Olhar Preto e Branco escrita por ShiroiChou


Capítulo 8
Descobertas


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, pessoinhas :3
Capítulo novinho e reescrito com sucesso.

Boa leitura!



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— Prazer em conhecê-la, senhorita Lucy — Gray cumprimentou com um sorriso forçado.

— Bem, a festa vai começar daqui alguns minutos — Lérico o olhou desconfiado. — O seu trabalho não será difícil, você ficará encarregado de servir as bebidas. Acho que sua magia pode ser útil também.

— Sim, posso mantê-las geladas com facilidade.

— Perfeito! Irei levá-lo até a cozinha.

Respirando fundo, Gray seguiu o “casal” mantendo o sorriso no rosto. Por dentro, a raiva tomava conta de si. Lucy sempre foi muito inteligente, dificilmente era enganada, para Lérico conseguir tal façanha, com certeza ele se aproveitou da bondade da loira.

O castelo era o mesmo que ele tinha visto em seu sonho, quando Samantha disfarçou-se de Lucy. O hall principalmente estava todo decorado com belos tecidos amarelos e flores brancas.

Na cozinha, várias pessoas andavam de um lado para o outro, organizando o que faltava ou gritando uma com as outras. A bagunça era real.

— As bebidas serão organizadas em badejas nessa bancada. A única coisa que você precisa fazer é pegar e servir — explicou. — Simples, não?

— Sim.

— Ótimo. Agora iremos nos arrumar para a festa, tome cuidado com esses malucos — sorriu animado e se afastou com Lucy.

— Estou enrascado...

— Você, novato. Venha me ajudar com isso aqui — uma senhora baixinha ordenou.

— Sim, senhora!

O trabalho, apesar de tedioso, ajudava a esquecer um pouco os problemas, seguiu todas as ordens com maestria e logo conseguiu a confiança de seus superiores.

A festa estava sendo realizada em um salão nos fundos do castelo, para chegar até lá, as pessoas deveriam percorrer todo o quintal, muito bem decorado com arranjos de flores.

Lucy e Lérico ficavam na entrada do salão, recepcionando os convidados. Os dois realmente pareciam um casal, tanto que ninguém desconfiou do que estava acontecendo ali. Gray tentou ser o mais discreto possível, lançando pequenos olhares para os “noivos”, sempre se certificando se a loira estava segura.

Lérico pareceu perceber seus olhares, por isso logo saiu com a loira para os fundos do salão, misturando-se aos demais convidados. Sem muita alternativa, o moreno apenas continuou seu trabalho, servindo bebidas para quem quisesse e conversando com outros garçons.

A noite logo chegou, mas a festa estava apenas começando. Os convidados estavam muito animados e não davam sinal de cansaço, 

— Oh! Essa festa está realmente interessante. O que acha, Gray? — Lérico se aproximou, dando um sorriso claramente maldoso.

— Com toda certeza, majestade. A festa está magnífica.

— Concordo... Bem, assim como todos os funcionários, você também precisa de um descanso. Os garçons desse turno já estão se aprontando, aproveite a festa e tome uma bebida — sorriu animado, entregando uma taça para o moreno.

— Obrigado — sorriu.

O Rei se afastou, mas manteve o olhar sobre o moreno que colocou um pouco da bebida na boca, para disfarçar. Obviamente, ele não confiava em Lérico, por isso assim que o líquido entrou, ele o congelou e manteve ali, sem engolir.

Afastando-se da multidão, Gray saiu do salão tirou a pedrinha de gelo da boca, jogando no chão. O efeito foi instantâneo, a bebida começou a pegar fogo, derretendo o gelo e caindo sobre o gramado, o qual começou a murchar sem cerimônias.

— Veneno. Hã? Deve estar achando que sou idiota — sorriu orgulhoso, virando-se para sair, quando viu um rosto conhecido — Samantha?

— Você! O que faz aqui? Vai estragar meu disfarce.

— Disfarce?

— Sim, eu... — foi interrompida por um cachorrinho que passou correndo.

A algazarra foi geral, o pequeno cachorro entrou no salão, atraindo a atenção de todas as crianças que ali estavam.

Pais corriam atrás de seus filhos, pedindo para pararem, outros gritavam sem parar e a situação só piorava. O cachorrinho corria assustado de um lado para o outro, derrubando mesas e até garçons com suas bebidas.

— SEGUREM ESSE CACHORRO! — gritou Lérico, com todas suas forças.

— Parece que a sorte está do meu lado... Vem comigo — Samantha agarrou o braço do moreno, e saiu o arrastando para dentro do castelo.

A mulher parecia saber muito bem para onde estava indo. Um pouco antes da cozinha tinha uma porta trancada, Samantha tirou uma chave do bolso e a abriu, dando espaço para Gray passar.

O lugar era um corredor com várias portas, apenas uma delas estava aberta e foi para lá que foram.

— Muito bem! Qquantas vezes eu preciso te avisar que aqui é um lugar perigoso?

— Tenho assuntos para resolver aqui.

— Ah! Aquela loira é a sua namorada, entendi.

— Ela não é minha namorada.

— Não? Vocês formariam um casal tão fofinho...

— Isso não vem ao caso, algo me diz que você sabe o que está acontecendo aqui.

— Você está certo. Eu sei o que está acontecendo aqui.

— E?

— Não vou contar, não agora. Estamos em uma situação delicada, meu jovem. Lérico pode aparecer a qualquer momento, se ele vir que estou aqui, ele cai desconfiar ainda mais de você.

— Por que ele não pode te ver aqui?

— Teimosia é seu hobby, não é possível... Eu morava aqui, fui expulsa depois que fui contra os planos dele.

— Sério? 

— Claro.

— Isso não faz sentido...

— O que não faz sentido?

— Você saber de tudo o que acontece, invadir o castelo depois de ter sido expulsa... É estranho.

— Como ex-esposa dele, eu sei muita coisa — deu de ombros, como se não fosse nada.

— QUÊ?

—— // ——

— Mestre, o Gray não está na casa dele, nem em nenhum outro lugar — disse Erza.

— Eu também não sinto o cheiro dele ou da Luce em Magnólia... — Natsu sentou no chão, cabisbaixo.

— Não vi ninguém enquanto sobrevoava ao redor — Happy juntou-se ao amigo.

— Entendo... Então ele foi mesmo atrás da Lucy. Bem, infelizmente não temos o que fazer, além de esperar.

— Aquele picolé podia ter chamado a gente...

— Eu acho que ele foi escondido para ficar sozinho com a Lucy estranha — disse Happy, colocando as patinhas na boca.

— Faz sentido, Happy! Coitada da Lucy, vai casar com o cubo de gelo — Natsu começou a gargalhar.

— Eles vão... casar? — sussurrou Erza, corada.

— Makarov, encontrei outro besouro, estava ao redor da casa daquele garoto — Polyusica entrou na sala, trazendo um Besouro Colorido em um saquinho.

— Isso é ruim, Mestre? — Erza se recompôs.

— Sim. Agora, mais do que nunca, temos que confiar nos dois, rezando e torcendo para que voltem para casa em segurança.

—— // ——

Gray ainda olhava para a morena como se ela tivesse dito a coisa mais absurda possível. Se tinha algo que ele não conseguia imaginar, era Lérico e Samantha casados.

— Ex-esposa do Lérico, sério mesmo?

— Para a minha felicidade, sim. Lérico era um bom marido, mas descobriu como conseguir poder facilmente... Aquela velha história de sempre.

— O que a Lucy tem a ver com isso?

— Gray, você está por aqui? — chamou Lérico.

— Depois eu explico — despediu-se, sumindo diante de seus olhos.

— A cada minuto que passa, menos eu sei...

Deixando os pensamentos de lado, Gray saiu do quarto, fingindo estar perdido e olhando ao redor.

— Oh! Você está aí.

— Majestade, finalmente alguém para me ajudar. Um dos garçons me disse que o banheiro ficava aqui, mas não encontrei nada...

— O banheiro é do outro lado, as pessoas sempre confundem — riu.

— Isso explica porque não achei nada aqui...

— Enfim, vim até aqui para avisar que está dispensado. Aquele cachorro causou a maior confusão, não dá para continuar a festa com tudo destruído...

— Entendo... O senhor sabe de onde veio o cachorrinho?

— É de um dos convidados, o cachorro o seguiu até aqui sem que ele percebesse. Bem, agora vá para casa descansar, falo com você amanhã — sorriu animado, saindo do corredor.

— Certeza que veio apenas verificar se o veneno tinha feito efeito — revirou ao olhos.

Gray olhou para trás e não viu Samantha, provavelmente, ela não voltaria para o castelo, deveria estar em algum lugar seguro.

Tomando todo o cuidado do mundo, o moreno saiu do corredor e seguiu para a saída. Sabia que Lérico estava observando seus passos, pois viu quando o mesmo escondeu-se atrás da parede, no topo da escada. Precisava ficar alerta, afinal ele não parecia muito feliz em ainda vê-lo vivo.

Saindo do castelo, deu alguns passos despreocupados, as ruas estavam vazias, por conta do horário, apenas as luzes nos postes iluminavam o caminho. O moreno não ligou muito para esse fato, apenas chegou na casa onde estava hospedado e seguiu para a cozinha.

A fome passou despercebida durante a maior parte do tempo, mas naquele momento não conseguiu ignorar, por isso fez um simples sanduíche e se sentou no degrau da escada para comer.

Estava preocupado com Lucy, não queria deixar ela perto de Lérico por mais tempo. Não sabia o que ele pretendia ou era capaz de fazer, não confiava em nada que ele dizia e temia pela vida da loira.

O seu tempo se esgotava a cada segundo, tinha consciência de que deveria agir rápido para evitar novos contratempos. Teria que ser um pouco mais evasivo, arriscando-se em uma invasão ou nunca teria resultados. Ficar esperando e observando não estava gerando bons frutos, mudar a estratégia era sua única alternativa.

— Essa é realmente uma cada agradável — Samantha desceu a escada, sentando um pouco acima do moreno.

— Concordo, apesar de ser entranha... Servida?

— Não, obrigada. Bem, parece que não posso mais esconder o que sei...

— Acho que não.

— Ok, então serei bem direta e vou explicar o que sei. Como eu disse antes, Lérico é meu ex-marido. Nós nos casamos quando ainda éramos jovens, vivíamos normalmente em uma vila simples.

— Então não viviam em Luzmia antes...

— Não, Luzmia sequer existia. Um dia, Lérico descobriu um mapa que mostrava a localização de uma lácrima poderosa, escondida nessa área. Por isso nos mudamos.

— A lácrima está sob o poder dele?

— Sim, ele criou essa cidade com a ajuda dela... Porém ele não ficou satisfeito e decidiu ir além, atraindo e sequestrando magos de várias guildas.

— Então todos que moram aqui... ?

— São magos que estão sendo controlados por ele. A lácrima apaga todas as memórias e coloca novas, com base no que ele quiser.

— Foi isso que aquele maldito fez com a Lucy... Espera, o que os insetos tem a ver com isso?

— Os insetos foram uma descoberta que Lérico fez logo que chegamos. Ele sempre anda com alguns no bolso para o caso de encontrar alguma vítima... Depois de um tempo o veneno vai deixando a pessoa cega.

— Então ele oferece ajuda e sequestra a pessoa?

— Exatamente. Tem algumas exceções, tipo sua amiga, ela, provavelmente, foi enganada de outra forma.

— Lucy é uma pessoa muito bondosa, tenho certeza que ele se aproveitou disso. Agora, qual seu plano?

— Invadir a caverna, é nela que fica a lácrima. A caverna é a central de controle de Luzmia.

— Por isso na primeira vez que vim, não tinha aquele castelo...

— Você fez bem em não mostrar que ainda se lembra de tudo, ele sempre coloca algo nas comidas e bebidas da cidade para que ninguém se lembre, caso consiga sair... Enfim, agora precisamos ir até à caverna.

— Agora estou incluído no plano? — alfinetou.

— Sua teimosia não vai deixar você de fora, por mais que eu queria.

Ao dois sorriram, determinados em acabar com toda a confusão e fazer com que tudo voltasse ao normal. Porém, um tremor fez com que levantassem, em estado de alerta.

— Oh! Que fofo! Então quer dizer que os dois estão mesmo tramando contra a minha pessoa — a voz de Lérico pôde ser ouvida.

— Maldito — Gray olhou ao redor.

— Espero que saibam cavar, pois vão precisar — riu com gosto. — Até nunca mais.

A casa continuou tremendo, como se um terremoto acontecesse ali. Logo uma parte do teto caiu, fazendo com que cada vez mais terra entrasse pela abertura.

— É uma avalanche... Vamos sair daqui — Samantha arrastou o moreno para o andar de cima. — Fiz bem em marcar onde fica a rota de fuga.

No quarto, onde estava o círculo preto, Samantha começou a falar em uma língua que ele não conhecia. O buraco começou a brilhar na cor branca, abrindo uma passagem suficiente para um adulto passar sem problemas.

O quarto todo ficou iluminado. O tremor não podia ser sentido ali, talvez por causa da ação da magia.

— Vai ficar só olhando? Esse buraco não vai ficar aberto para sempre.

— Pular aí é morte certa, não dá nem para ver o fundo.

— Só pula, isso vai nos levar para meu esconderijo. Sei que não sou a pessoa mais confiável, mas agora você precisa acreditar em mim.

Respirando fundo, Gray encarou o buraco como um inimigo que deveria ser derrotado. Olhou mais uma vez para Samantha e sorriu, pulando no buraco logo em seguida, torcendo para ter feito a escolha certa.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo!



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