A arte de se expressar escrita por TMfa


Capítulo 13
13 – Aquele em que o Yoarashi descobre o que é Deep Dope


Notas iniciais do capítulo

Talvez eu faça uma capa com essa imagem. Uso só a imagem mental da Kyouka... talvez do Inasa olhando também, contanto q ainda dê detalhes (usar 6B)



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Pode não ser nada, pode ser só a TPM ou pode ser que o Midoriya esteja ridiculamente repulsivo hoje com toda essa positividade que ele tirou sabe Deus de onde! Oh, Jirou tem uma boa ideia de onde ele possa ter tirado, mas ela tem tentado manter a mente limpa ultimamente. Ela teve um sonho com Inasa – não esse tipo de sonho, pervertidos! – na noite passada, onde ele estava particularmente tátil com ela.

Não era nada demais, ainda assim Jirou preferiu garantir que seu subconsciente não iria sugerir nada indecoroso com o garoto dos ventos, ela tinha uma ideia de como sua mente trabalhava e já havia feito a relação entre seu número de xingamentos diários e o nível de safadeza de seus sonhos. Ela tinha que agradecer à Momo e suas constantes repreensões sobre sua linguagem por isso.

— Jirou-san!

— Merda! – praguejou Jirou baixinho ao reconhecer a voz de Inasa. Porra! Pensou ela ao lembrar que quebrou sua tentativa de um dia sem xingamentos. Ô, caralho! Ok, para com esse ciclo vicioso! Kyouka mentalmente repreendeu-se.

— Você está bem, Jirou-san? – perguntou Inasa percebendo que a garota estava gesticulando em silêncio.

— S-sim, não é nada – gaguejou ela nervosa, um rubor colorindo sua face.

O ciclo de xingamentos mentais começou quando Inasa apareceu e ela percebeu que estava pensando nele – se a infinita positividade dele seria tão irritante quanto a de Midoriya, para ser mais exato.

Inasa sorriu satisfeito. Kyouka ficou olhando para ele confusa, ele a chamou só para ficar olhando? Então ela percebeu o que ele estava olhando: ela corada.

— Para de olhar – resmungou ela desviando o rosto para o chão.

— Desculpe! Farei o melhor para não deixa-la desconfortável de novo – respondeu ele assumindo posição de sentido.

— O treino vai começar em breve então... se você quiser falar alguma coisa...

— Ah, sim, claro! – disparou ele pigarreando – Ontem eu segui sua sugestão e pratiquei meus desenhos, acontece que uma das minhas colegas de classe, Azura, sabe desenhar muito bem, ela fez muitos cursos e disse que pode me ensinar várias técnicas!

— Isso é ótimo! – comemorou Kyouka contagiada pela excitação de Yoarashi (Parece que nele a positividade não é tão irritante assim).

— Sim! E ela disse que pode te ensinar também, se você quiser – Yoarashi sugeriu mais esperançoso do que esperava parecer.

—Claro! Ia ser ótimo.

— Ótimo. Fico feliz de ter encontrado você agora cedo, hoje à tarde serão aulas em salas separadas então esse treino de agora era a única chance do dia de falar com você.

— Eu devia te dar meu número, assim você só precisaria me mandar uma mensagem – brincou Jirou – Espera, por que eu ainda não te dei meu número? – acrescentou ela percebendo que isso era a coisa mais lógica a se fazer e nenhum dos dois tinham pensado nisso antes.

Espera uma porra de um segundo, ele está corando? Ele PODE corar? Jirou estava surpresa, ele corou por que ela ofereceu seu número? Oh, meu, ele pensa que eu estou...?

— N-não precisa, se você n-não quiser...

— Posso pegá-lo agora? – interrompeu Inasa – Eu não tenho nada aqui em que possa anotar, mas se você tiver, eu gostaria muito.

— Na verdade não – confessou ela esfregando a nuca. – Talvez Midoriya...

— Atenção, - Começou Aizawa-sensei - Hoje faremos um teste em grupos de 6 sobre resgate aquático, os grupos foram definidos previamente por nós e cada grupo contém ao menos 1 aluno adequado para esse ambiente, os demais devem aprender a auxiliar esse aluno para que terminem o mais rápido possível. Para os estudantes da UA da classe 1-A esse é um teste surpresa e valerá como parcial do semestre.

Jirou, assim como os outros exclamou surpreso e preocupada com as palavras de Aizawa-sensei, Shota ergue a mão e ordenou silencio antes de continuar

— Se querem agradecer ou reclamar com alguém, sugiro que procurem Bakugou e Midoriya, ambos estavam tão seguros que não precisavam de suas equipes ontem que desrespeitaram as regras do treino da tarde. O primeiro porque simplesmente ignorou seus companheiros de equipe e o segundo por ter interferido no resgate de um grupo que não era o seu. Tenham um bom dia – Ao lançar a última frase Aizawa deu um sorriso aos seus alunos, o que causou arrepios em suas espinhas, visto que o professor não tinha talento algum para isso.

— E o dia só melhora, Yeeey – ironizou Kyouka erguendo os punhos em uma falsa comemoração.

Com certeza, Midoriya era o único estava ridiculamente repulsivo hoje.

Bem, depois de tudo, esse dia não foi tão ruim quanto o resto da semana. As cólicas diminuíram, eles só tiveram aulas teóricas a tarde, e ela não foi tão ruim assim no teste surpresa da manhã (ela tirou 8,0).

Kyouka estava terminando de lavar o seu prato e o de Momo – a garota da criação havia feito o mesmo por ela no almoço – quando Inasa chegou. Não que ela soubesse disso, pois só percebeu que o garoto a estava esperando na sala comum quando passou por ali e o viu com a pasta que lhe dera.

— Aí estão vocês, achei que não viriam mais – comentou Jirou sorrindo. O que não durou muito, ela se lembrou do comentário de Kaminari na noite anterior sobre sentir saudades e corou um pouco, especialmente por que o loiro estava na sala.

— Jirou-san, posso pedir mais folhas?! – disse Inasa quase correndo até ela com seu sorriso curioso.

— Eu te dei 20! Já usou todas? – perguntou ela surpresa, ela lhe dá uma noite sozinho e ele faz 20 desenhos?!

— Ele praticou bastante, não tenho certeza se ele dormiu ontem à noite. – uma voz brincalhona apareceu, vindo de uma moça alta, quase tão alta quanto Inasa, com olhos claros e curiosos, um cabelo castanho-claro e um sorriso largo. - Oi, eu sou Azura Demi – cumprimentou ela esticando a mão para Jirou. – Eu estava louca para conhecer você, Yoarashi-san só sabe falar de você.

— Você sabe que pode só mandar ele calar a boca, certo? – retrucou Jirou envergonhada enquanto apertava a mão da garota. – Jirou Kyouka, a propósito.

— Bela camisa – comenta Azura apontando para a famigerada camisa do “Deep Dope” de Jirou – Deep Dope é legal, mas um pouco punk rock demais para mim.

— Nada e punk rock demais – retrucou Jirou com um sorriso travesso. – Nunca.

— O que é Deep Dope? – perguntou Inasa fazendo Jirou virar para ele quase em choque.

Até Mina soltou um pequeno suspiro (Ok, ela estava exagerando, esses dois tornaram-se seu shipp principal e ela sabia o quão importante era a banda pra Jirou).

— Você não sabe o que é Deep Dope? – O tom grave da voz de Jirou deixou Inasa confuso e incerto sobre o que responder.

— Não? – tentou ele.

Houve um curto silêncio em que Jirou estreitou os olhos para Yoarashi antes de tomar seu pulso e arrastá-lo para o quarto.

— Nós vamos resolver isso, AGORA – declarou ela seriamente.

Azura apenas os acompanhou, ela não sabia bem o que estava fazendo, mas Inasa era a única pessoa que ela conhecia ali, e ele estava sendo arrastado para sabe-se lá onde.

O quarto de Jirou é no segundo piso, então o tempo no elevador é curto. Quando eles chegam ao andar certo, Kyouka não está mais segurando o braço de Inasa e está pensativa (sobre qual o melhor CD para apresentar à Yoarashi).

Kyouka apenas segue para seu quarto, abre a porta e a deixa aberta para os dois que a estão seguindo entrarem enquanto ela procura em uma espécie de baú roqueiro que ela mantém atrás do piano pelo CD específico.

— Fiquem a vontade, pode sentar na cadeira ou na cama se preferirem.

— Isso é incrível! Quantos instrumentos! – exclama Inasa olhando tudo ao redor e segurando-se para não revirar tudo, ele preza pelo respeito de Jirou

— Obrigado – diz ela sem dar importância.

— Você pode tocar tudo isso? – perguntou Azura.

— É, é. Um pouco de cada – desfez Jirou ainda focada em achar o bendito CD – Ah há! – comemorou ela erguendo objeto tão desejado.

Kyouka colocou o CD no aparelho de som e selecionou uma faixa específica.

— Eu apresento, senhoras e senhores, Deep Dope – declarou ela encenando uma abertura solene.

A música rápida em Ré maior começou a somar muitos instrumentos, deixando-a mais pesada e punk a cada segundo. A letra significativa falando sobre as metamorfoses da vida, com críticas aos preconceitos e hipocrisias era carregada de forma sarcástica pelo tom neutro, quase alegre.

— Esse é meu álbum favorito deles! – comentou Azura.

— Azura, não é? – suspirou Jirou sentando-se ao lado da menina com ar contemplativo – Acredito que seremos grandes amigas – acrescentou ela com um falso ar de solenidade.

As duas riram enquanto Inasa escutava a música ligeiramente confuso. Kyouka percebeu a expressão do garoto dos ventos e sentiu-se nervosa. Por algum motivo era importante para ela que ele também gostasse.

— Só para você saber, isso – ela apontou para o aparelho de som – chama-se sarcasmo.

Ele sorriu para ela antes de dizer:

 - Isso é muito bom.

E Kyouka sentiu-se aliviada por isso, ela devolveu o sorriso. A música acaba e há um pequeno intervalo antes de outra começar.

— Bem, vamos começar a aula de desenho de vocês? – sugeriu Azura erguendo-se da cama.

— Ah, claro! Eu tenho algumas folhas naquela mesa – Kyouka apontou para sua escrivaninha ao lado das guitarras – E eu tenho alguns lápis extras dentro da gaveta.

— Também tem os lápis que você me deu, Jirou-san – afirmou Yoarashi erguendo a pasta

— Ótimo, vamos começar – disse Azura sentando-se no chão com as pernas cruzadas.

— Eu vou desligar o som.

— Não precisa, Jirou-san, vai ser melhor com musica, não acha?

— Com certeza. Se o Yoarashi estiver ok com isso... – Kyouka encolheu os ombros;

Ele estava. Azura começou a escolher objetos e pediu que eles os desenhassem, usando-os para explicar como ter efeitos de sombra em desenhos mais complexos, como mãos e rosto (Já que ela vira Inasa desenhando e sabia que ele estava bem além do básico, assim como Jirou).

Yoarashi era um gênio nisso, de alguma forma ele só precisava receber uma única explicação e poderia reproduzir com maestria o que Azura dizia. Kyouka, bem, nem tanto. Ela demorava o dobro do tempo que Inasa usava para fazer um desenho (O que já seria impressionante, ele era muito rápido!) e precisava de mais detalhes sobre o que fazer. Os três começaram sentados de pernas cruzadas, com o tempo Jirou acabou deitando no chão para assim ter mias apoio e acompanhar Inasa. Foi em vão, eles estavam na terceira lição quando Kyouka desistiu.

— Você faz isso muito rápido! – reclamou ela cruzando os braços como uma criança.

— Desculpe, não foi minha intenção – ele suplicou preocupado – Vou espera você na próxima vez.

— Não, não faça isso – suspirou Jirou, ela não conseguia se irritar com ele – Você é muito bom nisso para eu te atrasar. Ei, por que você não aprende e depois me ensina? – sugeriu ela sorrindo com a cabeça inclinada para o lado. – Assim eu não atraso você e Azura não tem que me aturar – brincou ela cutucando a garota alta.

— Claro! Assim podemos passar mais tempo juntos!

Droga, controle sua língua, idiota! Jirou corou furiosamente e mordeu a parte interna da boca para não manda-lo calar a boca.  Às vezes ele é tão... E lá estava, a famigerada frase, sempre presente e sempre incompleta.

— Yoarashi-san, não devia falar desse jeito – repreendeu Azura rindo – Pelo menos não na frente dos outros, sabe, algumas pessoas podem interpretar de outra forma.

—Hm? De outra forma?

— Uhum – concordou ela ainda rindo – Sabe, alguém pode pensar que...

— Por quê vocês não continuam desenhando enquanto eu toco alguma coisa? – Jirou sentiu uma pitada de malícia na voz de Azura e entrou em pânico.

Ela pegou sua guitarra mais próxima e foi se sentar na cama, plugou seus fones de ouvido no lugar do amplificador, cruzou as pernas e encostou-se na parede, de frente para eles.

— Só eu vou conseguir ouvir a guitarra. Vocês podem continuar a vontade. E se precisarem de mim, é só me chamar, eu ainda vou estar ouvindo tudo o que vocês dizem – disparou Jirou dando ênfase no “tudo”, para garantir que Azura estaria encerrando o assunto sobre palavras mal interpretadas.

A aula continuou por alguns minutos antes de Azura sugerir que eles parassem, já era quase 21:00 e amanhã seria treino físico tanto pela manhã quanto pela tarde.

— Tem razão, Azura-san, mas pode me ensinar só mais uma coisa?

—Bem, você aprende rápido mesmo – ela encolheu os ombros – O que é?

— Eu tenho esse desenho – começou ele abrindo a pasta e pegando o bloco de papel, deixando em um desenho específico – Tem algo faltando e eu não sei como consertar.

— Yoarashi-san, isso é muito bom – comentou ela, então Azura olhou de relance para Jirou e baixou a voz – Você já mostrou para ela?

— Não, não – negou ele como se estivesse ofendido – Quero deixar perfeito antes disso.

— Entendo, mas o que você quer consertar? Para mim parece perfeito.

— Falta alguma coisa – resmunga ele franzindo a testa – Mais movimento, mais vida, eu não sei ao certo. Está tudo muito... igual?

—Hm... Eu acho que sei o que você quer dizer – concordou Azura pondo a mão no queixo – Posso? – pede ela apontando para o desenho e simulando um rabisco com as mãos

Inasa acena com a cabeça e entrega o bloco para Azura. A garota se concentra no desenho de Yoarashi antes de escolher um lápis. O garoto dos ventos desvia o olhar para Jirou. Em algum momento a garota punk se perdeu na sua própria música e fechou os olhos para contemplar o mundo fascinante que Inasa sabia que ela via.

Quando Azura termina seus “reparos” na arte de Yoarashi ela ergue os olhos, satisfeita. Contudo, antes que ela expressasse qualquer palavra ela percebeu o sorriso cândido de Inasa e seus olhos fixos em garota recostada na cama, com a cabeça esticada, os olhos fechados, um sorriso no rosto e os dedos ágeis dedilhando a guitarra em um instinto feroz. Azura sorri, é a primeira vez que ela vê esse olhar em Yoarashi (Tudo bem que eles não se conhecem há tanto tempo, continua válido) ela fica feliz pelo amigo.

— Era assim que você queria? – perguntou Azura mostrando o desenho reparado para ele.

— Isso! Era assim! – exclamou ele, surpreendentemente seus gritos não obtiveram nenhuma reação de Jirou. Parece que ela não estava ouvindo tudo, afinal. – Como você fez?

— Bem, você só precisa adicionar linhas de movimento aqui, desse jeito – ela apontou no papel e passou os dedos em duas linhas curvas e paralelas – E nessa parte, o truque é usar lápis mais grossos para dar mais destaque e lápis mais finos nessa outra, para aparecer menos. E, você lembra da primeira lição de hoje? Sobre sombreamento? Olha ele aqui – E novamente ela apontou no desenho – Por que você não tenta agora? Fazendo um outro desenho?

— Claro! O que você quer que eu desenhe?

— O que você estiver olhando – sugere ela pondo a mão no queixo de Inasa e direcionando-o para a visão de Jirou perdida em sua música.


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