World of Warcraft - Moyrá -Crescimento Parasitário escrita por Proudmoore


Capítulo 1
One Shot




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Azeroth estava em perigo novamente. Garrosh Grito Infernal havia escapado do julgamento dos Celestiais Majestosos em Pandaria e agora articulava uma nova invasão órquica, vindos de uma linha do tempo alternativa, consequência essa do plano do Dragão bronze Kairoz, só que agora, o Kirin Tor estava preparado.  

Kalecgos e Crona sentiram algumas ondulações no tecido da realidade em escala mundial, semelhantes, embora muito menores, que as do Portal Negro, o qual a Horda de Ferro tentou invadir. Ondulações ligavam Azeroth a Draenor, e o Kirin Tor resolve utilizá-las para auxiliar na luta contra Horda de ferro em vários pontos estratégicos.  

Agora, todos os magos com algum cargo estavam se reunindo no Castelo Violeta, em Dalaran, para decidir como iriam agir. Moyrá, mesmo sem ter nenhum cargo, resolveu passar por ali. A Grã Senhora Proudmoore e o Arquimago Vargoth estavam á  frente para dar as instruções. Jaina começou:  

          —Muito obrigada por terem comparecido. A situação é urgente e precisamos estar um passo á frente. Temos conhecimento de oito ondulações em toda Azeroth e é através delas que criaremos os portais de Runas para nos estabelecermos em Draenor. — Jaina fez uma leve pausa, encarando cada um no aposento com segurança e liderança. — Agiremos em grupos, os lugares são... 

— Psiu…Hey baixinha! – sussurrava alguém e pelo jeito se dirigia a Moyrá.  

Moyrá olhou atentamente, com medo de que fossem dar uma bronca por estar ali, ouvindo assuntos que não eram da conta dela.  

— Oi… 

— Você é a Moyrá, correto? A gnomida da biblioteca? —  

Era um senhor moreno e grisalho que usava um chapéu pontudo rosa, Moyrá já o vira algumas vezes, mas nunca conversaram. 

— Sim... eu mesma.  

— Li suas pesquisas, são muito promissoras. Acho que desde Kel’thuzad não tinha alguém que se aprofundasse tanto em estudar teoria Mágica. 

— Ah, obrigada.  

— Eu estava pensando… se você gostaria de ir para Draenor fazer algumas pesquisas. — O homenzinho pareceu relutar. — veja, um mundo novo, com certeza há muito que aprender. – Ele estava realmente empolgado. 

— Parece interessante, mas eu não sou esse tipo de maga, eu apenas cuido da manutenção e barreiras mágicas da cidade, não tenho experiência em campo, muito menos para ir desbravar outro mundo. Essa missão é para os mais qualificados, e eu não tenho certeza se sou um deles. 

— Deixa disso! Você não precisa ir lá para fazer parte de alguma batalha. Vamos apenas estudar, que é a grande motivação de um mago, não é?  

Moyrá não respondeu mais. Voltou sua atenção as instruções da Grã Senhora. 

— E com o portal que ficará localizado em Ventobravo, perto do distrito dos Magos, a Arquimaga Sol ficará responsável. Por enquanto essas são suas instruções. O Arquimago Hadgar já esta na linha de frente liderando a ofensiva a Draenor, vamos fazer o possível para ajudar. Por enquanto é isso.  

O saguão do Castelo Violeta fica agitado e várias conversas começam a acontecer.  

 

— Lady Baihu, uma palavrinha por gentileza? – E Jaina desaparece também no meio dos magos.  

 

Moyrá se retira da mesma maneira que entrou, sem ser notada. A verdade mesmo é que ela gostaria de ir para Draenor, mas não confiava nas suas habilidades. A gnomida se dirigiu para biblioteca, que era praticamente sua casa. Ela cogitou procurar algo a respeito de Draenor, não tinha muita expectativa, mas a curiosidade a instigava procurar a respeito. Ao chegar, encontrou uma figura que não costumava estar ali, de fato era um mago, mas não familiar a biblioteca. Ela resolveu ajudar: 

— Com licença, esta procurando algo em especifico? Talvez eu possa ajudar.— Disse Moyrá de maneira simpática. 

O mago encarou a gnomida e de relance ela conseguiu identificar o livro que ele estava segurando. O mago responde em seguida: 
— Creio que não será necessário, já achei o que procurava. — Respondeu ele voltando os olhos para o livro. 

Moyrá da de ombros e se retira da presença dele, mas instantes depois o mesmo diz: 

— Espere. Talvez você possa me dizer algo.— Moyrá se vira esperando ele dizer algo mais. 

— Você saberia dizer por que o Arquimago Antônidas tinha tanto interesse nos clãs órquicos? — O mago colocou o livro aberto sobre a mesa ao lado e apontou para os inscritos. Moyrá identificou de fato que era a caligrafia e o traço do Arquimago Antônidas. 

— Eu não sei detalhes, mas me parece que o Rei Terenas Menethil acreditava que os Orcs não eram completos monstros, e que poderiam lidar com sua bestialidade, por isso ele preferiu deixar os Orcs nos campos de concentração ao invés de executa-los ao término da 2º guerra. Antônidas, ao que me parece, partilhava da mesma opinião e resolveu estuda-los. 

— Tolice. Se tivessem sido exterminados nessa época, talvez não estaríamos passando por isso. — Sentenciou o mago. 

— Mas entender uma cultura pode ser muito benéfico, podemos tirar algum proveito. Talvez isso seja fundamental para lidarmos diplomaticamente com a horda atual. — Disse Moyrá calmamente. 

— Diplomacia… Deu muito certo para a líder do Kirin Tor, não é? — O mago se retira da biblioteca resmungando. 

Ao olhar os escritos de Antônidas, Moyrá se anima um pouco. Lembrar de como é bom estudar e descobrir coisas novas, de como isso era importante de varias maneiras, de acreditar que existe uma alternativa que não a violência. Pensar nisso fez ela considerar a proposta do mago Kesalon, a oportunidade de aprender estava bem ali, bastava ela estender a mão e agarrar. 

Decorrido três dias da reunião no castelo Violeta, Moyrá andava por Dalaran. Seu destino era o saguão da destreza, a taverna mais conhecida da cidade. No caminho, a jovem gnomida reparou que a cidade ficava muito mais amigável quando estava ‘’normal’’, se essa era a palavra certa. Desde que Dalaran abandonou seu  terreno original em Eira dos montes, para voar pelos ares, Moyrá nunca mais a tinha visto como normal. 

Também ouve um evento bem traumático recentemente: O expurgo dos Fendessol e da horda da cidade pela própria Grã Senhora Jaina Proudmoore e o Pacto de Prata, pois haviam quebrado a neutralidade da cidade. Foi horrível. Parando para pensar, a cidade ainda não parece amigável. 

Ao chegar no saguão da destreza, ela se sentiu muito bem. Apesar de ser uma taverna, era um lugar extremamente limpo, tanto em higiene quanto em características. As mesas tinham uma boa distância uma das outras, havia quadros como sua principal decoração e a musica tocava baixo, misturando-se com as conversas, mas ainda sim audível. Uma garçonete imediatamente foi atender Moyrá e a gnomida logo abre um sorriso: 

— Sandra! Tudo bem com você?— disse já adiantando um abraço. 

— Eu é que pergunto Moyrá. Faz tempo não? Estava enjoada da comida daqui?— disse Sandra em tom de brincadeira. 

— Não apela, nem faz tanto tempo assim.  

 Elas vão se dirigindo para uma mesa próxima da entrada. E logo se assenta: 

— Infelizmente não vou poder colocar o papo em dia, esta uma correria aqui. O que vai querer? — diz a garçonete. 

— Humm... aquele licor... você sabe. — diz Moyrá tentando esconder o sorriso. 

— Hahaha aquele licor. Tudo bem, vou busca-lo — Sandra se vai rapidamente e Moyrá se distrai, absorta em pensamentos.  

Instantes depois, Sandra chega com seu pedido. Traz consigo uma garrafa escura e uma taça para a gnomida. Quando ela se vira para continuar o que estava fazendo e esbarra com um urso humanoide, usando roupas finas e um chapéu:  

— Me desculpe, senhor. — disse Sandra. 

O urso apenas assentiu com a cabeça e se dirigiu para uma mesa ao lado de Moyrá. Sandra o acompanhou para anotar seu pedido. A jovem gnomida ficou tão fissurada que nem conseguiu ouvir o que ele disse. Logo que Sandra saiu para buscar seu pedido, Moyrá descaradamente sentou na mesa dele. Ele apenas franziu o cenho. 

— Me desculpe, Sr. Pandaren, é que eu nunca havia visto um Pandaren. Eu sei que você é um Pandaren porque estudei e na hora notei que você possuía características Pandaren, mas é a primeira vez que vejo um Pandaren. E nossa, você é enorme!!! — Moyrá estava afobada e com um grande sorriso. 

— Obrigado. Eu sou um belo exemplar de macho da minha espécie mesmo, sorte sua que eu fui o primeiro que você viu. — Ele gargalhou rapidamente. 

— Meu nome é Moyrá, muito prazer em conhecê-lo. — Ela estendeu a mão. 

— O prazer é meu, senhorita. Me chamo Paravel. — Ele estendeu a mão, mas apenas dois dos dedos dele foram o suficiente para preencher o cumprimento. 

— Então... Acho que nunca vi senhor por aqui. Esta a passeio? — disse Moyrá. 

Paravel a fita por alguns instantes e responde: 

— Passeio, negócios e curiosidades. Acredito que você verá mais Pandarens por ai em breve. — respondeu ele. 

— Confesso que imaginava vocês um pouco mais... simples. A economia de Pandaria é constituída principalmente de agricultura, não é? — Moyrá relaxa no assento. 

Ele solta uma risadinha: 

— É verdade, mas nem todos são camponeses. Eu por exemplo, cresci em um monastério. Claro, aprendi sobre agricultura, mas também sobre muitas outras coisas como matemática, filosofia, alquimia e... artes marciais.— rebateu Paravel. 

— Uau realmente incrível. Eu não quis parecer... — O pandaren levanta a mão interrompendo. 

— É claro que não, é normal construirmos estereótipos em nossas mentes sobre determinada coisa. Mas não me senti ofendido, você demonstra um espirito curioso tão contagiante que captei na hora a sua espontaneidade. — Após ouvir isso, Moyrá corou e percebeu o quão bizarro foi sua atitude até o momento. 

— Muito gentil da sua parte.  Agora vou ir, seu pedido esta chegando. Bom apetite! — Moyrá se levanta, o Pandaren diz — Não quer me acompanhar? — Moyrá apenas balança a cabeça rapidamente negando e sai correndo do saguão da destreza. 

— Uê, o que houve com ela? — Perguntou Sandra ao Pandaren. 

— Acho que a ajudei a ter um insight — Ele se prepara para se deliciar com seu Ensopado do Cerro Oeste. Após três colheradas, ele comenta para si mesmo: — É bom, tenho que admitir, mas mesmo assim... Não se compara aos ensopados de Pandaria. 

Após estar bem afastada do saguão, quase próxima a estatua do Arquimago Antonidas, Moyrá parou para descansar. Em sua mente, diversas coisas matutavam .E pensava Desde quando você é tão cara de pau? Sentou na mesa de um desconhecido e começou com uma conversa toda estereotipada. Você não é assim Moyrá...Ou sou? Ela lembra das palavras ‘’ Você demonstra um espirito curioso tão contagiante que captei na hora a sua espontaneidade’’ e sorri para si mesma. Lembrou como é bom o sentimento de descoberta e saciar a curiosidade. Será que era um impulso do destino para ela ir para Draenor? Se isso não era o suficiente..  

— Hey, Moyrá! — Alguém chamou. A gnomida não a conhecia.— Não achei você na biblioteca hoje. Mas enfim, a Arquimaga Sol solicita sua presença. — Moyrá arregala os olhos. Logo responde:  

— Agora? — A jovem apenas acena com a cabeça.  

— Ela esta na sala dela no castelo violeta.— Moyrá apenas concorda e ambas se despedem. 

A gnomida da uma observada na estátua do Arquimago Antonidas, solta um sorriso e dirige-se ao castelo Violeta. Moyrá subindo as escadas do Castelo logo chega ao seu destino, um pouco cansada. quando ela vai bater na porta, ouve: 

— Já disse Lomyr, você não será escalado para a minha equipe. Não aprovo seus métodos de agir, talvez outro Arquimago utilize melhor suas habilidades. 

O Silêncio paira uns instantes e então passos em direção a porta ficam audíveis. Em seguida, o tal Lomyr abre a porta com uma feição emburrada, encara a gnomida e logo continua seu caminho.  

— Moyrá! Entre minha jovem. — disse a Arquimaga Sol. 

Completamente radiante e alegre. Assim como sua sala, com uma decoração clara de cores douradas que contrastavam com o violeta. Na parede há direita, havia alguns cajados temáticos com as escolas de magia que os magos controlam: Fogo, Gelo e Arcano. Canetas com grandes penas, flutuavam sobre a sala, assim como uma vassoura acabando de repousar de uma simples varrida. Mas o que mais chamava atenção era o Cajado da Arquimaga Sol. Uma verdadeira obra de arte. Ele era todo de um lilás marcante e claro, sua ponta era toda fragmentada, como se fosse um pedaço de cristal quebrado em três partes, não esculpido, lembrava um pouco dos artesanatos Draenei e alinhado de uma forma que parecia uma chama. Quando a caneta voadora passou na frente da gnomida, ela saiu do seu devaneio. 

— Solicitou minha presença, Arquimaga? — perguntou ela nervosa. 

— Sim, sim. Sente-se.  

Ela estava sentada em uma poltrona roxa, aparentemente bem confortável. Ela apontou para que Moyrá se sentasse também em outra poltrona igualmente confortável. Havia chás e bolos na mesa dela, mas não eram conjurados. Eram bolinhos redondos com cobertura cristalizada de mel. Quando a gnomida sentou, sentiu aquele cheiro característico de refeições que acabam de sair do forno, parecem que estavam prontos há alguns minutos. E pelo jeito o Lomyr não comeu, pois estavam preenchendo toda a forma. 

— Pode comer, fiz especialmente para você. E quero sua opinião. — disse a Arquimaga, com aquele sorriso que convence qualquer um a fazer o que ela quer. 

E assim Moyrá o fez. Provou o bolinho, mastigou um pouco e fez uma feição de satisfação para Arquimaga, falando com a boca cheia: 

— Nossa... Muito bom mesmo.— Terminava de mastigar. 

— Gostou mesmo? Jaina me ensinou. Não entendo nada de doces e só o básico de conjurações. — Ela solta uma gargalhada. 

— Nenhuma conjuração sairia tão gostosa. — Moyrá se permite rir e relaxar. 

As duas se olham por um momento e a Arquimaga diz: 

— O mago Kesalon me contou coisas interessantíssimas sobre você, dei uma olhada em seus escritos, e nossa... estou realmente impressionada. O que te impulsionou a escrever sobre a volatilidade do Arcano 

Moyrá ruborizou.  

—Bem...— Moyrá não queria revelar o real motivo que a fez iniciar suas pesquisas, então disse: — Na verdade, o Arcano sempre foi minha dificuldade na Academia, por isso ele me intrigava tanto. Ele tem resultados tão inesperados, entretanto para executar seus feitiços corretamente, é necessária extrema precisão. Esse paradoxo é que me atraiu, acho fascinante. 

— Entendo. — Ela tomou um gole do chá. Desconfiando que Moyrá não havia sido sincera na resposta. Ela esperava ouvir algo a respeito de Theramore. — Me lembro que você trouxe uma contribuição cientifica para Dalaran, qual era mesmo? 

— Runas e Métodos Para Contenção Mágica. Esse era o titulo. — Moyrá começou a se sentir pressionada 

— Me lembro disso, o Arquimago Rhonim estava na banca se não me engano. Pode me falar mais dela? — Ela toma mais um gole de chá. 

Moyrá engole seco e logo em seguida come mais um pedaço de bolo: 

— O que me levou a esse estudo foi o histórico de abusos mágicos que aconteceram, seja do mundo afora, seja dessa cidade. Acho que magia é magnifica, mas se usada inconsequentemente pode ser perigosa, como atrair criaturas de outras dimensões, danificar o ambiente onde a magia esta sendo usada, enfim. Minha ideia era contribuir para que possíveis catástrofes e uso inconsequente da magia possam ser evitados... ou pelo menos remediados. 

— Catástrofes tipo Theramore? — Dessa vez Arquimaga Sol estava bem séria. 

Moyrá olhou sério para ela também por alguns instantes, mas em seguida desviou o olhar. Ela disse meio cabisbaixo: 

— Aquilo era impossível de ser evitado. Mas foi remediado. O potencial daquela bomba de mana poderia ter afetado o pântano vadeoso inteiro, expelindo sua radiação. — Mais uma vez Moyrá engole seco. 

— E é exatamente por isso que você ficou responsável pelas defesas mágicas da cidade. Rhonim ficou particularmente interessado na sua contribuição, e tenho certeza que foi por causa dela que ele conseguiu reduzir o dano da bomba. O Kirin Tor esta ciente da sua competência metodológica e cientifica.  

Moyrá se acalmou um pouco, em seguida toma o chá.  

— Eu acho que suas habilidades serão necessárias, precisamos aprender ao máximo sobre Draenor. O portal ao qual fiquei responsável nos liga a uma floresta exuberante e bela, com plantas que jamais vi. E com toda sua cautela e métodos voltados para a segurança, acredito que possamos estar um passo a frente nisso tudo. Quero que você estude essas plantas, eu sinto uma energia forte emanando da floresta. 

Moyrá se encheu de orgulho com as palavras da Arquimaga. Ela acreditava ser alguém insignificante em Dalaran, mas isso mudou sua visão e ela estava totalmente propensa a ajudar. 

— Esta bem. Ficarei feliz em fazer parte disso, Arquimaga Sol. — Moyrá estava confiante. 

A Arquimaga estava sorrindo de satisfação: 

— Amanhã você já pode comparecer ao posto em Ventobravo, ao lado do distrito dos magos. Muito obrigada por aceitar. 

— Obrigada por me dar essa chance, farei o meu melhor. 

Moyrá se retirou da sala da Arquimaga murmurando baixinho : 

— Plantas? Eu não entendo nada de botânica. Biblioteca, la vamos nós.  

No dia seguinte, Moyrá estava em frente ao portal de Runas, junto de um carrinho cheio de livros, como a Arquimaga Sol havia instruído. Em uma noite, ela havia aprendido bastante sobre botânica, ou pelo menos como observa-la. Havia alguns magos erguendo barracas e empacotando suprimentos. Ninguém nota a presença da Gnomida, então ela simplesmente avança ao portal, porém quando chega perto, um mago de batalha a aborda. 

— Com licença, mas qual é a sua finalidade por aqui? Não lembro de ter te visto nos dias anteriores.  

— Eu fui recrutada ontem de tarde pela própria Arquimaga Sol. Irei fazer pesquisas sobre essa floresta. 

— Estranho, a Arquimaga não comentou a respeito.  

— Ela deve estar bem ocupada. 

— Sim, com certeza. 

O Mago se retira da presença de Moyrá e então ela se aproxima do portal e começa a analisa-lo.  

— Bom, a diferença de um portal normal para um portal de Runas, é que eles são muito mais duráveis, e não dependem de um mago para ficarem ativos. O que quer dizer que essa base vai ficar um bom tempo aqui. As runas fixam as ondulações da realidade para podermos andar livremente através dele, inclusive com cargas de diversos tamanhos. – Moyrá analisa as runas que estão envolta do portal. 

— Genéricas, igual o que tem no distrito dos magos em Ventobravo. Quer dizer que ainda não sabemos com o que vamos lidar, mas se a Arquimaga disse que era apenas uma floresta, talvez não apresentem problemas maiores que alguns animais selvagens. 

Moyrá então resolve atravessar o portal. Em seguida, tudo muda subitamente para ela, parecia que Draenor era composta de adjetivos ‘’Mais’’, porém o primeiro impacto foi em relação ao clima e ao ar. Completamente diferentes dos quais Moyrá estava acostumada em Azeroth, ou pelo menos nas condições que a floresta se encontrava. O mais semelhante era o Pântano Vadeoso, quente e úmido. 

Conforme Moyrá observava a floresta, identificava diversas plantas e arvores diferentes, as quais não iriam se desenvolver juntas naturalmente, pelo menos não em Azeroth. Tantas flores de variadas cores, folhas grossas, finas e até brilhantes. O pólen das plantas era visível flutuando entre toda a superfície das arvores. Foi amor a primeira vista, não por Draenor, mas sim pela natureza. Moyrá nunca olhou para ela como pesquisadora, e isso fez toda diferença. 

— Hey, Moyrá! – Disse uma voz familiar. 

A gnomida se vira ao chamado, vendo Kesalon vir correndo em sua direção. Para um senhor, ele até que era vigoroso. 

— Oi Kesalon... Você mexeu os pauzinhos para que eu estivesse aqui, não é?— disse Moyrá. 

Ele riu. 

— Eu conheço um pesquisador quando vejo um, você não poderia ficar de fora dessa.— disse ele meio sem jeito. 

— Eu não gostei de inicio, mas agora... Obrigada. 

— De nada. E então, quais suas primeiras impressões? 

— Bom, eu acabei de chegar, e essa floresta... é incrível. Ela parece um jardim natural. 

— Jardim natural? Não entendi. Me parece pleonasmo. 

Moyrá ri: 

— Bom, geralmente Jardins são feitos com um propósito, mãos externas o modificam e cultivam. Essa floresta parece ter criado esse ambiente com seus próprios recursos, como se fosse natural dela. Veja.—Os dois começam a caminhar. — Eu ainda estou longe de ser uma especialista, mas quando você estuda botânica, a primeira coisa que você entende é identificar as características das plantas. Olha essas duas, estão uma do lado da outra e são espécies completamente diferentes. Uma cresceria em lugares arenosos, por isso tem essas folhas grossas, a outra já cresceria em lugares mais úmidos, mas estão uma do lado da outra, parece que alguém as plantou aqui. Isso pode ser uma característica desse mundo, é claro. Mas também pode ser outra coisa... 

Kesalon solta uma risada, mas logo se recompõem: 

— Nossa, eu não esperava menos de você. 

— Não foi nada demais... se tivessem trazido um elfo noturno aqui, com certeza ele teria uma analise bem melhor que a minha.. 

— Modéstia... 

Um súbito barulho estrondoso assustou todos ao redor. Uma explosão mediana aconteceu perto deles. 

— Hey, você esta bem? O que aconteceu? – Ouvia vozes em auxilio. 

— O que aconteceu? – Perguntou Moyrá 

— Parece que um mago errou algum feitiço.— Respondeu Kesalon 

— Nossa, sério? Mas isso é tão... amador, ele realmente deveria estar aqui?—Moyrá olhando mais atentamente ao mago caído, percebe que era o mesmo que a abordou antes de atravessar o portal. 

Kesalon deu de ombros. Logo disse: 

—Eu vou ali verificar, o que vai fazer? 

— Eu irei tomar o máximo de notas sobre a vegetação daqui e se possível levarei algumas amostras para estuda-las em Dalaran, compara-las e tudo mais. 

— Perfeito! Até mais então. – Kesalon se afasta correndo. 

Mas Moyrá ainda continuava intrigada com esse acontecimento. Ela nunca viu um mago errar um feitiço fora do campo de academia, será que ele estaria criando um feitiço? Seria aceitável errar. Não, aqui não é hora nem lugar. E também não estava em batalha, a pressão de uma luta pode desconcentrar o suficiente para fazer o mago errar o feitiço, mas também não, ele era um mago de batalha.  

—Talvez só esteja cansado. 

E assim ela começa a tomar suas notas sobre essa exuberante selva. 

Dois dias se passaram desde que Moyrá estudava a botânica de Draenor, todos os dias rendiam muitas informações. A arquimaga Sol conseguiu uma estufa adequada para cultivar as plantas trazidas daquele mundo. Moyrá estava ficando encantada em aprender sobre elas, parecia um universo completamente novo e promissor, em breve poderia relatar o avanço de sua pesquisa. 

No dia seguinte, quando Moyrá foi até a estufa, notou que alguém já estava lá. Não que fosse proibido, mas quando ela cogitou algo de ruim acontecendo com as plantas, o coração dela acelerou. Ao entrar na sala se deparou com uma figura alta, mexendo na mesa. 

— Hey, o que você esta fazendo? – Questionou Moyrá. 

O individuo se virou, era Lomyr. 

— Não tinha ninguém e então eu entrei. Eu tinha que ver por mim mesmo o que você andava trazendo para Dalaran. 

— Não é da sua conta! — Moyrá começou a ficar vermelha. 

— Ah é sim, embora eu não esteja envolvido diretamente, é meu dever contribuir.  

Quando Moyrá olhou para mesa, várias plantas, folhas e frutos estavam dissecados, estraçalhados ou semicongelados. 

— O que você está fazendo?  

— Estou descobrindo a natureza dessas plantas. E como eu suspeitei, são perigosas. 

— O quê? Plantas perigosas? Você só pode estar brincando. Lomyr, eu peço para que você saia daqui. 

— Venha ver por si mesma.— Lomyr pega uma das plantas semicongeladas e mostra para Moyrá. 

— Veja como ela reage a um elemento estranho a sua composição. Plantas normais morreriam, as de Draenor se adaptam, se transformam.— A planta estava cortada ao meio, e havia pedacinhos de gelo entre as extremidades. A planta tinha algum tipo de reação ao contato com gelo. 

— Isso é incrível! – disse Moyrá. 

— Não, não é.— Lomyr mostrava irritação. 

A Gnomida correu pela estufa e trouxe um vaso com uma flor amarela, tinha varias pétalas circulares que ficavam apontadas para lugares aleatórios. Moyrá colocou o vaso à sua frente, em seguida fez um foco de energia arcana na palma da mão e aproximou da planta. Aos poucos, a flor foi se inclinando em direção a Moyrá. Ela foi do outro lado da mesa para ter certeza, e a planta se inclinou novamente. 

— Eu achava que ela se virava onde tinha mais iluminação ou algo nesse sentido.. na verdade ela vira onde tem mais energia.. talvez para se alimentar? — disse Moyrá pensando consigo mesma. 

— Mas é claro que é pra comer. Viu, precisamos queimar a floresta e destruí-la para que a Horda de ferro não possa usa-la contra nós! – Disse Lomyr elevando um pouco o tom de voz. 

— Você está louco? Isso só prova que essa floresta é uma fonte de conhecimento e progresso, temos que aprender mais! 

— É perigoso! Não podemos dar brecha para eles. 

— Lomyr, o que você tem? Não vi perigo algum nelas. 

—Tudo daquele mundo é perigoso. Tudo daquele mundo busca conquistar, usar e destruir.... são parasitas! 

Moyrá encara Lomyr por alguns instantes, ele estava olhando para o canto, com olhos baixos. Com certeza não falava aquilo racionalmente. 

— Lomyr... 

— Olha, eu sei que parece estranho, mas pergunte a si mesma...Se estivesse em um mundo desconhecido, retirado completamente de seu habitat natural, cercada de inimigos, o que você faria? 

— Inimigos? Não somos inimigos. Eu quero aprender sobre as plantas e usa-las para beneficio de todos. 

— Usa-las? E você acha que elas querem isso? Você é muito inocente Moyrá, espero que não precise amadurecer da pior maneira. – Lomyr se retira em passos pesados da estufa. 

Moyrá fica sem reação por alguns instantes, ela observa a flor amarela, que já estava se inclinando para outras direções. 

—-Mas... é só uma planta... 

A Gnomida ficou alguns dias enclausurada em sua estufa estudando incansavelmente as plantas, uma vez que um novo leque de possibilidade se abriu diante dela depois que Lomyr contestou seus estudos. Ela estava pronta para detalhar seus resultados para Arquimaga Sol, inclusive estava pronta para testar feitiços sutis que auxiliariam na exploração da selva. Moyrá pegou suas anotações e se teleportou para Ventobravo. 

Ao chegar na base de Kirin Tor na cidade, havia um pessoal agitado, alguns estavam sendo carregados e outros, impedindo a passagem para o portal. 

— Mas o quê...? – Moyrá olhava para todos os cantos, tentando entender o que estava acontecendo. 

 Avistou o mago Kesalon discutindo fervorosamente com um mago de batalha. Curiosa, Moyrá foi até ele. 

— Hey, Kesalon! O que está acontecendo? 

Kesalon olhou para gnomida e sua expressão logo se acalmou. 

— Graças a luz, Moyrá! Por onde esteve? Achei que tivesse ficado na Floretérnia. 

— Não, eu estava na estufa. Fiz avanços incríveis e estava indo compartilhar com a Arquimaga Sol — Ela entregou as anotações ao mago. —, mas me deparei com este alvoroço.  

 Kesalon respirou fundo, e começou: 

— É o seguinte, havia criaturas na selva e elas sempre estiveram nos observando. Pelo que descobri, são conhecidos por Botanis e cultuam a floresta. Quando avançamos nossa expedição, eles se revelaram. Por sorte eram primitivos e foram facilmente subjugados, mas parece que a floresta já havia armado suas defesas desde que atravessamos o portal. 

Moyrá começa a arregalar os olhos, pois sabia, em tese, o que Kesalon iria dizer. A conversa com Lomyr insistia em preocupar a jovem. 

— Desde os primeiros dias, alguns magos começaram a ficar doentes e desmaios constantes aconteciam na floresta. Inicialmente, pensamos que fosse o clima extremamente quente de Draenor, mas os números só aumentavam. Até que um Gnomo atirou uma bola de fogo em outro, e logo se atirou no chão se contorcendo. Esse foi o estopim da bagunça, desde então, Lady Baihu e a Arquimaga Sol estão tentando evitar mais problemas, mas as eventualidades não param. 

— Céus... eu...onde estão os feridos? Eu preciso vê-los! – Suplica Moyrá. 

— Os mais recentes estão sendo tratados em Ventobravo mesmo. Alguns foram para Dalaran e outros conseguiram voltar para floresta. Por quê? 

Moyrá se teleportou mais uma vez para o interior da cidade e correu para o distrito da Catedral, onde era o centro de cura de Ventobravo. Ao chegar, encontrou um homem com vestimentas claras, com certeza tratava dos feridos: 

— Licença, onde estão os feridos da expedição do Kirin Tor? 

— Estão dentro da Catedral, junto dos demais pacientes. Gostaria que eu a levasse? 

— Por favor, e rápido! – Os dois se apressaram. E Moyrá contava a história durante o caminho. 

Quando chegaram, havia cerca de 20 pessoas, algumas em camas, outras sentadas.  

— Ângela, essa maga nos contou a respeito dos pacientes do Kirin Tor. Aconselho isolar eles imediatamente. – Disse o homem que levou Moyrá até lá. 

— Pela Luz, irmão Cassius, o que está acontecendo? – questionou Ângela enquanto já se preparava para retirar os pacientes que podiam andar. 

— Pelo que entendi, eles estão com algum tipo de vírus que contraíram da floresta. — Disse o irmão Cassius enquanto ajudava a levar mais pessoas para outra sala. Ele ficou em silêncio, mas Ângela sabia quando ele estava preocupado. 

Restaram sete, todos inconscientes. 

— Aconselho que deixem a sala também. Não sabemos com o que estamos lidando. – Disse Moyrá. 

— Mas é claro que não! Se tem alguém nesse momento que pode ajudar essas pessoas, somos eu e o irmão Cassius. – Disse Ângela firmemente. 

— Concordo, se você compartilhar o que você sabe sobre isso, talvez possamos achar alguma solução. – O sacerdote estava convicto. 

Moyrá apenas concordou com a cabeça. Primeiramente, a gnomida fez uma barreira arcana na porta da sala. 

— Pelo que entendi, as plantas de Draenor são bem gulosas por assim dizer, principalmente por magia. De alguma maneira elas envenenaram os magos. Causando desmaios. 

— Veneno? Talvez possamos usar medicamentos, mas precisamos saber exatamente o que causou, ou não conseguiremos cura-los totalmente. Por hora, acredito que possamos tentar retardar a dispersão do veneno — contou Irmão Cassius, que logo andava pela sala procurando os medicamentos.  

Ângela fez o mesmo e logo disse: 

—Tem algum outro sintoma que possa nos dizer? 

— Bom, eu ouvi dizer que um gnomo atacou um aliado, não sei se isso conta. 

Ângela parou imediatamente de procurar: 

— O Gnomo era o mais agitado e não falava nada coerente, claros sinais de delírio, por isso que resolvi sedar todos que chegavam de Draenor. 

— Eu não entendo muito, mas venenos podem ser contagiosos? – questionou Moyrá. 

— Difícil, precisaria ter um vetor, algo que transmita, um inseto por exemplo, e mesmo assim não seria nada normal. Aparentemente parece ser algo relacionado ao ambiente da floresta, não acho que irá desencadear uma epidemia por enquanto – Rebateu Ângela. 

— Mesmo assim, melhor me precaver. – Moyrá criou uma aura arcana envolta dos dois e dela mesma. 

— O que é isso? – Questionou o irmão Cassius. 

— É um feitiço que desenvolvi quando estudava as plantas. Depois de testes e observações, constatei que elas tinham uma forma de se comunicar umas com as outras para se desenvolver, uma espécie de simbiose com toda a vegetação do local. Digamos que elas trocavam nutrientes liberando pólens pelo ar. E por causa de um outro mago intrometido, dizendo que elas poderiam ser perigosas, eu não queria ficar sujeita a como esses pólens iriam reagir no meu corpo 

Ângela e Cassius se olhavam. 

— Pelo jeito, ele estava certo. Essa aura filtra o que respiro. Não sei o quanto ele é eficiente, mas com certeza vai retardar qualquer contagio pelo ar. Eu anotei no meu diá...—Moyrá lembrou que deixou suas anotações com Kesalon. 

— Droga, não esta comigo. Eu me lembro de ter rascunhado runas que poderiam ajudar. 

Todos ficaram sem ter o que dizer para a gnomida.  

A noite pairava em Ventobravo. Os dois sacerdotes estavam fazendo o possível para baixar a febre e acalmar os súbitos delirantes dos pacientes enquanto Moyrá apenas podia auxiliar. Ficava frustrada porque não entendia do que ela julgou no momento de conhecimento ''útil''. Ela entendia de teoria arcana, calcular um pulso de energia, a propriedade das runas, como o arcano influenciava os elementos físicos do mundo. Mas ali, nada disso ajudava. Saber sobre doenças, biologia, como lidar com uma febre oriunda de infecção estrangeira, saber de medicamentos, misturas químicas para ajudar no equilíbrio imunológico do corpo, ela não sabia nada disso, e aquilo realmente seria útil agora e muito provavelmente no futuro.  

 Mas ela estava tentando aprender. Enquanto mantinha seus escudos e proteções para garantir que nada de maligno saia da sala ou afetem seus colegas, ela prestava muito atenção e perguntava a respeito das medicinas e procedimentos. Constantemente ela conjurava agua e alimentos para todos ali, não dos melhores, ela admitia, porém foram de muita ajuda.  

Moyrá, Ângela e Irmão Cassius estavam empenhados na Catedral para reverter a situação dos pacientes, porém sem muitos avanços. Era difícil para Moyrá tirar alguma conclusão que pudesse ajudar sem o seu diário, a única certeza era que tinha relação com a floresta. Mas a jovem Gnomida estava exausta por manter as auras em seus aliados e mais a barreira arcana na porta para impedir o vírus de se alastrar, mal conseguia pensar. 

— Moyrá, você precisa descansar. – Disse Ângela, extremamente preocupada. 

 — Eu...consigo. Temos que resolver isso. – Moyrá estava suando enquanto ajeitava outro paciente.  

— Se você desmaiar aqui, vai ser mais um problema, não é isso que você quer, não é? – Comentou irmão Cassius. 

 Moyrá pensou um pouco, estava sendo orgulhosa e se sentindo culpada com aqueles que estavam ali, ao invés de ter escutado Lomyr a respeito da possibilidade das plantas serem perigosas, ela preferiu ser negligente e tomar pequenas precauções. Mas não era curandeira, e não entendia muito disso, talvez devesse começar estudar a luz também. Uma falação interrompeu os devaneios de Moyrá, e mais gente adentrava a catedral, dentre eles, o mago Kesalon com mais dez inconscientes sendo carregados por outros soldados e magos. Kesalon estava ofegante e disse:  

— A expedição fracassou...—Respirava forte. — Os botanis tomaram nosso acampamento em Draenor... Os magos se voltaram contra nós! A Arquimaga Sol...— Moyrá desceu a barreira Arcana.  

— Nos traíram? Não pode ser...— Moyrá estava incrédula. 

 — Não.. não foi isso... Eles pareciam loucos, a única coisa que ouvi da Sol, ela falava das vinhas...— Kesalon tentava se recordar.  

— O que? Não entendi Kesalon, como assim as vinhas, os magos foram envenenados? — Moyrá estava ficando agitada, vermelha.  

— Não sei, mas parece que eles estavam agindo contra vontade.  

— Isso é... impossível... como parasitas?— Kesalon apenas concordou com cabeça. — Onde está meu diário, eu deixei com você mais cedo... – Questiona Moyrá com urgência. 

— Ah, sobre isso...Lomyr tomou de minhas mãos e foi para Draenor.  

— Não! É muito perigoso, eu preciso ir...— Quando Moyrá deu um passo, ela imediatamente se lembrou que Ângela e Cassius estava com suas auras. Ela olhou pra trás e o irmão disse:  

— Se realmente forem parasitas, vamos conseguir combate-los, por isso nossos esforços não estavam sendo efetivos, achávamos que era veneno. Pode parar de usar sua magia, nesse ambiente elas não irão conseguir se alastrar, vamos fazer tudo o possível. 

Moyrá consente e se teleporta imediatamente. Ao chegar no acampamento do lado de Ventobravo, havia alguns magos tentando conter raízes enormes que atravessavam o portal, elas cresciam e se debatiam como se fossem tentáculos. Moyrá sabia que os magos de batalha patrulhando não a deixariam passar para resgatar Lomyr. Ela precisava de um plano. 

Ficar invisível poderia ser útil, ela pensou. Teve excelentes aulas com o Arquimago Vargoth a respeito da variação da luz em contraste com a energia arcana, ela sabia se camuflar. No entanto sabia que isso não seria suficiente, ela tinha ciência de que qualquer ondulação feita por feitiços era perceptível, principalmente por usuários de magia. E só os mais experientes poderiam fazer uma camuflagem perfeita, o que não era o caso dela, esses magos notariam alguma oscilação mágica no ambiente. Ela contou quatro próximos ao portal, mas não tanto, pois havia raízes grossas que literalmente se movimentavam, e mais três afastados que patrulhavam o local. 

Então ela decidiu o que fazer, porém gastaria quase toda sua mana. Ela faria uma imagem espelhada, que era o limite de clones que ela conseguia fazer, um feitiço considerado avançado e combinaria a invisibilidade nela e no clone, então propositalmente deixaria uma assinatura mágica notória para qualquer mago iniciante pudesse perceber no clone para que eles fossem verificar e dessem a abertura para que ela atravessasse o portal, enquanto ela também estivesse invisível. Contava que o ponto fraco do feitiço, em deixar uma notável assinatura mágica fosse o fator que faria o plano dar certo. Ela sabia que isso exigiria praticamente toda sua mana, uma vez que estivesse executando dois feitiços ao mesmo tempo e em dois alvos diferentes. 

Ela respirou fundo, suas pernas tremeram e o frio na barriga apareceu, sabia que seu plano tinha altas chances de dar errado, mas não podia deixar Lomyr e a Arquimaga Sol em Floretérnia, pois se sentia culpada por tudo isso. Alguma coisa ela tinha que fazer certo. 

Então começou. Primeiramente, ela gesticulou o ar á sua frente e disse palavras mágicas para fazer a imagem espelhada, e aos poucos uma réplica perfeita foi se formando diante dela. Magos experientes conseguem fazer três clones instantaneamente e que executam feitiços mais complexos, infelizmente, não era o caso dela. Momentos depois, a cópia estava pronta. ela olhou mais uma vez para o portal e os magos ainda estavam lá, então respirou fundo e realmente decidiu enfrentar. Fez o feitiço de invisibilidade no clone, foi muito mais simples, mas não poderia mantê-lo por muito tempo. Então fez o clone ir em direção ao portal. Ao chegar na metade do caminho, percebeu que os magos notaram alguma coisa, eles olharam envolta como se estivessem tendo um pressentimento, um deles disse alguma coisa e três dos magos começaram a andar envolta, e o que mandou manteve a posição. 

Os três magos levantaram suas mãos e buscavam assinatura mágica por volta, era questão de tempo até que achassem o clone invisível. Então Moyrá fez o clone se afastar do portal e os magos também se afastaram, essa era a deixa dela. Ficou invisível também, tentando manter o mínimo possível de assinatura mágica enquanto controlava o clone e a invisibilidade dele, E foi o mais rápido que conseguia em direção ao portal. Sua mana estava exaurindo rapidamente e o coração estava acelerado, o feitiço iria acabar a qualquer instante. A assinatura mágica do clone estava gritante, já era possível ver a silhueta dele a olho nu. Até o mago que estava próximo do portal olhou em direção ao clone, então ela fez a invisibilidade dele cessar enquanto corria para o portal e poupava o máximo de mana. 

— Tem alguma coisa errada. — Disse o mago que estava próximo ao portal ao olhar para o clone da gnomida. 

Ele se distraiu por um instante e Moyrá o ultrapassou, o clone desapareceu e todos ficaram confusos. O mago que guardava o portal teve um sentimento de que havia esquecido alguma coisa quando Moyrá passou sobre ele. Quando ele decide olhar com afinco para trás, alguém chamou por ele. Moyrá não quis nem saber, pulou sobre as raízes e atravessou o portal.  

Ao atravessar pelo portal, com o coração na boca, Moyrá corre por um tempo até encontrar algum mato alto para se esconder e analisar a situação. Ela usa seu feitiço para impedir de se contaminar no ambiente e observa ao seu redor. A selva estava escura, porém a gnomida conseguia ver alguns botanis e outros magos do Kirin Tor no chão. 

— Moyrá!  

A gnomida se assustou ao ouvir seu nome tão perto. Ao olhar em volta, percebeu que era a Arquimaga Sol, ou quase isso. 

— Arquimaga! Onde você está? Eu vim ajudar você e o Lomyr. — Era a imagem da Arquimaga Sol apenas, uma projeção de energia que fala o que o seu usuário desejar. 

— Escute com atenção. Essa expedição fracassou, destruam o portal e não deixem ninguém mais daqui passar. Você fez muito bem em desenvolver esse feitiço, Lomyr aprendeu em seu diário e está usando, porém ele não tem muito mais tempo. 

— O que está acontecendo? — Moyrá estava desesperada. 

— As plantas desse lugar são parasitas, elas invadem o organismo e tomam o controle. Essa floresta inteira é um organismo vivo. Eles se impregnaram nos magos que aqui estavam. A energia arcana que trouxemos para cá fez uma mutação nas plantas e elas estão se transformando em criaturas extremamente inteligentes. Neste exato momento, elas estão aprendendo sobre o organismo humano e em breve estarão aptas para nos controlar totalmente. Agora eu estou apenas paralisada, porém em breve elas irão avançar sobre Azeroth. 

— Mas por quê? Como você sabe disso Arquimaga Sol? Me diga onde você está que eu irei salva-la!!! — A gnomida se segurava para não chorar. 

— Quando fui tomada pelos parasitas deste lugar, eu comecei a fazer parte do ecossistema da floresta. É como se as plantas conseguissem se comunicar e aprendessem juntas. Existe algo equivalente a um líder para elas, Yalnu, um grande Genossauro. Quando fizemos contato com esse mundo, ele sentiu nossa presença e Azeroth. Ele viu a oportunidade de arrastar suas raízes para Azeroth e se alimentar do planeta, criando uma enorme e uníssona selva. Moyrá você tem que impedir, você não pode dar a ela outro hospedeiro. Se acharem meu corpo, queimem! 

— Não posso deixar vocês aqui. Onde está o Lomyr? 

— Siga a trilha adianta, os botanis estão fazendo de tudo para entrar nele, porém graças a seu feitiço, ele terá um pouco mais de tempo. Essas são minhas últimas ordens para você Moyrá. Salve o Lomyr e destrua o portal que conecta nossos mundos! — A imagem da Arquimaga desaparece 

— Não! — A gnomida tenta tocar a imagem translucida a toa. 

Ela observa o caminho a frente e, quando pensa em seguir: 

— Hey!  

Ela se virou.  

Sem saber por que, ela se jogou nos braços de Kesalon e chorou. 

— Calma, calma, vamos fazer isso juntos. Olha, trouxe um foco de mana pra você. Recupere um pouco de suas energias. 

Enquanto Moyrá absorvia a mana, contou o que a Arquimaga Sol havia dito a ela. 

— Entendo... Como fomos irresponsáveis nisso tudo. 

— Não. Foi minha culpa, eu era a única que poderia ter impedido — ela chorou. 

— Preciso que seja forte agora, vamos salvar o Lomyr. 

Ela enxugou as lágrimas, recompôs-se agora estava pronta para ajudar o mago. 

Eles seguiram na direção que a Arquimaga Sol havia comentado e logo avistaram Lomyr e a arquimaga Sol, inconscientes. Havia alguns outros magos envolta, todos no chão, convulsionando de tempos em tempos. 

— Eles estão completando a fase de parasitar. É agora que temos que agir. — disse Kesalon. Moyrá concordou com um gesto. 

Havia três botanis apenas. Eles estavam concentrados no Lomyr e na arquimaga, então logo Kesalon começou a lançar um feitiço. 

— Precisarei que você os distraia quando eu for lançar o feitiço. E então vai até Lomyr e o acorde.— disse o mago. 

— Certo. — Moyrá se posicionou. 

O feitiço na mão do mago Kesalon estava ficando maciço, era uma grande quantidade de energia que eles estavam acumulando. Os Botanis notaram. Entretanto, quando olharam em sua direção, Moyrá calcinou algumas plantas próximas a eles, que se não fosse contida, se transformaria em um incêndio. Kesalon lançou seu impacto arcano potencializado. Acertou dois, ferindo-os gravemente.  

— Agora! — disse ele. 

Moyrá correu, ainda havia um botanis se preparando para lutar. Logo em seguida um clone de Kesalon estava acompanhando a gnomida. Quando se aproximaram, o clone de Kesalon pulou na criatura botânica e começou uma luta corporal um tanto esquisita. Ele estava se agarrando em seu inimigo. 

Moyrá chegou em Lomyr e começou a chamar por ele, sem resultado. Então ela coloca a mão na fonte dele e lança uma leve descarga de energia. Ele acorda respirando fundo. O clone de Kesalon tinha acabado de ser desintegrado também, e logo a criatura avançaria para os dois no chão. Mas Lomyr agiu rapidamente. Com sua maestria gélida, ele cobriu o botanis em uma estalactite instantaneamente, o ferindo mortalmente. 

— Nossa, não tem quase matéria prima nenhuma aqui para você criar um feitiço dessa magnitude. — disse Moyrá impressionada. Ela logo foi tentar fazer o mesmo com a arquimaga Sol. 

 Lomyr, com a feição exausta, mostra um sorrisinho. 

— Eles ficaram muito tempo aqui, por isso foram atingidos pelos parasitas. Temos que destruir a floresta para impedir que invadam Azeroth! — disse o mago gélido. 

Moyrá não estava conseguindo acordar a arquimaga. 

— Não acho que temos condições de fazer isso agora. As ordens da arquimaga foram... 

Um estrondo aconteceu perto deles. Mais um e outro. 

— O quê? — A gnomida tentava localizar de onde vinha o estrondo. 

Kesalon se junta a eles e aponta para um terreno mais baixo. 

— Por acaso aquilo ali é o Yalnu? 

Uma criatura enorme, aparentemente feita com grandes plantas e com um corpo de centauro, porém mais robusto e verde, surgiu dentre as árvores mais distantes da selva. Pequenas e médias plantas o seguiam, e conforme ele passava, mais plantas brotavam a sua volta e o acompanhavam na marcha. 

— Não podemos deixa-lo ir para Azeroth! — bradou Lomyr. 

Ele imediatamente atira uma lança de gelo na criatura, que mal se importou com o ataque dele. Então lançou outra perto da cabeça, chamando atenção dele. 

Yalnu aponta a palma da mão na direção dos magos, e então imediatamente plantas de todos os tipos começaram a nascer próxima a eles. 

— Fu...jam... — disse uma voz vacilante. 

Era a arquimaga Sol, que se levantava cambaleando. 

— Arquimaga!!! Vamos!. — Moyrá correu ao encontro dela. 

— Espere! — disse Kesalon, mas a gnomida já havia corrido. 

Quando ela chegou perto, a arquimaga lança uma explosão arcana poderosa que arremeça a gnomida para perto de seus aliados novamente. 

—Eu não consigo.... resistir. Fujam! As vinhas.... elas... Controlam todos nós. — disse a arquimaga. 

Lomyr entendeu que a Arquimaga Sol já estava dominada pelos parasitas. Decidiu ataca-la com uma lança de gelo, porém ela ergueu seu cajado quando a lança se aproximou e evaporou seu golpe. 

— Ela é muito poderosa, teremos que lutar para matar se quisermos ter alguma chance. — disse Lomyr. 

As plantas haviam fechado o cerco sobre os magos nesse meio tempo. 

— Moyrá. Saia daqui. Avise o Kirin Tor que precisaremos de um grupo de elite para dar um fim nos perigos desta floresta. Eu os atrasarei o quanto for possível. — disse Kesalon 

— Como é? Nem pensar que irei deixa-lo aqui. — Moyrá grita de raiva. 

— Lomyr, leve ela daqui! — Ele apenas sinalizou positivamente. 

Pegou Moyrá pelos braços e correu em direção ao portal. 

— O que você pensa que está fazendo? Me solta! — A gnomida se debatia. 

Lomyr usou nova congelante para impedir que a plantas o seguissem, e enquanto isso Moyrá olhava para trás e via Kesalon se preparar para enfrentar a Arquimaga Sol e Yalnu, que já havia alcançado o terreno elevado. 

— Não...— Escorre uma lágrima da gnomida. 

Kesalon retira um pergaminho de suas coisas e diz: 

— Eu vim preparado. Conseguirei tempo para Azeroth! 

Ele imbui o pergaminho com sua mana e então dezenas de imagens espelhadas aparecem para confrontar seus inimigos. Alguns atacaram Yalnu, outros atacaram as plantas e outros atacaram a arquimaga Sol. E depois Moyrá perdeu Kesalon de vista. 

Mas quando Lomyr e Moyrá estavam se aproximando do portal, uma investida de espinhos serpenteando o chão impediu o mago de continuar correndo. E então um grande Orc surgiu impedindo a passagem. Ele não era comum, seu corpo inteiro parecia ser de planta. E com um estrondo, outro apareceu na retaguarda. 

— Me solte, vai precisar de mim para enfrenta-los. — disse ela. 

E foi o que ele fez. 

— Não podemos perder tempo aqui. Acho que um feitiço de fogo deve resolver. — Moyrá começou a lançar calcinar no Orc que estava em sua frente. O feitiço funcionou, acertou em cheio, mas ele não virou uma pira como ela havia imaginado. O fogo se apagou logo após o contato com ele. 

— Acho que não será tão simples assim. — disse ela chateada. 

O orc na retaguarda avançou para Lomyr, o qual lançou uma seta de gelo, porém ele continuou a investida. E quando foi acertar, o mago usou lampejo para escapar do impacto. 

O outro Orc avançou em direção de Moyrá, e ela de pronto usou invisibilidade. O bruto, sem entender, avançou para Lomyr, que já estava lançando algum feitiço. O outro Orc decidiu avançar também e, juntos poderiam esmagar o mago gélido. Quando se aproximaram, runas apareceram no chão, eles não deram importância e continuaram para o alvo.  

O impacto foi tão forte que os dois se chocaram e caíram. O mago já não estava mais ali, mas sim, próximo a Moyrá que estava ajudando a lançar o mesmo feitiço. Lomyr, logo após o seu lampejo, havia feito uma imagem espelhada e usado invisibilidade para sair da vista dos seus inimigos. Quando eles começaram a correr para a imagem espelhada, ele começou a lançar o feitiço, Moyrá entendeu a estratégia e começou a lançar também, embora o dela não fosse tão eficiente assim, mas iria ser o bastante.  

Os dois brutos se levantam, porém, a runa já havia se formado ao chão. E então em instantes ambos foram afetados pelo feitiço Circulo congelante, ficando imobilizados. Moyrá e Lomyr conseguiram correr em direção ao portal. 

Do outro lado do portal, os magos do Kirin Tor estavam em peso esperando. Lady Baihu os aborda: 

— O que aconteceu lá dentro? Encontraram a arquimaga Sol? O mago Kesalon? Andem, não temos tempo a perder! 

Moyrá explica toda a situação. Lady Baihu não quis destruir o portal e pediu para um Druida fazer raízes entrelaçantes para retardar o máximo possível as ameaças da selva. Acreditava que a Arquimaga Sol e Kesalon ainda poderiam ser salvos. 

— Vou providenciar um grupo de elite para resgatar os magos sobreviventes e, se possível, dar um fim nas ameaças. Eu sei que a arquimaga ainda está lá. Não irei deixar ninguém para trás. — disse Lady Baihu com os olhos lacrimejando. 

Moyrá senta ao chão, estava completamente exausta, Lomyr estava um pouco pior, e os sacerdotes estavam cuidando dele. Angela e irmão Cassius foram ao encontro dela.  

— Conseguimos salvar maioria dos pacientes de mais cedo. Alguns parasitas já haviam ficado maduros e se removêssemos, mataríamos o hospedeiro. Eles optaram por ficarem em quarentena enquanto tentamos achar alguma maneira de ajuda-los. — disse Angela para Moyrá. 

— Entendi, eu vou ajudar a vocês a desenvolver algum antidoto, feitiço ou qualquer coisa que possa auxiliar. Ainda não estamos seguros, e enquanto a campanha de Draenor estiver acontecendo, precisamos nos esforçar para ajudar. Me dedicarei em tempo integral para isso. 

— É claro que vai. 

Moyrá desmaia de cansaço e sonha com samambaias dançarinas.  

 

EPILOGO 

Dois dias após aos eventos da selva Floretérnia, Moyrá estava na biblioteca, tentando não pensar muito no que queria pensar, e se distraindo com estudos de outros magos. 

— Teoria Empírica do Caos...Fontes Primárias da Energia da Vida... Princípios Avançados da Necromancia...Relação Hermética da Vileza e da Ordem... A Fotogenese Senciente...— leu em voz baixa os tratados sobre sua mesa empoeirada. 

— Como eu sou ignorante, não sei praticamente nada de nenhuma dessas áreas.— Moyrá começa a olhar para os lados tentando não chorar, até que uma figura familiar, com parte do torso enfaixado se aproxima. 

Moyrá rapidamente passa as mãos nos olhos lacrimejados. 

— Poiera chata... como pode a biblioteca de Dalaran ser assim? — Reclamou ela. 

— Você está bem? Não nos falamos desde que saímos da floresta. — Ele se senta do lado da gnomida. 

— Me desculpe Lomyr, eu fiquei desmaiada por um dia inteiro, depois...não importa. — Moyrá evitava olhar nos olhos do jovem mago. 

— Não foi culpa sua nada do que aconteceu, e você sabe.— disse ele com leveza. 

A gnomida ficou um tempo em silêncio. 

— Moyrá. — disse Lomyr. 

— Mas eu poderia ter impedido! Era minha responsabilidade entender como as plantas funcionavam, como lidar com elas!!! Eu fui tão... tão idiota. 

— Você estava cumprindo seu papel como maga e estudiosa, eu com minhas experiências passadas é que presumi que fossem perigosas. Ou... No fundo eu queria que fossem.— Ele foca o olhar para o chão. 

— Lomyr? 

— Eu queria tanto um motivo para justificar minha raiva, que acabei sendo irracional também. Eu poderia ter te ajudado nas pesquisas das plantas e ter contribuído para uma solução lógica em como lidar com elas. Eu não agi como um mago. 

Os dois ficaram com seus pensamentos momentâneos, com medo de continuar a conversa. 

Até que Moyrá quebra o silêncio. 

— A Sol era... era tão gentil. Teve um dia, em um exercício que o Arquimago Rhonin propusera, que eu não conseguia fazer, e eu tinha vergonha demais para pedir ajuda dos meus colegas ou admitir que não era capaz. Não sei como ela percebeu minha dificuldade, mas ficou um bom tempo ali comigo, praticando e acompanhando meu progresso. Era simples... o básico de telecinese. Significou tanto para mim... 

— Ela era alguém altruísta acima de tudo. Quando os heróis recrutados pelo conselho dos seis foram até Floretérnia acabar com aquilo tudo, tiveram que enfrentar a Arquimaga Sol, e o último desejo dela era deter essa contaminação. Não pediu ajuda e pensou em Azeroth, mesmo naquela situação. Admiro muito a coragem...  

Eles ficaram em silêncio por mais um tempo. 

Lomyr olhando os papeis perto da gnomida, resolveu falar : 

— Eu fiz a mesma coisa que você quando me recuperei. Minha vontade é de conseguir mais conhecimento, mais poder para poder defender aquilo em que eu acredito. E queria começar pelo que eu sabia de menos. Necromancia é até que um campo interessante, não? 

Moyrá se alegrou. 

— Realmente, olhando agora parecem todas fascinantes. Mas me faz pensar em alguns que tomaram um caminho maligno. — disse ela com pesar. 

— Não somos eles. Se sobrevivemos aquela floresta maluca, vamos conseguir qualquer coisa. 

Os dois magos se empenham em estudar as demais escolas de energias que regem o universo. 

 

 


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Notas finais do capítulo

A história se passa durante a expansão Warlords of Draenor e foi totalmente inspirada na masmorra Floretérnia ( Everbloom)



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