A meio minuto. escrita por Spaild


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Foi um pedido da minha pessoa especial a quem eu não consigo negar.

Espero que ela goste de ler e vocês também.



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— Droga! – reclamou dando um chute no sistema de calefação e o vapor quente subiu do cano que se rompeu.

Xingou várias coisas impronunciáveis quando se afastou. Para evitar queimar o rosto a palma de sua mão direita e seu pulso acabaram atingidos pelo jato de ar quente, quando as ergueu como proteção, e estava vermelho. Além de estar queimando feito o inferno. Continuou a xingar em um tom mais baixo até a porta se abrir depois de duas breves batidas.

— Desculpe General mas tenho notícias da Central... O que...?

O Major Miles deixou todos os documentos caírem e foi em direção a sua superior, toda a sala estava tomava por vapor e os cabelos loiros dela pareciam úmidos e em desalinho.

— Droga, eu tinha marcado uma revisão do sistema para a próxima semana.

Olivier se afastou e ergueu uma sobrancelha quando ele tirou o casaco pesado e em seguida um cachecol que estava usando. Com cuidado o jogou sobre o cano quebrado e amarrou ao redor impedindo que mais vapor enchesse a sala.

— A senhora está bem General?

— Nenhuma baixa, apenas uma leve queimadura. – ela ergueu novamente o braço para olhar. – Porra.

Havia no centro da mancha avermelhada uma bolha se formando, não era apernas uma leve queimadura. Ignorou o Major a caminhar pela sala e com cuidado abriu um botão do punho de sua farda. Momentos depois sentiu a mão do Major tocar suavemente seu ombro e ele a levou até a mesa que a General usava para seu trabalho. Apoiando os quadris ela tornou a erguer o pulso.

— Eu cuido disso. – falou com uma caneca branca com uma sutil marca de batom rosa na borda.

— Esse café está frio.

— Eu sei. Erga o punho da farda e estique o braço para frente. – pediu com toda a educação que sua patente menor exigia.

A General Armstrong apenas fez como lhe era pedido e o olhou, raramente estavam tão próximos quanto agora, mas seu pulso ardendo como o inferno a impedia de processar o cheiro de tabaco e menta que vinha em sua direção conforme ele falava. Piscou e sentiu um alívio refrescante em seu pulso, então sua mente processou toda a cena e ela fez uma careta.

— Jogou café frio em mim?

— Sinto muito General, mas isso resfriou a queimadura impedindo que a bolha continuasse a crescer. – ele disse assumindo uma postura ereta.

Olivier moveu seus olhos azuis do pulso para o homem com a postura rígida a pouco menos de um passo de distância. Ela riu baixo movendo o braço de forma a remover o líquido completamente. Ainda estava doendo, mas era em uma escala bem menor agora.

— Precisa procurar a unidade médica, eles vão limpar o ferimento e aplicar uma pomada, em poucos dias terá o braço novo em folha.

Quando entravam no exército os cadetes eram avisados exaustivamente para não se relacionarem romanticamente com nenhum colega de profissão. Pessoalmente ela discordava totalmente daquela regra tola. Militares mal tinham tempo para vida social, era extremamente difícil não se envolver romanticamente com um colega, principalmente ali em Briggs, tudo o que eles conheciam era as pessoas com quem lidavam na muralha. Uma vida totalmente solitária que acabava com casamentos sem solidez.

Ao Major se mover na sala para pegar os documentos no chão ela o observou, tinha escutado várias conversas durante os anos em quem trabalharam juntos. Não que gostasse de fofocas, mas ela tinha ouvido fragmentos de conversas telefônicas e parte de conversas entre ele e os amigos homens. Aparentemente o Major era um homem recém divorciado.

— Desperdício. – falou baixo.

— General?

— De café. Foi um desperdício mas valeu a pena, está doendo bem menos. – Pegou o casaco e com a mão esquerda jogou sobre seus ombros da melhor forma que podia.

Olivier precisava de ar frio em seu rosto para voltar a pensar com clareza. Ela era uma militar de alta patente e dela era esperado que seguisse as regras. Regras que achava completa perda de tempo.

Quase uma semana após o incidente com a calefação e o café ela estava sentada em uma casa de chá na cidade aproveitando sua folga, ouviu o sino da porta mas manteve sua concentração no livro em sua mão. Um livro bobo, desses que qualquer banca tem para vender.

— General?

Sua primeira reação foi esconder o livro em seu colo sob o casaco, em seguida ergueu o rosto e encarou o homem de pé próximo a sua mesa. Major Miles ficava tão bem com roupas civis que ela precisou de um momento para recompor seus pensamentos.

— Major, não sabia que estava na cidade.

— Resolvendo pequenas questões. Como está o pulso General? – perguntou oferecendo um sorriso.

— Bem melhor, seu pensamento rápido evitou que a queimadura ficasse pior.

— Devo lhe pagar um café? Por ter desperdiçado o seu mesmo que ele já estivesse frio e intragável?

De onde vinha toda aquela desenvoltura? Aquele era o mesmo homem que só falava o necessário e quando necessário?

— Seria adorável.

E foi, um momento maravilhoso onde conversaram coisas corriqueiras como a última peça que haviam assistido. Deixaram a casa de chás e ele fez questão de a acompanhar até o chalé que ela mantinha na cidade. Ela subiu os poucos degraus de pedra e quando olhou para trás ele estava sem os óculos e com um sorriso irresistível.

— Mil infernos. – ela deixou as sacolas no chão e se aproximou. – Major eu estou a meio minuto de beijá-lo.

— Estou a meia hora me questionando se devo quebrar todos os juramentos que fiz sob a bandeira de Amestris e beijar minha General.

Olivier revirou os olhos e o puxou envolvendo o pescoço dele ficando na ponta dos pés para alcançar os lábios. Ele precisou se curvar e deu uma leve mordida em seu lábio inferior antes de se renderem aos beijos. Poucos segundos depois estava no colo dele.

A neve começou a cair deixando a rua deserta mais fria que o normal, se afastaram e ela respirou fundo. Maldito Major que beijava tão bem que a obrigaria a fazer um convite indiscreto.

— Está nevando, vamos, não quero me resfriar. Podemos nos aquecer lá dentro.


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Notas finais do capítulo

Então? O que acharam?



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