Olhar Preto e Branco escrita por ShiroiChou
Notas iniciais do capítulo
Boa noite, pessoinhas :3
Capítulo novinho e reescrito com sucesso.
Boa leitura!
— Prazer em conhecê-la, senhorita Lucy — Gray cumprimentou com um sorriso forçado.
— Bem, a festa vai começar daqui alguns minutos — Lérico o olhou desconfiado. — O seu trabalho não será difícil, você ficará encarregado de servir as bebidas. Acho que sua magia pode ser útil também.
— Sim, posso mantê-las geladas com facilidade.
— Perfeito! Irei levá-lo até a cozinha.
Respirando fundo, Gray seguiu o “casal” mantendo o sorriso no rosto. Por dentro, a raiva tomava conta de si. Lucy sempre foi muito inteligente, dificilmente era enganada, para Lérico conseguir tal façanha, com certeza ele se aproveitou da bondade da loira.
O castelo era o mesmo que ele tinha visto em seu sonho, quando Samantha disfarçou-se de Lucy. O hall principalmente estava todo decorado com belos tecidos amarelos e flores brancas.
Na cozinha, várias pessoas andavam de um lado para o outro, organizando o que faltava ou gritando uma com as outras. A bagunça era real.
— As bebidas serão organizadas em badejas nessa bancada. A única coisa que você precisa fazer é pegar e servir — explicou. — Simples, não?
— Sim.
— Ótimo. Agora iremos nos arrumar para a festa, tome cuidado com esses malucos — sorriu animado e se afastou com Lucy.
— Estou enrascado...
— Você, novato. Venha me ajudar com isso aqui — uma senhora baixinha ordenou.
— Sim, senhora!
O trabalho, apesar de tedioso, ajudava a esquecer um pouco os problemas, seguiu todas as ordens com maestria e logo conseguiu a confiança de seus superiores.
A festa estava sendo realizada em um salão nos fundos do castelo, para chegar até lá, as pessoas deveriam percorrer todo o quintal, muito bem decorado com arranjos de flores.
Lucy e Lérico ficavam na entrada do salão, recepcionando os convidados. Os dois realmente pareciam um casal, tanto que ninguém desconfiou do que estava acontecendo ali. Gray tentou ser o mais discreto possível, lançando pequenos olhares para os “noivos”, sempre se certificando se a loira estava segura.
Lérico pareceu perceber seus olhares, por isso logo saiu com a loira para os fundos do salão, misturando-se aos demais convidados. Sem muita alternativa, o moreno apenas continuou seu trabalho, servindo bebidas para quem quisesse e conversando com outros garçons.
A noite logo chegou, mas a festa estava apenas começando. Os convidados estavam muito animados e não davam sinal de cansaço,
— Oh! Essa festa está realmente interessante. O que acha, Gray? — Lérico se aproximou, dando um sorriso claramente maldoso.
— Com toda certeza, majestade. A festa está magnífica.
— Concordo... Bem, assim como todos os funcionários, você também precisa de um descanso. Os garçons desse turno já estão se aprontando, aproveite a festa e tome uma bebida — sorriu animado, entregando uma taça para o moreno.
— Obrigado — sorriu.
O Rei se afastou, mas manteve o olhar sobre o moreno que colocou um pouco da bebida na boca, para disfarçar. Obviamente, ele não confiava em Lérico, por isso assim que o líquido entrou, ele o congelou e manteve ali, sem engolir.
Afastando-se da multidão, Gray saiu do salão tirou a pedrinha de gelo da boca, jogando no chão. O efeito foi instantâneo, a bebida começou a pegar fogo, derretendo o gelo e caindo sobre o gramado, o qual começou a murchar sem cerimônias.
— Veneno. Hã? Deve estar achando que sou idiota — sorriu orgulhoso, virando-se para sair, quando viu um rosto conhecido — Samantha?
— Você! O que faz aqui? Vai estragar meu disfarce.
— Disfarce?
— Sim, eu... — foi interrompida por um cachorrinho que passou correndo.
A algazarra foi geral, o pequeno cachorro entrou no salão, atraindo a atenção de todas as crianças que ali estavam.
Pais corriam atrás de seus filhos, pedindo para pararem, outros gritavam sem parar e a situação só piorava. O cachorrinho corria assustado de um lado para o outro, derrubando mesas e até garçons com suas bebidas.
— SEGUREM ESSE CACHORRO! — gritou Lérico, com todas suas forças.
— Parece que a sorte está do meu lado... Vem comigo — Samantha agarrou o braço do moreno, e saiu o arrastando para dentro do castelo.
A mulher parecia saber muito bem para onde estava indo. Um pouco antes da cozinha tinha uma porta trancada, Samantha tirou uma chave do bolso e a abriu, dando espaço para Gray passar.
O lugar era um corredor com várias portas, apenas uma delas estava aberta e foi para lá que foram.
— Muito bem! Qquantas vezes eu preciso te avisar que aqui é um lugar perigoso?
— Tenho assuntos para resolver aqui.
— Ah! Aquela loira é a sua namorada, entendi.
— Ela não é minha namorada.
— Não? Vocês formariam um casal tão fofinho...
— Isso não vem ao caso, algo me diz que você sabe o que está acontecendo aqui.
— Você está certo. Eu sei o que está acontecendo aqui.
— E?
— Não vou contar, não agora. Estamos em uma situação delicada, meu jovem. Lérico pode aparecer a qualquer momento, se ele vir que estou aqui, ele cai desconfiar ainda mais de você.
— Por que ele não pode te ver aqui?
— Teimosia é seu hobby, não é possível... Eu morava aqui, fui expulsa depois que fui contra os planos dele.
— Sério?
— Claro.
— Isso não faz sentido...
— O que não faz sentido?
— Você saber de tudo o que acontece, invadir o castelo depois de ter sido expulsa... É estranho.
— Como ex-esposa dele, eu sei muita coisa — deu de ombros, como se não fosse nada.
— QUÊ?
—— // ——
— Mestre, o Gray não está na casa dele, nem em nenhum outro lugar — disse Erza.
— Eu também não sinto o cheiro dele ou da Luce em Magnólia... — Natsu sentou no chão, cabisbaixo.
— Não vi ninguém enquanto sobrevoava ao redor — Happy juntou-se ao amigo.
— Entendo... Então ele foi mesmo atrás da Lucy. Bem, infelizmente não temos o que fazer, além de esperar.
— Aquele picolé podia ter chamado a gente...
— Eu acho que ele foi escondido para ficar sozinho com a Lucy estranha — disse Happy, colocando as patinhas na boca.
— Faz sentido, Happy! Coitada da Lucy, vai casar com o cubo de gelo — Natsu começou a gargalhar.
— Eles vão... casar? — sussurrou Erza, corada.
— Makarov, encontrei outro besouro, estava ao redor da casa daquele garoto — Polyusica entrou na sala, trazendo um Besouro Colorido em um saquinho.
— Isso é ruim, Mestre? — Erza se recompôs.
— Sim. Agora, mais do que nunca, temos que confiar nos dois, rezando e torcendo para que voltem para casa em segurança.
—— // ——
Gray ainda olhava para a morena como se ela tivesse dito a coisa mais absurda possível. Se tinha algo que ele não conseguia imaginar, era Lérico e Samantha casados.
— Ex-esposa do Lérico, sério mesmo?
— Para a minha felicidade, sim. Lérico era um bom marido, mas descobriu como conseguir poder facilmente... Aquela velha história de sempre.
— O que a Lucy tem a ver com isso?
— Gray, você está por aqui? — chamou Lérico.
— Depois eu explico — despediu-se, sumindo diante de seus olhos.
— A cada minuto que passa, menos eu sei...
Deixando os pensamentos de lado, Gray saiu do quarto, fingindo estar perdido e olhando ao redor.
— Oh! Você está aí.
— Majestade, finalmente alguém para me ajudar. Um dos garçons me disse que o banheiro ficava aqui, mas não encontrei nada...
— O banheiro é do outro lado, as pessoas sempre confundem — riu.
— Isso explica porque não achei nada aqui...
— Enfim, vim até aqui para avisar que está dispensado. Aquele cachorro causou a maior confusão, não dá para continuar a festa com tudo destruído...
— Entendo... O senhor sabe de onde veio o cachorrinho?
— É de um dos convidados, o cachorro o seguiu até aqui sem que ele percebesse. Bem, agora vá para casa descansar, falo com você amanhã — sorriu animado, saindo do corredor.
— Certeza que veio apenas verificar se o veneno tinha feito efeito — revirou ao olhos.
Gray olhou para trás e não viu Samantha, provavelmente, ela não voltaria para o castelo, deveria estar em algum lugar seguro.
Tomando todo o cuidado do mundo, o moreno saiu do corredor e seguiu para a saída. Sabia que Lérico estava observando seus passos, pois viu quando o mesmo escondeu-se atrás da parede, no topo da escada. Precisava ficar alerta, afinal ele não parecia muito feliz em ainda vê-lo vivo.
Saindo do castelo, deu alguns passos despreocupados, as ruas estavam vazias, por conta do horário, apenas as luzes nos postes iluminavam o caminho. O moreno não ligou muito para esse fato, apenas chegou na casa onde estava hospedado e seguiu para a cozinha.
A fome passou despercebida durante a maior parte do tempo, mas naquele momento não conseguiu ignorar, por isso fez um simples sanduíche e se sentou no degrau da escada para comer.
Estava preocupado com Lucy, não queria deixar ela perto de Lérico por mais tempo. Não sabia o que ele pretendia ou era capaz de fazer, não confiava em nada que ele dizia e temia pela vida da loira.
O seu tempo se esgotava a cada segundo, tinha consciência de que deveria agir rápido para evitar novos contratempos. Teria que ser um pouco mais evasivo, arriscando-se em uma invasão ou nunca teria resultados. Ficar esperando e observando não estava gerando bons frutos, mudar a estratégia era sua única alternativa.
— Essa é realmente uma cada agradável — Samantha desceu a escada, sentando um pouco acima do moreno.
— Concordo, apesar de ser entranha... Servida?
— Não, obrigada. Bem, parece que não posso mais esconder o que sei...
— Acho que não.
— Ok, então serei bem direta e vou explicar o que sei. Como eu disse antes, Lérico é meu ex-marido. Nós nos casamos quando ainda éramos jovens, vivíamos normalmente em uma vila simples.
— Então não viviam em Luzmia antes...
— Não, Luzmia sequer existia. Um dia, Lérico descobriu um mapa que mostrava a localização de uma lácrima poderosa, escondida nessa área. Por isso nos mudamos.
— A lácrima está sob o poder dele?
— Sim, ele criou essa cidade com a ajuda dela... Porém ele não ficou satisfeito e decidiu ir além, atraindo e sequestrando magos de várias guildas.
— Então todos que moram aqui... ?
— São magos que estão sendo controlados por ele. A lácrima apaga todas as memórias e coloca novas, com base no que ele quiser.
— Foi isso que aquele maldito fez com a Lucy... Espera, o que os insetos tem a ver com isso?
— Os insetos foram uma descoberta que Lérico fez logo que chegamos. Ele sempre anda com alguns no bolso para o caso de encontrar alguma vítima... Depois de um tempo o veneno vai deixando a pessoa cega.
— Então ele oferece ajuda e sequestra a pessoa?
— Exatamente. Tem algumas exceções, tipo sua amiga, ela, provavelmente, foi enganada de outra forma.
— Lucy é uma pessoa muito bondosa, tenho certeza que ele se aproveitou disso. Agora, qual seu plano?
— Invadir a caverna, é nela que fica a lácrima. A caverna é a central de controle de Luzmia.
— Por isso na primeira vez que vim, não tinha aquele castelo...
— Você fez bem em não mostrar que ainda se lembra de tudo, ele sempre coloca algo nas comidas e bebidas da cidade para que ninguém se lembre, caso consiga sair... Enfim, agora precisamos ir até à caverna.
— Agora estou incluído no plano? — alfinetou.
— Sua teimosia não vai deixar você de fora, por mais que eu queria.
Ao dois sorriram, determinados em acabar com toda a confusão e fazer com que tudo voltasse ao normal. Porém, um tremor fez com que levantassem, em estado de alerta.
— Oh! Que fofo! Então quer dizer que os dois estão mesmo tramando contra a minha pessoa — a voz de Lérico pôde ser ouvida.
— Maldito — Gray olhou ao redor.
— Espero que saibam cavar, pois vão precisar — riu com gosto. — Até nunca mais.
A casa continuou tremendo, como se um terremoto acontecesse ali. Logo uma parte do teto caiu, fazendo com que cada vez mais terra entrasse pela abertura.
— É uma avalanche... Vamos sair daqui — Samantha arrastou o moreno para o andar de cima. — Fiz bem em marcar onde fica a rota de fuga.
No quarto, onde estava o círculo preto, Samantha começou a falar em uma língua que ele não conhecia. O buraco começou a brilhar na cor branca, abrindo uma passagem suficiente para um adulto passar sem problemas.
O quarto todo ficou iluminado. O tremor não podia ser sentido ali, talvez por causa da ação da magia.
— Vai ficar só olhando? Esse buraco não vai ficar aberto para sempre.
— Pular aí é morte certa, não dá nem para ver o fundo.
— Só pula, isso vai nos levar para meu esconderijo. Sei que não sou a pessoa mais confiável, mas agora você precisa acreditar em mim.
Respirando fundo, Gray encarou o buraco como um inimigo que deveria ser derrotado. Olhou mais uma vez para Samantha e sorriu, pulando no buraco logo em seguida, torcendo para ter feito a escolha certa.
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Até o próximo!