Olhar Preto e Branco escrita por ShiroiChou


Capítulo 10
A lácrima


Notas iniciais do capítulo

Olá :3

Desculpa a demora, eu tive vários problemas pessoais, minha criatividade e vontade de escrever, sumiram. Porém, de pouco em pouco o capítulo ficou pronto.

Provavelmente, esse é o penúltimo capítulo o/

Boa leitura!



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Aquela sala não fazia o menor sentido. Samantha tentou tirar a lácrima de várias formas: batendo no vidro, puxando, chutando, jogando magia, teletransportando... Porém, a cada tentativa, o vidro mudava de lugar, como se estivesse fugindo.

Não conseguia encostar naquela lácrima e já sabia disso, mas se negava a entregar a vitória assim para Lérico. Sabia do que ele era capaz e isso a assustava, logo o homem pretendia expandir seu alcance, para controlar novas cidades.

Olhando ao redor, a morena viu algo que poderia ajudá-la. Um pouco afastado do vidro, estava um martelo do tamanho de um polegar, brilhando fracamente. Pegou-o na mão, não acreditando que algo tão pequeno pudesse ajudá-la, mas sem perder as esperanças.

O martelo brilhou mais forte, conforme ela se aproximava do vidro e, bastou a encostar no mesmo, que ele se despedaçou, deixando a lácrima exposta.

— Então era assim tão fácil?

— Sim, fácil como pegar alguém em uma armadilha — Lérico entrou na sala, despreocupado. — Eu pensei que quisesse me impedir de concretizar meus planos, não roubar minha lácrima.

— A lácrima é a fonte dessa sua palhaçada, não vou deixar que ela fique nas suas mãos.

— Quem disse que preciso dessa coisa para alcançar meu objetivo final?

— O que quer dizer com isso? Você não... ?

— Absorvi todo o poder que tinha aí. Essa lácrima não tem mais utilidade.

— Mentiroso.

— Continue duvidando, uma hora a verdade vai bater na sua porta. Enquanto isso, você ficará quietinha na prisão, cansei desse joguinho.

— Não vou deixar!

— Vai me impedir como? Com seus túneis subterrâneos ou com sua magia de ilusão?

— Como você... ?

— Eu sei de várias coisas, minha querida. Espero que seu amiguinho saiba lutar, diferente de você.

— Engraçado, sabe tanto, mas nem se tocou que passei esses anos escondida não para você não me achar, mas sim para aprender magias novas — riu.

— Impossível — olhou-a com raiva.

— Minhas amiguinhas não acham impossível — apontou para os pés do homem.

Lérico sentiu algo encostando em sua perna e olhou para baixo, arregalando os olhos. Ao seu redor, várias cobras se rastejavam, algumas tentando subir em sua perna.

— Virou encantadora de cobras? — tentou não demonstrar seu receio.

— Não, apenas aprendi a me comunicar com alguns animais meio... perigosos. 

— Essas minhocas crescidas?

— Você chamou elas de... minhocas? Cansei. Ataquem-no!

O homem nem sequer teve chance de fugir. As cobras enrolaram-se em suas pernas e braços, impedindo que pudesse se mexer corretamente. Manteve-se imóvel, temendo que alguma o picasse.

— Medo de cobra, Lérico?

— Eu nunca tive medo dessas coisinhas — mentiu. — Elas apenas são pesadas, mas nada que eu não possa suportar.

— Ótimo, então fique com elas, enquanto eu levo isso aqui comigo.

— Pode levar, não me importo.

— Ok. Meninas, não deixem ele escapar — mandou, saindo do lugar.

Samantha desconfiou do ocorrido, tinha sido muito fácil para ser verdade por isso, tomaria o máximo cuidado com seu próximo passo. Saiu daquele lugar e desviou o caminho, não entraria no esconderijo. Se Lérico quisesse segui-la, teria que fazer outro percurso.

Rodeou a árvore e seguiu em frente. Iria para a próxima entrada. 

—— // ——

Gray andava pelos corredores, pensando no que poderia fazer a loira voltar ao normal. Sabia que não poderia deixar ela presa para sempre, mas também não poderia solta-la. Naquele estado, Lucy era imprevisível.

Não muito longe de onde estava, o moreno viu uma placa em uma porta. As palavras estavam apagadas, impedindo que ele pudesse ler, o que só atiçou ainda mais sua curiosidade. Entrou devagar, acendendo a luz logo em seguida.

O lugar parecia um laboratório, com várias garrafas de vidro, cheias com líquidos coloridos, um mais chamativo que o outro.

— Deve ter algo útil por aqui...

Vasculhando alguns armários, Gray viu que a grande maioria não possuía rótulo, dificultando sua busca.

Um pouco mais para o fundo, um vidro dourado chamou sua atenção, pois era o único diferente dentre as demais garrafas transparentes, além de ser o único em um armário trancado. O rótulo dizia “Anulador mágico”.

Com toda certeza, o mago de gelo não perderia tempo procurando a chave daquela armário, então apenas pegou um pedaço de madeira que encontrou largado no canto da sala, quebrou o vidro e pegou a garrafa. Se aquilo não funcionasse com a loira, teria que esperar Samantha voltar para ajudá-lo.

Torcendo para que funcionasse, Gray fez o caminho de volta para onde Lucy estava. A maga não tentou se mexer, sua cabeças preenchida de pensamentos não permitiu que sequer percebesse a volta do mago.

— Lucy?

— Hã?

— Encontrei isso, acho que vai resolver o seu problema.

— Acha? Então não tem certeza...

— É um Anulador Mágico.

— Como posso ter certeza que você não está apenas tentando me matar?

— Você vai ter que confiar em mim, ou pode ficar presa aí até Samantha voltar — deu de ombros, sabendo que a loira estava cedendo.

— Ok. Vou esperar essa tal Samantha — virou o rosto, fazendo birra.

— Tudo bem — sorriu, abrindo a porta para sair.

— Espera! Eu vou beber esse negócio, não tenho nada a perder...

— Tudo bem — fingiu não se importar, mas estava comemorando por dentro. — Vou sumir com o gelo, não tente nada de estranho.

— Como se eu tivesse interesse em algo além de sair daqui — revirou os olhos.

Assim que Gray a libertou, Lucy pegou a garrafinha com pressa e bebeu todo o conteúdo.

A cabeça girou, o corpo ficou mole e a sensação de que algo a puxava para baixo, tomou conta de si.

— Lucy? — Gray segurou-a, preocupado.

— Eu estou bem — sussurrou com dificuldade. — Já pode me soltar.

— Não acho uma boa ideia...

— Eu não ligo, só me solta — tentou demonstrar raiva, mas estava fraca demais para isso.

— Teimosa — sorriu minimamente, segurando a loira nos braços.

Sem que ela resistisse, o moreno a levou para um quarto, ao lado de onde estavam. Apenas uma cama preenchia pequeno espaço do cômodo. Lucy não reclamou, apenas aconchegou-se nas cobertas e deixou o sono dominar.

Por mais que estivesse preocupado, Gray estava confiante quanto a ação daquela bebida, algo o dizia que logo faria efeito e a loira voltaria a ser aquela pessoa carinhosa e compreensiva.

O tempo passou lentamente, ele sabia que Samantha podia se virar, por isso decidiu por ficar ali. Sentou-se na cama e esperou por qualquer sinal de reação.

— Gray, você está aí? — Samantha o chamou do corredor.

— Estou aqui — saiu do quarto, revelando sua posição.

— Onde está sua amiga?

— Dormindo — apontou para a cama.

— Ótimo, tem uma bebida chamada “Anulador Mágico”, vai trazê-la de volta.

— Ela já bebeu...

— Deu a bebida para ela? — perguntou surpresa.

— Sim...

— Perfeito. Seja lá o que Lérico fez, logo será desfeito — sorriu animada. — Olha para isso — mostrou a lácrima.

— O que é isso? — perguntou curioso, nem sequer tinha reparado que a morena trazia algo.

— Essa lácrima é a fonte do poder do Lérico — sorriu, vitoriosa. — Ela é a responsável por todas as mudanças e magias que ele faz.

— E onde ele está?

— Preso pelas minhas cobras — deu de ombros.

— Cobras? — olhou-a surpreso.

— Sim. Agora, precisamos descobrir como mexer nisso aqui...

— Como ele mexia?

— Com um painel de controle... Segura isso, vou buscar algo para nos ajudar.

— Ok...

Samantha afastou-se pelo corredor, olhando ao redor com pressa. Em uma daquelas salas ela sabia que tinha um painel, não tão grande e funcional quanto o de Lérico, mas daria para fazer algumas coisas mais simples. O problema era lembrar onde o guardou.

Como gostava de organização, um dos corredores servia justamente para guardar equipamentos mágicos. Não era tão grande e possuía apenas três salas. Lembrando-se dessa fato, a mulher virou à direita, exatamente onde estava o tal corredor.

As duas primeiras salas estavam trancadas e sua paciência pra buscar a chave, era inexistente naquele momento. Apostou todas suas fichas na última.

A porta era diferente das demais do esconderijo. A cor branca chamava a atenção. Naquela sala, Samantha guardou tudo o que conseguiu coletar de informações sobre os planos de Lérico. Anotações, lácrimas de comunicação e, muito provavelmente, o painel que tanto precisava.

Entrou e acendeu a luz. Tudo estava muito bem organizado, até se impressionou. Fazia anos que não entrava ali. Andou pelas diversas mesas empoeiradas, algumas cobertas com panos. Todo seu trabalho pata impedir o homem de avançar, estava ali, escondido.

Em uma dessas mesas, o painel “escondia-se” debaixo de um monte de poeira. Mal podia ser visto devido à sujeira. Pegou-o nos braços e sorriu.

— Finalmente, você poderá fazer o seu trabalho — disse para o painel, como se ele fosse escutá-la.

— Então é aqui que estão minhas coisas... Interessante — disse uma voz, na entrada da sala.

— Lérico... Como escapou das cobras? — perguntou receosa, abraçando o painel com mais força.

— Elas ficaram facilmente interessadas nos ratos que passavam pelo lugar, nem perceberam a minha saída — explicou rapidamente. — Sempre tive preguiça de vir até aqui, agora percebo meu erro — pegou algumas folhas, vendo todas as suas anotações sumidas. — É, parece que não errei tanto em não vir... Minha letra era horrível.

— Essas anotações são de semana passada...

— São? Eu não me importo — jogou as folhas para cima. — Então... O que pretende fazer com esse painel?

— O que eu já deveria ter feito há muito tempo.

— Parar de me irritar? Parar de me perseguir? Deixar eu realizar meus planos em paz?

— Nunca.

— Parece que não tenho outra escolha — murmurou.

Lérico sorriu maldoso, antes de uma fumaça branca se espalhar pela sala inteira, impedindo que ele fosse visto. Cansado de ser atrapalhado, o homem decidiu parar de enrolar, deixou toda sua magia envolver se corpo, revelando sua forma original.

Antes que Samantha pudesse assimilar o que estava acontecendo, correntes surgiram do chão, envolvendo sei corpo e prendendo-a no lugar. Não conseguia mais se mexer.

— Você não é muito esperto, né? Conseguiu me prender, mas não pegou o painel.

— Não preciso dele, tenho um muito maior e... Ai! O que raios é isso? — olhou para baixo, vendo um escorpião no seu pé. — Agora as coisas ficaram mais interessantes, mas isso é meio inútil, enquanto eu estiver nessa forma, nada pode me atingir — riu com gosto.

— Droga...

— Bom, com você fora do meu caminho, aquele pirralho não vai saber como proceder. Vai ser como tirar doce de um pote de sal.

— Você é idiota?

— Eu? Sou apenas esperto. Coloco doce em pote de sal para enganar as formigas, mas essa não é a questão. Prepare-se, pois você presenciará a minha vitória de camarote — sorriu, aproximando-se.

— Você é maluco — sussurrou.

— Talvez — tocou a cabeça da mulher, começando a falas algumas palavras.

Poucos segundos depois, ambos foram teletransportados, deixando a sala em completo silêncio.

—— // ——

Gray olhava para fora, na esperança que Samantha voltasse, mas o tempo foi passando e ele não viu nenhum sinal da mulher. Algo o dizia que ele poderia passar o dia ali, ela não voltaria.

Decidido a resolver logo todos os problemas, o mago passou a observar a lácrima em seus braços. Ela parecia inofensiva, talvez fosse uma armadilha, uma em que ele pretendia se arriscar para descobrir no que daria.

Tentou congelar a lácrima, virou de cabeça para baixo, balançou e até derrubou no chão: nada. Não importava o quanto tentava, ela simplesmente não fazia nada.

— Preciso ir até Samantha, ela sabe o que fazer.

— Gray?

— Lucy! — sorriu, aproximando-se da loira.

Lucy abriu os olhos devagar, sentia-se extremamente cansada, como se tivesse carregado peso o dia inteiro.

— Onde estamos?

— Em um esconderijo, em Luzmia.

— Luzmia... Eu me lembro, um senhor pediu minha ajuda com uns canos. Quando eu passei por um portal estranho, para voltar para casa, tudo ficou escuro...

— Então foi assim que ele te sequestrou...

— Sequestro? — perguntou surpresa, tentando se levantar.

— Fique deitada, o Anulador Mágico ainda deve estar fazendo efeito.

— Ele usou magia em mim?

— Sim.

— Eu fiz algo que não deveria?

— Nada com que precise se preocupar — respondeu, compreensivo. — Agora descanse, vou atrás da mulher que está nos ajudando.

— Certo... Gray? — chamou.

— O quê?

— Eu me lembro do que eu fiz, quando estava sob o controle de Lérico.

— Você se lembra? — perguntou, envergonhado.

— Sim — segurou a mão do moreno, sorrindo. — Volte em segurança, por favor.

— Voltarei, eu prometo — sorriu, aproximando-se para beijar a testa da loira, mas Lucy levantou a cabeça bem na hora, acabando por receber um selinho.

Gray arregalou os olhos, mas logo riu, quando viu a loira o olhar sorridente, com as bochechas coradas. 

Custou muito deixá-la sozinha, mas não tinha escolha. Ela precisava se recuperar e ele, procurar Samantha para que ela dissesse o que deveriam fazer com aquela lácrima.

Saiu do quarto cabisbaixo, mesmo assim sorriu para a loira, como uma promessa muda de que voltaria, independente do quão difícil fosse.


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Notas finais do capítulo

o/



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