sogros acabaram e super também.

—Boa noite, gracinha...

Ela deixou uma nova lágrima rolar.

—Boa noite, papai.


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