Player 2 Tawan x MeiaUm escrita por elliotveela


Capítulo 1
One shot: player 2


Notas iniciais do capítulo

Mais uma fic de YouTubers meu deus, mas espero que vocês gostem ♥ dessa vez essa maravilha que é Meiawan.



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Tawan sempre foi um pouco cético demais com suas "amizades"; era um rapaz fechado e quieto - talvez fosse por não querer aparecer muito ou se destacar dentro do seu grupo de amigos. Ele amava os amigos que possuía e achava que aquele número redondo de exatamente 3 amigos estava ótimo - afinal Saiko sempre foi o melhor dos três, seguido de Ycaro e Vito.

Por isso, ao ser adicionado a um podcast com Saiko, Ycaro e MeiaUm foi algo estranho para sua agenda, que se baseava em passar tempo com seus dois patetas preferidos e jogar jogos aleatórios que eles o mandavam.

O podcast era quase sempre apenas seus amigos e MeiaUm falando sobre coisas da vida ou respondendo perguntas mandadas no twitter. Ele gostava do sentimento de estar nele, mesmo que participasse menos que os outros três.

Era mais uma tarde comum, Ycaro tinha pedido - lê-se: implorado - pra que André deixasse o loiro jogar Detroit no PS4 do moreno. Ycaro sempre conseguia ser persuasivo com sua voz fofa e cara de badboy; então estava o quarteto na casa em que MeiaUm morava - estavam sozinhos, já que a mãe do rapaz trabalhava até tarde, mesmo nos fins de semana.

— Qual é, Ycaro! Você vai matar geral, desgraça! - Saiko gritava, imerso na gameplay do jogo. Ycaro revirou os olhos enquanto perseguia o divergente das pombas.

— Tá louco, é? Eu sou pro nesse jogo. - Ycaro brincou, porém acabou matando Connor com um pulo errado. Isso fez com que ele encarasse a tela, tristemente.

— Só se for pro em ferrar com a gameplay, aff. - Saiko bufou, mas deu breves tapinhas no ombro do amigo que ainda contemplava o vazio. - Agora é minha vez de jogar, vaza.

Tawan, como sempre, apenas observava a dupla dinâmica brincar e brigar ao mesmo tempo. Os olhares trocados, as pequenas ações que faziam em perfeita harmonia. Quando aqueles dois iriam acordar que um era feito para o outro?

O peruano se assustou quando o assento do seu lado foi ocupado por um rapaz de pele clara e com seu boné característico. - Ainda estão discutindo pelo jogo? - Perguntou, mencionando os rapazes que Tawan observava. O de pele café com leite concordou, coçando levemente seu pescoço.

— É tão normal, não? - Perguntou, mesmo que soasse como um pensamento alto. - É tipo... respirar. É algo que fazemos sem perceber mas é importante para continuarmos vivos. Talvez eles não percebam, mas essas briguinhas tolas sejam parte do que fortalece o relacionamento dos dois. - Tawan suspirou, fechando lentamente os olhos, antes de se virar para André.

O olhar do segundo rapaz parecia perplexo, fazendo com que o peruano se perguntasse o que havia dito demais. Mas logo o clima de tensão foi quebrado, por uma breve risada de André. - Me desculpa, acho que nunca vi você falar mais que duas frases em todo o tempo que te conheço.

Tawan corou, virando o rosto para os garotos que discutiam sobre como Markus deveria liderar Jericho. - Só não tenho tantos motivos para falar. É o que acho. - Pontuou.

— Você é estranho. - Felipe disse, enquanto roubava pipocas da mesa do meio, se é que aquela gororoba poderia ser chamada de pipoca. André havia colocado tantos molhos que poderia parecer tudo, menos milho estourado.

Tawan deu de ombros, fazendo círculos em sua perna, com suas unhas pequenas. - Talvez.

E foi isso. A maior conversa que havia trocado com outro ser humano que não fosse a dupla barulhenta que discordava com as escolhas um do outro.

— Ei. - André chamou, fazendo com que o moreno se assustasse. A conversa já não havia terminado? - Tenho um Wii no meu quarto, se quiser podemos jogar Mario Kart. - Ele sorriu sem graça. - Acho que eles vão demorar bastante para liberarem o controle para a jogatina de Until Dawn.

Tawan encarou o par de amigos, logo voltando o olhar para o rapaz que lhe propunha. - Não acho que seja uma má ideia. - O peruano comentou.

MeiaUm sorriu, pegando a pseudo-pipoca e mostrando o caminho até seu quarto, que ficava no que parecia um porão da casa.

Ambos passaram horas jogando Mario Kart. MeiaUm era obviamente melhor que Tawan, mas deixou o rapaz ganhar algumas vezes, fazendo com que o de boné conhecesse um lado do imigrante que nunca pensou que ia ver: um sorriso. Um genuíno sorriso por algo tão bobo como ganhar com o Luigi em uma corrida. Isso de alguma maneira fez com que o coração de André batesse, mesmo que apenas por um instante, mais rápido.

 

Já havia virado rotina Tawan visitar Felipe e jogar qualquer jogo do Wii juntos. As vezes Saiko e Ycaro estavam juntos - tomavam posse do PS4, jogando desde as DLC's de Until Dawn até tentando pegar os outros finais de Detroit, mas na maioria das outras vezes eram apenas os dois.

 

Não conversavam muito. O silêncio era o terceiro companheiro, sempre instalado no meio dos dois. Não era necessário trocar palavras quando já se tinha os resmungos ou comemorações graças aos jogos de competição que jogavam. André continuava com sua gororoba de molhos, Tawan já havia experimentado - não era tão ruim quanto brevia, mas não era algo que gostava de comer.

 

Nos primeiros dias, ao acabar com a competição instaurada, Tawan já ia embora. Porém com o passar das semanas ele começou a ficar mais, assistindo vídeos do antigo Vine ou desenhando com o parceiro de jogatina. 

 

Nesse dia em questão, Tawan acordou em seu quarto com a luz do sol invadindo as cortinas. Ele não usava despertadores, achava-os irritantes. 

 

O dia estava brilhante, os pássaros cantavam, o vento batia levemente os galhos da árvore que tinha em seu quintal em sua janela, um dia perfeito para se enfurnar no porão de seu amigo e jogar uma partida de Zelda - havia cansado de perder no Mario Kart.

 

Seu celular fazia o barulho irritante de quando recebia mensagens. Viu o grupo do podcast, estavam discutindo sobre que produtos eles poderiam colocar a venda; havia dado a opinião de fazerem plushies, afinal quem não iria querer pelúcia dos rapazes mais fofos desse universo?

 

Também haviam mensagens de sua mãe, avisando que voltaria tarde - pelo que aparentava ela havia visitado a tia do rapaz que estava doente e só voltaria de noite. O grupo da família o enchia de mensagens de bom dia em forma de gif de gliter, provavelmente pego em péssima qualidade no Google imagens.

 

Decidiu dar atenção ao grupo aonde estava seus amigos, enquanto se dirigia ao banheiro - que se localizava no final do corredor.

 

 

● saiko: 'tá, mano. depois a gente resolve esse problema todo de logística. tô virado de novo.

 

 ycaro: dnv? porra saiko, já é a quinta vez essa semana. e tipo... nós estamos na sexta.

 

● saiko: m a s s a.

 

● ycaro: ...

 

● saiko: ah, em falar nisso, não vão poder ter minha ilustre companhia hoje, combinei de ajudar a Skii num projeto de desing, então vou passar a tarde em call com minha na-mo-ra-da hehe

 

● ycaro: m a s s a

 

● saiko: hehe

 

● MeiaUm: dibas. 'cê ainda vem, né loirinho?

 

● ycaro: nem vai dar, 61. vou praticar break com uns amigos meus aí. 

 

● MeiaUm: esfrega na cara que vocês têm amigos.

 

● eu: não tenho nada demais para fazer hoje, então pode contar comigo.

 

 MeiaUm: aí sim, peruano. minha mãe já saiu, pode aparecer quando quiser. vou preparar os jogos.

 

 

Tawan havia acabado de escovar os dentes quando enviou um simples "ok" no chat. Não havia motivo para gastar mais palavras. Saiu do banheiro, após um banho rápido, e desceu as escadas para tomar alguma coisa antes de ir até a casa do moreno. 

 

Acabou por optar por um café com bastante açúcar, que tomou aos pequenos goles - não gostava de coisas muito quentes. Quando terminou, subiu as escadas e re-escovou os dentes.

 

O caminho até a casa de MeiaUm era tranquilo, mesmo que longe. Mantinha uma playlist de lo-fi para quando tinha que fazer longas caminhadas. Os sons calmos, mas cotidianos, fazia com que se sentisse seguro mesmo cercado de pessoas que tinham o potencial de machucá-lo; mesmo que o Brasil não fosse um país extremista quanto a xenofobia, os imigrantes ainda sofriam preconceito. 

 

Após andar a pé, por cerca de 20 minutos, e pegar um ônibus, Tawan finalmente chegou na casa do amigo. Segurou a mochila que levava - havia convencido Felipe a deixar que ele levasse outra coisa além da pipoca engorobada, então havia ido no supermercado no dia anterior - e foi em direção ao portão do rapaz. 


Bateu palmas, encostando-se no portão e desligando a música que havia parado. Era da mxmtoon: "feelings are fatal". Gostava de como o ritmo calmo parecia fazer cócegas em seus ouvidos. Esperou um pouco, mas nada de MeiaUm sair.

Suspirou incomodado, ajeitando a alça de sua mochila. Uma coisa que ele não gostava era de atrasos, mesmo que MeiaUm estivesse no local de encontro e a hora estivesse certa... Talvez ele só não gostasse de esperar.

Bateu palmas de novo, dessa vez mais alto, antes de voltar a esperar para que o moreno surgisse. Demorou um pouco, mas Tawan ouviu a porta sendo destrancada e seu parceiro de jogatina aparecer. O cabelo do rapaz estava pingando e as bochechas estavam avermelhadas; aparentando que havia tomado um banho de última hora.

O imigrante se forçou a não rolar os olhos. André vivia indo dormir tarde da noite e acordando em cima dos compromissos; talvez ele se sentisse melhor editando e remixando na tranquilidade da madrugada, mas isso não o fazia bem!

— Desculpa, Tawo. - MeiaUm deu um sorriso sem graça, destrancando o portão meio enferrujado, dando espaço para o peruano passar. - Acabei dormindo demais.

— Notei. - Comentou, passando pelo o outro rapaz, sentindo o perfume que emanava. Era o shampoo típico do rapaz, doce e ao mesmo tempo não se diferenciando muito dos outros rapazes. Uma vez Tawo havia questionado que marca o rapaz usava, André deu de ombros e respondeu que era a mais barata do mercado, parecia não curtir muito gastar dinheiro com cosméticos. - Algum remix novo?

MeiaUm fez que não com a cabeça, mas ainda manteve-se animado. - Melhor ainda!

Tawan deu um meio sorriso, tentando se manter tão animado quanto o amigo. André trancou novamente o portão e começou a falar sobre jogarem alguma coisa no PS4 ao invés de descerem para o quarto do de boné. O peruano fez um sinal com a cabeça, concordando com qualquer coisa que MeiaUm falava, na maioria das vezes Tawan entrava nessas vibes de desconectar do mundo e parear nas suas próprias ideias.

Ainda estava imerso em seus pensamentos quando se jogou no sofá do amigo. Sua mente estava cheia de preocupações internas, ele tinha medo de expor o que sentia: todo aquele turbilhão de confusões dentro de si mesmo. Soltou um suspiro cansado, observando o amigo escolher Outlast 2.

— Você já não zerou esse? - Perguntou, observando André.

— Sempre que chego na metade do jogo eu fico nervoso. Ainda mais porque eu jogo sozinho, na maioria das vezes. Mas com você aqui, talvez eu tenha coragem de terminar. - MeiaUm esboçou um pequeno sorriso, antes de voltar sua atenção novamente para a TV.

Tawan ficou sentado enquanto o amigo realizava todo trabalho pesado, como fechar as cortinas e ajustar o som. - Okay, acho que agora estamos prontos, né? - MeiaUm perguntou, nervoso por ter que encarar aquele jogo demoníaco.

— Quando você morrer, o que provavelmente não vai demorar muito, vai ser minha vez. - Tawo comentou, cruzando as pernas como "pernas de índio", sobre o sofá. MeiaUm riu da confidência do amigo, mas preferiu apenas iniciar logo o jogo.

A primeira cutscene foi tranquila, eles já haviam visto milhares de vezes. Porém na hora em que o helicóptero começava a cair, a energia da casa caiu.

A sala ficou totalmente escura, mesmo que as cortinas não fossem tão pesadas assim. - Que porra foi essa? - MeiaUm perguntou, levemente assustado.

— Não sei... O tempo parecia tão bom quando sai de casa. - Tawan murmurou, indo até a janela e abrindo uma fresta da cortina. Do lado de fora estava extremamente escuro. Tanto o céu quanto as luzes que havia caído pelo blackout. - Putz, cara. Vai cair uma chuva do caralho. - Tawo pontuou, soltando um suspiro, voltando até o sofá. - É melhor eu ir embora, senão não consigo chegar em casa. 

Tawo já estava pegando suas tralhas, mas André segurou no pulso do rapaz. Ainda bem que todas luzes estavam apagadas, assim não era possível ver a leve vermelhidão no rosto do rapaz que amava remixar músicas. - Fica.

— Hm?

— Fica. Se você sair agora vai pegar chuva. - MeiaUm disse, baixo.

Tawan abriu a boca repetidas vezes para tentar responder a aquilo, mas apenas assentiu. - Okay... Quer fazer alguma coisa? Ainda tenho um pouco de bateria no celular.

— Meu notebook também tem bateria sobrando. A gente podia tentar fazer uns desenhos...? - André sugeriu. Tawan sorriu com a proposta.

O moreno guiou o peruano até o seu quarto, aonde a mesa digitalizadora e o notebook estavam. Se jogaram na cama do rapaz e começaram a revezar quem desenhava.

MeiaUm começou, fazendo uma pintura zoada que deveria ser o Saiko. Tawan riu com a péssima imitação e desenhou o Ycaro encarando apaixonadamente o Saiko bizarro. Depois moveram para outras paródias com canais do YouTube.

Já haviam feito seis desenhos cada, quando se cansaram. - Isso parecia uma ideia divertida. - MeiaUm suspirou.

— Nah. Relaxa, do jeito que estava o céu, acho que vou ficar aqui por um bom tempo. - Tawo acompanhou o suspiro.

Ambos encararam o teto branco do rapaz com cachos.

— Já sei. - André sorriu para o amigo. - Você quer ver no que eu estou trabalhando?

— Hm. Pode ser. - Tawan sorriu ao perceber a animação na voz de André.

— Okay. Acende a lanterna aí e fecha os olhos.

— Okay...?

Tawan fez o que o rapaz havia mandando, fechando os olhos.

Ouviu alguns barulhos, como se MeiaUm estivesse procurando algo no armário. Também escutou um cochicho de animação do rapaz, prendendo uma risada.

Sentiu, por fim, o lado ao seu na cama ser ocupado pelo amigo. - Pode... Pode abrir os olhos, mas não ria!

Tawan fez que sim com a cabeça, abriu os olhos e encontrou um André corado segurando um ukulele em suas mãos. - Você aprendeu a tocar?

— Estou aprendendo. - André disse. - Mas... eu queria te mostrar uma música. Quero que você seja o primeiro a escutar...

— Hm... Okay. - Tawan sorriu, iluminado pela luz de seu celular. - Bora lá, então.

 

You look so wonderful in your clothes

I love your hair like that

The way it falls on the side of your neck

Down your shoulders and back

(Você está tão maravilhosa em suas roupas

Eu amo o seu cabelo assim

A forma como ele cai de lado em seu pescoço

Pelos seus ombros e costas)

 

A voz de MeiaUm soava baixa e calma, mesmo que demonstrasse o nervosismo evidente. Ele dedilhava o Ukulele, as vezes errando algumas notas. Ele não olhava diretamente para o peruano, deixava seu olhar fixo no ukulele de madeira com alguns adesivos - ele havia comprado em um bazar online.

You've got that kind of look in your eyes

As if no one knows anything but us

(Estamos rodeados por todas essas mentiras

E pessoas que falam demais

Você tem aquele tipo de olhar nos seus olhos

Como se ninguém além de nós soubesse de nada)

 

André ergueu os olhos, encontrando os olhos castanhos do peruano o encarando. Duas pequenas jabuticabas, curiosas, o olhavam como se ele tivesse todas as respostas do mundo. MeiaUm errou mais um acorde, pigarreando.  

 

Should this be the last thing I see

I want you to know it's enough for me

'Cause all that you are is all that I'll ever need

(Caso esta seja a última coisa que eu vejo

Quero que saiba que é o suficiente para mim

Porque tudo o que você é, é tudo que sempre precisarei)

 

As bochechas do rapaz de cabelos cacheados acenderam de vergonha, porém encarou Tawan. O peruano havia fechado os olhos, curtindo a melodia que o ukulele produzia. 

 

MeiaUm queria que Tawan estivesse de olhos abertos, que ele visse seus olhos honestos. Que ele soubesse que todas aquelas palavras eram reais.

 

I'm so in love, so in love

So in love, so in love

(Eu estou tão apaixonado, tão apaixonado

Tão apaixonado, tão apaixonado)

 

A voz de André saia fraca, hesitante e nervosa. Ele não queria transparecer daquela maneira, mas essa era a atual intenção daquela música. Dizer de maneira tão particularmente sincera e subliminar, o quanto amava aquele imigrante.

 

You look so beautiful in this light

Your silhouette over me

The way it brings out the brown in your eyes

Is the Tenerife Sea

(Você está tão bonito nessa luz

Sua silhueta sobre mim

O jeito como isso destaca o castanho de seus olhos

É o mar de Tenerife)

 

A luz leve do celular ainda iluminava os rapazes. A pele pálida de MeiaUm era destacada pelo azul do celular, os olhos novamente fechados. Tawan observava o brasileiro, um tanto quanto encantado. Sabia que MeiaUm possuía dons em mixagem, mas nunca havia o visto tocar algo. Nunca havia ouvido algo tão... radiante quanto aquela música. 

 

And all of the voices surrounding us here

They just fade out as you take a breath

Just say the word and I will disappear

Into the wilderness

(E todas as vozes que nos rodeiam aqui

Elas simplesmente somem enquanto você respira

Só diga a palavra e eu desaparecerei

Na imensidão)

Era como se o mundo girasse mais devagar. A voz de MeiaUm acalmava, de maneira quase sem sentindo, Tawan. O rapaz acabou por se esticar na cama, escutando os acordes baixos. 

 

Should this be the last thing I see

I want you to know it's enough for me

'Cause all that you are is all that I'll ever need

(Caso esta seja a última coisa que eu vejo

Quero que saiba que é o suficiente para mim

Porque tudo o que você é, é tudo que sempre precisarei)

 

Dessa vez, ambos se encararam. A respiração de MeiaUm acelerou, errando novamente o acorde e fazendo com que a voz do menino soasse desafinada, tirando uma risada do peruano. 

 

I'm so in love, so in love

So in love, so in love

(Eu estou tão apaixonado, tão apaixonado

Tão apaixonado, tão apaixonado)

 

O coração do menino batia rapidamente, ambos pareciam saber da tensão que havia ali. Tawan lembrava-se da primeira vez que haviam se encontrando. Havia sido no shopping, ideia de Rodrigo. Tawan conhecia o canal de MeiaUm, mas nada de ser um fã número um.

 

Tawan estava usando uma das blusas do canal de Vito, mais conhecido como Gemaplys, e uma calça jeans. Seus óculos característicos estavam em seus olhos escuros. Já MeiaUm usava uma blusa preta e seu boné rosa.

 

Eles trocaram poucas palavras, mas era quase impossível não notar os olhares trocados por ambos meninos - mas lerdos do jeito que eram, Rodrigo e Ycaro, não notaram; estavam ocupados demais apostando quem tomava o Milkshake de morango mais rápido. 

 

Lumière, darling

Lumière over me

Lumière, darling

Lumière over me

Lumière, darling

Lumière over me

(Ilumine, querida

Ilumine-me

Ilumine, querida

Ilumine-me

Ilumine, querida

Ilumine-me)

 

Mas depois daquele dia, MeiaUm sentia necessidade de passar mais tempo com Tawo. Queria poder se aproximar e descobrir mais do rapaz quieto que havia aparecido no grupo do nada. Por isso pedia para que Ycaro viesse quase todo final de semana - mesmo que se perguntassem, Ycaro havia se convidado - e quando o peruano não podia ir, André se trancava em seu quarto e criava novas tracks. 

 

Should this be the last thing I see

I want you to know that's enough for me

'Cause all that you are is all that I'll ever need

(Caso esta seja a última coisa que eu vejo

Quero que saiba que é o suficiente para mim

Porque tudo o que você é, é tudo que sempre precisarei)

 

Ycaro acabou por descobrir o óbvio: MeiaUm era um puta gay apaixonado por um de seus amigos - não que Ycaro pudesse criticá-lo. 

 

— Cara, você devia tentar algo! - Ycaro disse. Já havia virado hábito passar tempo com o de cabelo encaracolado. Era uma quinta-feira e Ycaro havia acabado de voltar de um treinamento de dança. 

 

— Você é trouxa, Ycaro? - André suspirou, tirando a atenção do teclado a sua frente. - Eu poderia acabar arruinando tudo!

 

— Você quer sempre ficar nessa de "Melhor amigo de jogos"? - O loiro revirou os olhos, deitado na cama do amigo. - As pessoas continuam a vida delas, sabia?

 

— Olha quem fala. 

 

— Não quero falar sobre isso. - Revirou os olhos, abraçando um dos travesseiros do amigo. - Pelo menos Rodrigo namora.

 

O silêncio recaiu sobre o quarto, mas tentaram não se abalar. - Eu acho que você ao menos deve tentar. - Ycaro disse. - Só... para não se abalar depois. Ter a sensação de ao menos ter tentado. 

 

— E se não der certo?

 

Ycaro soltou uma risadinha. - Você nunca sabe, MeiaUm. 

 

I'm so in love, so in love

So in love, love, love, love

So in love

(Eu estou tão apaixonado, tão apaixonado

Tão apaixonado, apaixonado, apaixonado, apaixonado

Tão apaixonado)

 

Demorou alguns dias para que MeiaUm admitisse a si mesmo que Ycaro estava certo. Demorou ainda mais alguns dias para que criasse a coragem necessária. Então aproveitou esses dias para tentar pensar em como se declararia. 

 

— Um cartão, talvez? - Ycaro sugeriu em uma das calls do discord. Os outros estavam ocupados editando, então apenas os dois estavam realmente disponíveis no momento. 

 

— Falando o quê? "Eu sou gay por você"? - MeiaUm perguntou, jogando a bolinha que estava em sua mão para cima, ela batia no teto e voltava para sua mão. 

 

— Eu tô tentando ajudar, o porra. - Ycaro revirou os olhos, mesmo que o amigo não pudesse vê-lo. - Então talvez um desenho?

 

— Tem que ser algo que não esteja tanto na cara... Sabe? Não sei como explicar, mas não quero ser tão óbvio!

 

Ycaro bateu palmas, como se tivesse tido uma ideia. - UMA MÚSICA!

 

MeiaUm sorriu consigo mesmo. - Ycaro, você é um gênio!

 

— Diga isso a Saiko, bixin. - Ycaro riu. 

 

You look so wonderful in your clothes

I love your hair like that

And in the moment I knew you were back

(Você está tão maravilhosa em suas roupas

Eu amo o seu cabelo assim

E naquele momento eu soube que você estava de volta)

 

E agora ali estavam eles. MeiaUm prestes a entrar em uma crise de nervos e Tawan, totalmente, apaixonado pela música que havia acabado de ouvir. 

 

MeiaUm terminou a música com alguns acordes errados, mas com um breve sorriso no rosto. Tawan parecia estar feliz após ter ouvido a música, talvez houvesse escolhido a música certa - preferia agradecer ao seus inscritos que curtiam música "pop".

 

— Então...? - MeiaUm começou.

 

— Foi... maravilhoso, André. - Tawo sorriu. - Quer dizer, você ainda tem que melhorar um pouco os acordes. Mas não é como se eu fosse um crítico musical. - Tawan deu um breve riso. Seu sorriso era angelical, não sabia como uma pessoa tão quieta e as vezes tão misteriosa, pudesse ao mesmo tempo ser tão... fofa.

 

— Vou ser sincero contigo. - André suspirou. - Mas preciso que me prometa uma coisa.

 

— Hm... okay, eu acho.

 

— Não fuja. - André pediu, com a voz trêmula. - Mesmo que o que eu te disse te assuste, me escute até o fim... Por favor.

 

— Ei... o que aconteceu? - Tawo perguntou, assustado.

 

— Só me escute. Por favor...

 

— Okay, eu prometo. 

 

MeiaUm colocou o ukulele de lado, brincando com seus dedos. - Eu... Eu gosto de você. Mais do que um amigo. Mais do que um parceiro de vídeo-games. Eu acabei me apaixonando por você, Tawo.

 

Tawan piscou, algumas vezes, antes que suas bochechas corassem violentamente. Ele se sentou, rapidamente, encarando o amigo. - O que...?

 

— Não. Calma. - Suspirou. - Eu queria que você tivesse entendido isso pela música. Mas... Você é um idiota. - Os olhos escuros decairam. - Sei que não é recíproco, mas eu queria te falar. 

 

O silêncio pairou no quarto. Tawan se movimentou, meio incomodado, mas se aproximou do amigo. 

 

A mão do peruano, ergueu lentamente o queixo de André, fazendo com que ambos se encararam. Aos poucos Tawan fechou o espaço que havia entre os dois, grudando seus lábios. 

 

O beijo começou confuso, MeiaUm não entendia o que estava acontecendo, mas puxou o corpo do peruano para mais perto. Os olhos fechados faziam com que as sensações ficassem a flor da pele. 

 

A mão de MeiaUm foi para a nuca do rapaz, aprofundando o beijo sem jeito, mas que demonstrava todos os sentimentos reprimidos que sentiam desde o dia que se conheceram. 

 

Ao se separaram, André piscou algumas vezes, mas Tawan apenas sorriu. - Espero que isso responda a sua confissão.

 

— Na verdade isso me deixou ainda mais confuso. - André admitiu, dando um sorriso bobo.

 

Tawan revirou os olhos. - Eu também gosto de você, idiota. Eu não saio beijando qualquer um, ok?

 

André deu um pequeno riso e puxou novamente o peruano para um beijo, deitando-o na cama.

 

 

"Cala a boca e me chama no privado, desgraça."

 

— Por que me chamou? Vala meu deus. - Tawan suspirou, por meio do discord. Eles haviam acabado de vir da gravação do podcast. 

 

— Eles precisam do momento deles, Tawo. - André suspirou para o namorado. - Tem alguns assuntos que não devemos nos meter. 

 

— Eu sei... Você estar certo, amor. - Tawan suspirou. André gelou por um momento, escutando seu namorado o chamar de "amor". Aquilo fez seu coração aquecer, dando uma breve risada. 

 

— Do que me chamou?

 

— Hm... de André? - Tawan deu um sorriso por trás da tela, fingindo-se de desentendido. 

 

— Você é um idiota.

 

— Eu sei que me ama, trouxa.

 

— Que bom que você sabe.

 

 

— Então... vocês estão juntos. - Saiko disse pausadamente. Já havia se passado uma semana desde que Saiko e Ycaro haviam começado a namorar. 

 

— Vocês também. - André também pontuou, segurando a mão de seu namorado. 

 

— Isso é muito estranho. - Tawan ri, deitando no ombro do namorado. Eles estavam na sala da casa de Tawan, era o dia de jogatina normal.

 

— Nem me fale. - Ycaro riu. 

 

— Agora da pra jogar em par! Bora jogar War. - Tawan diz animado, correndo até o quarto de MeiaUm para procurar o jogo. 

 

MeiaUm solta um suspiro apaixonado, virando para os amigos. - Já disse que amo demais esse menino? - Apenas Ycaro riu disso.

 

 

Se transvestir havia sido ideia de Tawan. Ele, Ycaro e o namorado foram até o Shopping aonde haviam ajudado o menino com tudo que dava para ajudar. Ycaro acabou indo embora cheio das sacolas e com uma grande confiança.

 

— Saiko as vezes é mais calado que eu em relação aos sentimentos. - Tawan suspirou, enquanto passeava de mãos dadas com o namorado.

 

— Mas acho que se completam da mesma forma. - André pontuou. - Muito complexo para pessoas como nós, Tawonauta.

 

— Com certeza, Sixty-one. - Brincou.

 

— Que tal jogar God of War em casa? Podemos pedir pizza ou açaí. 

 

— E depois? Vai fazer com que "Eu não te esqueça"? - Brincou, encarando o namorado.

 

— Posso pensar no seu caso, bebê.

 

Ambos riram. Estavam felizes daquela maneira. Um relacionamento baseado em piadas e jogos, não podia ser melhor.


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