A neve caía lentamente sobre as planícies do enorme campo onde o Darkin e a fada estavam. Lulu sorria calorosamente para Varus, que estava sentado abaixo de um grande pinheiro e tinha um rosto sério. Seus olhos arroxeados se encontraram com os azuis da pequena garota que dançava animada na neve, parando por alguns segundos para arrumar seu pequeno vestido também azul.

Lulu tinha mais de cem anos mas agia como uma criança. O Darkin se questionava algumas vezes se ela fazia aquilo porque ficou presa por muito tempo no mundo das fadas e se esqueceu de crescer ou se era a forma de escapar da realidade que a garota encontrou. Ambos eram velhos, velhos até demais, mas suas aparências não mudavam nunca.

Ela brincava com a neve enquanto Varus a fitava e mexia em sua aljava, certificando-se de que todas as suas flechas estavam ali enquanto podiam descansar por alguns momentos até encontrarem a próxima cidade. Eles precisavam de abrigo antes que a pequena fada congelasse. O problema é que em Runeterra o preconceito contra Darkins existia e persistia por vários e vários anos, isso queria dizer que Varus tinha que lutar pela sua sobrevivência quase sempre. E Lulu era a companheira que ele escolheu para sua jornada. Ou na verdade, a pequena fada foi quem escolheu ele.

O Darkin ainda não sabia quantas pessoas teria de matar naquele dia para que finalmente conseguisse um lugar seguro para se abrigar com Lulu, mas aquilo não importava para ele. Só queria se certificar que a única pessoa — ou ser, porque ela era de fato uma fada — que lhe aceitou continuaria em segurança.

O sol aquecia levemente sua pele pálida enquanto ele permanecia sentado abaixo da árvore respeitando o espaço de Lulu, que parecia estar se divertindo com a natureza da vasta floresta e transformava um esquilo em um boneco de neve sem a menor dó. A garota de cabelos azuis olhou para ele com um sorriso alegre e riu alto, com a risada característica e que já era peculiar para os ouvidos de Varus.

Era fato que ele ainda rejeitava e odiava metade dos seres vivos que existiam em Runeterra desde que a caça aos Darkin começou, mas quando ele olhava para Lulu e sua calma enquanto a garota perseguia uma raposa, e notava que ela permanecia com seu sorriso no rosto, Varus tinha a sensação de que todo aquele ódio parecia sumir por alguns segundos.

O que quer que Lulu fosse, certamente ela era seu santuário.

Onde as mentiras e medos desapareciam.