White hot chocolate escrita por Nirv


Capítulo 1
Chocolate quente de chocolate branco.


Notas iniciais do capítulo

Well, não tem muito o que falar aqui. Espero que gostem. Boa leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/769213/chapter/1

Você escreve.

 

Sem computador. Sem papel. Escreve no primeiro aplicativo que você encontra no seu celular, apesar de você sempre ter tido inveja de quem consegue escrever em cadernos. Aquele que sentam em um starbucks de esquina, perto da janela, olhando para o mundo la fora, absortos em seus proprios planetas, com um copo de café esfriando logo ao lado, e o caderno, normalmente moleskine, esperando para ser preenchido. 

 

Mas você escreve.

 

Talvez você compre um moleskine. É caro, então provavelmente sua mente vai se sentir culpada por não usar, e você vai acabar escrevendo algumas paginas, com sua letra parecendo um garrancho que uma criança de 3 anos faria no jardim de infancia. Você vai olhar para o caderno com as poucas paginas escritas, as quais não agradam nem um pouco aos olhos, e provavelmente não vão agradar o suficiente para você tirar uma foto para seu instagram, e vai se sentir mal por ter usado um caderno tão caro com sua letra tão mundana. 

 

Você escreve.

 

Talvez amanha você saia para escrever sentada em uma mesa de um starbucks qualquer. Os 5 dólares que você vai gastar no seu chocolate quente de chocolate branco - por que você não suporta café - não vão te fazer se sentir tão culpada quanto comprar um Moleskine e deixa-lo feio. E você ainda vai se sentir uma verdadeira escritora. Com seu chocolate quente de chocolate branco, mas ainda uma escritora. Talvez você até use isso para escrever um texto novo, sobre o doce e o amargo. Mas você se lembra que já escreveu um texto com o titulo de Agridoce - que na verdade não tinha um conteudo muito relacionado a agridoce, mas você achou o titulo bonito. - Talvez você precise pensar em algo novo dessa vez. 

 

Você escreve

 

Talvez você até leve em sua mochila um caderno-fichario da faculdade. Ele é azul pastel, tem tamanho universitario, mas é bem bonito para escrever. Ainda não é um moleskine, mas você vai estar escrevendo no papel. E talvez isso te faça se sentir mais escritora. Você não sabe se vai chegar a se sentir melancólica, mas o frio vai ajudar no sentimentalismo que você provavelmente vai precisar para escrever algo novo. 

 

Você escreve.

 

Talvez amanha você saia de casa. Vá tomar um ar, passear por um parque, procurar inspiração antes de ir para o Starbucks. Talvez você escreva sobre as folhas alaranjadas do outono que cobrem a grama verde abaixo dos seus pés. Talvez você escreva sobre as gotas de orvalho que dão para folhas verdes um tom acinzentado. Talvez você olhe para o ceu e escreva sobre o frio, e como as pessoas nesse lugar são frias, e o calor humano é inexistente. Talvez você escreva sobre como o frio de Vancouver te traz um sentimento de solidão e escuridão, como se você estivesse dentro de um buraco negro, e o tempo não passasse para ti. 

 

Você escreve. 

 

Talvez você saia amanha, com seus fones Bluetooth no ouvido. Mas provavelmente ouvindo algo que outros escritores não escutam. Alias, o que escritores escutam para escrever? Você nunca tinha pensado nisso. Talvez eles escutem sinfonias. Talvez escutem musicas antigas, de outros poetas, com palavras bonitas e dificeis. Talvez eles não escutem nada alem da voz de suas próprias cabeças escrevendo um texto novo antes mesmo de pegar em um papel. 

 

Você escreve. 

 

Talvez amanhã você faça tudo isso, e use da sua solidão e sentimentalismo para se colocar em uma situacao a qual um fotografo provavelmente tiraria uma foto de longe, esperando capturar seus sentimentos atravez do clique da camera. Provavelmente uma canon, de alguma geração que você não conhece. Você é das artes escritas, afinal - Mas so as prosas, poesia não é muito a sua cara. Você acha, pelo menos. - Ele tiraria uma foto a qual estaria em diversas capas de textos sobre escrita. Ou talvez até servisse para ilustrar o meio de um texto. Quem sabe fosse boa o suficiente para ilustrar um workshop sobre escrita. 

 

Você escreve. 

 

Você provavelmente vai sair amanha. E vai se perguntar de onde surgiu a inspiração para escrever. Vai olhar em voltar, respirar fundo e observar. Você vai olhar para cima, colocar a caneta preta da Muji - Minimalista - na boca, como se estivesse escolhendo a palavra certa para o momento certo. Na verdade a sua mente está vazia, mas os filmes vivem mostrando os escritores fazendo isso. 

 

Você escreve. 

 

Em segunda pessoa. Talvez isso chame a atenção. São poucos que escrevem em segunda pessoa, mas você decidiu tentar. Não lembra exatamente por que começou, apenas lembra que o primeiro texto se nomeou "20 segundos". Você se sente um pouco mais poeta escrevendo em segunda pessoa. A poeta das prosas, você pensaria, tentando fazer alguns trocadilhos de palavras como os poetas. Ah, você seria uma otima poeta. 

 

Você escreve 

 

É como você ja leu em diversos textos "multiplico tudo por mil". Aquela frase que aparece em varios horóscopos, e que deixa claro o Efeito Barnum. Afinal, todo mundo é um pouxo exagerado. E todo mundo se identifica com essa frase generica do tumblr. A unica diferença é que você provavelmente escreve um pouco mais que essas pessoas, então o sentimento parece maior. Multiplicado por um fator um pouco maior que mil, talvez mil e dois. 

 

Você escreve 

 

Não sentada no starbucks. Não tomando um chocolate quente de chocolate branco, e nem um chá - apesar de ter uma caixa de chá de camomila logo no andar acima. - Não escreve em um caderno, e nem usa muitas palavras bonitas e difíceis. Você escreve deitada na sua cama, as 15:48da tarde, segurando o celular com as duas mãos e digitando com o dedão, com 3 cobertores te cobrindo no frio, só um deles realmente é seu. O azul. Você usa um moletom preto velho, que era do seu ex, e uma calça de moletom cinza. Seu cabelo está solto, todo bagunçado no travesseiro. Os fios vermelho escarlate nem aparecem direito, por que o quarto em que você está tem as paredes marrom escuro, e a iluminação não é muito boa. Você não saiu da cama desde que acordou, por que a colica não quis te deixar em paz. 

 

Você escreve.

 

Escreve e descreve cada pedaço de ti. Se completa com cada letra que você vê brilhar na tela do celular quando você as tocas para formar cada uma das palavras do seu texto, o qual você vai postar no mesmo site em que sempre posta seus textos. Você sabe que não vai ter nenhum comentario. As vizualizações nunca passam de 20. 

 

Você escreve.

 

Uma vez você leu um texto que dizia que, se você quer uma vida de aventuras, se quer uma vida colorida a ponto de achar que vai explodir de felicidade a cada momento, você deveria namorar alguém que lê. O texto acabava com uma surpresa. Ele dizia mais ou menos assim "Mas se quiser o mundo, e outros mundos além, namore uma pessoa que lê.Ou, melhor ainda, namore uma pessoa que escreve." (Adaptado, Rosemary Urquico).

 

 Você escreve. 

 

Você lembra que amou o texto na época que leu, e nunca mais o esqueceu. Você era a pessoa que lia. Você era a pessoa que escrevia. Você era a pessoa que poderia dar mundos para qualquer um que passasse pela sua vida. Você era a pessoa que amaria com tudo de si, ja sabendo que, se ficasse tempo demais, o final ia ser tragico, como em todos os livros.  Mas estava tudo bem. O choro no final do livro sempre vale a pena. O sol continua nascendo no dia seguinte, e você continuaria a viver. 

 

Você escreve. 

 

Palavras são amor. Você sabe. Sempre soube. Você ja cansou de ouvir pessoas dizendo que amor não é poesia, gestos grandes e flores. Que amor estão nas pequenas coisas. E graças a deus você sempre escreveu em prosa. Imagina só, escrever poesia para alguém, e depois descobrir que são só palavras vazias, que não são O amor? Suas palavas são amor. 

 

Você escreve. 

 

Uma vez você ouviu alguem dizer que, se você quer saber em quem um escritor confia, quem ele ama, deveria procurar pela primeira pessoa a qual ele envia seus textos logo depois se termina-los. Para quem ele envia sua alma logo depois de coloca-la no papel. - ou em uma tela de celular, como você. - Bem, você não enviará esse texto a ninguém. Ele será postado, e esquecido. Como todos os outros os quais você escreveu nos ultimos 6 anos. Alguns esquecidos nas suas notas do celular, outros nas ultimas paginas do caderno. Alguns postados e esquecidos em contas que ninguem nunca vai olhar. 

 

Você escreve.

 

E deixa a solidão te consumir.

 

Não há ninguém aqui para continuar a escrever. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Respondo todos os comentários com muito amor e brigadeiro (apesar de não tem aqui em Vancouver ;-; to morrendo de saudade de brigadeiro ♥)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "White hot chocolate" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.