Ylena evitava pensar sobre o acontecido e voltou a se concentrar em suas tarefas.

Mas era difícil não lembrar da sensação de ter seu corpo tão perto do de Reiji. 

Mas não devia pensar nisso, sabe-se lá o que o pai dele faria se descobrisse o que ela andava pensando.

Não estava lá para se envolver com um filho de Karlheinz. Estava lá para pagar a dívida de seu criador.

E por falar nele... Como será que Byron lidou com tudo o que aconteceu? Onde ele poderia estar? Se o conhecia bem (e como conhecia!) estava tramando em algum lugar e entraria em contato em breve.

Byron era escorregadio e esperto.

Enquanto isso, ela aguardava e esperava.

Depois de completar as tarefas do dia, foi treinar sozinha no jardim com sua espada.

Reiji chegou meia hora depois, irritado.

—Aconteceu algo?

—Meus irmãos irritantes! Eles me tiram do sério! É o Laito passando a mão nas criadas, é o Shu que dorme em qualquer lugar e atrapalha a limpeza, é o Subaru reclamando do barulho, é o Kanato fazendo o barulho só pra irritar o Subaru, é o Ayato arranjando briga com todo mundo por que resolveu que é o dono da nossa fornecedora, é todo mundo mordendo ela só pra irritar o Ayato!

Ele bufou e balançou a cabeça.

—As vezes eu acho que afogaria esse bando de crianças malcriadas! Sério, eu sou o segundo filho, não a mãe dessas pestes mas tenho que agir como se fosse!

—Então por que não os larga a própria sorte?

— Por que se eu largasse isso viraria uma zona.

Reiji pensava no quanto as pessoas podiam ser ingratas a quem cuidava de seu lar.

Era ele quem mantinha as engrenagens da casa funcionando, mas nem seu pai nem seus irmãos davam a mínima importância e não percebiam o quanto eram dependentes dele.

—Reiji, por que não treina um pouco comigo? Assim você se distrai.

Ele aceitou e em pouco tempo já tinha ficado mais calmo. Era bom testar suas habilidades com uma espadachim experiente.

Nem viram o tempo passar. Se revezavam em lutar e conversar sobre suas vidas.

Reiji, se sentindo a vontade, o que era algo bem raro, acabou revelando seu desejo de reconhecimento e de um dia assumir o trono.

—Mas por que?- ela indagou.

—Como por que? Não é óbvio?

—Não.

— Por que eu não iria querer o trono?

—Por que iria querer? Você precisa tanto assim de um trono quando já pode ser poderoso por si só? 

Reiji não sabia como responder a uma lógica tão clara e direta.

—Não é exatamente o trono, é...

—Reconhecimento. É provar que você é bom o bastante.

Ele assentiu.

—Mas você já é bom o bastante. Não precisa provar nada pra ninguém, seu pai já sabe, todos aqui já sabem que você é capaz. Não é um trono que vai dizer quão bom você é. O reconhecimento que você precisa é o seu, Reiji.

Mal ela falou isso, um criado a chamou para atender uma ligação e Reiji não lhe respondeu.

Ela foi até o telefone e atendeu.

—Ylena, sou eu.

—Byron! Onde você está?

—Estou cuidando para te liberar mais rápido desse acordo. Vou dar algo que Karlheinz quer. Há uma nova noiva agora, não há?

—Sim, há. Yui Komori, por que?

—Fica atenta a ela Ylena. E se algo acontecer com ela, pegue o coração dela e leve para o esconderijo de número 3.

— Por que o coração?

— Por que ele é importante. Se a Komori está viva é por que é necessária. Ela só serve para fazer o coração continuar a bater. Enquanto o coração estiver vivo eu posso barganhar. O coração de Cordelia por você. A vida daquele coração pela sua.

— Eu entendo Byron. Mas não sei se é uma boa ideia. E se Karlheinz ficar mais bravo ainda?

— Ele não vai. O que ele quer é isso. Eu sou um bom cientista e não acho que essa menina vá aguentar muito tempo nas mãos da família Sakamaki. Ele não se importa de verdade com o que fiz para te manter viva, ele queria uma desculpa para te manter refém e me usar para colocar o coração em outro corpo.

—Byron, eu sempre soube que você usou um vampiro importante. Muito importante. E desconfio qual vampiro é.

—Você está certa Ylena. Eu usei a minha irmã. Os órgãos da Beatrice estão em você.