Predestinado escrita por GabusDramaticus


Capítulo 25
Capítulo Vinte e Cinco




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Calíope pensava que depois que Eugene Totenn estivesse de volta, a tensão fosse apagada no acampamento.

Era óbvio que estava errada.

As plantas ainda teimavam em murchar e a grama normalmente verde e brilhante, agora parecia mais uma espécie de terreno esfarelado e quebradiço. A comida não piorou, o que era um bom sinal, mas era muito menos saborosa que o habitual.

Originalmente, ela teorizou que a aura de morte do novo filho de Hades fosse responsável por aquelas mudanças. Ela vira Nico di Angelo fazer plantas morrerem e pedras se racharem em volta dele quando estava irritado. Pensou que simplesmente eram os poderes que Eugene não podia controlar. Por mais que aparentasse ser experiente — a sua jornada de três anos sobrevivendo de ataques de monstros nas ruas sem sequer uma arma mágica era absurdamente impressionante —, ele não manipulava os poderes do Mundo Inferior, não como Nico.

Mas ele estava de volta, e aparentemente feliz. Dreus Ascia pareceu ter formado um vínculo que o manteria a salvo dentro do acampamento.
Então o que estava acontecendo realmente? Qual era a origem daquele problema com a floresta e o verde? Talvez a vinda de Totenn não estivesse conectada.

Estar sem opções deixava Calíope irritada. Não gostava de não saber o que se passava. Detestava não ter capacidade de entender um problema.

Ainda assim sabia que de nada adiantaria passar o dia todo pensando nisso sem ter qualquer gancho para começar uma tese concreta, então tentou direcionar os pensamentos para a Esgrima para Mestres, direcionada por Quíron. Logo o torneio do melhor espadachim do verão começaria, e ela decidiu que participaria pela primeira vez. Seria uma experiência interessante, e desanuviar uma mente cheia com uma boa luta era extremamente satisfatório. Calíope sabia muito bem daquilo, porém nunca precisara tanto. Tinha o hábito de engolir os sentimentos e deixá-los perder a importância focando-se em uma tarefa que julgava ser mais importante.

No caminho da arena, às três e meia da tarde, deparou-se à distância com Charlotte Boucher, John Evans e Bia Price conversando num canto da arquibancada, aparentando estar numa espécie de comparação de habilidades de luta. Quando os passos de Calíope se fizeram mais sonoros no piso em espiral arenoso, ela sentiu os três pares de olhos focarem-se nela. John endireitou-se disfarçadamente e olhou de esguelha para a própria espada rapidamente. Bia puxou a manga da blusa do namorado para que continuassem a falar. Charlotte abriu um sorriso de quem vê algo que realmente chamava sua atenção, o que instigou em Calíope uma curiosa ansiedade para que Quíron se apressasse para começar.

A vontade de retribuir o sorriso de desafio foi tentadora, mas Calíope continuou com seu semblante impassível, só voltando sua atenção para o barulho inconfundível dos cascos do mestre-centauro à galope, levantando poeira quando freou bem no centro da arena, sorrindo educadamente para os quatro.

—Bem-vindos, competidores! Vejo que o número de aspirantes a melhor esgrimista deste ano diminuiu drasticamente. — riu-se ele, balançando a cabeça. —Depois dos resultados do ano passado e dilacerações quase fatais, não me surpreendo. O torneio vai se estender por três sábados, não consecutivos em prol do Capture a Bandeira do próximo fim de semana. Competidores podem participar das atividades extras, mas não podem adiar lutas caso não se julguem fisicamente aptos por quaisquer machucados ou consequências de acidentes. Tenham responsabilidades para com seus limites próprios e apesar de tudo, sejam civilizados. Dito isso, deem um passo à frente se desejam prosseguir com o torneio.

Todos os quatro semideuses marcharam para mais perto de Quíron, que sorriu gratificado.

—Muito bem. Digam em voz alta seus nomes e patronos. A partir desse momento, serão campeões. Seus nomes serão gravados para a seleção dos duelos na parede do Anfiteatro depois da hora do jantar. Aconselho verificarem o mais cedo possível.

E então apontou para Bia, na extrema direita da fila. Ela fechou os olhos e respirou fundo.

—Beatriz Price, Apolo.

Depois para John, enquanto a namorada o observava com certo orgulho.

—John Evans, Hipnos. — Sua voz era controlada e calma, mas ele parecia apreensivo.

Charlotte foi a próxima. Seu sorriso era travesso.

—Charlotte Boucher, Afrodite. — Bia não conseguiu conter o olhar surpreso para a advesária.

E, com um olhar que misturava interesse e contentamento, Quíron se voltou para Calíope, que anunciou firmemente:

Calíope, Atena.

∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞Ω∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞

Quando acabou se dar sua aula de esgrima para iniciantes, bem no horário do jantar, Calíope procurou Dreus Ascia.

Não era difícil localizá-lo. Bastava procurar o filho de Hefesto baixinho, magricela e que não parava de virar para a mesa de Hades, onde sentavam-se Nico e Eugene. Seu semblante era de quem estava muito animado, ou prestes a ter um ataque de asma. Ela não conseguia diferenciar quando se tratava de Dreus.

Não podia negar seu empenho nas forjas. Várias armas de alta qualidade foram feitas por ele, principalmente quando se tratava de pedidos um tanto exagerados, como flechas que pegavam fogo sem incendiar a linha do arco e punhais que davam choque quando empunhados por quem não o possuísse. De algum jeito, Ascia conseguia confeccionar o que lhe pediam com perfeição. Para alguém tão jovem, era realmente notável.

Enaltecê-lo mentalmente se tornou cômico quando ele pulou e seu peito soou esquilo esmagado quando ela o abordou.

—Ascia. Você e Totenn ainda lavam os banheiros juntos?

Ele ergueu as sobrancelhas, confuso. Ao mesmo tempo que Nyssa, outra filha de Hefesto, engasgava com a boca cheia de ervilhas ao começar a rir.

—Paramos de limpar os banheiros mês passado. — ela viu que ele perguntaria o porquê da pergunta, mas teve receio de levar uma patada.

—Ele não apareceu para a aula. — disse, depois dando uma pausa. Respirou fundo. —Ele está mais... calmo que antes de fugir?

—Calmo? Acho que sim... Espera, você me perguntando se ele está bem?

—É. — falou simplesmente, Dreus pareceu impressionado com a resposta rápida.

—Ah, bem. Legal da sua parte. Ele está bem, sim. — sorriu levemente, desviando o olhar como quem esconde algo. Calíope resolveu encerrar a conversa ali mesmo, confirmando com a cabeça e seguindo para a mesa de Atena. Nyssa ainda tossia e ria, contagiando todos da mesa do chalé nove.


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Notas finais do capítulo

Irra.



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